Fim de jogo e fim do sonho. O tão esperado hexa foi adiado para daqui a quatro anos (ou não). Mas podemos tirar algumas conclusões a partir desse episódio.
A primeira delas talvez seja a mais fundamental de todas: as vitórias passadas não são uma garantia de bom desempenho no futuro. O Brasil é pentacampeão e carrega uma bagagem enorme. Somos — ou pelo menos éramos — o país do futebol. No fim das contas o que vale é o agora, a entrega nos 90 minutos de jogo.
A segunda conclusão diz respeito aos torcedores, ao povo brasileiro que acompanha os jogos e dá suporte à Seleção. Bipolaridade pura. Quem começou o jogo comemorando a vitória antecipadamente sai dos estádios, da frente da TV ou do barzinho com sede de vingança. Querem encontrar um culpado e já temos alguns suspeitos.
A Copa não foi comprada, isso é evidente — está ai a derrota por seis gols de diferença, que é para não restar dúvida. E agora temos milhões de pessoas descontentes e sem nenhuma motivação. Mistura explosiva: a rua vai novamente virar palco das manifestações. Caos urbano.
O futebol teve força suficiente para silenciar, ou pelo menos minimizar, a energia revolucionária da população. Mas acabou. Nem mesmo a possibilidade de um “terceiro lugar” será capaz de acalmar os ânimos. E isso não é ruim, muito pelo contrário. É um ótimo momento para refletir sobre a situação do Brasil.
Se você acredita que a Cadeia é uma instituição falida e se pergunta por que diabos ela se mantém até os dias de hoje, melhor ficar atento. O sistema prisional é um sucesso em termos de geração de renda, movimentando um mercado invisível. Em resumo: tem muita gente querendo ver os índices de criminalidade chegando ao topo e estão usando você para alcançar esse objetivo.
Para começo de conversa quero atentar para alguns mitos que estão se espalhando como um vírus. O primeiro deles é clássico: quanto maior o número de presidiários, menor o número de criminosos nas ruas e, por consequência, menor o número de crimes. Maior segurança para o pai de família honesto que rala dia e noite para não deixar faltar comida em casa.
Mas, quem disse? Essa medida é, além de paliativa, viciosa. E aqui já entro no segundo mito, que é justamente a crença de que a prisão ressocializa o sujeito. Essa é, diga-se de passagem, a premissa básica do sistema prisional, ressocializar e reintegrar os sujeitos na sociedade.
Acontece que a Cadeia não ressocializa. Longe disso, ela condiciona os sujeitos a continuarem naquele estilo de vida. Ai surge alguém protestando pelo aumento das penas: se a Cadeia não ressocializa, que o criminoso fique lá para o resto da vida.
Tá vendo como é um ciclo? O sujeito comete um crime (e nem vou entrar em detalhes sobre os fatores sociais que levam à prática criminosa e o perfil do criminoso no Brasil, que é assunto para outra ocasião) vai para a Cadeia com a esperança de receber uma educação milagrosa capaz de “curá-lo” — o que efetivamente não funciona —, volta para a sociedade e se torna reincidente.
Agentes Penitenciários contendo rebelião na penitenciária de Alcaçuz / RN (2011)
Eu te pergunto se um sistema como esse deveria existir. Ao que tudo indica ele é contrário aos seus objetivos explícitos. E os objetivos implícitos? Eis uma boa pergunta. Tem muita gente lucrando com isso.
Aparentemente, o último disco do Pink Floyd, lançado há 20 anos, “Division Bell”, teve uma continuidade breve. A mulher de David Gilmour, Polly Samson, divulgou em seu Twitter (https://twitter.com/PollySamson) a data e o conteúdo de um novo álbum com gravações de 1994.
“Aliás, o álbum novo do Pink Floyd será lançado em outubro e se chamará ‘The Endless River’. Baseado em gravações de 1994, são as últimas coletas de Rick Wright e são muito lindas”.
