‘Tudo Acontece’, terceiro álbum dos Variantes | Crowdfunding #1

Começa hoje a sessão ‘Crowdfunding’ no La Parola. A ideia é trazer a vocês, queridíssimos leitores desse site, projetos brasileiros que estão em busca de financiamento coletivo para serem executados.

O crowdfunding é uma – nem tão nova – forma de captação de recursos. Há tempos idos, o artista, pesquisador ou produtor precisava buscar recursos do próprio bolso, do governo ou da iniciativa privada para a execução de projetos. Com o crowdfunding, quem financia o projeto são os próprios consumidores que, após a meta ser atingida, recebem recompensas pelo auxílio.

Ok, talvez vocês já soubessem disso, mas não custava explicar. Vamos começar logo.

Os Variantes lançaram, digitalmente, no início desse ano, um dos melhores álbuns de rock do ano. ‘Tudo Acontece’ é o terceiro álbum da banda, que já gravou ‘Variantes’ (2008) e ‘Com Prazer’ (2011), porém deverá ser o primeiro a ser lançado em vinil.

A banda está prestes a completar 10 anos de estrada e, como já falamos nessa matéria, ‘Tudo Acontece’ é certamente o álbum mais maduro da carreira. A audição é recomendadíssima.

A campanha está sendo realizada no Catarse em parceria com o Selo 180 e será financiada caso atinja o valor de R$ 15.000,00 até o o dia 8 de setembro de 2014.

São várias recompensas oferecidas aos apoiadores (download de vídeo, CD, vinil, CD’s anteriores e até a realização de shows) e que estão disponíveis entre R$ 15,00 e R$ 2.000,00.

Saiba como apoiar o projeto no vídeo abaixo e no link da campanha no Catarse.

Quando a felicidade quiser te habitar…

Quando a felicidade bate na porta realmente é difícil de acreditar. O medo de ser feliz corrompe todos os poros possíveis e capazes de se excitarem com a notícia. Você está feliz! O que há de errado? O mundo parece não entender essa novidade, nem mesmo você. Jeneci canta que “felicidade é só questão de ser” e ser é tudo que você vem sendo no momento. Porque você começou a perceber, realmente, que felicidade é ser você mesmo. É estar na presença de alguém e não sentir incômodo, invasão, muito menos um espaço ocupado. É saber que a felicidade está ali ao lado e nem foi preciso se personificar, ela apenas se transformou em amor.

Quando a felicidade, enfim, bate na tua porta é bom você abrir. Uma tirinha de Mafalda conta um causo onde sua mãe lhe dá ordens para não abrir a porta para ninguém. Mafalda, suportavelmente sábia, responde: “mas, mãe, e se for a felicidade?” Se for a felicidade, Mafalda, ela não irá bater. Ela não irá pedir licença para entrar na sua vida, mas ainda assim depende de você permitir que ela cause mudanças. Felicidade sem transformações é apenas um estado de espírito oco. Não vai te acrescentar, assim como você também não vai sentir. Felicidade é estar feliz, não somente alegre. É deixar que isso mude e provoque alterações no teu comportamento, na tua vida e no teu humor. Quando a felicidade bate na tua porta ela só quer avisar que está entrando. “Olha, moça, tô chegando, limpei os pés na entrada, mas falta fazer uma geral nessa bagunça que a tua vida se tornou. Tô entrando sem norma culta e sem formalidade. É pra você se familiarizar mesmo, achar que está em casa, porque, afinal, felicidade é o ‘home sweet home’ da alma.”

mafalda

Quando a felicidade resolve te surpreender e aparecer na tua vida como um míssil caindo por terra, não contra-ataque, por favor. É o conselho e a palavra de ordem que te dou: fica quieta. Deixa que isso tome conta de você, te invada, te possua. Não é todo dia que a gente pode dizer que está feliz. Confunde-se muito alegria com felicidade. Alegria você sente quando está feliz. Porém, caro leitor, elas não são indissociáveis. Na maioria das vezes nos encontramos num estado de espírito de alegria, que, portanto, é passageiro. E isso nos contenta, nos satisfaz. Acabamos por cessar a busca pela felicidade, pelo estado pleno e perene da alegria.

Por falar nessa busca, me equivoco logo de início. Quando falamos em “buscar” limitamos o nosso campo de procura. Se estamos querendo chegar a um determinado ponto é porque há um final. E na felicidade não é um ponto de chegada que queremos. É uma permanência de paz interior e leveza provocada pela quantidade crescente de coisas boas e produtivas que acontecem na nossa vida. Não viemos ao mundo para viver sob um jogo de tabuleiro, derrubando pinos, ultrapassando pessoas e conquistando posições privilegiadas que te façam ganhar o jogo. Não estamos jogando e quando todo mundo perceber isso poderemos chegar a um ponto mais próximo da casa de nome felicidade. O único campeonato que enfrentamos nas nossas vidas é o desejo de ser feliz. Não é a busca ou jogo. É apenas a vontade e o querer. Vontade de inspirar-se na própria vida. E o querer estar próximo do que te traz essas boas sensações.

