Vespertinos apresenta seu EP de estreia com quatro músicas: ouça

Vários instrumentos você encontra aqui, no EP de estreia do quinteto Vespertinos. Só ouvir. A banda, formada em Santa Maria, lançou oficialmente no fim de fevereiro deste ano o primeiro trabalho autoral. E quem estreia bem, tem estrela, já diria alguém em algum momento.

As quatro música que compõem o EP Vespertinos misturam folk, indie, pop, rock, romance, saudade, cotidiano e outras coisas que as próximas audições poderão identificar.

O grupo é formado por Martim Ronsini (voz, violão e gaita), Alexandre Araújo (guitarra e voz), Igor Fuchs (baixo e voz), Matheus Toledo (sintetizador e escaleta) e Mateus Bonez (bateria), mas para as gravações tiveram o apoio de outros músicos participantes. Bibiana Turchiello no violino, Kauê Gindri na bateria e Márcio Echeverria no saxofone, trompete e trombone.

Vespertinos EP - Capa

O trabalho foi registrado entre julho e setembro de 2014, no estúdio Módulo Lunar, em Santa Maria. Quem assina a produção junto à banda é o músico Ronaldo Palma. A arte da capa (acima) é de Mathias Townsend.

A banda já havia lançado o clipe de Escadarias, em janeiro, primeira música do EP. Agora, o trabalho está completo. Ouça abaixo, na íntegra:

A fórmula mágica do escritor Haruki Murakami

Haruki Murakami

Assim como no Renascimento e em outras épocas havia quem se interessasse por duas atividades distintas, a matemática e a escrita por exemplo, ainda hoje é possível encontrar artistas talentosos que transitam por diferentes áreas, agregando mais valor à própria obra.

Entre eles, se destaca o célebre escritor japonês Haruki Murakami, que já teve a obra traduzida para 16 idiomas, inclusive o português, e ganhou diversos prêmios literários.

O escritor mergulhou definitivamente no universo das letras depois de fechar seu bar de jazz em Tóquio no começo da década de 1980, na mesma época em que começou a correr para entrar em forma.

O Yin e o Yang de Haruki Murakami

Haruki Murakami (2)

Para a tradição filosófica e religiosa taoísta, o universo é composto por duas forças antagônicas: o Yin que representa o feminino, a escuridão e a passividade; e o Yang que é o elemento masculino e indica a luz e a atividade.

Se considerarmos esses conceitos que aparecem na obra de Haruki Murakami para a vida do autor, chegaremos à conclusão que a música é o Yin e a corrida o Yang.

Cada um desses fatores possui uma importância específica no universo literário do autor.

“Tudo o que eu aprendi sobre escrever veio da música. Isso pode parecer paradoxal, mas se eu não tivesse sido obcecado pela música, talvez eu não teria me tornado um romancista”, disse Murakami em entrevista do New York Times.

Uma das maiores inspirações para o escritor, o pianista de jazz Thelonious Monk, certa vez, ao ser perguntado sobre como é possível obter um som especial, apontou para o teclado e disse que não há nenhuma nota nova, mas que quando deseja que uma delas seja diferente, ele a faz ser.

Tal pensamento norteia o escritor japonês, que também acredita não haver nada de incomum a ser feito pela linguagem, apenas utilizar as palavras existentes para desenhar territórios inusitados, isto é, histórias que ninguém imaginou antes.

Em relação à corrida, o escritor a enxerga como uma busca incessante por algo, aspecto que está bastante presente na sua obra.

O autobiográfico “Do que eu falo quando falo de corrida: um relato pessoal” mostra que a corrida não apenas mudou o estilo de vida de Haruki Murakami, mas também sua escrita.

Pensar rápido, imaginar facilmente histórias pouco convencionais e escrever com a mesma garra com que corre, como se houvesse algo a atingir ali na frente, são marcas registradas do escritor.

