Quando a felicidade bate na porta realmente é difícil de acreditar. O medo de ser feliz corrompe todos os poros possíveis e capazes de se excitarem com a notícia. Você está feliz! O que há de errado? O mundo parece não entender essa novidade, nem mesmo você. Jeneci canta que “felicidade é só questão de ser” e ser é tudo que você vem sendo no momento. Porque você começou a perceber, realmente, que felicidade é ser você mesmo. É estar na presença de alguém e não sentir incômodo, invasão, muito menos um espaço ocupado. É saber que a felicidade está ali ao lado e nem foi preciso se personificar, ela apenas se transformou em amor.

Quando a felicidade, enfim, bate na tua porta é bom você abrir. Uma tirinha de Mafalda conta um causo onde sua mãe lhe dá ordens para não abrir a porta para ninguém. Mafalda, suportavelmente sábia, responde: “mas, mãe, e se for a felicidade?” Se for a felicidade, Mafalda, ela não irá bater. Ela não irá pedir licença para entrar na sua vida, mas ainda assim depende de você permitir que ela cause mudanças. Felicidade sem transformações é apenas um estado de espírito oco. Não vai te acrescentar, assim como você também não vai sentir. Felicidade é estar feliz, não somente alegre. É deixar que isso mude e provoque alterações no teu comportamento, na tua vida e no teu humor. Quando a felicidade bate na tua porta ela só quer avisar que está entrando. “Olha, moça, tô chegando, limpei os pés na entrada, mas falta fazer uma geral nessa bagunça que a tua vida se tornou. Tô entrando sem norma culta e sem formalidade. É pra você se familiarizar mesmo, achar que está em casa, porque, afinal, felicidade é o ‘home sweet home’ da alma.”

mafalda

Quando a felicidade resolve te surpreender e aparecer na tua vida como um míssil caindo por terra, não contra-ataque, por favor. É o conselho e a palavra de ordem que te dou: fica quieta. Deixa que isso tome conta de você, te invada, te possua. Não é todo dia que a gente pode dizer que está feliz. Confunde-se muito alegria com felicidade. Alegria você sente quando está feliz. Porém, caro leitor, elas não são indissociáveis. Na maioria das vezes nos encontramos num estado de espírito de alegria, que, portanto, é passageiro. E isso nos contenta, nos satisfaz. Acabamos por cessar a busca pela felicidade, pelo estado pleno e perene da alegria.

Por falar nessa busca, me equivoco logo de início. Quando falamos em “buscar” limitamos o nosso campo de procura. Se estamos querendo chegar a um determinado ponto é porque há um final. E na felicidade não é um ponto de chegada que queremos. É uma permanência de paz interior e leveza provocada pela quantidade crescente de coisas boas e produtivas que acontecem na nossa vida. Não viemos ao mundo para viver sob um jogo de tabuleiro, derrubando pinos, ultrapassando pessoas e conquistando posições privilegiadas que te façam ganhar o jogo. Não estamos jogando e quando todo mundo perceber isso poderemos chegar a um ponto mais próximo da casa de nome felicidade. O único campeonato que enfrentamos nas nossas vidas é o desejo de ser feliz. Não é a busca ou jogo. É apenas a vontade e o querer. Vontade de inspirar-se na própria vida. E o querer estar próximo do que te traz essas boas sensações.

Felicidade nunca foi alguém. Muito menos algo. Ele não é a tua felicidade. Ela não é a tua fonte de plenitude. Seus bens materiais também não são essenciais para a tua vida regida pelo estado de espírito mais requisitado do mundo. É o que ele te provoca, é o que ela te faz sentir, é o bem estar que aquelas coisas te trazem. Felicidade é subjetivo. É como o amor: você não vê, você não rotula, você não limita; mas você sente e sente-se bem. Quando a felicidade avisar que está chegando na tua vida, não se afobe, não se engrandeça, não anseie. Apenas espere, observe a absorva.