Felicidade nunca foi alguém. Muito menos algo. Ele não é a tua felicidade. Ela não é a tua fonte de plenitude. Seus bens materiais também não são essenciais para a tua vida regida pelo estado de espírito mais requisitado do mundo. É o que ele te provoca, é o que ela te faz sentir, é o bem estar que aquelas coisas te trazem. Felicidade é subjetivo. É como o amor: você não vê, você não rotula, você não limita; mas você sente e sente-se bem. Quando a felicidade avisar que está chegando na tua vida, não se afobe, não se engrandeça, não anseie. Apenas espere, observe a absorva.

Um desgarrado e as músicas!

Era um dia de muita chuva, meados de janeiro de 2008, em alguns trechos da viagem parecia haver uma sanga sobre o asfalto (alguns dizem que é sinal de prosperidade… eu acredito).

“Mesmo que o mundo desabe num tempo feio sei o que as asas do poncho trazem por dentro”1

Foi assim que cheguei e conheci meu novo destino e moradia no Paraná. No caminho, entre as conversas com minha esposa, escutava músicas (como sempre) e divagava.

“Depois que fores, é difícil de voltar… se vais embora por favor não te detenhas, sigas em frente e não olhes para trás”2

De certa forma, eu sabia que seria duradouro, mas o que eu não sabia era que estava prestes a surgir um novo sentimento, meio que indefinido no início.

Tudo era novo, não conhecia uma só pessoa. A cidade, os restaurantes, a igreja, a praça… Mas bem, provavelmente o Homem é o animal que mais fácil se adapta ao meio. Fui bem acolhido.

Daí veio aquela sensação de perda ou saudade, parecido quando há uma queda de luz e/ou uma falta de água, quando passamos a entender a sua importância. Era um certo tipo de saudade do Rio Grande do Sul, ou algo parecido. Esse foi o ponto de partida para que eu começasse a valorizar mais a nossa cultura, não que eu já não a tivesse em meu interior, mas passei a me aprofundar um pouco mais, pelo menos em coisas afins, como por exemplo a música. Hoje coleciono LPs de música gaúcha, porque acredito que as letras das músicas contêm praticamente tudo o que precisamos saber do sul.

“Quem não viveu este tempo, vive esse tempo ao cantá-lo”3

Aqui seguem exemplos sobre:

As histórias:

“Misturaram sangue às cores, pra desenhar três países”4

Os costumes:

“Uso bota, bombachas, espora, chapéu grande e barbicacho”5

A culinária:

“Picando a manta de charque o arroz na panela preta, é receita a moda antiga no rangido da carreta”6

A política:

“E me dei conta que na alma do meu povo, ficaram riscos da vassoura de guanxuma!”7

A simplicidade:

“Eu tenho um ranchito santa fé e torrão erguido com gosto, rodeado de sombra e o palanque da frente recebe o que apeia, e o resto eu carrego nos calos das mãos e nas rugas do rosto”8

O amor:

“Assim como o sol, é a luz do teu olhar dentro de mim vem despertar um jeito ainda minha linda, poder dizero quanto eu amo… te amar…”9

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Santiago/RS
Foto: Gérson Kempfer

Escutar uma música é bom, entendê-la é muito melhor.

Por vezes me indago:

– Por que antes não dei tanta importância para uma manhã de domingo, escutando Noel Guarany e tomando um chimarrão bem cevado da moída grossa?

“Eu sou como o Uruguai, que sem deter sua marcha beija a barranca e se vai”10

– Como pude deixar de aproveitar melhor o interior, caminhar nos campos, participar de uma marcação de gado, da lida campeira?

“Nasci na pampa azulada e da minha terra eu sou peão, estampa de índio campeiro que foi criado em galpão”11

– Por que agora assisto “A Casa das Sete Mulheres” e me emociono?

Se é que existe uma resposta e em uma só palavra, a mais próxima seria ausência.

“Onde andará a silhueta, desses antigos campeiros, que desenhavam saudades, na fumaça dos palheiros”12

Agora aprendi a conhecer melhor os locais para onde viajo, porque é muito provável que será a única vez que estarei lá. Tento entender o local, as pessoas, os costumes,  a gastronomia. Melhor se arrepender do que deixei fazer.

O que sei é que agora estou longe, mas de alguma maneira bem mais perto do RS, e como dizem, gaúcho é bairrista…mas quem não é?

