Um confiante Jimmy Page foi entrevistado pela televisão britânica aos 19 anos

Em 1963, com apenas 19 anos, Jimmy Page já tocava guitarra, e muito. E sabia o que estava fazendo. A prova disso é essa entrevista, em junho do mesmo ano, transmitida pelo ITV Channel Television.

O registro, feito em Guernsey, no Canal da Mancha, foi descoberto nos arquivos da emissora e tornado público somente em 2014. O entrevistador é Royston Ellis, escritor, poeta e amigo pessoal do ex-guitarrista do Led Zeppelin.

Na entrevista, Page fala de maneira confiante sobre seu trabalho, sua música e como gostaria de viver e se manter financeiramente apenas tocando guitarra. Parece que deu certo. Assista abaixo (sem legendas):

Sugar Mama: o poderoso blues do Led Zeppelin gravado em 1968 é um dos trunfos do relançamento de Coda

É muito difícil que bandas do calibre de Led Zeppelin mantenham seus tesouros intactos. Raridades, outtakes, bootlegs, ruídos e tudo o que exalou de Plant, Page, Bonham e Jones em vida foram – e tem sido – amplamente dissecados pelos fãs nos últimos anos.

Ontem, 8 de junho de 2015, por exemplo, o canal oficial do youtube do Led Zeppelin soltou a “inédita” Sugar Mama. Um blues poderosíssimo – e que estou ouvindo no repeat pela 5ª vez provavelmente, não sei, perdi as contas já – gravado no Olympic Studios de Londres, em 1968. A ideia era que a música fosse escalada para o primeiro álbum do grupo, lançado em 1969, mas como sabemos, isso não aconteceu. Uma pena porque entraria certo na tracklist.

Apesar do caráter de inédito, a gravação já estava disponível há um tempo em cópias piratas e na internet. No youtube, se você digitar Led Zeppelin Sugar Mama, você verá que tem vários uploads da música por lá. Isso aconteceu também em alguns outros casos, mas de forma alguma tira o mérito e o valor das luxuosas reedições dos materiais, que contam com uma qualidade sonora bem superior.

A louvável contribuição do Led Zeppelin para a música merece toda essa celebração, que iniciou em 2014 com os três primeiros discos e está terminando agora com as reedições dos derradeiros Presence, In Throught The Out Door e Coda.

Sugar Mama será oficialmente lançada na reedição de Coda, que é justamente o álbum de “sobras” do Led. A nova versão do álbum terá gravações da banda entre 1968 e 1974. Baby Come On Home, da mesma sessão de gravações, é outra faixa que estará no disco, assim como a instrumental St. Tristan’s Sword, registrada durante as gravações de Led Zeppelin III, em 1970.

Ouça o frenético blues Sugar Mama abaixo:

Os últimos três baús de ouro do Led Zeppelin serão relançados em edição de luxo no dia 31 de julho de 2015. Já está rolando uma pré-venda diretamente no site da banda. Saca só a track list das novidades (lembrando que todos os boxes vem também com o álbum original remasterizado):

Presence:

1. “Two Ones Are Won” (“Achilles Last Stand” – Reference Mix)
2. “For Your Life” (Reference Mix)
3. “10 Ribs & All/Carrot Pod Pod (Pod)” (Reference Mix)
4. “Royal Orleans” (Reference Mix)
5. “Hots On for Nowhere” (Reference Mix)

In Through the Out Door:

1. “In the Evening” (Rough Mix)
2. “Southbound Piano” (“South Bound Saurez” – Rough Mix)
3. “Fool in the Rain” (Rough Mix)
4. “Hot Dog” (Rough Mix)
5. “The Epic” (“Carouselambra” – Rough Mix)
6. “The Hook” (“All My Love” – Rough Mix)
7. “Blot” (“I’m Gonna Crawl” – Rough Mix)

Coda:

Disco um
1. “We’re Gonna Groove” (Alternate Mix)
2. “If It Keeps On Raining” (“When the Levee Breaks” – Rough Mix)
3. “Bonzo’s Montreux” (Mix Construction In Progress)
4. “Baby Come On Home”
5. “Sugar Mama” (Mix)
6. “Poor Tom” (Instrumental Mix)
7. “Travelling Riverside Blues” (BBC Session)
8. “Hey, Hey, What Can I Do”

