Entrevista: Antônio Costa Neto

Antônio Costa Neto

Antônio Costa Neto, publicitário, escritor e roteirista/diretor de teatro.

Autor do livro Mãe na Zona e publicitário premiado por campanhas do McDonald’s, Antônio e eu conversamos por e-mail antes do La Parola ser “inaugurado”.

Em menos de duas horas depois do primeiro contato já estávamos terminando a conversa. Antônio mostrou ser uma pessoa simples e super solícita. Afinal, quem daria credibilidade a um site que ainda nem existe? (Update: Agora existe).

Antônio o fez, e mostrou que o talento e o sucesso não necessariamente resultam em soberba. É um profissional versátil. Na entrevista, falamos de literatura, publicidade e teatro, mais especificamente sobre a peça O Bom, O Mau e Sua Esposa, onde é diretor e roteirista.

Entrevista

La Parola:
Como foi sua relação com Caio Fernando Abreu? Era ele o “X”?

Antônio Costa Neto:
Sim, Caio é o X. Caio foi um grande amigo, mas acima de tudo um grande mestre. Ele foi morar num apartamento em que eu morava com a produtora da minha peça, que estava em cartaz naquela época ( 1985) em São Paulo. A produtora voltou para Porto Alegre bem no momento que o Caio estava precisando de um lugar para morar.

La Parola:
Como foi o processo de criação de Mãe na Zona após o nascimento da ideia e da crônica na revista AZ?

Antônio Costa Neto:
Foi longo. Tudo começou com esse texto para a revista, que o Caio adorou e pediu que eu desenvolvesse mais, em forma de romance. Naquela época eu estava muito ocupado com minha carreira de publicitário. Fui deixando para depois o livro, até que um dia minha vida virou de cabeça para baixo. Eu era sócio de uma agência de publicidade brasileira, com sede em Miami. A agência fechou, meu casamento estava pelas tabelas, estava em crise total. Decidi manter o escritório da agência( o aluguel) e fiquei dois meses sozinho naquele escritório, escrevendo. Nesses dois meses revivi os “anos loucos” de São Paulo, época em que dividia o apartamento com o Caio. Foi maravilhoso. Acho que rejuvenesci no processo. Reencontrei  a paixão por escrever, já que nesses anos havia me transformado em um executivo bem-sucedido em publicidade. E nada mais que isso.

La Parola:
Qual sua relação com Luis Fernando Veríssimo?

Antônio Costa Neto:
Luis Fernando Veríssimo foi um “pai de criação” para mim. Aos 17 anos me deu espaço num suplemento de humor, chamado O Quadrão, em Porto Alegre. Entre os colaboradores, além do LFV, estava o Edgar Vasques. Depois disso, alguns anos depois, fui ser estagiário do LFV na agência de publicidade onde ele trabalhava aqui em Poa, a MPM Propaganda. Nessa época ele me “emprestava” a coluna diária dele na ZH, todas as sextas. Eu era uma espécie de interino. Desde então nos tornamos amigos. Sou um discípulo que jamais ousei ser parecido com o mestre.

La Parola:
Quais campanhas publicitárias foram as mais marcantes e de maior sucesso em sua carreira?

Antônio Costa Neto:
Ganhei prêmios nacionais e internacionais com várias campanhas. Mas a que me projetou no Brasil e fora do Brasil foi ” comendo e aprendendo” para o McDonald’s, onde o professor Pasquale ensinava português a partir de situações dentro do McDonald’s, onde pessoas estavam comendo Big Mac. Ele fazia perguntas tipo “Um Big Mac para mim comer ou para eu comer? Vamos perguntar para quem está comendo agora”. Aí cortava para dentro de uma loja onde grupos de pessoas respondiam: “para mim comer, para eu comer, etc” . Daí ele corrigia , dando a forma correta. Também fiz uma outra campanha para o McDonald’s, com o conceito “Gostoso como a Vida deve ser”. Esta campanha ganhou por três anos consecutivos o ” McDonald’s World Award” , como a melhor campanha mundial de McDonald’s.

La Parola:
Entre a publicidade, o teatro e a literatura. O que te seduz mais?

Antônio Costa Neto:
Teatro. Disparado. Adoro escrever e dirigir para teatro. Mas na hora de ler, literatura é imbatível. Mas prefiro escrever teatro, sem dúvida. Publicidade é uma coisa que faço porque tenho a sorte de fazer bem. Mas não é uma paixão.

La Parola:
Como foi, do seu ponto de vista de autor e diretor, a premiere da peça O Bom, O Mau e a sua Esposa?

Antônio Costa Neto:
Foi legal. É sempre legal. Assisti com paixão, sem muita objetividade. Quero rever tudo. Vamos ficar três meses em cartaz. Depois, se decidirmos continuar, quero lançar um olhar mais objetivo e, talvez, rever coisas, que incluem cenário, figurino etc. Foi a primeira peça grande que dirigi na vida. Anteriormente havia dirigido apenas monólogos.

Foi um desafio. Um tesão de desafio.

 

La Parola:
Além da peça qual projeto você está desenvolvendo ou irá desenvolver futuramente?

Antônio Costa Neto:
Neste momento estou fazendo uma coisa que gosto, que é diferente de publicidade. Estou fazendo uma campanha de Marketing político. Tenho planos de escrever novas peças em breve. Tenho uma ideia para um livro, mas não tenho planos de começar a escrever já. Quero retomar  a atividade de roteirista de TV e cinema. Coisas que fiz no passado e quero voltar a fazer. Mas sem planos para começar.  Tenho recebido convites de produtoras, mas ainda estou avaliando. Preciso me estruturar financeiramente antes, porque tenho uma filha que acaba de entrar na faculdade,em Boston, e vai precisar de muito dinheiro. Acabei de me divorciar, depois de 18 anos casado. Divórcio é uma coisa cara. Preciso focar em me recuperar financeiramente. Daí volta a escrever com intensidade outra vez. Isso deve acontecer pela metade do ano que vem.