Todo homem ao nascer deveria receber um carimbo com a seguinte inscrição: “válido por cem anos contados da data de fabricação, desde que bem conservado”. Alguns duram mais. É como aquele biscoito (bolacha?) que venceu ontem, mas que ainda está bom. Humanos tem prazo de validade. Use-se antes que seja tarde.

Uma comparação assim assusta. E digo mais: deveriam anexar um manual com pequenas advertências e dicas de conservação. “Não guarde rancor, faça exercícios físicos com frequência, corra atrás dos seus sonhos” e, acima de tudo, “pense livremente”. Essas diretrizes deveriam estar escritas na nossa pele.

Estamos morrendo. Pouca gente tem intimidade com esse tipo de assunto e não ficarei surpreso se você parar a leitura por aqui. Desde o momento em que nascemos o relógio está em contagem regressiva e todos os nossos passos caminham em direção a um futuro certo e determinado.

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Prazo de validade. Uns morrem mais cedo (os bons morrem jovens, como diria Renato Russo). Aqui fica nítida a semelhança entre humanos e objetos: alguns produtos se deterioram pelo decurso natural do tempo, outros pela má conservação, pelo desvio de função ou por vícios internos.

Temos uma mínima garantia de que viveremos bem por algum tempo. E temos a certeza de que não viveremos para sempre. A questão é que raramente tomamos consciência disso, negligenciamos. Nós somos o nosso próprio produto, pertencemos a nós mesmos e somos os únicos responsáveis pela nossa vida. Cuide da sua vida! Feliz do homem que primeiro evocou essas palavras.

Mas não temos manual e nenhum rótulo está tatuado em nossa pele. Sabemos que depois da infância o tempo voa, mas dane-se o futuro. Queremos curtir o momento, o caminho é mais importante do que o destino. E morte é uma palavra muito feia, deveria ser banida do nosso dicionário. Eu disse e vou repetir, para que fique claro, use-se antes que seja tarde.