“Eu sou do Sul, é só olhar pra ver que eu sou do sul”13

Notas:

1 – Batendo água – Gujo Teixeira e Luiz Marenco
2 – Um Pito – Nenito Sarturi , Neicy Vargas , Claudio Patias
3 – Timbre de Galo – Pedro Ortaça
4 – Payador Pampa Guitarra – Noel Guarany e Jayme Caetano Braun
5 – Gaúcho Forte – Elio da Rosa Xavier (Porca Véia)
6 – Iguaria Campeira – Régis Marques (Grupo Rodeio / Os Serranos)
7 – Vassoura de Guanxuma – Jayme Caetano Braun
8 – Muito Além da Minha Tropa – Rogério Villagran (Quarteto Coração de Potro)
9 – A Luz do Teu Olhar – Cristiano Quevedo
10 – Rio Manso – Noel Guarany
11 – Criado Em Galpão – João Sampaio, Walther Morais, Quide Grande
12 – Onde Andará – Gujo Teixeira, Fabiano Bacchieri e Joca Martins
13 – Eu Sou do Sul – Elton Saldanha

Eu ainda não tenho candidato

Estou chegando lá, mas ainda não tenho 100% de certeza sobre meu candidato. Mesmo estando a um mês das eleições posso ainda me considerar integrante do grupo dos indecisos.

Isso acontece porque ‘tá’ foda votar. Em 2010 já estava, mas em 2014 piorou. Protagonizam a corrida eleitoral invejáveis oratórias de políticos famosos (ou famigerados?), celebridades do momento e um marketing político capaz de vender até fones de ouvido para surdos.

Vocês já leram os planos de governo dos presidenciáveis? Ou dos candidatos aos governos estaduais? É interessante conhecer as propostas dos candidatos pelos seus planos e não pelos jornais. Ao mesmo tempo, essas diretrizes são como mais propaganda política. São promessas geralmente sem detalhes de como serão cumpridas. Assim fica fácil. “Eu, se eleito for, farei pela saúde, pela educação e pela segurança pública!”.

Então, para conhecermos melhores os candidatos, assistimos aos debates na televisão, esperando que alguém pense como a gente. E pensam, até demais. Durante os debates, os presidenciáveis parecem estar postando indignações no facebook em vez de discutirem o rumo do país. Como? Reclamando dos outros. O bombardeio é direcionado com ênfase à Dilma, Marina e Aécio, mas ninguém está livre.

E aí eu me pergunto: mas como vou votar em pessoas que trocam a oportunidade de falar sobre o futuro do país em rede nacional para falar mal da vida política de outros candidatos? Temos trocentos sites de jornalismo que já fazem essa necessária função.

O candidato ao tentar enfraquecer os outros para se fortalecer se mostra não estar preparado. Mas quem está? Dilma com a atual crise econômica que o país enfrenta? Marina com a indecisão no plano de governo? Aécio com a fama tucana de governar para as elites? Pastor Everaldo, o privatizador? Levy Fidelix com o aerotrem? Luciana Genro com um discurso lindo, mas por vezes utópico? Ou Eduardo Jorge e sua política de paz e amor? Ainda temos Eymael, Zé Maria, Rui Costa Pimenta e Mauro Iasi, mas aposto que muitos nem sabiam que esses políticos estão ocupando espaço no horário eleitoral.

Difícil. Segundo dados do Dataflaubi*, 95% dos eleitores não votarão em algum candidato com a certeza de que é a pessoa certa para dirigir o país. O processo de escolha será diferente. Metade vai dedicar o voto ao candidato que é um pouco menos ruim do que os concorrentes e a outra metade vai dedicar o voto para que o pior não vença.

(*Dados referentes a conversas que tive sobre política com cerca de 30 amigos nas últimas semanas).

Essas são as duas formas de votação que vêm se repetindo durante os últimos pleitos. A primeira é a que eu venho utilizando. Na falta de um candidato de confiança, escolhemos o ‘menos pior’ entre os disponíveis. Vamos supor que você está em um programa de culinária e precisa escolher um prato para degustação: você está em dúvida entre feijão com arroz doce e pimenta arriba-saia; carne de urubu ao molho rio Tietê; e pão mofado com creme de amendoim, catchup e cebola. É um processo lento, difícil e que não tem 100% de precisão, mas é preciso arriscar, já que branco e nulo não resolvem nada.