Btw Pink Floyd album out in October is called “The Endless River”. Based on 1994 sessions is Rick Wright’s swansong and very beautiful.
“The Endless River” está previsto para o mês de outubro, ainda sem data específica definida.
A banda divulgou recentemente um vídeo oficial de uma de suas últimas apresentações, ainda com Gilmour, Mason, Wright e Waters juntos, tocando “Comfortably Numb”. Confira:
Parece que encontramos um novo personagem para ilustrar a nossa Copa do Mundo – a corretamente chamada Copa das Copas. Como se não bastasse os milagres que andam acontecendo em campo, a maestria de muitas seleções e a surpresa de outras mais, o jogador Luis Suárez resolveu deixar seu nome gravado na memória dos brasileiros e no ombro do zagueiro italiano Giorgio Chiellini.
Tendo realizado essa cômica loucura outras duas vezes, desde 2010 quando atuava no time holandês Ajax, o atacante já poderia ter aprendido com seus erros. Mas não foi o que aconteceu. Nos casos anteriores, Suárez também recebeu a suspensão de sete e dez jogos, respectivamente em cada caso. Por que agora sua punição merece tanta severidade? Além de estar impedido de participar de nove jogos pela seleção Celeste, desta vez o jogador também foi proibido de fazer parte de qualquer atividade que envolva o futebol durante quatro meses. E mais: uma multa de aproximadamente 250 mil reais foi posta em seu nome. Sua credencial foi cassada e o jogador está simplesmente proibido de presenciar qualquer acontecimento que envolva a seleção uruguaia. A decisão da FIFA não recai apenas sobre Luis e este é o primeiro ponto que supõe como exagero a punição imposta pela entidade. Tendo em vista que o jogador foi um grande desfalque no último jogo do Uruguai no Mundial, todos da equipe técnica assim como também os jogadores da seleção sentirão sua ausência em jogos previstos para o time. A punição foi individual, mas toda a equipe sentiu o peso.
Além disso, particularmente para um jogador de futebol, passar tanto tempo fora de contato com o seu time é extremamente prejudicial a sua carreira profissional, além de também ser um martírio pessoal. Para Suárez voltar novamente a atuar no time do Uruguai, todo o seu entrosamento e preparação terão de ser reestruturados e recuperados. E apenas em outubro é que poderá retornar ao Liverpool.
Casos muito piores já passaram impunes pela FIFA. A pressão popular, o histórico já muito marcado do atacante e o evento mundial de grande repercussão foram pontos essenciais para chegarem a alguma definição. Por reclamações também italianas, a FIFA acabou por aplicar ao jogador a punição mais severa de todas as Copas do Mundo, esquecendo que das outras duas vezes Suárez também já havia sido autuado como deveria. O que vejo é que outras atitudes realmente violentas passam despercebidas pelos árbitros das partidas e pelas câmeras dos estádios. Por ser algo incomum, a mordida durante o Mundial causou uma comoção generalizada, porém, atitudes racistas, por exemplo, são desprezadas e esquecidas facilmente. O uruguaio age por impulso e sua atitude me parece muito mais um problema psicológico não enfrentado na infância do que uma ação propositalmente agressiva numa partida de futebol, até porque o jogador sempre se recupera muito bem de suas suspensões, voltando aos gramados melhor do que saiu. Esperamos que desta vez não seja diferente.
Não julgo injusta a punição a Suárez. Pelo contrário, ela tinha obrigação de existir. Mas o seu grau ultrapassou os limites do que é justo. Como Machado de Assis assim escreveu, eu diria que “não houve lacuna, mas excesso”. A própria “vítima”, o jogador italiano Chiellini, considerou a punição exagerada e disse depositar todo o seu pensamento no atacante e em sua família. O jogador Lugano, zagueiro do Uruguai, falou sobre o fato e citou exemplos de atitudes com uma gravidade superior a mordida e que sofreram penalizações até mesmo ridículas, se comparadas as que foram impostas ao jogador da Celeste.
