SOM: Doom and Gloom, novo single dos Rolling Stones!

Foto: Rex Features

Disponibilizado hoje, direto na internet, o novo single dos Rolling Stones. Doom and Gloom estará presente na coletânea GRRR! que tem lançamento mundial marcado para o dia 12 de novembro. O single é a primeira gravação dos Rolling Stones em sete anos. Foi gravado em Paris e produzido pelo já conhecido stoniano Don Was.

Faz assim, escuta aí. The Rolling Stones are back!

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The Redwalls – De Nova (2005)

the redwalls - de nova 2005 - capa

The Redwalls é uma banda cheia de mistérios. Difícil imaginar como a música dos Redwalls é tão desconhecida e pouco difundida no mundo. Formada na cidade de Deerfield, Illinois, a banda americana tem pouquíssimos resultados no google, poucos vídeos no youtube e algumas de suas músicas sequer possuem a letra na internet. Mesmo assim, com três álbuns lançados e mais alguns singles, Redwalls é indispensável ao conhecimento de todos que gostam de rock’n’roll, especialmente a fase da british invasion. Se fosse possível escolher uma banda que representasse Beatles, Dylan, Kinks e The Band nos anos 2000 não haveria melhores candidatos do que os Redwalls. Na minha opinião, excluindo as bandas covers, Redwalls é a banda mais parecida com os Beatles já formada.

De Nova é o segundo disco da banda, que possui algumas canções do primeiro álbum aprimoradas. It’s Alright e How The Story Goes foram regravadas. As outras 11 canções são inéditas. O disco chamou a atenção do Oasis, que convidou os Redwalls para fazerem parte de uma turnê de verão em 2005, na Inglaterra. Outra banda que excursionou com os Redwalls foi The Zutons.

Não sei por onde andam os Redwalls hoje, a última notícia que tive é que apenas os irmãos Logan (vocal e guitarra) Justin Baren (vocal e baixo) seguem no projeto. Os outros integrantes que participaram do disco são Andrew Langer (guitarra) e Ben Greeno (bateria).

Produzido por Rob Schnapf (Elliot Smith, The Vines), De Nova foi lançado em 21 de junho de 2005 pela Capitol Records. O projeto gráfico do álbum é de Eric Roinestad.

The Redwalls – De Nova (2005): Faixa a Faixa

ouça no Eu Escuto

1. Robinson Crusoe 

A faixa de abertura começa com uma característica do vocalista Logan Baren, a de falar algumas frases de forma quase indecifrável como a letra de um médico. Logo na introdução as guitarras são complementadas com a presença de um saxofone. Quem já escutou o Sticky Fingers dos Rolling Stones sabe o poder que isso causa. Here come the man of the world Robinson Crusoe, he must of known what living is for. Why defy drinking rum on a dead man’s chest? He leaves it up to the devil and and the devil will do the rest.

 2. Falling Down

Falling Down vem com uma melodia retorcendo-se durante as retas guitarras do verso, seguido do imitar da guitarra na melodia do refrão até chegar a um oh oh owwh quando cessa o som. O timing é perfeito. Just a shame, just a drag, just the U.S.A more concerned about the things we say and the lies they tell. I’ll tell you that’s what’s unjust what the fuck they’ve been telling us.

the redwalls

 3. Thank You

 Thank You é a balada mais pop do disco. Iniciando simplificadamente em uma sequência de acordes em Lás e suas sétimas. Exatamente como George Harrison fez em Something, diferenciando-se apenas o ritmo e o tom (Something é em Dó). Talvez a mais romântica música dos Redwalls, é plausível de dedicar para a namorada sem vergonha de ser piegas. Falando em Beatles, sem querer comparar, mas a linha de baixo de Thank You não é nada aquém do que o Paul McCartney já fez na vida. Now that youre in my life you are my brightest day. When you came you chased my blues away. And you know you’re all that I been waiting on. And all the stars I wish upon.