A outra forma é alimentada pelos próprios candidatos e pelas pesquisas eleitorais. Trata-se de votar no candidato que possui mais chances de ter mais votos do que aquele que você não quer que de jeito algum seja eleito. É o clássico eleitor que não quer que a Dilma se reeleja, por isso vai votar no Aécio. Não, o Aécio caiu. Vai votar na Marina agora. Ou o que não quer que o Aécio chegue e que vai votar na Dilma, mas que pode ser que vote na Marina, depende das próximas pesquisas. Ou o que não quer que a Marina vença, então vai votar no Aécio para que ele vá para o segundo turno com a Dilma.

Entendeu? Eu não, ainda prefiro votar no ‘menos pior’ no dia 5 de outubro. Até aí tudo bem, estou decidindo aos poucos. Difícil vai ser o segundo turno quando certamente dois tubarões se enfrentarão. Aliás, o brasileiro é um povo curioso. Sai às ruas para protestar e reivindicar mudanças, mas pouco mais de um ano após uma série de protestos está prestes a manter as mesmas caras no poder. É possível termos, ao mesmo tempo, anseio e medo das mudanças? Parece que sim.

Eu sei que não estou sozinho, por isso termino dizendo o que tenho ouvido muito da pessoas nessa época do ano: Tá foda votar!

7 dicas simples, truques e ideias para se tornar mais criativo tirando fotos com smartphone

The COOPH – A Cooperativa de Fotografia, é um time de fotógrafos talentosos que compartilham dicas e técnicas simples para se tirar boas fotos. Se você gosta de fotografar, vale a pena dar uma conferida no site dessa galera.

Desde incríveis fotos panorâmicas à inteligentes maneiras de se tirar fotos parcialmente submersas, essas dicas são rápidas, fáceis e certamente vão acrescentar um pouco de variedade ao seu arsenal do Instagram.

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E embora o cara do vídeo esteja usando um iPhone 5S para capturar as fotos, quase qualquer um smartphone é capaz de capturar e criar fotografias usando essas dicas, por isso não desanime pela escolha do seu aparelho.

O grupo tem um canal no Youtube e já compartilhou outras dicas legais por lá. Na página do Facebook e Instagram você pode acompanhar tudo sobre o que essa galera anda fazendo.

Cessar–fogo não apaga destruição

Em 1948 a ONU delimitava o Estado de Israel, enquanto a Palestina se encontrava perdida, vagando num sionismo mundial. Os árabes estavam espalhados pelo mundo até o momento que encontraram na Faixa de Gaza um território pronto para ser habitado. Com sua ambição de dominação, Israel ocupou boa parte do Oriente Médio e achou em Gaza a Terra Prometida, onde nenhuma outra religião poderia ser capaz de habitar.

É uma história milenar, explicada desde o livro sagrado até os noticiários de hoje. Porém, em 2014 os bombardeios só aumentaram, a empreitada do Hamas cresceu e a defesa israelense foi suficientemente necessária para quase dizimar a população palestina. E eles não pararam. O cessar-fogo que tem acontecido com frequência não apaga a desproporção de mortes entre os povos dessa guerra sem lados. A cada um israelense morto – e é válido lembrar que a sua maioria são militares – cerca de 30 palestinos são aniquilados. Por que persistir, Hamas? Do que vale um território sem um povo? Do que vale uma nação destruída se o seu povo também não está firme? Em 2012 um similar acordo definitivo foi feito entre palestinos e israelenses. Um tempo depois a violência voltou. Dois anos depois a guerra também voltou.

Não há como tomar partido numa questão religiosa, política, territorial e histórica como a que vive os povos árabes e judeus. Mas há como discutir. A vida em Gaza virou palco de atrocidades. Desde a morte dos três adolescentes israelenses e de um palestino como retaliação, o povo não tem encontrado paz. A entrada e saída na região estão cada vez mais limitadas e povoadas por militares em defesa da fronteira. A economia desmorona em progressão geométrica e a taxa de desemprego atinge 40,8% segundo a BBC.

Famílias em Gaza foram destruídas. Crianças foram mortas. Idosos foram embora antes do tempo. O cessar-fogo permanente foi acordado, mas eu pergunto: a guerra acabou? A guerra só termina quando um lado vence e o outro é derrubado. Pelo que consigo compreender Hamas e Israel sempre lutarão entre si. De um lado, o desejo de pôr fim em Israel e tomar posse do território. Do outro, a busca pela defesa de seu povo e da permanência do poder numa terra considerada própria. A Faixa de Gaza possui apenas 365 km², mas com uma população que vem crescendo consideravelmente. Sem emprego, sem moradia, saúde precária e segurança abalada, os poucos quilômetros da região serão desabitados de maneira forçada por seus habitantes. Seja na morte, seja na fuga.