Disciplina oriental

Haruki Murakami (3)

Diferentemente dos romancistas ocidentais, que se orgulham de sentar à mesa para escrever apenas quando a inspiração o visita, Haruki Murakami costuma dizer em entrevistas que possui uma séria rotina para manter o fôlego literário.

Quando está planejando lançar um livro, o escritor acorda todos os dias às 4h da manhã e trabalha por até 6 horas seguidas. De tarde, Murakami pratica atividades físicas que tão bem fazem a sua mente criativa, lê, ouve música e dorme às 21h.

Ou seja, além de inspiração com a arte da música e da escrita, quem imagina seguir a fórmula do autor para produzir bons livros também precisa de um bom tênis de corrida para sair pelas ruas em busca de fôlego e inspiração no esporte.

Essa repetição diária funciona como uma hipnotização ao autor, que acredita alcançar o estágio mais profundo do espírito enquanto escreve e libera as ideias adormecidas.

O único aspecto desfavorável dessa rotina intensa é que Haruki Murakami quase não dedica tempo para a vida social, embora pareça que, quando está em processo de criação, o escritor não sinta tanta falta dos amigos, pois possui as letras como companhia.

A presença do surreal e do fantástico

Haruki Murakami (4)

Haruki Murakami não tem medo de ousar e criar situações incomuns, da mesma forma que Kafka e George Orwell fizeram no passado.

Embora diversas situações de sua obra sejam fantásticas, todas as histórias são permeadas de insights sobre a vida real, dilemas verdadeiros do cotidiano e indagações sobre o nosso tempo.

Na trilogia 1Q84 – que é inspirada na obra-prima 1984 de George Orwell e é o título mais famoso do autor -, quando a personagem Aomame está parada dentro de um táxi e quer chegar rapidamente ao seu destino, o motorista lhe oferece a opção de seguir por uma escada de emergência no meio da avenida.

Paralelamente a isso, o aspirante a escritor Tengo recebe uma proposta para refazer o romance de uma menina, mas só depois de conhecê-la pessoalmente.

Apesar de parecem desconexas, as tramas se convergem e mostram que se tratam de uma só.

Basicamente, os dois personagens entram para um universo paralelo, no qual nada é como antes eles imaginavam e, por isso, é tão incrível e surpreendente.

Novo ingrediente?

Haruki Murakami (1)

No início deste ano, Haruki Murakami anunciou que vai abrir uma página na internet para que os fãs se comuniquem com ele e enviem perguntas diversas, desde curiosidades sobre os gostos deles até questões filosóficas sobre problemas pessoais.

O canto de Murakami, como será chamado na tradução para o português, será uma forma dos fãs desse querido autor conversarem com uma das mentes mais célebres da atualidade.

Talvez também seja uma estratégia de Murakami para se inspirar a criar novas envolventes histórias, da mesma forma que são a corrida, o jazz e sua rotina metódica.

Só o tempo dirá os frutos que o “consultório online” do escritor dará. A depender da qualidade literária e da simpatia de Haruki Murakami, espera-se que sejam os melhores possíveis.

Noel Gallagher escreveu mais ou menos uns 8 hits em ‘Chasing Yesterday’

Noel Gallagher - Chasing Yesterday

Desde que os Oasis se separaram, em 2009, a cada declaração de Noel ou Liam Gallagher o que todo mundo espera ouvir é algo sobre o retorno da banda. O que não deve acontecer se não for por vários milhões de dólares, como Noel já declarou. Porém, algo muito parecido com a sonoridade da banda voltou a tocar no mundo.

Quase seis anos após a dissolução, o líder criativo dos Oasis volta a ser protagonista em seu segundo álbum solo, Chasing Yesterday, o disco com mais hits e mais parecido com a maior banda de britpop do planeta (dê o play abaixo):

Nesses últimos anos, Noel Gallagher vazou da banda e iniciou sua carreira solo, um sonho antigo. No primeiro álbum de sua nova banda – tão sua que carrega seu próprio nome, a Noel Gallagher’s High Flying Birds – o músico foi devagar. Acho um baita álbum, mas ainda parece ser um pouco meio ressaca, um pouco “esse é só o recomeço, um baita recomeço, mas as coisas vão melhorar”. Quando você está sozinho, sem a sua banda, você geralmente faz algo mais intimista, mais pessoal e despreocupado. Foi o que aconteceu.