 4. Love Her

Outra música com traços de romance, mas diferente da anterior essa leva para o lado mais alegre do que para o romântico. Um bem feito riff de guitarra na introdução que se repete em um pós refrão cheios de “hey hey hey” típicos do rock. Oh,I love her, yes I do. Oh, I love her and it’s true. Oh, and when I sing this song you know I’ve been moving on and it’s true. I want you.

5. Build a Bridge

A quinta faixa do De Nova é a hora da saudade. Build a Bridge é uma balada sobre sentir falta de alguém, de uma separação ou também de apenas um distanciamento geográfico como sugere o refrão. Build a bridge ya’ bring both sides together. Começa em um piano gravado por Justin e segue com uma melodia e um vocal inspiradíssimos de Logan. Now we find the love we had, oh has slipped away. Sometimes we lose the games we play. What can i say?

 

6. Hung Up On The Way I’m Feeling

Essa música tem um lindo solo de guitarra no meio da música, daqueles solos feitos com classe, sofisticação, sensibilidade e refinamento. Mentira. Não é só o solo que possui essas características, é a música toda. Classe A. And I said I’d like to be there but I can’t get back to where I’m feeling now.

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7. On My Way

Começa como os rockeiros gostam, uma guitarra, depois a outra, depois o baixo, depois a bateria e finalmente o vocal. Após várias baladas enfileiradas, os Redwalls voltam para o rock’n’roll nessa faixa com Andrew Langer na primeira voz. I wanna thank you. I wanna shake you. I wanna break through. I’m on my way.

8. It’s Alright

Originalmente registrada no primeiro disco dos Redwalls (Universal Blues, 2003), foi aprimorada e gravada em melhor qualidade para o De Nova. Novamente Andrew Langer faz a primeira voz e novamente é um rock’n’roll tradicional, pulsante, jovem, com backing vocals e com repetições de uma das frases mais características da história da música. Adivinha só qual é. Well you don’t want to go to school. It’s alright. You’re so tired of playing the rules. It’s alright.

9. Front Page

Balada que aparentemente começa com John Lennon cantando. Só parece, é Logan mesmo em uma gravação inspiradíssima. Começa vagarosamente com piano e vocal até os outros acompanhamentos surgirem. É uma música que possui mais de uma frequência e também a mais longa do disco, com 6 minutos de duração. In the darkest night. Come the darkest days. And the last bell rings out.

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10. How The Story Goes

Outra música originalmente do disco Universal Blues. Aqui um soft rock, uma canção leve sobre a estrada, a liberdade, com uma guitarra trabalhada e dedilhada durante todos os versos e refrães. É daquelas que ao ouvir imagina-se uma estrada sendo deixada para trás em um fim de tarde ensolarado ou algo do tipo. Blowing like a hurricane, blowing down the road that you left behind. I’ll be on my way this time tomorrow. But know that all is free and up to you my friend.

11. Back Together

Uma das músicas menos tradicionais do disco, com efeitos de guitarra psicodélicos no fundo dos versos e uma bateria distinta de todas as outras do disco. Porém a facilidade de destacar pequenas frases nos refrães continua nessa música. And it’s all up and down with the weather. We was glad to hear you’re feeling so much better. Better late than never. We’re just so glad that everyone’s back together. A faixa se afasta um pouco do rock’n’roll típico e chega perto do indie rock, com texturas diferentes no fundo e saturações.

12. Glory Of War

Quase uma canção folk dos anos 60. Clássica balada em Mi no violão sem acompanhamento de bateria ou baixo. Aquele tipo de música simples que só quem é bom compositor e sabe cantar bem a deixa audível sem parecer igual a todas as outras. Neste caso os Redwalls cumprem a exigência. So let the union stand alone to see it while all my brothers screaming. This is the glory of war.

 13. Rock & Roll

Para terminar uma música mais rock’n’roll impossível, inclusive no nome. Rock & Roll é uma volta aos anos 50 e 60, ao rock, ao blues e ao rockabilly. O poderoso vocal rasgado e às vezes berrado de Logan se sintonizam com o ritmo que a banda dita. É para terminar o disco por cima, empolgando e impressionando. I need to get away, everyday. All you got to do is play the jukebox player. Come on little girl. I’ll teach you how to rock and roll.