O mundo vive uma guerra de opostos procurando por quem “torcer”; tentando entender essa geometria estranha onde em pleno século XXI nações disputam território e exterminam povos, como se guerras anteriores não bastassem pela destruição causada em famílias e regiões. Os judeus querem tomar de volta o que “é deles por direito”, já que acreditam que o território foi invadido por fugitivos de outras terras e lá se acomodaram. A Palestina quer “ter o direito de ficar onde sempre se concentraram”, já que quando o território de Israel foi determinado pela ONU, a Faixa de Gaza ficou de fora, sem dono. Ambos tentam justificar seus atos, e um não irá ceder enquanto o outro não der o braço a torcer. Deu pra entender o tamanho dessa briga? Você compraria?

Além disso, há uma questão ainda mais traumática nesse meio de foguetes e mísseis. Não estamos presenciando uma briga de autoridades versus grupo terrorista. Existe uma população apoiando a causa e outra parcela pedindo paz. Porém, esse fragmento que espera de Israel uma resposta calibrada é de causar espanto e indignação a quem assiste de fora, através dos noticiários. É normal pedir guerra? Na minha visão utópica de que acordos são sempre bem vindos e aperto de mãos necessário é de causar comoção manifestante nas ruas apoiando a atitude de Israel em resistir. É de causar dor a percepção de que palestinos também aprovam a “necessidade” do Hamas em provocar a escalada aérea e terrestre.

E sobre essas mediações que são feitas entre o Hamas e Israel, geralmente pelo Egito, é algo indigno de se perceber. Os desejos e aspirações políticas ganham espaço infinitamente superior aos hospitais lotados de mortos e feridos. Os grupos que irão se autodestruir ou o país que perderá sua força é o ponto principal das negociações. Enquanto isso, famílias são quebradas mais uma vez. Palestinos novamente separados. Sonhos interrompidos. Futuros estagnados. E duas regiões completamente abaladas pelo fogo, pela dor e pela falta. A falta de amor, compaixão, piedade, humildade, generosidade e, acima de tudo, de esperança.

Guardanapo, você têm algo a nos dizer?

Sempre que damos uma volta, saímos para comer, beber um pouco, eles estão lá, prontos para limpar algumas das sujeiras que fazemos na vida (ou dar início a outras). Já nos serviram de porta-voz para começo de romances e nos foram úteis para expressarmos nossos sentimentos ao pedirmos uma canção – os guardanapos. Mas será que alguém os imaginou compondo páginas de um livro? Pedro Antônio Grabriel Anhorn imaginou. Quer dizer, a princípio não imaginou, mas foi o que aconteceu.

Eu me chamo Antônio
[o menino-girafa / pedro gabriel]
Nascido na África, filho de uma brasileira com um suíço, redator publicitário e frequentador do Café Lamas, lugar onde começou o que deu origem ao livro ”Eu Me Chamo Antônio”, Pedro Gabriel, ou apenas Antônio, viu nos guardanapos uma pequena ”ressaca” de momentos vividos direta e indiretamente, e pousou ali palavras que a pudessem expressar, brincando com elas de uma forma que atraiu a atenção de centenas de milhares de seguidores.

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Primeiro guardanapo feito por Antônio

Antônio atribui o jogo com as palavras ao fato de um dia ter sido distante delas, pois foi alfabetizado em outro país, em outro idioma, só vindo para o Brasil quando já possuía 12 anos, e aí então aprendeu o nosso português, dando mais atenção à grafia e à sonoridade das palavras novas que lhes eram apresentadas, o que lhe rendeu o dom de brincar com elas de maneira tão hábil e encantadora.

Após a repercussão positiva que seus guardanapos causaram no tumblr (onde começou a postar seus primeiros escritos), Antônio aderiu ao Facebook, o que só aumentou o sucesso e a visibilidade de seus guardanapos com palavras desenhadas, sendo então convidado pela Editora Intrínseca para publicá-los em um livro, que logo se tornou o xodó de milhares de leitores que se apaixonaram pela simplicidade e delicadeza de suas poesias.

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Livro ”Eu Me Chamo Antônio”

Mas e o Antônio do livro? É o mesmo Antônio autor? Pedro Gabriel escolheu Antônio por ser um nome de sua identidade que não era conhecido, mas apesar das semelhanças, que vão além do nome e do apreço pelos balcões de bares, Antônio é o personagem que Antônio autor criou para exteriorizar seus sentimentos, e possui muito do que ele próprio é, mas ainda assim é um personagem.

Antônios
Antônios

A formação de Pedro teve uma colaboração fundamental de seu avô, ao qual ele sempre cita quando fala de suas inspirações, e com um carinho imensurável, diz ser o homem mais gentil que já conheceu no mundo. Mas além dele, outras grandes mentes o influenciaram, sendo fixos em sua cabeceira: Millôr, Quintana, Manoel de Barros, Drummond e Leminski.