.@luis16suarez It’s all forgotten. I hope FIFA will reduce your suspension.
Se retrocedermos a um fato ainda recente, e embora não se associe diretamente ao caso do famoso Luisito, o acontecimento que deu início a campanha “somos todos macacos” passou impune por todas as corporações do futebol. É sabido que a ação foi praticada por um torcedor que assistia ao jogo no estádio, porém, torcedores também podem ser devidamente punidos. Qual a diferença? É clara. O insulto a Daniel Alves foi praticado em um jogo do campeonato espanhol, o que nem de longe se compara a Copa do Mundo em questão de representatividade. A pressão começa a diminuir a partir do momento em que o próprio evento não acarreta tamanha visibilidade e tantos questionamentos. Pareceu-me também que o simples fato da campanha ter sido iniciada fez com que a resposta ao torcedor já estivesse sendo dada pelos internautas. E que isso bastava. O ato racista é tão violento quanto a mordida de Suárez. Essa questão afeta muito mais que uma marca no ombro, no braço ou no pescoço. É uma marca psicológica que há muitos anos tentamos combater. E que não recai apenas sobre uma equipe, mas sobre um povo inteiro, uma nação já constantemente calejada pelo preconceito racial. Isso não merece punição? Ana Bock, professora da USP – SP, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo dá a sua declaração:
“A mordida não é mais violenta que outros atos, como um tapa ou até mesmo um xingamento. Talvez seja só mais incomum.”
Dá uma chance, FIFA! Ele já pediu desculpas ao coleguinha publicamente, que também já as aceitou prontamente, inclusive demonstrando apoio ao jogador e sua família. Faltou um “não” ao Suárez quando criança e, de repente, ele está aprendendo tudo agora.
Todo homem ao nascer deveria receber um carimbo com a seguinte inscrição: “válido por cem anos contados da data de fabricação, desde que bem conservado”. Alguns duram mais. É como aquele biscoito (bolacha?) que venceu ontem, mas que ainda está bom. Humanos tem prazo de validade. Use-se antes que seja tarde.
Uma comparação assim assusta. E digo mais: deveriam anexar um manual com pequenas advertências e dicas de conservação. “Não guarde rancor, faça exercícios físicos com frequência, corra atrás dos seus sonhos” e, acima de tudo, “pense livremente”. Essas diretrizes deveriam estar escritas na nossa pele.
Estamos morrendo. Pouca gente tem intimidade com esse tipo de assunto e não ficarei surpreso se você parar a leitura por aqui. Desde o momento em que nascemos o relógio está em contagem regressiva e todos os nossos passos caminham em direção a um futuro certo e determinado.
Prazo de validade. Uns morrem mais cedo (os bons morrem jovens, como diria Renato Russo). Aqui fica nítida a semelhança entre humanos e objetos: alguns produtos se deterioram pelo decurso natural do tempo, outros pela má conservação, pelo desvio de função ou por vícios internos.
Temos uma mínima garantia de que viveremos bem por algum tempo. E temos a certeza de que não viveremos para sempre. A questão é que raramente tomamos consciência disso, negligenciamos. Nós somos o nosso próprio produto, pertencemos a nós mesmos e somos os únicos responsáveis pela nossa vida. Cuide da sua vida! Feliz do homem que primeiro evocou essas palavras.
Mas não temos manual e nenhum rótulo está tatuado em nossa pele. Sabemos que depois da infância o tempo voa, mas dane-se o futuro. Queremos curtir o momento, o caminho é mais importante do que o destino. E morte é uma palavra muito feia, deveria ser banida do nosso dicionário. Eu disse e vou repetir, para que fique claro, use-se antes que seja tarde.
Anos de especulação tornam-se oficiais: está sendo gravado o filme que conta a história de Jimi Hendrix antes da fama.
– É como perguntar para onde eu iria se tivesse uma nave espacial, para Marte ou Vênus? Minha voz é terrível!
– A voz de Bob Dylan também é, e ele está indo bem.
