Para uma mulher que escreve…

Falando sobre o homem certo, Tati Bernardi disse uma vez:

“Tem que amar tudo que eu escrevo e me olhar com aquela cara de: essa mulher é única.”

Para a mulher que escreve, seus textos são como filhos. Sua escrita é o seu trabalho e o seu orgulho. É nas letras desencontradas na página em branco que o seu talento se refaz. Ela tem autoconfiança, isso não há dúvidas. Sabe que há pessoas que gostam dos seus escritos, sabe que tem gente que ama a sua escrita. Sabe que ela, principalmente, não trocaria esse prazer por nada. Mas é preciso (ou pelo menos importante) que ele também sinta o mesmo.

Para uma mulher que escreve, o seu ego é alimentado numa rapidez muito maior quando um texto seu é elogiado do que quando escuta um “você está linda”. “Seu último texto estava incrível” é bem mais eficaz. É saber que o seu trabalho parece estar indo bem. É como pegar seu filho no braço e colocá-lo para ninar.

Para uma mulher que escreve tudo é questão de poesia. Ou de prosa. Aquele casal que está discutindo na mesa ao lado daria um bom texto. A história de vocês daria um ótimo texto. E ela inventaria mundos para criar poemas inéditos, melodias incríveis e uma prosa fácil de ser lida e impossível não ser amada.

Para uma mulher que escreve os 30 minutos de atraso ganham um novo texto. E por falar nisso é muito mais fácil ela se atrasar por um insight de última hora do que por uma maquiagem demorada. Ela escreverá o melhor dos textos nesse curto espaço de tempo. E sairá com você contente. Saberá que na volta, um rascunho a espera para ser editado. Ela já tem o próximo texto da coluna! E nem lutou com a imaginação para isso acontecer.

Para uma mulher que escreve cada texto é quase. É quase um livro. Quase um romance. Quase uma trilogia. Cada texto é muito. Muito orgulho. Muito amor. Muito cuidado. Muito apreço por ele e pelo que contem nele. Cada frase merece duas aspas e um parêntese finalizado com suas iniciais. Cada autoria reconhecida é uma palpitação diferente no coração. Cada carinho do leitor é um novo texto a ser escrito.

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Para uma mulher que escreve é mais fácil escrever um novo romance do que arrumar um namorado. É mais fácil viver histórias, percorrer beijos e abraços e, por fim, envolver um pedaço de cada um deles em seus textos. É mais fácil misturar os lances de sua vida num parágrafo de sete linhas do que fazer um romance durar mais de três meses. Logo logo, ela vai escrever sobre vocês dois e então ou você aguenta a declaração exposta em uma crônica num domingo à tarde ou cai fora. Sinta-se honrado se os leitores dela estiverem servidos de um romance real onde você é o protagonista. Muitos foram os anti-heróis de histórias com finais melancólicos.

Para uma mulher que escreve, uma xícara de café bem quente nunca é recusada. Uma mesa no seu quarto é objeto indispensável. Uma máquina de escrever ou um notebook apenas com o Word instalado é questão de sobrevivência. Um bloco de anotações e uma caneta não podem faltar na bolsa de uma mulher que escreve. A maquiagem fica em casa. Mas o batom carmim e o kit sobrevivência da implosão a acompanham em qualquer lugar. Um vinho no momento da escrita é inspiração. Sai amor em todas as linhas. Ou amargura em cada parágrafo. Algumas cervejas a faz escrever verdades escancaradas. Cuidado no que oferece para a moça que escreve.

Para uma mulher que escreve é mais fácil dizer que ama um livro ou um texto do que pronunciar as três palavrinhas mágicas para um homem. Mas se ela se entrega, meu amigo, se prepare para a enxurrada. Vão faltar palavras. Para uma mulher que escreve é mais bonito o pudor em suas linhas do que a falsidade exposta pelo mundo. É mais urgente espalhar amor entre linhas do que dissipar o ódio. Para uma mulher que escreve não importa o momento, não importa o que está fazendo, não importa o local: ela vai parar e escrever se assim a sua imaginação mandar. Não há reticências, quases e metades para uma mulher que escreve. Ou você é tudo ou você é nada. Copo vazio só cai bem num texto meia boca de “não deu certo”. Portanto, finalizo como comecei. Já diria nossa escritora Tati Bernardi:

“Tem que amar tudo que eu escrevo e me olhar com aquela cara de: essa mulher é única.”