Pedro Gabriel possui mais de mil guardanapos feitos, todos eles nascidos onde tudo começou – Café Lamas. Ele conta que ainda não explorou outros lugares, pois não tem tanta certeza se eles sairiam com a mesma verdade.

Mar de guardanapos - Antônio
Mar de guardanapos – Antônio

Hoje, algum tempo depois de pegar um guardanapo e uma caneta de forma despretensiosa ao tomar um chopp, Pedro Gabriel, o Antônio autor, é inspiração para muitos que já se atreveram a pegar um guardanapo e tentar ali, brincar com palavras e formas. Pedro, de alguma maneira, ao fazer isso pela primeira vez, descobriu e mostrou que ainda há lugar para a simplicidade nesse mundo e que existem pessoas que a apreciam tanto quanto ele.

Como ele mesmo diz: “Tem que sentir. E quando sentir, escreva”.

Live Forever, Oasis: Os 20 anos de Definitely Maybe

O sobrenome Gallagher ainda nem era referência musical quando eles já cantavam “Tonight, I’m a rock’n’roll star”. A primeira música de “Definitely Maybe” parecia ser um presságio do que o álbum ia consagrar: O Oasis como a maior banda de seu tempo.

“Definitely Maybe” foi lançado no mercado no dia 30 de agosto de 1994 e completa, em 2014, seus 20 anos. Mesmo com duas décadas de vida, conhecemos pessoas mais novas que o álbum e que são fãs declaradas do Oasis. É um sinal de grandeza. Aliás, essa grandeza artística súbita teve papel fundamental no comportamento futuro da banda. Megalomania e arrogância são características já manjadas e que marcam até hoje a personalidade dos irmãos Liam e Noel Gallagher. Características, que por sinal, foram transmitidas para os fãs mais intensos da banda.

Também pudera, na primeira semana o álbum já vendeu mais de 200 mil cópias e acabou por emplacar um hit atrás do outro. Com o ego bem alimentado, os irmãos Gallagher começaram a disparar contra todas as pessoas que eles não gostavam – isso inclui 99,99% da população mundial, a brigar em shows e em bares, a encher o cu de drogas e outras atitudes que deixaram – e ainda deixam – os tabloides ingleses com água na boca. Desde o início já estava nítido que Paul “Bonehead” Arthurs (guitarra base), Paul McGuigan (baixo) e Tony McCaroll (bateria) seriam figurantes de um protagonismo familiar hostil.

“We’re not arrogant, we just believe we’re the best band in the world” (Noel Gallagher)

Então por que as pessoas gostam tanto da banda que tem o maior rei na barriga e o nariz mais empinado do mundo? Autenticidade, talvez. Os Oasis não ficam em cima do muro e, geralmente, não agem contra a vontade. É o desejo que os fãs têm em serem livres e permitidos a agirem da forma mais natural possível personificado em dois músicos que são tratados como deuses na Inglaterra. Falando nisso, ouvir Oasis na Inglaterra é como ouvir Ivete Sangalo no Brasil. É a mais pura música popular. A música que todo mundo escuta, que a torcida canta no estádio e tal; e quem não escuta é porque é um desses seres estranhos que gostam de coisas alternativas. Não é por acaso que, em uma votação proposta pela NME britânica sobre as melhores músicas de britpop, o Oasis tomou conta e figurou nas cinco primeiras posições, sendo três com músicas lançadas em “Definitely Maybe”.

Oasis 1994 Holanda

O álbum de estreia do Oasis foi gravado entre dezembro de 1993 e abril 1994. Várias sessões em vários estúdios britânicos foram realizadas. Alguns deles, incluindo mixagem e masterização: Sawmills Studios, Cornwall; The Pink Museum, Liverpool; Out of the Blue, Manchester; Monnow Valley, Monmouth; Loco Studios, Caerleon; Eden Studios, Chiswick.

“We did take a long time, four weeks, and recorded [Definitely Maybe] three times. We couldn’t get it to sound right at first” (Paul McGuigan).

Teve como produtores, além da banda, David Batchelor, Mark Coyle e Owen Morris, esse último com participação vital na sonoridade do álbum, de acordo com as palavras do empresário Alan McGee:

“The first factor that should be acknowledged with ‘Definitely Maybe’ is that Owen Morris took the record and really did give it an aggression” (Alan McGee).

Com onze músicas na versão em CD e doze na versão vinil, “Definitely Maybe” é toda uma obra de Noel Gallagher, incluindo os b-sides. Liam só começaria a ter espaço nas composições da banda anos mais tarde. O álbum resultou em quatro singles, em ordem: Supersonic, Shakermaker, Live Forever e Cigarettes & Alcohol. Estranhamente, o quinto single é a música “Whatever”, que não foi lançada em álbum algum e ainda carrega a baladona “Slide Away” como lado B.