Disco dois
1. “Four Hands” (“Four Sticks” – Bombay Orchestra)
2. “Friends” (Bombay Orchestra)
3. “St. Tristan’s Sword” (Rough Mix)
4. “Desire” (The Wanton Song – Rough Mix)
5. “Bring It on Home” (Rough Mix)
6. “Walter’s Walk” (Rough Mix)
7. “Everybody Makes It Through” (“In the Light” – Rough Mix)

Alabama Shakes gravou o clipe de ‘Don’t Wanna Fight’ em lendário estúdio da Capitol Records

O Studio A, da Capitol Records, é um lugar tão musical quanto espiritual. Frank Sinatra e Beach Boys já estiveram ali, gravando clássicos que ficaram imortalizados por suas vozes e seus timbres.

O Alabama Shakes, fantástico grupo que lançou Sound and Colorsegundo álbum de estúdio da carreira, em 2015, deu as caras no local e gravou ao vivo um vídeo para o single Don’t Wanna Fight.

No vídeo, comprova-se a excelente forma que a banda está. Com a direção do experiente Danny Clinch, a câmera vai caminhando devagar pelo estúdio, dando a impressão de que estamos acompanhando tudo em primeira pessoa. É quase como se estivéssemos assistindo a um ensaio. E que ensaio, diga-se de passagem. Assista:

Naná Vasconcelos: uma entrevista que remete Saudades

A música volta e meia me fez passar por um lunático. Em várias oportunidades ouvi discos tão monumentais e impressionantes que na hora de explanar para outros sempre me via em maus lençóis. Acredito que em boa parte desses momentos o interlocutor deu boas risadas.

Mas na tentativa de resenhar momentos impossíveis de serem descritos, creio que tenha atingido o cerne do motivo pelo qual me sento para batucar as teclas, tal qual o percussionista Naná Vasconcelos faz quando cria e recria música em sua totalidade de batidas, só que a milhares de milhas longe da excelência que o mestre da terra do Maracatu emana de seu corpo e mente quando resolve reverberar suas criações.

Costumo dizer que algumas discografias necessitam de uma vida para serem absorvidas com a devida atenção. E dentro desse panteão existe um nome em especial que merece muita atenção: Naná Vasconcelos, músico brilhante e de mente inquieta que já está eternizado por reinventar, virar do avesso, desconstruir e remontar tudo que um dia foi chamado de percussão.

Naná Vasconcelos (2)

Acredito que o grande mestre, que um dia já teve a honra de gravar com Pat Metheny, Gato Barbieri, Walter Bishop (isso só para citar alguns), encabeça essa lista, pois fez tudo isso dentro de um front específico, mesclou gêneros, mas tudo na percussão.

E assim sendo, considero que para apreciar o trabalho de mestres como esse com o devido tempo que eles merecem, seja necessário uma vida e meia ou duas, pois além da gama de material ser grande, músicos deste calibre dão vida a algumas gravações, que além da altíssima complexidade técnica e riqueza, só conseguem romper o paradigma da ”explicabilidade” depois de 20 anos gastando o LP. Se bem que ainda acho que para entender as ”Saudades” do poeta do berimbau sejam necessários até mais do que isso. Só para esse disco, claro.

Line Up:
Naná Vasconcelos (berimbau/percussão/vocal)
Egberto Gismonti (guitarra)
Stuttgart Radio Symphony Orchestra (arranjo)

Naná Vasconcelos Saudades - Capa

Track List:
”O Berimbau”
”Vozes (Saudades)”
”Ondas (Na óhlos de Petrolina)”
”Cego Aderaldo (Egberto Gismonti)”
”Dado”

Se existe alguma coisa que vou me lembrar com certeza quando envelhecer, será a primeira vez que ousei escutar esta mítica gravação. Todos os caminhos que a orquestra percorre, as notas intrincadas, a guitarra de Egberto e o toque miraculoso de Naná para caracterizar um disco, que se tivesse outro nome na percussão, falharia miseravelmente.