Porque, acredite, ela realmente é.

Pin-ups sim, à la Betty Boop e Hilda

Falar sobre as pin-ups é voltar na década de 40, época em que viveram o ápice do sucesso. Mesma época em que fotografar nua ou com as pernas de fora era considerado atitude subversiva ou atentado à moral.

Pin-up ou “garota pendurada” era uma mulher sensual, muito feminina e inocente. A verdadeira pin-up jamais poderia ser vulgar, apenas convidativa. Vestiam peças de roupas que deixavam sutilmente à mostra belas pernas e definidas cinturas. Antes apenas ilustrações de papel, depois as pin-ups logo ganharam vida ao serem encarnadas por atrizes como Betty Grable e Bettie Page. Marilyn Monroe é outra atriz que chegou a começar como pin-up.

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Bettie Page / Betty Grable

O desenhista americano Grim Natwick criou Betty Boop em 1930, ela foi a primeira pin-up e a mais conhecida sexy symbol dos desenhos. Betty Boop era independente, usava vestido curto que marcava a cintura fina, mostrava as pernas grossas e mais, saltos altos e cinta-liga. Muito embora seus desenhos tivessem um caráter surrealista, estes continham elementos sexuais. Sensual e provocante, a personagem ficou famosa ao som de muito jazz, espelhando-se nas divas da época (1930).

Em 1935, o novo “Código de Produção” impôs uma censura à personagem. Em 1939, Betty Boop foi proibida de aparecer nos cinemas. Reaparecendo em 1984 nas tiras junto com Gato Félix. Ela continua popular e politicamente correta para os dias de hoje.

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Betty Boop

Agora Hilda, a ruiva um pouco tímida e desajeitada, concorrente direta de  Marilyn Monroe, mas com a particularidade que Hilda era só um desenho.

Hilda foi uma pin-up atípica, se tornou famosa pelas suas formas volumosas e seu jeito engraçado e espontâneo. Com seus quilinhos a mais, dobras na barriga e rosto redondo ela esbanja charme e sensualidade, sem dizer que se aproxima muito da mulher comum, dona de casa.

Ao contrário do que era idealizado na época, o ilustrador americano Duane Bryers criou em 1958 uma personagem “fora do padrão”, mas extremamente encantadora. Hilda é cativante e provavelmente a única plus size no mundo das pin-ups.

Todas as outras viviam em ambientes urbanos, já Hilda morava em uma fazenda, onde aparece em um universo lúdico tentando resolver situações engraçadas do cotidiano e claro, sempre sexy, usando lingerie de flores.

Apesar de ser uma pin-up publicada centenas de vezes, Hilda é quase desconhecida, mesmo entre admiradores desta arte.

“Ela é uma criação da minha cabeça. Eu tive vários modelos ao longo dos anos, mas algumas das melhores pinturas que fiz de Hilda foram sem modelo.” contou Duane Bryers.

* clique nas fotos da galeria para visualizar em maior resolução. взять рефинансирование

Samuel L. Jackson: O Rei do ‘Motherfucker’

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Ok, que porra é essa? Bom, são todas as vezes que Samuel L. Jackson falou “motherfucker” no cinema. Para poupar a paciência de todos, digo a resposta aqui: Foram 171 “motherfucker” vezes! Sério, podem conferir!

Samuel L. Jackson é um dos atores mais épicos da história do cinema. Difícil não tê-lo visto alguma vez na tela, já que seu currículo supera 150 trabalhos, contando filmes e séries. E difícil também não ter ouvido ele falar “motherfucker” ao menos uma vez. Se você assistiu Pulp Fiction, por exemplo, ouviu a palavra 26 vezes. Mas não é o filme em que o ator mais fala “motherfucker”. O posto número pertence a Jackie Brown, com 37 “motherfuckers”.

E para mostrar tudo isso de uma maneira bastante prática, o Huffington Post preparou um vídeo que compila todas as vezes em que Samuel L. Jackson fala “motherfucker”. O vídeo foi editado por Oliver Noble e Ben Craw. Assistam abaixo, “motherfuckers”:

Choveu meteoros e foi um espetáculo. Confira as fotos do fenômeno das Delta Aquarídeas.