Singles:

A elevada popularidade fez com que duas músicas fossem contestadas e acusadas de plágio: “Shakermaker“, por ter a mesma melodia de I’d Like to Teach The World To Sing, dos The New Seekers; e “Cigarettes & Alcohol“, pelo riff à la Bang a Gong, do tiranossauro Marc Bolan. A cópia é descarada, mas isso é algo tão comum em todas as artes que se começássemos a tocar no assunto logo o tema seria desvirtuado.

Outra particularidade de “Definitely Maybe”: é o único álbum do Oasis com a formação original. O baterista Tony McCaroll foi demitido da banda e substituído por Alan White ainda antes da gravação do segundo álbum “(What’s The Story) Morning Glory?”. Posteriormente, Bonehead e Paul McGuigan também teriam o mesmo destino.

Tracklisting:

1. “Rock ‘n’ Roll Star”
2. “Shakermaker”
3. “Live Forever”
4. “Up in the Sky”
5. “Columbia”
6. “Supersonic”
7. “Bring It on Down”
8. “Cigarettes & Alcohol”
9. “Digsy’s Dinner”
10. “Slide Away”
11. “Married with Children”

(Há algumas versões alternativas do álbum pelo mundo. Por exemplo, a versão japonesa de “Definitely Maybe” contém “Cloudburst” e “Sad Song” – essa última inclusa também nas versões em DVD e vinil).

A arte do álbum foi desenvolvida por Brian Cannon e a fotografia feita por Michael Spencer Jones, que fotografou também capas de outros discos da banda. O cenário da capa é o apartamento de Paul Bonehead, no subúrbio de Manchester. Algumas curiosidades da imagem são as fotos do pianista Burt Bacharach, dos ex-jogadores de futebol George Best e Rodney Marsh, o filme “Três Homens em Conflito” rodando na televisão e um cálice de vinho tinto, mas que na verdade é groselha.

Oasis - Definitely Maybe (1994)

Em maio de 2014, foi lançada uma versão de luxo e remasterizada de “Definitely Maybe”. A reedição, com formatos em CD, digital e vinil, é mais do que uma mera remasterização. Contém versões ao vivo de várias músicas, todos os lados B, versões acústicas, demos e raridades.

O relançamento teve a antipropaganda de Liam Gallagher, que no twitter se mostrou insatisfeito com sua comercialização:

Tracklisting:

Disco 1

1. ‘Rock’n’Roll Star’
2. ‘Shakermaker’
3. ‘Live Forever’
4. ‘Up In The Sky’
5. ‘Columbia’
6. ‘Supersonic’
7. ‘Bring It On Down’
8. ‘Cigarettes & Alcohol’
9. ‘Digsy’s Dinner’
10. ‘Slide Away’
11. ‘Married With Children’

Disco 2

1. ‘Columbia’ (White Label Demo)
2. ‘Cigarettes & Alcohol’ (Demo)
3. ‘Sad Song’
4. ‘I Will Believe’ (Live)
5. ‘Take Me Away’
6. ‘Alive’ (Demo)
7. ‘D’Yer Wanna Be A Spaceman?’
8. ‘Supersonic’ (Live)
9. ‘Up In The Sky’ (Acoustic)
10. ‘Cloudburst’
11. ‘Fade Away’
12. ‘Listen Up’
13. ‘I Am The Walrus’
(Live Glasgow Cathouse June 1994)
14. ‘Whatever’
15. ‘(It’s Good) To Be Free’
16. ‘Half The World Away’

Disco 3

1. ‘Supersonic’ (Live At Glasgow Tramshed)
2. ‘Rock’N’Roll Star’ (Demo)
3. ‘Shakermaker’ (Live Paris in-store)
4. ‘Columbia’ (Eden Studios Mix)
5. ‘Cloudburst’ (Demo)
6. ‘Strange Thing’ (Demo)
7. ‘Live Forever’ (Live Paris in-store)
8. ‘Cigarettes & Alcohol’
(Live At Manchester Academy)
9. ‘D’Yer Wanna Be A Spaceman?’
(Live At Manchester Academy)
10.’Fade Away’ (Demo)
11. ‘Take Me Away’
(Live At Manchester Academy)
12. ‘Sad Song’
(Live At Manchester Academy)
13. ‘Half The World Away’
(Live, Tokyo hotel room)
14. ‘Digsy’s Dinner’ (Live, Paris in-store)
15. ‘Married With Children’ (Demo)
16. ‘Up In The Sky’ (Live Paris in-store)
17. ‘Whatever’ (Strings)

Também para comemorar os 20 anos de “Definitely Maybe“, um documentário sobre o álbum foi lançado e está disponível no canal do youtube da banda desde maio. Assista:

O Oasis não é a melhor banda da história, não mesmo. Mas, em 1994, quatro meses após a morte de Kurt Cobain, estreou com um álbum lendário, dando uma nova energia ao rock, que estava até com o seu maior subgênero da época – o grunge – em decadência.