O baque é instantâneo e duradouro no decorrer de todos os 44 minutos que envolvem o registro. Cada tema que o forma se desenrola com os ares épicos dos grandes embates trovadorescos de nossa história em séculos clássicos e já anteriores. E no geral existe uma energia que se mantém dentro deste clima único, mas que dentro de cada rito deste grande ato, acopla e sustenta uma energia própria.

Mas nem é isso que deixa os ouvintes costumeiramente embasbacados, o que o faz é como a criatividade de apenas um berimbau consegue se equiparar com uma orquestra completa e ainda colocá-la no bolso! É completamente desconcertante conceber que apenas um homem consiga tantos sons diferentes de um único instrumento, utilize sua voz como complemento de toda essa sinestesia e ainda supere um coletivo de músicos com tantos timbres inusitados.

Naná Vasconcelos Saudades

E o mais impressionante é que a orquestra, no fundo no fundo mesmo, faz sala para que o maestro de Recife apenas consiga cumprir com sua missão de vida e música: mostrar o poder da percussão e trabalhar com este elemento como se este fosse a orquestra, por isso que o coletivo da Stuttgart Radio Symphony perde sua majestade, mesmo com a condução de Mladen Gutesha. Se alguém aqui rege alguma coisa esse alguém é Naná e seu comparsa de outros contundentes registros: Egberto Gismonti.

Músico do mais alto gabarito técnico, que surge em vossos ouvidos depois que Naná brinca com nossa mente enquanto emite ”Vozes” e finaliza o tubo com ”Ondas”. Temas que parecem fechar um ciclo nesse complexo trabalho, pois com a entrada de Egberto em ”Cego Aderaldo”, parece que o aspecto sensorial de uma volta nas trilhas Amazônicas fica mais tangível com os arpejos de ”Dado” e as suítes que nos guiam à terra firme.

Egberto Gismonti
Egberto

”Saudades” não é só um disco absurdo devido a sua complexidade e criatividade. Esse CD, que um dia foi LP, é uma obra consagrada por sua profundidade, desde o feeling de todos os músicos envolvidos até a percepção única de Naná, que praticamente indivisível à percussão, cria temas que transportam o ouvinte para lugares incríveis.

Depois de virar o primeiro lado parece que você é um náufrago na floresta. Quando Egberto entra, as vozes param de confundir o raciocínio e a viola apenas conta como é ir e voltar para lugar nenhum, depois de sair de qualquer lugar. Transcendental.

Entrevista

1) Quando você começou a trabalhar numa linha mais jazzística, como foi o processo de transição?

Não teve nenhum processo de transição (risos), eu estava numa coisa e de repente fui pra outra, tive apenas que me adaptar rápido, na hora, não foi algo que eu tenha pego desde o início sabe? Eu estava aqui com o Milton Nascimento, Gal Costa, esse pessoal aqui e me chamaram para um concerto fora e eu fui, já estava no meio da música improvisada.

Eu não tive tempo de fazer nenhuma transição, apenas fui, assinei o contrato e fui para os Estados Unidos e de repente estou lá ao lado do Ron Carter, da nata do Jazz… Nunca procurei emprego lá e não teve processo de adaptação, eu não cheguei lá tocando isso e depois toquei aquilo, não, foi assim: Vai meu filho! (risos), foi um processo bem espontâneo e que precisou ser rápido.

Tive que procurar entender por que eu não falava Inglês e estava na nata dos Estados Unidos, com músicos que tocavam com o Miles Davis e isso foi bom porque me fez entender que eu tinha uma coisa que eles não tinham, por isso que estava fazendo sucesso lá, eles nunca tinha visto uma coisa dessas e fui eu e o Airto (Moreira), que chegamos quase na mesma época e os jornais falavam da gente sem conseguir explicar o que a gente fazia! Nós somos os responsáveis por colocar a percussão no Jazz, nós fomos pra guerra e ficamos no meio do barulho e o Miles Davis estava reposicionando esse Jazz negro americano por que convidou músicos como Chick Corea que eram brancos e estava quebrando todas essas barreiras e o Airto estava lá no meio tocando cuíca e tal.

2) Sua percussão consegue ir além do ritmo e criar climas, como que você trabalha pra criar atmosferas dentro de uma música?