Foto: Gui Benck

Na madrugada do dia 29 de julho de 2014, em Passo Fundo, a temperatura era inferior a 10 graus celsius. Portanto, o maior desejo de todos da cidade era estar debaixo das cobertas para fugir do clima gélido. Certo? Não é bem assim.

Fotógrafos do Passo se reuniram durante a dita madrugada no interior da cidade – a cerca de 15km do centro – para registar um fenômeno da época: uma chuva de meteoros AKA estrelas cadentes.

Popularmente dizem que se enxergamos uma estrela cadente devemos imediatamente fazer um pedido. Mas e se enxergarmos 20 estrelas cadentes a cada hora? É essa a média correspondente ao fenômeno das Delta Aquarídeas, que acontece anualmente entre julho e agosto. O pico foi exatamente nessa madrugada do dia 29. Porém, mesmo sendo frequente, nem sempre é tão visível como foi dessa vez. O tempo aberto e a lua em fase nova – que deixou o céu mais escuro – favoreceu que o brilho dos meteoros ficassem mais visíveis. Outro ponto é a localização. Se você mora no centro da cidade, esqueça. A luminosidade urbana esconde esse espetáculo que o universo nos proporciona, e é por isso que as fotos foram registradas no interior.

As chuvas de meteoros continuarão, mas serão menos visíveis daqui pra frente. As Delta Aquarídeas precedem outra chuva famosíssima, a das Perseidas, que exibem até 100 estrelas cadentes por hora (haja desejo!), porém é melhor visualizada no hemisfério norte do planeta. Neste ano é possível que ela não seja visível por aqui, pois acontecerá durante uma imensa lua cheia – e que provavelmente será a maior “superlua” do ano no Brasil, entre os dias 12 e 13 de agosto. Portanto, se você ainda quer fazer 20 desejos por hora, ou simplesmente contemplar esse espetáculo, ainda dá tempo, mas não muito.

A primeira imagem da galeria abaixo – que é fantástica- foi feita pelo fotógrafo Diogo Zanatta. As demais – também fantásticas – que ilustram esse texto foram registradas pelo fotógrafo Gui Benck. As fotografias foram criadas sem zoom, com tempo de exposição entre 10 e 30 segundos e com dois tipos de lentes: 50mm f/1.4 e 15mm f/2.8 fisheye. Deleitem-se:

 

Anexo:

Não acabou ainda! Na madrugada seguinte (30/07) o fenômeno se repetiu e mais fotografias foram feitas. Saca só a segunda parte:

 

A Vida é Bela: considerações de uma leiga

Aviso-te de início que não prossiga a leitura se ainda não teve o prazer de assistir ao filme, pois um pouco mais pra frente estarei a tratar sobre o seu final – e não há a menor chance de você assisti-lo com o desfecho já em mente. Estou longe de ser uma crítica de cinema, muito pelo contrário. Sou uma leiga no assunto e que fala apenas sobre o que ver. Nada mais. Não levo nem levarei em consideração quantos prêmios do Oscar o filme já ganhou, se o ator já foi premiado em outras categorias ou se sua fotografia é encantadora. Talvez vejam como um insulto à classe dos críticos e a quem dá valor a esse tipo de qualificação. A questão é que “A Vida é Bela” dispensa premiações. É maior.

Vivido durante a Segunda Guerra Mundial, o personagem principal – Guido – utiliza de sua criatividade, amor e esperança para salvar as pessoas a quem ama. Retratar uma guerra não é tão fácil, eu acredito. A maioria dos filmes que já pude assistir fez parte de uma representação fiel do genocídio, da força e derrota alemã, respectivamente. O que a gente desconhece muitas vezes é que embaralhadas entre corpos amontoados em campos de concentração, existem histórias belíssimas a serem contadas. A de Anne Frank é uma delas, e é impossível não se encantar com tamanha coragem e esperança.

“A Vida é Bela” é uma protagonização do improvável, do insuspeito e da exceção. Guido transborda esperança e humor. Consegue transformar um bombardeio, um holocausto generalizado, maus tratos constantes e uma vida regada a pão dormido de dias passados, em um jogo onde, de fato, a esperança é a última que morre. Impossível não se comover com o amor de Guido por Giosué – seu filho juntamente com a famosa Principessa –, principalmente no que diz respeito à sua maneira improvisada de não se preocupar com o que os outros irão pensar sobre suas atitudes. A inocência e o resguardo de seu filho, o futuro de um mundo que estava se destruindo em guerra, era mais importante do que tentar sobreviver ao caos. Ficar vivo era consequência.