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A hipocrisia fede: O Bosque que ninguém vê

Nesse último domingo, sete de outubro, muito se falou do lixo das eleições, focando-se apenas nos partidos e candidatos, como os grandes responsáveis por toda essa sujeira. O povo se põe a parte, como se tudo fosse muito limpo em tempos não eleitorais, como se nós cidadãos não jogássemos lixo no chão. Em sua maioria todos aqueles santinhos espalhados pelas avenidas e zonas eleitorais, antes passaram pelas mãos dos eleitores.

Há mais ou menos dois meses atrás, pouco antes deste site vir a nascer, começamos a discutir nossas primeiras pautas, entre elas surgiu a questão do lixo, não o eleitoral, mas o do dia a dia, aquele que a gente não percebe ou até mesmo ignora. Circulando pela cidade, encontramos uma realidade lamentável e contraditória. O bairro Lucas Araújo, também conhecido como Bosque, é uma das regiões de maior preservação de mata nativa dentro da cidade de Passo Fundo, além disso também é um dos bairros mais nobres da cidade. Mas ele também é um retrato de um contraste que confunde os nossos sentidos. O luxo das residências e o verde das árvores enche o olhar de quem passa, mas que imediatamente se confunde com o mal cheiro da ignorância humana.

Foto: Flaubi Farias / La Parola

É lixo de todos os tipos e de todas as origens. Com o que se encontra lá, seria possível mobiliar uma casa inteira, desde cozinha completa, até sala e banheiro, seria possível vestir uma família inteira de roupas a calçados. São equipamentos de piscina, peças de computador, banners e lixo publicitário de lojas, garrafas e mais garrafas, quantidades equivalentes a um “pós ano novo” bem alcoólico, tudo isso e muito mais, muito além do que se possa imaginar. Restos mortais de animais, velas e outros componentes de despachos , que se espalham pelas esquinas e encruzilhadas dentro do bosque. Mais contrastante ainda é perceber a limpeza das ruas pavimentadas e de maior circulação do bairro, onde as pessoas ainda podem enxergar.

Ver as ruas de Passo Fundo forradas de papel nesse final de semana não foi uma surpresa. Vejo lixo nessa cidade todos os domingos pela manhã após as noitadas de sábado. Basta abrir os olhos para perceber essa realidade. É compreensível que as eleições desenvolvam um engajamento na população, o que é difícil de entender é porque ele é temporário. Difícil de entender é o que leva as pessoas a simplesmente se desfazerem das coisas que julgam ser inúteis, jogando-as no chão.

Em quem se põe a culpa disso tudo? Naqueles fulanos que dizemos não cumprir com as promessas? Aqueles que a gente escolheu nesse domingo? É muito cômodo passar a responsabilidade toda para eles. A gente continua pensando assim e o fedor continua aumentando.

Texto: Juliana Acco
Fotos: Flaubi Farias

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Conversando com o Azeitona

Quando se fala de arte, não é a academia tradicional que será responsável pelo sucesso profissional. Exemplificamos com João “Azeitona” Vieira, ilustrador atualmente cursando sua terceira faculdade, com nenhuma das anteriores completas. Ilustrador de profissão, Azeitona é daqueles que passavam boa parte das aulas desenhando. “Sofri com isso até pouco tempo atrás na faculdade”. Óbvio que o “sofri” é brincadeira, já que o tempo de desenho, se somado, certamente resultará em muito mais horas/aula do que qualquer curso universitário.

Azeitona está dando aula de desenho na Asimov, a oficina de autopublicação que a Arteficina está promovendo em Passo Fundo. Acompanhando alguns minutos se nota a profunda percepção que Azeitona tem sobre desenho e histórias em quadrinhos. Ouvir uma aula do Azeitona é garantia certa de aprendizado e aumento do gosto pela arte. Eu que desenho menos que Cyannide & Happiness, em poucos minutos aprendi bastante coisa. Se não na parte técnica do desenho, na parte de como contar a história através de quadros, algo que se aproxima muito com a direção de um filme.