Não, isso aí é uma maneira de pensar. Eu ouvia muito Villa Lobos e percebi que a música tinha um potencial visual na sonoridade. Ver o que ele faz em ”Trenzinho Caipira”, ele monta o trem e coloca você na janela vendo as paisagens do Brasil. Quando eu entendi que eu tinha uma coisa que não apareceu pra eles eu falei assim: ”Ah, aqui é o solo” e já que era o solo eu tinha que ter uma ideia, se quisesse um trem tinha que fazer o trem, eu sempre gostei da salva e se quisesse esse som tinha que criar também, então isso surgiu muito com o Villa Lobos, essa ideia, esse lado visual… A intuição me levou a pensar dessa maneira, eu acho.

Hoje eu entendo esse conceito, mas na época era muito informação chegando e eu no meio do pessoal do Jazz, eu nem falava Inglês, e eu ficava pensando muito em casa, tinha que inventar alguma coisa. Foi tudo um processo que aconteceu que foi acontecendo eu fui vivenciando isso e foi acontecendo, não planejei nada (risos).

3) Depois de tudo que você já fez dentro da percussão, misturando estilos, fazendo parcerias e tocando no mundo todo, como que você define o conceito de percussão? O que você acha que ela precisa trazer pra música quando requisitada?

A percussão não precisa agregar nada nem ter nada, ela já tem. A percussão pra mim é uma orquestra de timbres, eu uso a percussão como se fosse uma orquestra. Percussão não é pra quem toca mais rápido nem mais alto, eu procuro fazer música como percussão, essa é a diferença. Eu procuro contar histórias através de sons então eu entrei nessa área de sonoridade e fui explorando como se fosse uma orquestra.

4) Dentro da música você possui um curriculum bastante completo, gravou com o Pat Metheny, com o Itamar Assumpção, mas existe alguma coisa que você ainda não fez musicalmente?

Claro que existe! A experiência é experiência, mas se eu disser que já fiz tudo estou sendo burro, cada vez mais a gente sabe menos. Não procuro provar nada nem estou aqui pra isso, estou aqui pra tocar, mostrar uma perspectiva diferente e continuar fazendo música.

5) Você aborda o berimbau em sua totalidade e mescla uma linha vocal que se une na percussão, como você percebeu que poderia unir esses dois elementos e potencializar o todo?

O berimbau estava na capoeira como um instrumento solista e eu não sei como ou por que eu criei essa coisa, foi algo que quando eu peguei o instrumento mudou a minha história e eu comecei a encontrar coisas que estavam ali.

Eu não encontrei nada nem criei nada e isso mudou minha forma de pensar, minha música, minha concepção, ele fez eu usar minha voz… Foi tudo por causa do berimbau, tudo que eu faço hoje sai do berimbau e eu transporto ou traduzo para outros instrumentos.

E eu consegui fazer o meu maior trabalho com o ”Saudades”, que foi conseguir fazer um concerto para berimbau com uma orquestra, então eu tirei ele da capoeira e elevei ele como instrumento solista para o mundo todo, porque na África eles usam até hoje como eles fazem aqui, mas ninguém usou ele dessa forma, é sempre pra acompanhar um conto, uma história, alguma coisa assim. O centro da coisa é a capoeira, ele é um acompanhamento e comigo ele foi para o lado principal.

6) O que você anda ouvindo hoje em dia, tem algum percussionista pra indicar?

Tem bastante coisa, eu gosto da turma jovem, tem o Marcus Suzano, gosto muito do trabalho… Tem um pessoal muito bom, eu gosto dos alternativos, aquela história de percussão com bateria, é interessante essa ideia. Eu não uso esse tipo de abordagem, formato, mas é muito interessante, tem gente fazendo grandes coisas com isso também, mexendo até com música eletrônica, é um campo bem aberto.

7) De que maneira o conceito das religiões afro brasileiras influenciou seu trabalho?

A cultura da África é a espinha dorsal da cultura brasileira e por ser negro e ter ascendência africana, claro, eu fui criado ouvindo tudo isso, fui vivenciando e a influência sempre esteve presente.

8) Pra fechar, Naná, gostaria de saber como é o seu processo criativo, se você improvisa sempre ou se chega com alguma ideia já formulada quando adentra o estúdio.