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O que se faz mais incrível é a capacidade que o diretor – também protagonista – teve de retratar um período bastante escandalizado, sem necessariamente mostrar as diversas faces já muito massacradas pela tortura, perseguição e injustiça. Roberto Benigni – e me preocupo em frisar que não é a quantidade de estatuetas que ele coleciona em sua estante o ponto mais importante – foi excepcional no que diz respeito à construção de um cenário que, embora muito calejado, adquiriu um fervor e um espírito onde o amor ainda sim pode vencer tudo. Ou ao menos a certeza de que a luta e o esforço de evitar a decepção e a lástima fossem válidos até o último segundo final do filme.

Inclusive, o seu final é ainda mais extraordinário. Estarei aqui a contar sobre a fita, e como deixei de aviso no início, não o leia se ainda não assistiu. Não escrevo uma crítica, escrevo um elogio analisado de cada cena inventada e criada por Benigni. O esperado para uma história concluir com perfeição a sua alegria camuflada que provinha desde o início, seria que a família – sempre reunida – se reencontrasse num belo abraço triplo. Porém, além de trazer para as telas a realidade de que nenhuma minoria escapou das mãos dos militares, o filme ainda nos presenteia com a reflexão de que não haveria final mais compatível para comover e encantar. Não é a morte de Guido que encanta, não é o reencontro de Giosué com Principessa que nos deixa emocionados, não é a felicidade da criança ao se dar conta que havia “ganhado o jogo”. É o esforço e todos os sacrifícios do pai; a audácia e o amor de fazer o que fez pelo filho e, claro, pela família. É a sagacidade e sanidade que o personagem adquiriu no decorrer dos acontecimentos. E mesmo nos seus últimos minutos de vida ainda pensar em fazer daquele final uma alegria para o seu filho; não pensar na despedida, muito menos em lançar um olhar triste e de adeus a quem permanecia escondido até o jogo terminar por completo. É nesse momento que o egoísmo é ultrapassado pelo amor e companheirismo.

A verdade é que a história do holocausto e da Segunda Guerra Mundial realmente não passou de um jogo. Um jogo de poder e de sobrevivência, no qual viver seria uma luta diária com a paciência e a criatividade. “A Vida é Bela” é um exemplo pros anos 40, 90, 2000 e para todas as futuras gerações. Assim como a vida nos dá uma lição com cada erro que cometemos, ela também nos prepara a partir dos nossos próprios ensinamentos.

10 Vídeos Indispensáveis de Crosby, Stills, Nash & Young

David Crosby. Stephen Stills. Graham Nash. Neil Young. Quatro figuras básicas da história da música que resolveram formar um supergrupo e entrar para a história de forma ainda mais intensa. Em 2014, o quarteto CSNY comemora 45 anos do primeiro álbum lançado: “Crosby, Stills & Nash”. Neil Young entraria para a trupe meses mais tarde.

Nessa comemoração toda, uma jóia foi recentemente lançada. Trata-se de CSNY 1974, uma coletânea que reúne músicas apresentadas durante a magistral turnê que o quarteto realizou em estádios no verão de 1974. A coleção é composta por três álbuns (em vinil são seis!), DVD, Blu-Ray, fotografias e outros itens. São 40 faixas retiradas de 9 shows da turnê. Enfim, um material de luxo para o fãs admirarem com um babador. Uma prévia pode ser escutada abaixo:

Esse revival tem trazido o quarteto de volta ao primeiro plano, jornalisticamente falando. Todas as publicações dedicadas à música estão destacando o relançamento e relembrando uma época de ouro, ou “desgracenta”, como mostra essa reportagem da Rolling Stone norte-americana.

Outra publicação que destacou o CSNY recentemente foi a MOJO. A revista britânica dedicou 16 páginas da edição de número 250 para falar sobre o Crosby, Stills, Nash e Young. A MOJO ainda fez uma interessante lista com 10 melhores vídeos do quarteto, o qual reproduzo orgulhosamente abaixo.