Assim começa uma das cenas de “Jimi: All is by My Side”, o longa metragem que conta a história do – ainda – Jimmy James. O trecho acima é de uma das conversas de Jimi com Linda Keith, a então namorada do Rolling Stone Keith Richards. O filme vem sendo especulado há anos pela mídia sobre o possível acontecimento. No Festival de Los Angeles foi então apresentado ao público e será lançado em setembro, nos EUA.
A direção ficou por conta de John Ridley, o mesmo que levou pra casa o Oscar de melhor roteiro de “12 Anos de Escravidão”. Sabe há quantos anos Ridley vem ambicionando o projeto? Dez anos. A ideia surgiu após ter descoberto da canção rara “Sending my Love to Linda” que o levou a uma profunda pesquisa sobre quem seria então esta mulher misteriosa. Trata-se de Linda Keith. A mesma que começou a diálogo desta matéria.
Burguesa, branquela e inglesa: esta foi a responsável por Jimmy James ter se tornado Jimi Hendrix. O tímido menino dos subúrbios norte-americanos, que nunca antes tinha feito uma viagem de ácido, jamais pensou em subir em um palco e achava – realmente – ter uma péssima voz. Linda era influente no meio musical, apresentou então Hendrix ao baixista do grupo Animals, Chas Chandler, que rapidamente tratou de abandonar sua banda e ser agente de Jimi, levando-o para o lugar que o mudou pra sempre: Londres.
Já na terra da rainha, Jimi é questionado por só andar com brancos. Cenas como o roubo do show de Eric Clapton, os ciúmes de Keith Richards e as agressões às namoradas são retratadas pelo talentoso – e extremamente semelhante – André Benjamin, da banda Outkast, que para interpretar perfeitamente o astro, aprendeu inclusive a tocar guitarra como um canhoto numa guitarra para destro.
O ponto negativo do longa é: nenhuma das canções interpretadas são de Jimi Hendrix. O motivo disto é o mesmo que não permitiu que nenhum filme desse tipo emplacasse até agora. Os administradores do patrimônio de Hendrix, cuja liderança está por sua meia-irmã, Janie Hendrix, são conhecidos por serem rígidos demais e afirmam só liberarem as músicas quando tiverem participação completa no filme. São interpretadas então clássicos da época, como “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, Dylan, Muddy Waters e outros.
Ainda não há previsão de estreia no Brasil. Assista a uma prévia:
Sabe aquela ideia inovadora, aquele novo projeto de vida? Melhor não contar a ninguém a respeito. Acredite ou não: contar a alguém pode reduzir as suas chances de sucesso.
É comum nos sentirmos eufóricos quando pensamos em algo novo e temos uma tendência a compartilhar os nossos sentimentos, planos e projetos. E digo mais: temos necessidade de conversar com outras pessoas, seja um amigo, um parente, um colega de trabalho etc. sobre os nossos insights.
Mas isso é ruim. Isso mesmo, melhor ficar calado. É isso que nos mostra Derek Sivers em uma incrível palestra para o TED, uma fundação privada sem fins lucrativos dos Estados Unidos, através de dados empíricos.
Teoricamente essa informação não é nova. Você já deve ter ouvido falar em mau-olhado ou olho-gordo, certo? Derek nos dá uma explicação científica para um fenômeno que já conhecemos muito bem no dia-a-dia.
Se algo na sua vida não dá certo vem logo alguém dizendo que é culpa da inveja e do mau-olhado. Mas a culpa pode ser sua. Contar a alguém sobre as suas metas pode reduzir consideravelmente as chances de você alcançá-las.
Ao contar para os seus pais que você vai se mudar para uma casa própria, por exemplo, a satisfação momentânea pode levar o seu cérebro ao erro. Ele receberá uma mensagem positiva no sentido de que sua meta já foi realizada, ainda que você não tenha se mudado.
