Poucos minutos após o espetáculo – que espetáculo! – que o Queens Of The Stone Age deixou registrado no Pepsi On Stage, em Porto Alegre, eu gritava para falar com os meus amigos e os meus amigos gritavam para falar comigo. Ninguém se entendia. Nossos ouvidos zuniam, tamanho foi o paredão sonoro que a banda apresentou. Mas pouco importava se nós nos ouvíamos ou não. O papo era sempre o mesmo: Muito foda! Sonzeira! Demais demais! Bah! Destruíram tudo! Que show! Tô surdo! Enfim, essas são as possíveis melhores definições do show. O resto é puro capricho poético, mais ou menos algo que tentarei fazer.

Um amigo disse que you think i ain’t worth a dollar but i feel like a millionaire é a melhor frase para definir o show. Pode ser até. A propósito, foi assim que a banda começou, com um tiro apropriadíssimo. Aquele riff de guitarra que começa tão pesado quanto baixinho levantou todos os corpos presentes no Pepsi até o momento em que estoura de vez e o que é pesado fica mais pesado e o que é baixinho se transforma em um Megazord, sério.

Tão logo a primogênita chega ao fim a banda emenda No One Knows. E aí quando o QOTSA abre o show com as duas primeiras músicas de Songs For The Deaf tu se dá conta da grandiosidade de tudo. No One Knows  é uma daquelas canções que fazem o público imitar o riff com a boca. Não foi diferente dessa vez.

Fechando o triângulo, a banda largou uma das novas. My God Is The Sun manteve o padrão das anteriores e seguiu tremendo o local e as cabeças das pessoas. Pra falar a verdade, tudo tremeu muito até o último suspiro. A fidelidade sonora da apresentação ao vivo em relação ao material de estúdio, com os timbres praticamente idênticos aos gravados, foi fora do comum.

Durante umas duas horas de show, o QOTSA quebrou tudo. E quando deu uma acalmada, tocou só The Vampyre of Time and Memory Make It Wit Chu – suficientemente bem selecionadas. O batera, Jon Theodore, surra muito a bateria, mas surra com uma impecabilidade absurda. E Josh Homme mostrou que é o grande líder de uma grande banda e um dos guitarristas mais criativos que já pisou em Porto Alegre.

(Josh) I feel so good tonight. How do you feel tonight, Troy?
(Troy) I feel wonderful!

A turnê é boa parte direcionada ao álbum …Like Clockwork (2013), com 7 músicas no repertório. Mas não só isso. Rated R (2000) teve 2, Songs For The Deaf (2002) teve 6, Lullabies To Paralize (2005) teve 3 e Era Vulgaris (2007) teve 4 músicas. Só o álbum de estreia, Queens Of The Stone Age (1998), foi descartado da apresentação e não pontuou. Esse foi o placar do fim de semana.

Dificílimo selecionar um momento alto do show, mas destaco aqui o início (já explicado), uma sequência de sonzeiras que começou com Feel Good Hit of the Summer e terminou em Little Sister, o feliz aniversário falso de Michael Shuman anunciado por Troll Homme e, claro, a finaleira tradicional: A Song For The Dead.

O QOTSA teve uma curta passagem pelo Brasil. Começou em São Paulo, dia 25 (leia aqui como foi o show em Sampa) e acabou em Porto Alegre no dia 27. Jamais a banda esteve tão no auge quando veio pra cá. Mais que um show, uma terapia sonora de alto nível.

Texto originalmente escrito na sala de espera de um consultório médico de otorrinolaringologia.

http://youtu.be/jdmpQt8R4Cs

SET LIST

You Think I Ain’t Worth a Dollar, but I Feel Like a Millionaire
No One Knows
My God Is the Sun
Burn the Witch
Smooth Sailing
In My Head
Kalopsia
Feel Good Hit of the Summer
The Lost Art of Keeping a Secret
The Vampyre of Time and Memory
If I Had a Tail
Little Sister
Turnin’ on the Screw
Fairweather Friends
I Sat by the Ocean
Misfit Love
Make It Wit Chu
Sick, Sick, Sick
Go With the Flow

BIS:
Hangin’ Tree – com Alain Johannes
Do It Again
A Song for the Dead

Bônus: #QOTSA / #QueensOfTheStoneAge / Pepsi On Stage