Lembrando que este ano David Crosby já lançou o álbum “CROZ” e Neil Young o álbun “A Letter Home”, além de liderar o projeto Pono Music.

Chega de conversa, confira a lista e clique no play. Recomendado que assistam aos vídeos pela manhã, pela tarde, pela noite ou pela madrugada. No inverno, verão, outono ou primavera. Sozinho ou acompanhado. Sóbrio ou ébrio. Tanto faz. O que não pode é fechar os olhos e cerrar os ouvidos para estes quatro gigantes.

Ladies and gentlemen, please welcome: Crosby, Stills, Nash and Young!

1. Suite: Judy Blue Eyes – Woodstock (1969)

http://youtu.be/-azgwfnZu7c

2. Down By The River – Big Sur Folk Festival (1969)

3. Sea Of Madness / Stephen Stills brigando / 4 + 20 – Big Sur Folk Festival (1969)

4. Long Time Gone – The Tom Jones Show (1969)

http://youtu.be/PamO6obWcQk

5. You Don’t Have To Cry – The Tom Jones Show (1969)

http://youtu.be/aHdJEIEKxnU

6. Filmagem rara em Super 8 do CSNY no Balboa Stadium, em San Diego (1969)

7. Crosby, Stills, Nash & Young Live at Winterland on Oct. 4, 1973 – Complete Concert (1973)

8. Only Love Can Break Your Heart – Wembley Stadium (1974)

http://youtu.be/X3jVAdz7RhE

9. Documento audiovisual veiculado no canal CBS (1987)

10. Déjà Vu (2006)

Ontem foi domingo e me droguei muito

Ontem foi domingo e me droguei muito. Comecei por volta das 13h e só fui parar depois das 22h. Éramos uns poucos amigos e amigas, casais amigos, e quase todos se drogaram também. Uns mais e outros menos. Petiscamos durante o dia e só no final da festa é que resolvemos comer algo mais consistente. Sorrimos muito e também tivemos momentos de conversa séria. Eu, por exemplo, quando me drogo, tenho momentos de euforia e de silêncio. Passo horas ouvindo as pessoas e outras horas com o olhar perdido. Depois, peço desculpas e retorno à euforia e boas risadas.

Um desses meus amigos gosta muito de misturar e reclama que não está sentindo nada, embora todos os demais percebam seu visível estado de euforia. Outro amigo tem sempre um copo de água ao lado, mas poucas vezes bebe a água. Outro tem o ciclo bem rápido e em poucas horas passa da sobriedade para a euforia, silêncio e sono; depois, quando os demais ainda estão na fase da euforia, ele já está completamente recuperado e começa do zero. Outro não come nada e justifica que se comer não consegue continuar se drogando e sente muito sono. Outro, ao contrário, tem sempre um prato de petiscos ao lado e justifica que não consegue se drogar sem comer. Outro, talvez só eu saiba disso, provoca vômito cada vez que vai ao sanitário para continuar se drogando e parecer sóbrio.

Drogas são drogas e ponto final. Todas elas alteram nossa percepção sensorial e, em consequência, a forma de ver o mundo. Esta relação das drogas com cada pessoa é única. Drogas é uma coisa e o efeito delas é algo absolutamente pessoal. Busca-se, portanto, algo entre a pessoa e a droga. Este algo é único e individual e reflete exatamente a história da pessoa com os efeitos da droga. Então, como cada um tem sua própria história, a relação dessa história com a droga também será uma história própria. Por causa disso, uns usam drogas apenas uma vez e não gostam, outros conseguem usar por muitos anos e não se tornam dependentes e outros não conseguem mais parar de usar depois da primeira experiência, tornando-se um usuário dependente.

Independentemente do caráter de legal ou ilegal, lícita ou ilícita, todas as drogas são drogas e estabelecem as mesmas relações com o usuário, pois não sabem se são permitidas ou não. Assim, o uso do tabaco pode causar um profundo bem estar ao fumante, embora possa causar inúmeros tipos de câncer. Da mesma forma, o álcool pode oferecer alegria e euforia e, ao mesmo tempo, causar uma infinidade de problemas à saúde de quem ingere álcool. Adentrando às drogas consideradas ilícitas, a cocaína pode causar sensação de autoconfiança e poder, mas pode também comprometer a saúde de quem cheira ou injeta. Também a maconha pode relaxar e proporcionar viagens leves e lentas, mas também pode causar mal à saúde de quem fuma. O ponto comum é que todas as drogas podem causar a dependência e se tornar um problema para o usuário, seus familiares e comunidade. No fim, o problema a ser enfrentado e discutido é por que alguns usuários se tornam dependentes e problemáticos e outros não. Sendo assim, como jamais conseguiremos acabar com as substâncias que alteram nossa percepção sensorial, interessa muito mais entender a mente humana, as tragédias pessoais e a desigualdade social do que proibir e criminalizar as drogas.

