Metrô de São Paulo: Caos Subterrâneo

Quem mora em São Paulo e depende do metrô para se locomover sabe muito bem que o desconforto e o caos são uma triste realidade. Não é fácil. Existe gente demais vivendo e trabalhando em São Paulo, e o crescimento populacional na cidade não dá sinais de parar.

Mais e mais pessoas vão chegando, e elas chegam para ficar. Todas essas pessoas precisam sair de casa para resolver suas vidas e, durante as viagens diárias, acabam sendo obrigadas a compartilhar o inferno.

A não ser uma minoria extremamente privilegiada (que conta com regalias como helicópteros e jatinhos particulares), em São Paulo o povo vive num verdadeiro ninho de vespas.

Durante a semana, nos horários de pico, estima-se que entre quatro a cinco milhões de pessoas circulem (ou tentem circular) pelas ruas paulistanas. Quem depende do metrô para se locomover pela cidade de São Paulo se vê obrigado a abdicar do conforto para lidar com o estresse.

Milhões de corpos ocupando o mesmo lugar

Diariamente, são mais de 4,5 milhões de pessoas usando o metrô de São Paulo. Desse total, 78% afirma que é necessário haver mais investimentos em transporte público para melhorar os serviços (de acordo com levantamento recente feito pelo Ibope).

Para sustentar o vaivém dos quase cinco milhões de usuários por dia, São Paulo conta com apenas 76 km de malha metroviária, o que é apenas 25% do suficiente para atender toda a demanda.

Para se ter uma melhor noção dessa ineficácia, basta comparar nossos números com os da Cidade do México, um país que conta com uma economia tão ascendente quanto à nossa e, embora tenha um espaço geográfico bem menor, possui uma malha metroviária de 226 km!

A cidade de São Paulo tem apenas sete quilômetros de linha metroviária por milhão de habitante, enquanto Nova York tem 45 km por milhão. Segundo Marcos Kiyoto, especialista em mobilidade urbana:

“São Paulo deveria ter pelo menos 400 km de rede metroviária, mas nem 200km nós temos.”

Nem 100 km nós temos.

De fato, a superlotação é o principal problema apontado pelos usuários do metrô. Isso é óbvio, já que o metrô de São Paulo é o mais lotado do mundo.

O nível ótimo de conforto dentro de um trem é de seis passageiros por m². Todavia, de acordo com Ciro Moraes dos Santos, Diretor de Comunicação do Sindicato dos Metroviários de São Paulo (CoMET):

“Nos horários de pico em São Paulo, esse número chega a 11 usuários por m².”

Em abril de 2014, o jornal Estadão mostrou que a superlotação nos metrôs de São Paulo já chegou às ruas. Em matéria, o jornal afirma que na linha Vermelha, por exemplo:

“Os passageiros esperam até 30 minutos do lado de fora para ultrapassar as catracas na Zona Leste, sendo que todo o trajeto entre a estação Barra Funda e Itaquera é feito, em média, em 50 minutos.”

A estudante de Publicidade Isabela Ximenes reclama:

“É um empurra-empurra terrível.”

O educador Carlos Alberto da Silva complementa:

“Os usuários forçam as portas pra poder caber mais gente, e os trens acabam demorando ainda mais pra sair.”

No metrô de São Paulo existem milhões de corpos ocupando o mesmo lugar, e essa situação incita uma reflexão: Existe maior superlotação nas prisões brasileiras ou no metrô de São Paulo?