Azeitona
Azeitona ensinando como se faz
Foto: La Parola

O começo de tudo:

“A desenhar você começa desde pequeno. Não é assim, ‘toda a vida quis desenhar’. Sempre teve uma facilidade, desenhava bastante no colégio e quando vê você começa a desenhar mais frequentemente e acaba tento um resultado que você gosta.”

Sobre o trabalho:

“O que está acontecendo é que estou tentando dar um direcionamento diferente. Eu tinha um posicionamento antes que era muito mais para atender o mercado publicitário e um pouco do mercado editorial. Agora estou mudando realmente o foco a ponto de fazer um direcionamento na hora de preparar a galeria virtual, portfólio virtual. É bem para quadrinhos o foco.”

O mercado de quadrinhos:

“O mercado de quadrinhos está mudando e está muito bom. A gente nunca teve um momento tão bom nos quadrinhos nacionais, mas ainda assim não é o suficiente para viver de quadrinhos aqui. O que paga as contas se você já não é um cara reconhecido, com bastante trabalho, são os trabalhos de freelancer nos mercados publicitário e editorial.”

O desenho coletivo:

“Temos um estúdio em Porto Alegre, o estúdio Sofia. A ideia do estúdio para todos desenharem juntos é antiga. Eu dava aula na Quanta Academia de Artes, em Porto Alegre, e tinha alguns amigos que davam aula também e a gente sempre comentava que a Quanta já possuía um espaço para estúdios. Sempre teve a ideia. Aí a Quanta fechou e “por que não agora?”, vamos alugar um espaço e fazer o estúdio. Aí eu, Mateus Santolouco, Rafael Corrêa, Carlos Ferreira e o Fábio, o único não desenhista do estúdio, resolvemos nos reunir para alugar a sala. Desde essa época que eu tomei um direcionamento mais para quadrinhos, e realmente apareceu mais trabalhos de quadrinhos em relação aos trabalhos publicitários e editoriais, só que não paga do mesmo jeito.”

Para os quadrinistas:

“Tem que ter bastante material para mostrar que tu estás trabalhando, com o traço melhorando e aprimorando as habilidades de contar uma história, e aparecer bastante.” Aparecer bastante significa se sujeitar a fazer um trabalho condicional, recebendo uma porcentagem variável se o trabalho vender, e não receber um valor fixo por edição ou página.

“O foco tem que ser sempre o trabalho. Se o trabalho for bom e tu conseguir mostrar ele, vai gerar interesse e vão te trazer mais trabalhos legais. Tem que focar no trabalho e desenhar bastante sempre. Tem casos de quadrinistas que estão ganhando muito dinheiro sim. E são reconhecidos mundialmente em feiras de quadrinhos. E isso é maravilhoso, o cara tem grana, reconhecimento profissional e faz o que gosta. É tudo que o cara quer profissionalmente em qualquer área, não só em quadrinhos”

Em andamento:

Brandnew nostalgia
João Azeitona foi convidado para participar do projeto Brandnew Nostalgia, que é um grupo formado por 15 ilustradores de todo o mundo. Através do kickstarter, plataforma de arrecadação de fundos, o Brandnew Nostalgia irá lançar um livro. Neste livro, cada participante terá 10 páginas para ilustrar qualquer trabalho, de forma toda livre, desde histórias em quadrinhos a ilustrações avulsas. O livro pode ser adquirido  em http://www.kickstarter.com/projects/bnn/kaboombox-volume-one.

Ashcan Allstars
Azeitona também participa do Ashcan Allstars, que segundo ele “é um pessoal menos do underground, que trabalha já com grandes empresas e que estão afim de desenhar outras coisas”. Basicamente é um blog de sketches de 22 ilustradores de diferentes países com temática semanal.

