Imagine um futuro onde você pode provar um prato exótico sem sair da sua casa. Não estamos falando de delivery, mas de uma experiência digital, onde o sabor atravessa fronteiras em questão de segundos.
Parece ficção científica? Pois é exatamente isso que pesquisadores da Ohio State University estão criando com o e-Taste, um dispositivo de realidade virtual que recria e compartilha sabores remotamente.
O projeto, publicado na edição de março de 2025 da Science Advances, promete revolucionar a imersão digital, trazendo o paladar para um universo antes dominado apenas pelo som e pela visão. Mas será que estamos prontos para essa nova camada sensorial da tecnologia?
Provar o digital: como funciona o e-Taste?
Diferente de tentativas anteriores, como a bizarra “TV lambível” do Japão em 2021, o e-Taste adota uma abordagem mais sofisticada e compacta. Ele combina dois elementos principais:
- Um módulo vestível, que funciona como uma “língua eletrônica”.
- Um dispositivo portátil, que bombeia pequenas gotas de líquido diretamente na língua do usuário.
O truque está na química: sensores detectam componentes responsáveis pelos sabores e os recriam a partir de cinco elementos químicos. Esses elementos são os blocos fundamentais do nosso paladar:
- Glutamato (umami)
- Cloreto de sódio (salgado)
- Ácido cítrico (azedo)
- Glicose (doce)
- Cloreto de magnésio (amargo)
Em um dos testes realizados, os resultados impressionaram: voluntários identificaram corretamente 87% dos alimentos simulados, incluindo bolo, café e sopa de peixe. No entanto, o sabor picante ainda é um desafio, mostrando que a tecnologia ainda tem espaço para evoluir.

O fim das barreiras sensoriais?
A introdução do paladar ao mundo digital abre um leque de possibilidades. Imagine degustações remotas, experiências gastronômicas interativas e até mesmo a fusão do e-Taste com plataformas como o Metaverso. Marcas como Meta e Sony, que ainda não exploraram esse campo, podem sentir a pressão de integrar essa inovação aos seus dispositivos.
Mas, como toda nova tecnologia, surgem questões éticas e regulatórias. Se gostos podem ser reproduzidos e analisados, quem terá acesso a esses dados? Nosso paladar se tornará um perfil de consumo? Estaríamos à beira de um novo tipo de privacidade sensorial?
Seja qual for o futuro, uma coisa é certa: o e-Taste é um passo decisivo para a imersão digital, e em breve, o sabor pode se tornar tão digital quanto a música ou os filmes que consumimos online. O paladar nunca esteve tão próximo de se tornar um novo clique.