De Elonie Lopes à Paula Sibilia: a arte e dois pontos de vista sobre o corpo feminino

Elonie Lopes

Mais do que representar como o corpo feminino é espetacularizado e quanta sensualidade pode carregar, a arte da artista francesa Elonie Lopes expressa a crítica social sob o ponto de vista feminino sobre o que é ser mulher e como ser em uma sociedade com raízes tão profundas na cultura patriarcal.

Foi-se o tempo em que as medidas perfeitas da mulheres eram discutidas. Não que essa pauta tenha caído no esquecimento completo, mas a luta pela quebra de padrões tem ganhado força e, pelas cores de Elonie, ganha força também.

Mulher, artista e tatuadora. Três fatores determinantes para a identidade de quem usa a arte para questionar os padrões sociais, a manipulação, digital influencers, a dependência das redes sociais e do quanto nossa sociedade é mediada pelas redes.

Quantos likes a sua última foto publicada ganhou? Qual foi a última vez que você se permitiu sair sem fotografar? E quantas vezes usou o tinder só para preencher aquela lacuna emocional? Se você precisou parar para pensar a respeito dessas situações, pense com quais personagens e em quais cenas você já se encontrou.

O hábito de desenhar foi cultivado desde a infância por Elonie, que é formada em Design Gráfico e transpõe para o seu trabalho as influências que vieram da Pop Art, das pin-ups e do street style.

Elonie é uma artista claramente pop, mas ácida. A pesquisadora argentina radicada no Rio de Janeiro, Paula Sibilia, fez na pesquisa o que Elonie faz nas artes e dedicou-se a estudar como a representação do corpo feminino é explorada, sexualizada e midiatizada. Para a pesquisadora e ensaísta, essa exploração midiática faz com que a sociedade conviva com inúmeras questões, que abrangem desde o constrangimento motivado por um conjunto de crenças e valores que transformam o corpo em um objeto de adoração ao mesmo tempo que o desumanizam, lhe tiram o direito de adoecimento, envelhecimento ou sobrepeso.

Os mitos da beleza, saúde e juventude estudados por Paula Sibilia parecem perfeitamente transpostos para os desenhos de Elonie Lopes. A tríade de mitos que cercam não só o corpo feminino, mas permeia a noção de feminilidade e perfeição, transformam-se em crítica imagética, pois a mensagem não verbal extrapola qualquer interpretação, nos fazendo realmente acreditar que, se a imagem não vale mais que mil palavras, pelo menos nos ajuda a expressar o que ainda não conseguimos nomear.

Elonie transforma o olhar feminino em traço, crítica e catarse. Conheça a artista:

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