Definitely Maybe” é um dos melhores álbuns de estreia da história da música e foi durante anos o álbum de estreia mais vendido. Perdeu o posto em 2006, quando os Arctic Monkeys surgiram com “Whatever People Say I Am That’s What I’m Not” – outra patada.

As comemorações acontecerão em todo o planeta no dia 30 de agosto de 2014 e este queridíssimo veículo irá participar de uma delas. O La Parola, como fomentador cultural, apoiará a comemoração do álbum em Passo Fundo, no tradicional Siri Cascudo. O álbum será apresentado na íntegra pela Blunt, que contará com convidados especialíssimos durante a noite. Mais informações neste evento.

Oasis Show Capa Siri Cascudo Blunt

Live Forever!

Cartões postais inspirados em gênios da literatura

Quantas vezes você já recebeu ou enviou um cartão postal? Não é de se espantar se a resposta for: nenhuma.

A tradição de enviar um cartão via correio para alguém que está longe até sobrevive, mas é uma ação realizada por pouquíssimas pessoas, geralmente por almas vivas que têm um apreço muito maior às palavras do que o restante da população. Aliás, algo que eu sempre achei relacionado ao envio de cartas e cartões postais é a literatura, já que tanto correspondências como livros possuem a escrita como linguagem base. É uma comunicação muito mais reflexiva e profunda do que chats, webcams e demais facilidades tecnológicas.

E é por isso que cartões postais e a literatura namoram. Não sei se foi essa a premissa do designer turco Selman Hoşgör, autor de uma interessante série de cartões postais literários, mas é o que se parece.

O designer escolheu 11 gênios da literatura para serem os protagonistas de sua série ilustrativa. É indiscutível que todos eles eternizaram obras e frases que permanecem atemporais mesmo décadas após suas publicações.

O repertório escolhido é composto por Agatha Christie, Albert Camus, Arthur Conan Doyle, Charles Bukowski, Edgar Allan Poe, Ernest Hemingway, Franz Kafka, George Orwell, James Joyce, Jean-Paul Sartre e Oscar Wilde. Nada mal.

Confira abaixo as capas dos cartões. Visualize em tela cheia (no canto superior direito da galeria) para ler as citações sem precisar de lentes.

Mais sobre o trabalho de Selman Hoşgör pode ser visto em seus perfis no Behance, Tumblr, Facebook, Twitter, Pinterest e em seu site pessoal.

Perfect Sense: Qual o sentido de uma vida sem sentidos?

Perfect Sense

Olfato, paladar, audição, visão, tato. O que você faria se seus sentidos simplesmente desaparecessem?

O filme Perfect Sense conta a história de Susan (Eva Green) e Michael (Ewan McGregor), uma epidemiologista e um chef que se apaixonam em um mundo onde as pessoas estão misteriosamente perdendo seus sentidos humanos um a um.

Ela é uma mulher solitária com traços de amargura e descrença em relacionamentos. Ele é um homem individualista que não cultiva laços afetivos, nem sequer consegue dormir se há outra pessoa dividindo a cama. O envolvimento dos dois tem início durante o alastramento mundial de uma doença desconhecida: o olfato vai embora, depois o paladar, a audição, e assim por diante.

Esse é um filme que não trata de motivos ou meios, ele é, principalmente, uma proposta de reflexão sobre o quão dependentes somos dos nossos sentidos e sobre como poderíamos nos readaptar ao ambiente e retomar nossas rotinas se eles deixassem de existir.

Perfect Sense - Ewan McGregor -Eva Green (1)

Diferentemente de “Ensaio Sobre a Cegueira”, em que uma sociedade privada da visão se viu perdida em caos, miséria e selvageria, em Perfect Sense há uma perspectiva mais otimista sobre a capacidade do homem de se reconstruir uma vez que é desprovido de sensações.

Quanto à história de Susan e Michael, o cenário apocalíptico externo é uma representação literal de uma escassez sensorial que ambos têm dentro de si, como se a falta do sentido fosse não só relacionada à carência de sensações físicas, mas também à carência emocional que ambos compartilham.

É um filme denso e tão dramático quanto belo, a montagem das cenas e a narração de Eva Green tornam a produção não só interessante pelo conteúdo, mas também pela forma. A única ressalva que tenho é em relação à tradução do título para português: “Sentidos do Amor” não é muito condizente com a qualidade do enredo.

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