Pra mim, tudo é música. O primeiro instrumento é a voz, o melhor é o corpo e o resto é consequência disso. Então a música pra mim está em tudo, silêncio é a música mais difícil de fazer por que o silêncio é um estado de espírito, às vezes a pessoa está parada mas não está em silêncio, às vezes está na maior zoeira.

Então é muito mais esse processo pra mim, eu só sei fazer música então meu processo de criação às vezes pode trabalhar com trilhas pra ballet, filmes e isso ajuda muito porque faz você pensar, é um processo de trabalho mesmo, sabe.

Dingo Bells: Os Lobos do Mar lançam álbum em Sampa

A primeira vez que ouvi falar da banda foi lá pelo mês de março desse ano, estava assistindo ao show da banda Selton no Coala Festival 2015, aqui em São Paulo, e durante os agradecimentos finais o vocalista Ricardo Fischmann fez um convite para o público presente comparecer ao show de sua “banda irmã”, a Dingo Bells, que aconteceria no dia seguinte.

Bem, eu não pude ir ao show pra conhecer a banda, mas assim que cheguei em casa corri pra internet e dei um like na página deles no facebook, descobri que estavam prestes a lançar um disco e fiquei um tanto quanto ansioso, acompanhando as postagens na rede social. Quando saíram as duas primeiras músicas, “Eu Vim Passear” e “Mistério dos 30”, já deu pra sentir a pedrada que estava por vir.  Disco lançado, instantaneamente entrou pra minha lista imaginária de “melhores discos de 2015”.

Formada por Rodrigo Fischmann (voz, bateria e percussão), Felipe Kautz (voz e baixo) e Diogo Brochmann (voz e guitarra) a Dingo Bells veio, numa rápida passagem por Sampa, lançar o álbum “Maravilhas da Vida Moderna”. O show aconteceu no espaço Itaú Cultural, com participação mais que especial de Felipe Zancanaro (Apanhador Só), Marcelo Fruet e Tomás Oliveira (Mustache e os Apaches) e uma banda de apoio formidável e simpática: o guitarrista Fabricio Gambogi e um naipe de sopros formado por Jaime Freiberger (trompete), Júlio Rizzo (trombone) e Rodrigo Siervo (saxofone).

A banda mostrou estar totalmente segura do trabalho lançado e obteve uma ótima resposta do público, seja cantando em coro o refrão de “Dinossauros” ou entoando o grito final de “Todo Nó”, em músicas mais grooves como “Olhos Fechados Pro Azar” surgiu uma ala dançante que pulava, festejava e até mesmo fazia trenzinho dentro do teatro lotado.

Saí do show com a sensação de “Que show! Que banda! Tomara que eles voltem logo pra cá, quero poder levar meus amigos para curtir toda essa energia”. Muito bom poder assistir a um show tão bem feito, de um álbum tão bacana de uma banda nacional. Fui embora caminhando pela Av. Paulista cantarolando “… eu vim passear”.

Eu, passarinho

Foto: Michael Bulholzer/Reuters

– Vai você primeiro.

Os primeiros raios de Sol tinham aparecido há pouco, por isso todos estavam sentados no fio. Pareciam todos maiores e mais gordos por causa do frio.

– Eu? – respondeu Jorge indignado – O Luís vai descer primeiro hoje. É a estreia dele.

Olhou para o amigo a seu lado, deu umas batidas em suas costas e o encorajou:

– VAI, LUÍS!

E o Luís foi. Depois dele, mais três desceram, beberam da poça d’água e voltaram ao fio.

– Hoje nem está passando carro direito. – disse Carla – É domingo?

– É feriado, Carla. – respondeu Jorge.

Desceram novamente, dessa vez todos juntos e ficaram no asfalto, bebericando da água da poça que se acumulara depois da lavagem que a Dona Nilza fizera no quintal.

– E depois daqui? O que a gente faz? – perguntou Luís, ainda ofegante por ter sido o primeiro a descer naquele dia.

– Vamos visitar a Marisa! O filhote dela acabou de nascer. – sugeriu Carla.

– Então, vamos!

Um carro se aproximou e o grupo saiu voando de volta para o fio de telefone. Jorge ficou até o último segundo e quase – a roda passou tão perto! – foi atingido.