O trabalho mais marcante:

“Sem dúvida nenhuma, as revistas que fizemos em 2010 e 2011, a trilogia dos Zines. Supreme, Extreme e Obscene. A gente mesmo custeou e rateou. Pra gente foi muito foda. A gente não ganhou dinheiro nenhum ainda, só pagamos os custos, mas está maravilhoso. A tiragem foi 500 de cada zine. Ainda tem bastante revista, mas está com quase tudo vendido. E ano que vem a gente quer fazer mais alguns projetos. Como praticamente todo dia a gente se vê, começam as ideias.”

Asimov:

“A Arteficina veio através da Asimov. A Asimov a gente montou em Porto Alegre. A gente estava no estúdio e vagou uma das salas, no 2º andar da casa. A gente tinha esse negócio de ensinar a autopublicação, a fazerem, criarem, desenharem, editarem as próprias histórias. Então, vagou a sala e a gente abriu o curso. Eu, o Carlos Ferreira e o Lobo, ainda esse ano. A primeira turma de autopublicação se encerrou há poucas semanas. Tem outros cursos também, eu dou o curso de desenho básico, desenho avançado e a parte de desenho do curso de autopublicação. Depois a gente teve a ideia de podermos abrir e oferecer cursos de outras coisas. Hoje tem curso de mágica, carimbos para tecidos. É um espaço onde existem oficinas para movimentar um pouco essa coisa toda.”

Arteficina:

“Eu já tinha dado uma oficina em Carazinho com o Daniel (Confortin, membro da Arteficina). Já conhecia ele e a história nunca morreu. A gente conversou durante uns dois, três meses, começou a amadurecer a ideia e até que aconteceu. Acho imprescindível esse tipo de iniciativa. A primeira vez que vim dar a oficina sozinho aqui e a dar uma palestra sozinho só falando sobre autopublicação eu tinha falado para o pessoal: ‘Aproveitem esse tipo de iniciativa de fazer movimentar’. Na época que eu estava aqui não tinha, era uma manifestação muito informal.”

João Azeitona volta para Passo Fundo dia 20 de outubro para outra oficina de desenho da Asimov. Além das fotos das ilustrações abaixo, todas do caderno pessoal de Azeitona, ganhe tempo vendo outras ilustrações em http://azeitona.deviantart.com/ e http://www.azeitona.daportfolio.com.

Fábrica de sonhos ou como eu parei de me preocupar e comecei a amar a bomba

Buscamos no cinema sentimentos que já conhecemos, que já visitamos. Assumimos outras personalidades temporariamente, e nos tornamos o que gostaríamos de ser. Heróis, bandidos, amantes, pensadores. Personagens que fujam da desinteressante vida real, e não sofram com a banalidade da falta de sentindo.

Assistimos novamente Casablanca, esperando que o amor entre Bogart e Ingrid Bergman finalmente dê certo. Esperamos encontrar sentido na dor da separação que um dia sofremos na vida real, torcemos para o final feliz, porque este nos é negado. Procuramos um sentido dentro das telas, uma esperança futura, mas no fundo sabendo que o máximo que teremos é a lembrança de Paris.

O cinema cria um afastamento da realidade onde vivemos, e nos permite por algum tempo, sentir algo inexistente na realidade. Visitamos o mundo de A bela e a Fera, porque gostamos de acreditar que acreditamos na beleza interna, e que não somos seres superficiais mesquinhos. Tememos não o exterior da fera, tememos o julgamento da sociedade, por julgarmos algo que a sociedade considera bestial, lindo. Choramos com esse filme, porque gostaríamos de acreditar que não somos superficiais, que enxergamos além da limitação física dos olhos, e não que estamos incapazes de ver mais do que nossos cérebros pré-programados para não serem utilizados permitem.