Pensando assim, fico a me perguntar, qual o fundamento jurídico, legal, histórico, filosófico, moral, religioso ou de qualquer outra natureza para considerar marginais e bandidos pessoas que usam algum tipo de droga? E mais, também me pergunto, por que as drogas fabricadas pela indústria capitalista, a exemplo do tabaco, álcool, ansiolíticos e antidepressivos, são consideradas lícitas e, inexplicavelmente, as drogas que não passam pela indústria capitalista são consideradas ilícitas, a exemplo da maconha e cocaína? Será, por fim, que o detalhe em comum seja exatamente este: a indústria capitalista?

Voltando ao começo, ontem fiz um churrasquinho em casa e convidei os amigos para matar a saudade, jogar conversa fora, comentar os jogos da Copa no Brasil e as consequências na campanha política, lembrar das aventuras passadas, dos tempos difíceis, empanturrar de carnes e, principalmente, tomar muitas cervejas. Abasteci o freezer com algumas caixas de cerveja, preparei costelinhas de porco e carneiro com toque final de alecrim; coração de frango, coxinhas da asa de frango, costela de boi ao forno com papel alumínio, calabresa mista apimentada (uma delícia!) e, como não poderia deixar de ser, saborosas picanhas com dois dedinhos de gordura. Na manhã seguinte, como sou de carne e osso, tinha as mãos trêmulas, boca seca, dificuldade de raciocinar e uma sede insaciável, ou seja, estava de ressaca.

Sei, por fim, que no mesmo domingo milhões de pessoas fizeram a mesma coisa e outros milhões usaram drogas consideradas ilícitas.  Muitos, como eu, trabalharam normalmente no dia seguinte e outros, não tenho dúvidas, por conta exatamente de sua relação com as drogas, continuaram usando abusivamente e causando problemas à sua família e comunidade.

No mais, é muito provável que muitos policiais militares, que poderiam estar presentes em algum churrasco e provavelmente também de ressaca, resultado das cervejinhas do domingo, irão prender em flagrante jovens pobres, negros, periféricos e excluídos com pequenas porções de maconha ou crack, conduzindo-os a algum delegado, também de ressaca, que irá indiciá-lo, mais pela cor da pele e condição social, como traficante de drogas.  Em seguida, algum representante do Ministério Público, também participante do churrasquinho do domingo, irá representar pela prisão preventiva com fundamento puro e simples na “garantia da ordem pública”e, por fim, seu destino será escrito indelevelmente como acusado por tráfico de drogas quando as mãos trêmulas e boca sedenta de algum juiz de direito lhe decretar a prisão preventiva e lhe esquecer na prisão.

Domingo que vem tem mais churrasco com os amigos, muita cerveja e ressaca na segunda-feira, mas também terá muita galera fumando maconha, cheirando cocaína e fumando pedras de crack. A diferença é que uns, por conta da droga usada, cor da pele e condição social, serão presos e condenados e outros, enquanto cidadãos respeitáveis, tomarão um engov ou epocler e assinarão mandados de prisão.

Texto originalmente publicado em http://www.gerivaldoneiva.com/.

Lei em defesa dos Seres Extraterrestres

Imagine que você está caminhando tranquilamente pela calçada, respondendo a uma mensagem de texto enquanto pensa na desculpa que vai dar ao seu chefe pelo segundo atraso consecutivo. Nesse exato momento uma nave espacial — sim, uma nave espacial — aterriza na sua frente. De dentro dela sai uma criatura sobrenatural.

O que você faz?

( ) Sai correndo
( ) Tenta fazer contato
( ) Nem sai correndo, nem tenta fazer contato, mas fica estagnado, perplexo.

Marque uma opção.