Invertendo essa lógica, não contar aos seus pais que você vai se mudar pode ajudar você a finalmente sair de casa. Mas, em se tratando de uma geração canguru que pretende sugar tudo que os pais têm de melhor (cama, comida e roupa lavada), nem mesmo com psicologia aplicada. Convenhamos, esse não é um objetivo que levamos muito a sério.
A palestra é curtinha e Derek consegue nos convencer de que o egoísmo nem sempre é ruim e que o silêncio é um grande aliado. Comemore depois de ter certeza de que cruzou a linha de chegada. Não antes.
Imagina estar no show de sua banda favorita e, de repente, começarem a tocar uma música que você ainda não conhece por que nunca antes tinha sido apresentada? Assim foram surpreendidos os fãs do New Order na noite de ontem no Aragon Ballroom, em Chicago, quando a banda decidiu mostrar ao público a faixa “Plastic”.
Depois de um hiato em 2007, a banda retornou em 2011. Apesar de também terem feito tal surpresa em um show do Lollapalooza no Chile este ano, quando tocaram “Drop The Guitar”, ainda não há previsões ou anúncios do lançamento de um novo disco por agora. Então, por hora, os fãs podem aproveitar as surpresas.
Confira o vídeo de “Plastic”:
Relembre a apresentação de “Drop The Guitar” aqui:
Há de se saber que novelas nem sempre são tão banais. É necessário um olhar um pouco mais profundo quando o botão de ligar for acionado. A Rede Globo traz as suas novelas pautadas em um cronograma fácil de analisar: as novelas das seis se baseiam em histórias sociais, incorporadas em personagens atípicos da modernidade e em um enredo de época que encanta telespectadores; a novela das sete é mais temática, há uma contextualização mais moderna, mais cômica e divertida, com uma mistura até um pouco exagerada de ficção; a das nove ou é uma trama bem elaborada em cima do mocinho e do vilão ou é uma tentativa de retratar a realidade familiar e social em que nos encontramos.
Porém, como falei, há uma nova percepção para os olhares noveleiros. Não se trata de um simples passatempo, e irei mostrar o porquê, levando em consideração o atual remake da novela Meu Pedacinho de Chão – primeiramente gravada em 1971 por Benedito Ruy Barbosa – que será transmitida em apenas 100 capítulos e promete levantar uma grande crítica social. A história se passa na Vila de Santa Fé tendo apenas 20 personagens em seu elenco, de modo que todos se interligam de alguma maneira. Não se pode, claro, menosprezar a trama romântica que permeia boa parte dos capítulos, porém, pode-se adquirir um novo olhar sobre isso.
A questão social a qual toma foco durante toda a novela Meu Pedacinho de Chão não é tão nítida como deveria ser, mas isso se dá devido aos telespectadores estarem acostumados a se divertirem em frente das telinhas. A história já se inicia com a questão da alfabetização. A maioria dos trabalhadores e crianças da Vila não sabem ler nem “escrevinhar” (conforme o linguajar e sotaque dos personagens). A trama se inicia com a chegada da Professora Juliana, que vem trazendo seus conhecimentos diretamente da cidade de São Paulo juntamente com um amor imenso pelo aprendizado ao próximo. A instalação da escola na Vila de Santa Fé não é tão fácil quanto se espera. Da mesma forma que o nosso país ainda passa por um processo de educação aos pobres e analfabetos, na ficção não me parece diferente. O “manda-chuva” da região, o coronel Epaminondas, não aceita que a escola seja inaugurada, por que, afinal, povo alfabetizado é povo consciente e instruído. Por fim, mas não sem obstáculos, a escola é instaurada no centro da Vila, com aulas para crianças e adultos.