– Nunca mais faça isso, seu Jorge! Quase me mata do coração! – disse Lavínia.

– Você é novinha ainda, querida. Tem muito a aprender. Agora, andiamo!

E voaram ver Marisa.

Björk quer tontear você em clipe gravado com uma câmera 360º

Sempre na vanguarda, a islandesa Björk divulgou um clipe interativo gravado com uma câmera 360º.

A música Stonemilker, do recente álbum Vulnicuraé a trilha sonora de uma Björk cantando e se movimentando na beira de uma praia, na Islândia. O vídeo foi dirigido por Andrew Thomas Huang, parceiro da cantora em vários outros trabalhos de sua carreira.

Para interagir, use os botões no canto superior esquerdo do vídeo para girar a câmera e escolher seu próprio ângulo. Uma opção legal é ficar segurando o clique em uma posição e deixar a câmera girando. Mas, cuidado, a ação pode causar tontura.

O Google Street View dos Oceanos

O Google Street View é uma das ferramentas mais interessantes da internet. Nada substitui a experiência de estar fisicamente em um lugar, mas é também muito interessante e divertido ter uma noção de como são as coisas antes do desembarque.

Só que o serviço não está limitado apenas à parte terrestre do planeta. As profundezas dos mares e oceanos também estão sendo mapeadas pelo Google no programa chamado Oceans.

O Google já registrou cerca de 40 destinos subaquáticos em todo planeta, incluindo os oceanos Atlântico, Pacífico e Índico e o mar do Caribe. O Brasil também já foi registrado, com localidades de Fernando de Noronha disponíveis para uma parcial visita: Ilha do Frade, Barretão, Barretinha, Canal da Sela Ginete, Pedras Secas, Trinta Reis, Buraco das Cabras e Buraco do Inferno. A tartaruga marinha, na capa dessa matéria, foi registrada lá.

A forma de exploração é a mesma do Street View. Faça um teste acima, viajando pelas águas de Barretinha.

Para explorar todas as áreas disponíveis, basta ir ao endereço do Oceans e iniciar a jornada. É muito massa poder ver recifes, cardumes, tubarões, esponjas, navios naufragados e outras vidas e histórias submersas. São poucos os locais identificados, mas é um começo. Ainda mais sabendo que 95% do oceano ainda não foi explorado pelo homem. Mesmo cobrindo 2/3 de toda a superfície da Terra, é um habitat que permanece cheio de mistérios.

No vídeo abaixo, há uma explicação de como são feitas as imagens:

Dina Di: A Saudosa Rainha do Rap

Dina Di

Se hoje temos Negra Li ou Karol Conka, devemos agradecer à atitude de Dina Di, que se levantou e subiu no palco de calça larga e tranças trazendo um RAP de compromisso para um público que não estava acostumado a ouvir uma voz feminina por trás do microfone.

Nascida em Campinas, com todos os problemas familiares possíveis, sem pai na criação e fugida de casa aos 13, Dina Di encontrou tudo que teve na mente engatilhada e no microfone na mão, mas não foi muito, passou muita fome, comia um prato por dia quando muito e morava de favor na casa dos outros.

Tinha medo de ser ‘apenas’ Viviane, sem currículo pra não conseguir nem ser empregada como ela dizia, medo de deixar de ser a rapper que movimentava o público.

“Não cheguei a conviver com a Dina Di, mas sempre fui fã dessa guerreira. Uma mulher de muita luta, fibra, que sempre foi linha de frente e nunca deixou a peteca cair. Ela foi um exemplo de poesia positiva que levou e ainda vai levar esperança para muita gente. Pena que, em vida, ela não recebeu o reconhecimento à altura do que merecia.”
(Criolo Doido)

Fazia questão de explicar suas roupas folgadas no estilo masculino, óculos e boné. Explicava que se trajava daquela maneira para que os manos que acompanhavam seu show não olhassem pra sua bunda, mas sim ouvissem o seu som.

Encontrou-se no grupo Visão de Rua, e na sua música contou a realidade sofrida, relatava todas as histórias as quais passou.