Em contrapartida, o resto da banda, liderada pelo irmão Liam, montou o Beady Eye e fez dois álbuns que particularmente eu acho sensacionais. Different Gear, Still Speeding mostrou um Oasis ainda mais rock’n’roll, enquanto BE, apesar de ser impossível não associar a voz de Liam ao antigo grupo, mostrou uma banda mais autoral, psicodélica e madura, mas sem o apelo radiofônico que fez com que o Oasis explodisse mundo afora.

BE foi um dos melhores álbuns de 2013 e um dos que eu mais ouvi. É um álbum foda. A banda estava tão no auge que roubou Jay Mehler, guitarrista do Kasabian, para ser o novo baixista. Mas não emplacou, e somado a acidentes que o guitarrista Gem Archer sofreu logo após o lançamento do disco, a banda acabou. Que merda! Nesse momento todo fã de Oasis pensou: “agora vai”. Mas não foi e não sei sinceramente se um dia irá.

O que me deixou feliz, porém, foi ouvir Chasing Yesterday. A primeira audição eu achei o mais fraco dos 4 álbuns citados. Com o tempo mudei, e após ouvir cerca de 15 vezes reformulei minha opinião e achei o melhor de todos. A cada audição o álbum melhora e é isso que faz com que um disco seja do caralho.

Noel Gallagher - Chasing Yesterday - Capa

O nome do disco já entrega a proposta. Algo como ‘perseguindo o ontem’. As dez músicas que Noel Gallagher escolheu para o álbum não soam estranhas pra quem já acompanha sua carreira. E é exatamente nisso que ele acerta. Noel é ótimo em fazer baladas, em fazer hits, em fazer refrões grudentos e radiofônicos.

Há as baladas como Riverman, The Girl With X-Ray Eyes e The Dying Of The Light, qualquer uma com capacidade de estourar nas rádios. A antiga Lock All The Doors, composta em 1992 – e por isso tem aquela sonoridade um pouco Definitely Maybe (ouça abaixo a versão original):

Temos também as viajonas The Right Stuff e While The Song Remains The Saime, que lembram a fase final do Oasis, pós-Don’t Believe The Truth. E, por fim, pra não ficar tão preso no passado, as animadas Ballad Of The Mighty I e In The Heat Of The Moment, que lembram muito a maravilhosa AKA…What a Life, do primeiro álbum solo, a empolgante You Know We Can’t Go Back e a dançante e suingada The Mexican, uma das minhas preferidas.

No momento em que vivemos, Noel Gallagher deverá saber que jamais irá compor mais uma Don’t Look Back in Anger ou Wonderwall. É o preço que o artista paga por ter criado verdadeiros hinos. Mas isso não significa que ele não continue sendo um dos melhores compositores da atualidade.

Chasing Yesterday está em minha cabeça desde o lançamento. Não tem como imaginar se é um disco que vai fazer muito barulho, popular e comercialmente falando. Em tempos em que Ed Sheeran e Sam Smith são os grandes nomes da música britânica, fica meio arriscado prever algo.

Se o álbum tivesse sido gravado com os vocais de Liam Gallagher poderia até ser considerado como o novo álbum do Oasis. E é por isso que me empolguei e que Chasing Yesterday se tornou meu álbum preferido dos Oasis pós-Oasis.

Jimmy Dog apresenta ‘Ausência’, música que estará presente no segundo álbum da banda: ouça

Foto: Gui Benck

A banda Jimmy Dog, nascida e criada em Passo Fundo, tem um novo lançamento logo no início de 2015. O single ‘Ausência’ é uma das faixas presentes no segundo álbum da banda, ‘A Jornada [Que nos trouxe até aqui]’. O novo trabalho é o sucessor de ‘Jimmy Dog’, disco de estreia da banda, lançado em 2010.