Em seguida, a ideia da construção de um posto de saúde toma conta dos boatos dentro das casas e pelas ruas do vilarejo. O Dr. Renato, novo na região, chega com a ideia inovadora de instalar um posto médico para a população, visto que a benzedeira Mãe Benta é a única que se aproxima do caráter cuidadoso de um médico. Por questões políticas, como até os dias de hoje ainda se observa, a construção da nova edificação não é concluída sem antes passar por diversos problemas. Além disso, após seu término a população ainda se encontra tímida para frequentar o posto, tendo em vista que foram estigmatizados a não precisar de um profissional da área e, consequentemente sem alfabetização, não conhecem a importância que um médico adquire numa sociedade. É uma reação em cadeia que caracteriza todo o povoado de Santa Fé.
Posto isso, as eleições começam a se tornar o “falatório”. E para se eleger um candidato é indispensável o voto. Mais uma vez o processo de alfabetização torna-se a base para mais uma solução. Caso curioso é que até os mais instruídos também parecem alienados com a política “coronelizada” da região. O personagem Pedro Falcão, ao responder a pergunta do amigo Ferdinando sobre os votos dos trabalhadores de sua terra, diz: “Aqui não tem essa de voto de cabresto não, amigo, eles votam em quem a gente mandar”.
E, por fim, ou pelo menos até o momento de exibição, uma questão muito interessante e extremamente atual é em relação à valorização da profissão de Professor. Meu Pedacinho de Chão aborda em no máximo uma semana o descompromisso com o salário da professora, que passa a ser uma questão de questionamentos entre todos os personagens da novela. Juliana dá aulas a crianças, sendo custeada pela prefeitura, e se disponibilizava a lecionar aos adultos por conta própria. Porém, ainda nessas condições, o descaso e desrespeito com a sua posição era, de certa forma, escancarada.
O que se pode analisar é que, embora seja uma ficção, Meu Pedacinho de Chão retrata temáticas atemporais que foram auges tanto no século passado como algumas também se apresentam no século presente. Se pararmos para nos questionar, esse tipo de novela é muito mais que uma diversão ou descanso. É um debate fácil de ser estruturado, mas um problema difícil de ser resolvido. As críticas e discussões foram jogadas para nós, agora nos cabe absorvê-las, debatê-las e questioná-las.
Chega este mês a terras brasileiras, na cidade de Curitiba, a exposição “Frida Kahlo – As suas fotografias”, que ficará em cartaz no Museu Oscar Niemeyer (MON), a partir de 17 de julho. A exposição traz uma série de fotografias da artista e registros de diferentes fases da sua vida: com seu pai, médico, marido e amigos. A coleção, com 240 fotos, pertence ao Museu Frida Kahlo.
Quem se interessar pode ter uma noção do que esperar entrando no site oficial do museu Frida Kahlo que é na própria casa em que viveu a Casa Azul.
Frida Kahlo teve sua vida marcada por tragédias e transformada em arte de uma maneira fascinante. Simples é evidentemente o adjetivo que menos condiz com Frida.
Protagonista de uma história tão intensa e dramática, Frida Kahlo conseguiu transformar sua história em arte. E assim contar com cores uma vida em preto e branco, transformando sofrimento em poesia. Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, ou simplesmente Frida Kahlo.
Árvore da Esperança (1946)
Cada artista tem sua forma em deixar de alguma maneira sua marca de expressar sentimentos, sejam esses com poemas, romances, músicas ou quadros. Contudo, Frida foi diferente, ficou conhecida por sua própria imagem, e assim tornou-se sua melhor arte.
Frida Kahlo nasceu em 6 de julho de 1907 na casa de seus pais, conhecida como La Casa Azul em Coyoacán, na época uma pequena cidade nos arredores da Cidade do México e hoje um distrito.
Auto-Retrato (1926)
Aos seis anos começa a triste trajetória de Frida quando contrai poliomielite, a primeira de uma série de doenças, acidentes, lesões e operações que sofreu ao longo da vida.
A poliomielite deixou uma lesão no seu pé direito, fato que originou o apelido de Frida pata de palo (Frida perna de pau). Passou a usar calças, depois longas e exóticas saias, que se tornaram uma de suas marcas pessoais.