Qual seria a reação do Governo ao tomar conhecimento dessa situação? A polícia, que não tem preparo nem para lidar com humanos, responderia com balas de borracha e bombas de efeito moral? A ficção científica nos dá alguma ideia de como tal situação seria contornada pelas autoridades públicas.

Sabe aquela velha máxima de atirar primeiro e perguntar depois? Pois é, seria mais ou menos assim. E, pensando nisso, resolvi reivindicar uma lei de proteção aos seres extraterrestres.

Isso não significa dizer que toda e qualquer criatura inteligente que venha nos visitar poderá fazer o que bem entender no nosso planeta e sim que nós, seres humanos, não poderemos fazer o que bem entendermos com eles. Loucura? Não, precaução.

Só existe uma barreira para a criação dessa lei: como lutar pelos direitos de um ser extraterrestre se não conseguimos assegurar nem mesmo os direitos e garantias do ser humano? Entre nós existe diferença entre o branco e o negro, o homem e a mulher, o nacional e o estrangeiro. Somos estranhos uns para os outros.

Viu? O problema nem é sobre a existência ou não de extraterrestres, mas sobre a nossa incapacidade de perceber as mulheres, os negros, os índios, os pobres e outros grupos minoritários como dignos de igual respeito e consideração.

Aos que desenham fonemas

25 de julho, dia do escritor. Dia de fazer as honras a todos aqueles que, com coragem, colocam ou colocaram em letras uma verdade que escancara o coração. É dia de parabenizar quem escolheu expor a alma e a essência existente dentro deles. Hoje podemos também deixar nossas saudades de mestres que possuíam o dom de transformar um coração, em frases. E além da nostalgia também agradecer. Agradecer pelo legado, pelo histórico de textos e livros incríveis que muitos deixaram pra nós. Agradecer pela oportunidade de conhecer e adentrar de maneira tão profunda e bonita no mundo da literatura, no mundo pessoal de quem escreve, no mundo onde a vida real não é necessariamente original.

No dia do escritor merecem as palmas calorosas aqueles que, sem pudor, vociferam as suas opiniões, as suas percepções de um mundo tão plural e ao mesmo tempo tão individualista. Merece os parabéns aquele que escolheu viver em ficção a vida de outras mil pessoas e codificá-las da maneira mais bela possível em um aglomerado de fonemas, causando um resultado encantador. Meus parabéns a quem publica com carinho e com amor cada frase escrita à mão, cada palavra dedilhada na máquina e cada letra desenhada com cuidado.

Hoje é o dia de quem guarda no coração mundos desconhecidos, inimagináveis, capazes de despertar a curiosidade de qualquer pessoa. É dia de quem brinca com as letras, de quem embaraça as palavras e que mesmo assim torna tudo tão compreensível. É dia daquela pessoa incontida e que, através da escrita, expõe tão bem a sua personalidade, o seu “eu lírico” real. É dia do sensível e do grotesco. Do que coloca o coração em pauta e daqueles que são mórbidos nas suas transcrições. É dia de quem tem coragem de falar de amor e ao mesmo tempo de morte, e não se preocupa sobre más interpretações; eles serão entendidos.

Hoje é dia do jovem escritor, do que rabisca um diário fechado com cadeado, do que escreve frases na última página do caderno. Mas também é dia do que escolheu como profissão, a caligrafia. Escolheu viver do prazer. Um prazer encantador e desconhecido por muitos. É dia de quem escreve pra não implodir. Mas de quem escreve para explodir um pouco. Dia de quem já se foi e que deixou nas nossas estantes as lembranças mais fieis e originais. É dia do novo, do que escolheu criar a sua própria escrita e fazer dela uma arte. Mas é dia também do velho. O velho escritor que deixa para nós a capacidade inatingível de ser fantástico. Deixa a inspiração como maior legado. Não os imitamos. Apenas os admiramos.

É dia de parabenizar. De abrir um livro e dar o valor merecido àquele autor. De saber que escrever não é só diversão. Escrever é coisa séria. É se declarar para o papel em branco que te encara sem medo. Que te pressiona por uma palavra a mais, por um título sequer. É se aprisionar na libertação que o ato de escrever traz consigo. É não ter medo de expor a sua imaginação. De simplesmente entregá-la ao mundo e deixar com que todos conheçam a sua maluquice, essa sua ideia que partiu de um sonho, ou esse sonho que partiu de uma ideia. Escrever é tirar água de um poço vazio; puxar o balde sem nada e conseguir transbordá-lo. Escrever é uma forma de explodir. De explodir o coração e o mundo. Explodir a cabeça que não para. É pensar mais rápido do que a mente consegue funcionar. Escrever é uma necessidade. Eu chamo de poesia.