O novo álbum foi produzido com paciência, ao longo dos dois últimos anos. A inspiração do disco é baseada em experiências vividas e imaginadas. Situações cotidianas são retratadas ao longo das músicas que remetem a cenários cheios de energia e boas vibrações.

Um pouco diferente da estreia, o segundo álbum da banda foge um pouco do tradicional hardcore melódico e passeia pelo punch core, a nova proposta sonora da Jimmy Dog.

‘A Jornada [Que nos trouxe até aqui]’ já está pronto. Com onze músicas inéditas o disco será oficialmente lançado em 19 de março.

Ouça ‘Ausência’ abaixo:

‘Becoming Steve Jobs’: como um imprudente arrogante se tornou um líder visionário?

Desde que Steve Jobs faleceu, em outubro de 2011, muito tem se produzido para deixar viva a memória de um dos homens mais importantes do nosso tempo. De todo este material, sem dúvida os que tiveram um maior alcance foram o filme ‘Jobs’, estrelado por Ashton Kutcher e o livro ‘Steve Jobs’, escrito por Walter Isaacson.

Mesmo quatro anos após sua morte, não param de surgir novas versões sobre a história de Steve. Um novo livro, Becoming Steve Jobs, será lançado em 24 de março, nos Estados Unidos.

Espero que essa seja reconhecida como a história definitiva. (Ed Catmull, presidente da Disney e da Pixar)

Segundo a Crown Business, editora que irá lançar a nova biografia, Becoming Steve Jobs deverá recontar a história de Jobs em uma maneira ainda não explorada. No site oficial do livro, há um resumo que dá uma ideia de como foi direcionada a biografia: Um brilhantemente relatado e convincente livro que derruba a visão convencional de Steve Jobs – imortalizada como metade gênio e metade idiota. Becoming Steve Jobs responde à questão central sobre a vida e a carreira do cofundador e CEO da Apple: como um jovem tão imprudente e arrogante que foi afastado de sua própria empresa se tornou o visionário líder de negócios mais eficiente de nosso tempo?

A nova biografia foi escrita a duas mãos, Brent Schlender e Rick Tetzeli são os autores do livro. Schlender é jornalista de tecnologia, tendo acompanhado a vida de Steve Jobs há quase 25 anos para publicações como a revista Fortune e o Wall Street Journal. Tetzeli é outro jornalista experiente, cobrindo a área de tecnologia há mais de duas décadas, destacando-se como vice-editor da Fortune e editor da Entertainment Weekly.

Brent Schlender, Bill Gates e Steve Jobs em en
Brent Schlender, Bill Gates e Steve Jobs após uma entrevista concedida à revista Fortune, em 1991

O livro é um resultado de entrevistas feitas com diversos amigos e parentes do gênio, como Tim Cook, Jony Ive, Eddy Cue, Ed Catmull, John Lasseter (Pixar), Robert Iger (Disney), Laurene Jobs (sua viúva) e do próprio Steve.

Becoming Steve Jobs vai com precisão ao foco… Fascinante, perspicaz, inspirador – leia e aprenda! (Jim Collins – autor de Good to Great: Empresas feitas para vencer)

Becoming Steve Jobs está em pré-venda na Amazon na versão original em inglês, ainda sem previsão para tradução.

becoming steve jobs capa

Desbloqueado o novo trailer de ‘Vingadores 2: A era de Ultron’

Não estranhe o título. O trailer foi dito assim desbloqueado graças à campanha de marketing da Marvel, que pediu para os fãs twittarem a hashtag #AvengersAssemble até que juntasse o número de tweets necessários.

A hashtag ficou no topo dos Trendig Topics do twitter e, em menos de 5 horas, o trailer foi liberado. Acertamos a previsão, como podem ver aqui.