As Duas Fridas (1939)
Posteriormente aos 18 anos, Frida passou por um dos momentos mais difíceis de sua vida, sofreu um grave acidente: o bonde em que seguia colide com um trem, deixando-a meses entre a vida e a morte devido ao para-choque que atravessou sua pélvis. Permaneceu muitos meses no hospital, precisou de várias operações cirúrgicas para reconstruir o corpo perfurado. Foi nesse momento trágico que ela encontrou uma saída na pintura.
Ainda imobilizada na cama, começou a pintar com a caixa de tintas de seu pai, e um cavalete adaptado à cama. Pintou algumas de suas mais famosas obras, como “A coluna partida”.
A Coluna Partida (1944)
Esta é uma das obras mais emocionantes da artista. Um autorretrato onde sua expressão facial é de melancolia, e dos olhos caem lágrimas. Os espinhos espalhados pelo corpo simbolizando a agonia de São Sebastião.
No entanto, pode-se dizer que estes acontecimentos não foram tão intensos na vida da artista como seu relacionamento com o pintor mexicano Diego Rivera. A própria Frida fala sobre a relação em seu diário, “Diego, houve dois grandes acidentes na minha vida: o bonde e você. Você sem dúvida foi o pior deles”.
Conheceu Diego Rivera em 1928, quando entrou para o Partido Comunista Mexicano. Casar-se-ia com ele um ano mais tarde. A vida do casal foi marcada pela intensidade, tanto na paixão como nas calorosas brigas. Rivera e Kahlo dividiam a militância no partido comunista, o amor pelas artes e uma aptidão a relacionamentos extraconjugais.
Diego e Frida
Frida era bissexual, mas Rivera dizia não se importar com seus casos com outras mulheres; apenas os casos que ela tinha com homens.
Dentre as traições de Rivera com certeza a pior de todas foi quando Frida se deparou com seu marido e sua irmã mais nova na cama, e descobriu que eles tinham um caso há muitos anos, além de seis filhos. Enfurecida, separou-se de Diego e nunca mais perdoou a irmã.
Cortou seus cabelos longos na frente do espelho e teve alguns relacionamentos com outros homens e mulheres, um dos mais famosos, foi com o revolucionário russo Leon Trótski, mas volta para o ex-marido tempos depois.
O segundo casamento foi mais tumultuado que o primeiro, vão morar em casas separadas, lado a lado, ligadas por uma ponte. Ambos continuaram seus casos extraconjugais, e Frida passou a viver uma vida triste, principalmente pela impossibilidade de dar um filho ao marido. Ela engravidou muitas vezes, mas abortava devido ao acidente, que deixou sequelas para o resto de sua vida.
Em 13 de julho de 1964 foi encontrada morta. Seu atestado de óbito declarou embolia pulmonar, devido a uma forte pneumonia. Supõe-se suicídio por causa da última frase que escreveu em seu diário: “Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar”. Existe a hipótese de envenenamento, atribuído a umas das amantes de Rivera.
Frida teve que amputar uns dos pés um ano antes de sua morte devido à gangrena, “Pés para que os quero, se tenho asas para voar?” escreveu Kahlo em seu diário, em mais uma demonstração de como era capaz de modificar sua própria assimilação do sofrimento. Ficando claro em seus quadros essa habilidade de converter dor em belas imagens.
Usando autorretratos define-se:
“Pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade”.
Frida Kahlo teve na dor seu material; sua vida foi um vendaval de sentimentos que a artista converteu em um só: paixão. Impossível se deparar com suas obras e não sentir um pouco da sua dor, pensamento e até mesmo um pouco de esperança. Frida teve uma vida que faria muitas mulheres se vestirem de luto, mas ela preferiu vestir-se de flores.
Quem quiser conhecer um pouco mais sobre esta grande mulher e artista sua vida foi retratada em dois filmes: em 1986 em Frida, Natureza Viva, de Paul Leduc, e em 2002 em Frida, de Julie Taymor, onde foi interpretada por Salma Hayek. онлайн займ срочно рф