Somos Clint Eastwood. Implacáveis, corretos, inatingíveis. Somos o bom, o mau e o feio. Queremos ser bons, corretos, felizes mas a sociedade nos impede. Isso faz com que nos tornemos maus, corruptos, mesquinhos, covardes e egoístas. Temos vergonha disso, nos tornamos feios aos nossos próprios olhos. Somos implacáveis com o belo, corretos com a ignorância e inatingíveis pelos sonhos.

No mundo fantástico do cinema podemos ser os seres humanos que esperamos ser. Fortes, corretos, felizes. Temos uma missão, um sentido, algo pelo que lutar. Condensamos todo o mal do mundo em um anel, e precisamos destruí-lo. O mal já não está no coração dos homens. Somos bons e lutamos contra o mal externo. O olho do mal nos vigia, mas está longe, preso atrás de suas muralhas. Podemos combater o mal em forma de orcs, magos e uruk-hai. Não em forma de desejos, fraquezas e humanidades que cometemos.

Quando a frustração toma conta, buscamos Robert De Niro e Michael Douglas para que de táxi, nos levem a um dia de fúria. Sem arrependimentos, sem remorso, sem pensar duas vezes. A frustração do dia a dia devolvida de forma crua e violenta, como sonhamos fazer várias vezes. A impotência frustrante à que a sociedade nos força, devolvida com um grito de “você tá falando comigo?!” seguida de um balaço redentor.

Sonhamos com a Matrix porque queremos tomar a pílula vermelha e descobrir o que existe por trás da humanidade. Quando a visão se torna desesperadora, imploramos pela pílula azul. Não suportamos a visão do que a humanidade não é. Nos assusta tudo que deveria estar lá e não está. A visão da Matrix é demasiada. Um deus máquina, que comando o ser humano pela mecânica. Mecanicamente viva, estude, trabalhe, procrie, pereça.

Mais do que entretenimento, arte, indústria, o cinema é fuga. É utopia. É sonho. É a fábrica de vidas que não podemos ter, porque somos demasiado humanos. Cometemos humanidades demais contra a humanidade. Sendo a maior delas, a forma de fugir da realidade, e não precisar assumir as consequências da humanidade que cometemos todos os dias.

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Como fazer uma propaganda eleitoral

Sensacional manual de como fazer um vídeo para o horário eleitoral gratuito. O vídeo foi liberado hoje (5 de outubro) no youtube. O manual/vídeo foi dirigido por Pepe Medina e mostra exatamente, de maneira irônica e inteligente, como as agências publicitárias trabalham para formar a boa imagem de um candidato. A montagem do programa televisivo é condizente com a ideia de que “Se elege bem, quem paga bem”.

Agora não dá mais tempo, mas em 2 anos teremos eleições de novo, então você, caro leitor virtual que chegou até aqui e deseja se candidatar nas próximas eleições, siga as dicas abaixo com fidelidade e corra para o abraço.

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A Upside Down House em Szymbark, Polônia

Encontramos uma maneira de ver uma casa de cabeça para baixo sem estar imitando Caulton Morris. Mas para isso você terá que ir até a cidade de Szymbark, na Polônia e visitar a Upside Down House.

Criada pelo empresário Daniel Czapiewski, o motivo da construção insólita é de mostrar ao mundo o quão de pernas para o ar ele está. O criador pretende que a habitação seja um símbolo de todas a injustiças contra a humanidade. Isso é percebido no interior da casa, onde há uma exposição de pinturas polacas que ilustram temas como pobreza, terrorismo, desastres naturais, guerra, comunismo e fascismo.

A empresa de Czapiewski, especializada na construção de casas de madeira, demora em torno de 21 dias para concluir uma construção básica. Entretanto, como obviamente de básica essa casa não tem nada, o tempo gasto para o término da estrutura foi de 114 dias. Além do mais, os trabalhadores da obra descansavam uma hora a cada três de trabalho, devido ao estranhos ângulos da estrutura, que causavam confusão e desorientação em suas mentes.

Como pode ser visto nas fotos, a casa tem atraído a atenção de vários turistas desde sua inauguração, em 2006. Muitos deles reclamam de sentir enjoo e tontura ao entrar na casa.