‘Vingadores 2: A era de Ultron’ estreia nos cinemas brasileiros em 23 de abril. Assista abaixo ao terceiro trailer do filme:

Assista ao curta-metragem ‘Whiplash’, que deu origem ao filme homônimo

Antes de ‘Whiplash – Em busca da perfeição’ conquistar a crítica, o público e imortalizar a fabulosa atuação de J.K. Simmons, houve um curta-metragem, homônimo.

O projeto é o mesmo. O longa-metragem trata-se na verdade de um aprimoramento do curta. Com a direção do mesmo Damien Chazelle, o “Whiplash curto” foi exibido em 2013, no Festival de Sundance, onde levou os Prêmio da Audiência e o Grande Prêmio do Júri.

O curta-metragem possui pouco menos de 18 minutos e se o professor Terence Fletcher é estrelado pelo mesmo J.K. Simmons, o mesmo não acontece com o baterista Andrew Neiman, que não é interpretado por Miles Teller, mas por Johnny Simmons.

Após a exibição no Sundance, o diretor Damien Chazelle conseguiu financiamento para lançar o longa-metragem. Com grande sucesso, o filme faturou em 2015 três Oscars: melhor montagem, melhor mixagem de som e melhor ator coadjuvante (J.K. Simmons).

Assista abaixo ao curta (com legendas em espanhol):


Whiplash 2013 Short Film por patates-puresi

Cena de ‘De Volta para o Futuro’ é recriada em versão LEGO

LEGO é demais. De Volta para o Futuro também. Se juntarmos os dois pode ficar ainda mais divertido.

Uma das cenas mais clássicas da trilogia é no primeiro filme (De Volta para o Futuro, de 1985), em que Martin McFly consegue voltar ao ano de 1985 graças à tempestade e ao raio que atinge o relógio da torre. A cena foi recriada com uma linda roupagem LEGO.

O vídeo foi disponibilizado pelo canal do youtube Macro Lego Universe e as tomadas são praticamente idênticas às originais. Confira:

Great Brick!

Marvel cria campanha no twitter para que fãs desbloqueiem novo trailer de ‘Os Vingadores: A era de Ultron’

O marketing da Marvel criou uma interessante campanha para promover o lançamento do novo trailer de ‘Os Vingadores: A Era de Ultron’. Em vez de apenas anunciar que o trailer está prestes a ser lançado, a Marvel criou uma espécie de jogo com a intenção de engajar o maior número de pessoas. Para desbloquear o trailer é preciso que os fãs retwittem a hashtag #AvengersAssemble.

A campanha foi anunciada pelo perfil @Avengers no twitter. A primeira hora de ação já somou 25% dos tweets necessários. Apenas quando os 100% forem alcançados é que o trailer será divulgado. Se a promessa for cumprida e pela velocidade que as coisas estão indo, é provável que isso aconteça ainda hoje.

‘Os Vingadores: A Era de Ultron’ tem estreia brasileira marcada para 23 de abril deste ano. O primeiro trailer foi divulgado ainda no ano passado.

O timing e a paciência na fotografia

Aí estão duas virtudes básicas que um fotógrafo precisa possuir. Pode parecer contraditório, mas ao mesmo tempo em que é necessário uma paciência budista para esperar o momento certo, é necessário também uma ação rápida para congelar o momento tão esperado no tempo certo.

Não sou fotógrafo profissional, ma volta e meia gosto de brincar com uma câmera que, ao contrário de mim, sim é profissional. Isso me faz bem. Me faz lembrar que a fotografia vai além de um celular e uma escolha de filtros. Sem ofensas.

Por já ter esperado horas pelo momento perfeito – que apenas ocasionalmente chega – foi que aprendi a experimentar, apreciar e valorizar essas virtudes.

Duas fotos super compartilhadas em menos de uma semana exemplificam perfeitamente como isso acontece.