Meus parabéns vão para os mestres que enfeitam a minha estante e para aqueles que, ainda jovens, fazem história no mundo virtual que cresce um pouco todos os dias. Não citarei nomes, não dedicarei nada. Apenas deixo aqui a minha alegria de poder dizer que escrever é ser livre. Deixo aqui a admiração, o afeto, o carinho e toda a minha reverência aos gênios da literatura que mesmo em outra dimensão conseguem ser presentes na mente, no coração e na estante de quem leva a escrita (e a leitura) como uma arte. Parabéns aos artistas das palavras. Aos que, no papel, desenham com o coração.

Sebastião e Lélia: um amor a serviço do mundo

E se o amor entre duas pessoas pudesse transcender a esfera familiar que limita o alcance do sentimento? Se ele fosse capaz de construir um legado de esforço mútuo que apoie a vida em todas as suas formas e nos mais isolados cantos do planeta? E se o companheirismo ultrapasse a extensão dos nossos corpos, e transformasse o bem de dois em um bem comunitário?

No decorrer dos séculos, casais como Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, Yoko Ono e John Lennon ou Zelda e Scott Fitzgerald mostraram que é possível que o amor floresça através da arte, produzindo frutos de ambos os lados de uma relação, mas para mim, nenhum exemplo é mais evidente do que o de Sebastião e Lélia Salgado.

“A gente é sócio na vida, não é a mulher que está por trás, é a mulher que está ao lado”, são as palavras de Sebastião, considerado um dos fotógrafos mais importantes do século XX, acumulador de indiscutivelmente merecidos prêmios, artista de sucesso reconhecido pelo mundo todo, embaixador da UNICEF, marido de Lélia. O casal mora em Paris desde 79, uma relação que gerou dois filhos e muitos projetos, resultados de devotada dedicação e uma sinergia admirável.

Sebastião nasceu no interior de Minas, mas estudou Economia em São Paulo. Em 1973, abandonou oficialmente a carreira e o diploma após uma viagem à África, onde começou a fotografar. Foi assim que se tornou um fotojornalista a serviço de ações humanitárias, colaborando posteriormente com organizações como a Médicos sem Fronteiras, as Nações Unidas e a OMS.

Lélia Wanick formou-se em arquitetura em Paris, mas há anos vem trabalhando como curadora e coordenadora dos projetos do marido. Antes de mergulhar em sua jornada de expedições exóticas, chegou a trabalhar com o renomado fotógrafo Cartier Bresson.

Hoje ela é responsável pela agência do casal, criada em 1994, em Paris, a Amazonas Images, onde expõe o resultado final do trabalho que realizam nos lugares mais inóspitos da Terra, retratando tanto cenários de diversidade cultural e belezas da natureza, quanto de miséria, desnutrição e outras mazelas que afetam povos por todo o mundo. Suas excursões já passaram por mais de 100 países, produzindo imagens raras e tocantes que são editadas em preto e branco.

Desde 1990, Sebastião e Lélia desenvolvem um projeto de reflorestamento de uma parte da mata atlântica, localizada no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, local que hoje é uma reserva ambiental. Ela é conservada pelo Instituto Terra, fundado pelo casal em 1998, e que não só cuida da mata em si, mas também da educação ambiental de centenas de crianças, através de um trabalho implementado nas escolas da região.

Atualmente, o casal acompanha as reproduções de “Gênesis”, a série fotográfica produzida mais recentemente a partir de imagens colhidas em Galápagos, Papua Nova Guiné, Indonésia, Uganda e Patagônia.

Com 66 anos, Lélia ainda participa de algumas expedições, mas às vezes prefere deixar que o marido se aventure sozinho enquanto toma conta da curadoria, edição, produção e exposição das fotos, dando continuidade a uma relação de trabalho e cooperação mútua difícil de se adjetivar. Se o amor é mesmo feito de almas complementares, eu não sei dizer, mas a vida tem sido assim para Sebastião e Lélia há mais de 50 anos.

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