Abandonou a escola na terceira série ao fugir de casa, mas não a escrita. Mesmo com problemas de dicção, trocando r e s, fazendo confusões silábicas, não deixou de demonstrar sua qualidade poética.

Dina Di (2)

Mas não foi só sofrimento sua inspiração, Dina Di encontrou o amor em Thock (Chucky), o qual conheceu na adolescência, época de aventuras e paixões, as quais levaram o seu companheiro a ser condenado à prisão, e fazer o relato retratado na música voltar ao sofrimento, mas agora o sofrimento que se enfrenta ao acompanhar o vão que se tem entre as grades.

Dina Di foi uma das melhores rappers a retratar o que é visitar um detento sendo mulher, tanto em depoimentos em entrevistas, quanto na sua poesia. Relatando desde detalhes claros até sentimentos íntimos, suas músicas demonstraram tudo o que envolve ser mulher de um presidiário.

Levantou a cabeça em cima do palco para o movimento feminino em cima do palco, fazendo a diferença desde o começo, falando contra o movimento ser dominado pelos homens, falando que nunca ‘pagou pau pra homem’, que é aficionada por Racionais, mas não respeita Mano Brown chamar uma mulher de vadia em suas letras ou mesmo não falar de sua mulher nas mesmas.

Dina Di (3)

Sendo indicada a alguns prêmios, tendo como destaque ter vencido o prêmio Hútuz, também tocando com o grupo RZO, lançando seus discos e vendendo boné, camisa do Visão de Rua, conseguiu seguir em frente e se erguer na vida pessoal, se desvencilhando de vícios antigos e descobrindo novas felicidades.

Dina Di (4)

Casou-se no Sesc Itaquera com o seu companheiro, que neste momento havia conseguido a liberdade. Se erguendo, Dina Di estava se realizando, e estava prestes a aproveitar uma de suas maiores realizações, que seria a maternidade da pequena Aline.

“Essa notícia foi um baque e deixou meu sábado muito triste. Dina Di foi uma grande representante do rap feminino e brasileiro. Uma guerreira muito importante, que fez as mulheres ganharem mais respeito na cena. Com a perda dela, todos nós perdemos um pouco da nossa força. Espero que, agora, ela consiga a paz que todos nós procuramos.”
(Thaide)

Quando em um trágico dia pro RAP, pra música nacional e principalmente para a recém-nascida Aline, Dina Di faleceu devido a uma infecção hospitalar contraída no parto.

Não somente o RAP sofre com a perda de Dina Di, em 2010, mas toda a música. Desde cedo a rapper sempre gostou da nata da música. Em entrevista dada no seu casamento, disse que tinha alguns projetos de MPB. Com sua voz sem igual a cantora deixará saudades, mas sua obra e sua conquista nunca será esquecida. Saudosa e rainha, lembrada na rinha de rap e no rádio na quebrada, seremos eternamente gratos à sua obra.

O mais reconhecido álbum do grupo Visão de Rua:

Documentário com a rapper, falando sobre esposas que visitam detentos:

https://www.youtube.com/watch?v=N7VaytSEIPk

Entrevista do casamento de Dina Di, com direito ao show dos melhores rappers da cena no momento (o entrevistador é bem fraco, porém vale a pena):

https://www.youtube.com/watch?v=c_MwTgDUzHI

Como foram feitas as cenas do massacre de Hardhome em “Game of Thrones”

Os bastidores e o making of das cenas do massacre de Hardhome, no episódio 8 da 5ª temporada de Game Of Thrones foram divulgados pela HBO em um vídeo.

As impressionantes cenas mostram finalmente o que todos estavam esperando desde a primeira temporada: a chegada do inverno. O acampamento dos selvagens, em Hardhome, foi completamente dizimado pelos white walkers e seu exército dos mortos. Nem a ajuda de Jon Snow e a patrulha da noite evitou o trágico desfecho para o povo além da muralha.

Os bastidores do massacre de Hardhome

O vídeo abaixo mostra detalhes importantes do episódio, como o trabalho de maquiagem feito nos personagens mortos e selvagens, depoimentos dos produtores, diretores e atores, tomadas puras, sem o posterior uso de computação gráfica, e o cenário, que teve uma boa parte construída de verdade especialmente para as filmagens.

Assista:

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