1. O pica-pau voando com um esquilo nas costas

O pica-pau voando com um esquilo nas costas

O raríssimo e incrível momento em que um pica-pau “dá carona” a um esquilo foi a foto que mais compartilhada na internet nos últimos dias.

A imagem foi clicada pelo fotógrafo Martin Le-May, de 52 anos, no Hornchurch Country Park, em Londres. Martin, ao Daily Mail, contou que a fotografia é apenas um hobby em sua vida. Um hobby a ser levado a sério, de acordo com o que ele contou que foi necessário fazer:

“Eu e minha esposa Ann tínhamos ido caminhar no parque. Ela nunca tinha visto um pica-pau verde e eu esperava que ela pudesse ver um […] Caminhamos por uns 20 minutos, vimos outros pássaros até ouvirmos um grito angustiante […] De dentro dos arbustos saiu um pica-pau e eu disse para a minha esposa ‘é um pica-pau verde’ […] Ele voou um pouco mais para a nossa frente e nós pudemos ver pelas árvores. Ele estava saltitando no chão de forma muito muito estranho e ainda fazendo aquele angustiante barulho.”

Foi nesse momento que Le-May notou que havia um animal nas costas do pica-pau. Le-May acredita que o pica-pau era uma presa do esquilo e que, no susto, saiu voando para tentar se salvar. O fotógrafo ainda disse que conseguiu chegar mais perto, o que fez com que o esquilo se distraísse, caísse e o pica-pau escapasse da morte.

Le-May confirmou que já fez fotos tecnicamente muito superiores a essa. Mas alguma com o mesmo teor dramático? Nem de longe. Foi um prêmio pela paciência do fotógrafo ao longo dos anos.

2. O lagarto tocando guitarra com uma folha

O lagarto tocando guitarra com uma folha

Essa foto foi feita  pela fotógrafa Aditya Permana, em Yogyakarta, Indonésia. A fotógrafa de 33 anos contou ao Daily Mail que esperou mais de uma hora para que o lagarto dragão começasse a “tocar guitarra” em uma folha. Aditya demorou bem mais do que Le-May para fazer essa foto. Ao jornal, a fotógrafa contou:

“Eu não fotografei o lagarto logo de primeira, não até ele se sentir calmo e confortável comigo ao redor. Eu notei então que ele estão como se estivesse tocando uma guitarra – e que não se mexia mais.

Gostaria de terminar esse rápido pensamento com o parágrafo inicial do primeiro capítulo do livro ‘Da minha terra à Terra’, biografia do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. Uma leitura que eu amplamente recomendo.

Lá vai:

Quem não gosta de esperar não pode ser fotógrafo. Em 2004 cheguei à ilha Isabela, em Galápagos, aos pés de um belíssimo vulcão chamado Alcedo. Deparei-me com uma tartaruga gigante, enorme, de no mínimo duzentos quilos, da espécie que deu nome ao arquipélago. Cada vez que me aproximava, a tartaruga se afastava. Ela não era rápida, mas eu não conseguia fotografá-la. Então refleti e pensei comigo mesmo: quando fotografo seres humanos, nunca chego de surpresa ou incógnito a um grupo, sempre me apresento. Depois me dirijo às pessoas, explico, converso e, aos poucos, nos conhecemos. Percebi que, da mesma forma, o único meio de conseguir fotografar aquela tartaruga seria conhecendo-a; eu precisava me adaptar a ela. Então me fiz tartaruga: fiquei agachado e comecei a caminhar na mesma altura que ela, com palmas e joelhos no chão. A tartaruga parou de fugir. E quando se deteve, fiz um movimento para trás. Ela avançou na minha direção, eu recuei. Esperei um momento e depois me aproximei, um pouco, devagar. A tartaruga deu mais um passo na minha direção e, imediatamente, dei mais alguns para trás. Então ela veio até mim e se deixou observar tranquilamente. Foi quando pude começar a fotografá-la. Levei um dia inteiro para me aproximar dessa tartaruga. Um dia inteiro para fazê-la compreender que eu respeitava seu território.

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