Nesse último domingo, sete de outubro, muito se falou do lixo das eleições, focando-se apenas nos partidos e candidatos, como os grandes responsáveis por toda essa sujeira. O povo se põe a parte, como se tudo fosse muito limpo em tempos não eleitorais, como se nós cidadãos não jogássemos lixo no chão. Em sua maioria todos aqueles santinhos espalhados pelas avenidas e zonas eleitorais, antes passaram pelas mãos dos eleitores.

Há mais ou menos dois meses atrás, pouco antes deste site vir a nascer, começamos a discutir nossas primeiras pautas, entre elas surgiu a questão do lixo, não o eleitoral, mas o do dia a dia, aquele que a gente não percebe ou até mesmo ignora. Circulando pela cidade, encontramos uma realidade lamentável e contraditória. O bairro Lucas Araújo, também conhecido como Bosque, é uma das regiões de maior preservação de mata nativa dentro da cidade de Passo Fundo, além disso também é um dos bairros mais nobres da cidade. Mas ele também é um retrato de um contraste que confunde os nossos sentidos. O luxo das residências e o verde das árvores enche o olhar de quem passa, mas que imediatamente se confunde com o mal cheiro da ignorância humana.

Foto: Flaubi Farias / La Parola

É lixo de todos os tipos e de todas as origens. Com o que se encontra lá, seria possível mobiliar uma casa inteira, desde cozinha completa, até sala e banheiro, seria possível vestir uma família inteira de roupas a calçados. São equipamentos de piscina, peças de computador, banners e lixo publicitário de lojas, garrafas e mais garrafas, quantidades equivalentes a um “pós ano novo” bem alcoólico, tudo isso e muito mais, muito além do que se possa imaginar. Restos mortais de animais, velas e outros componentes de despachos , que se espalham pelas esquinas e encruzilhadas dentro do bosque. Mais contrastante ainda é perceber a limpeza das ruas pavimentadas e de maior circulação do bairro, onde as pessoas ainda podem enxergar.

Ver as ruas de Passo Fundo forradas de papel nesse final de semana não foi uma surpresa. Vejo lixo nessa cidade todos os domingos pela manhã após as noitadas de sábado. Basta abrir os olhos para perceber essa realidade. É compreensível que as eleições desenvolvam um engajamento na população, o que é difícil de entender é porque ele é temporário. Difícil de entender é o que leva as pessoas a simplesmente se desfazerem das coisas que julgam ser inúteis, jogando-as no chão.

Em quem se põe a culpa disso tudo? Naqueles fulanos que dizemos não cumprir com as promessas? Aqueles que a gente escolheu nesse domingo? É muito cômodo passar a responsabilidade toda para eles. A gente continua pensando assim e o fedor continua aumentando.

Texto: Juliana Acco
Fotos: Flaubi Farias

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