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Things You’d Better Not Mix Up

Sensacional animação. Em Things You’d Better Not Mix Up as pessoas usam objetos errados para diferentes atividades do cotidiano. O resultado é  hilário. A animação, de Joost Lieuwma, vem sendo premiada em diversos festivais ao redor do mundo, como KLIK! Amsterdam Animation Festival (2010), IndieLisboa International Independent Film Festival (2011), Monstra Lisbon Animated Film Festival (2011) e Minimalen Short Film Festival, Noruega (2012).

Things You’d Better Not Mix Up from Jiek Weishut on Vimeo.

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Ostrich Pillow: O Facilitador de Sonecas

Este é o travesseiro perfeito para quem é adepto do sono parcelado. Com a prerrogativa de que sonecas de aproximadamente 20 minutos podem aumentar a produtividade por mais de 30% a ideia do Ostrich Pillow, do estúdio Kawamura-Ganjavian, se concretizou.

O Ostrich Pillow foi criado para todos que desejam privacidade em meio a um grande público e não se importam em ali tirar uma soneca. Ideal para rodoviárias, aeroportos, ônibus, intervalos de almoço e, se fosse um pouco mais discreto, aquela palestra estimuladora do bocejo.

O projeto está no kickstarter, um site de crowdfunding e já está consolidado. Mais de mil assinantes contribuíram com a proposta que já ultrapassou 100 mil dólares de arrecadação. Aos interessados, haverá entrega internacional. Entre em http://www.kickstarter.com/projects/ostrich-pillow/ostrich-pillow e veja o que ainda está disponível.

Update: O projeto atingiu com folga a meta do Kickstarter e já está sendo comercializado pelo mundo. Para saber mais acesse studiobananathings.com.

ostrichpillow

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Cinema, Aspirinas e Urubus (2004)

cinema, aspirinas e urubus

Sem dúvida um dos cenários mais bonitos para a produção dos filmes brasileiro é o sertão nordestino. Em outros longas como Árido Movie, Abril Despedaçado e Lavoura Arcaica, a paisagem é um grande trunfo, mas nenhum deles supera a fotografia de Cinema, Aspirinas e Urubus. Os visuais esbranquiçados dos dias e enegrecidos das noites são controversos, cromaticamente falando. Enquanto os dias são secos, longos e árduos, as noites todas parecem ser brandas e suaves.

Evidente que esse não é o foco do filme. O longa do diretor Marcelo Gomes se passa durante a Segunda Guerra Mundial, no ano de 1941. Um alemão, Johann (Peter Ketnath), cruza o Brasil em um caminhão divulgando duas brilhantes novidades para os longínquos brasileiros do nordeste, o cinema e a aspirina. O cinema, conhecido na região apenas através do nome, faz a propaganda da venda da aspirina, um medicamento até então desconhecido para o povo.

Durante a viagem, Johann conhece Ranulpho (João Miguel), que é contratado para ajudá-lo em suas viagens. Ranulpho é um sonhador que quer conhecer a capital, na época o Rio de Janeiro. Uma relação que é concebida através do dinheiro, se transforma com o tempo, gerando uma amizade breve, porém eterna. É interessante pensar em um forasteiro ter seu país em que foi adotado declarar guerra ao seu país natal.

O diretor, Marcelo Gomes, faz o uso do maior artifício anteriormente citado do sertão nordestino, a seca. Pedras enormes no meio da estrada de chão, porteiras, cercas de arames farpados, cactos, cobras e muita poeira, tudo isso na atmosfera esbranquiçada que o filme carrega do início ao fim. É um filme para pensar, seus planos de longa duração, que quando bem elaborados não tornam o enredo maçante, traduzem este conceito. Transportado pelo contexto histórico mais importante do século passado, e tal como todo bom road movie, em Cinema, Aspirinas e Urubus quem fala mais alto é a liberdade.

Assista ao filme de graça no youtube. Só clicar no play.

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