Elvis Presley gravou mais do que um disco de rock’n’roll em 1956, gravou o disco que impulsionou sua carreira e imortalizou sua voz em canções populares da época.
“Gosto dessa música que o Elvis compôs, Blue Suede Shoes”. Alguém na vida já pensou isso, com certeza. Pensou errado. “Blue Moon do Elvis é muito linda”. Sim, é, mas também não foi ele que compôs. Nenhuma música é de autoria original de Elvis Presley nesse álbum de estreia.
“Então por que diabos esse disco é tão importante?”. Porque é o primeiro do Elvis e isso já deveria ser o suficiente. Tem duas coisas que o tornam esse disco memorável. A voz de Elvis Presley que com o disco passou a ser disseminada pelos Estados Unidos e as guitarras gravadas por Scotty Moore, um dos mais importantes e talentosos guitarristas da história e, que assim como Elvis, ainda está vivo (de verdade).
Além da música, a capa também é memorável. A foto foi registrada por William V. “Red” Robertson em 31 de julho de 1955, em Tampa, Florida. Quem acha essa capa inesquecível sou eu e The Clash, que homenageou o Rei do Rock com a capa de seu melhor disco, London Calling, em 1979.
Elvis Presley (1956) – Faixa a Faixa
Disponível para ouvir no Eu Escuto
1. Blue Suede Shoes
“Well it’s one for the money, two for the show, three to get ready now go, cat, go”. A primeira música do primeiro álbum de Elvis começa com o que mais marcou sua carreira, a inconfundível voz. Uma das mais conhecidas gravações de Elvis tornou-se um clássico. Música de Carl Perkins.
2. Counting On You
Elvis ficaria conhecido e muito por suas baladas anos depois. Não é o foco do começo de sua carreira, porém Counting On You é um preâmbulo do que viria acontecer. Composta por Don Robertson, é uma sincera canção de amor e uma súplica à cumplicidade. I’m counting on you dear around the dawn of each day, to always come true, dear, in your kind lovin’ way.
3. I Got a Woman
Depois de uma balada, Elvis volta ao rockabilly com I Got a Woman. Considerando o ano de 1956, Elvis foi bastante pretensioso ao regravar uma música de um compositor negro. Estamos falando aqui de Ray Charles. A música é reta, mantendo o mesmo ritmo do início até o…quase fim, quando nos últimos segundos é encerrada com uma pertinente e curta levada de blues.

4. One-Sided Love Affair
Essa é uma das músicas que devem ter deixado muitas mulheres apaixonadas pelo Rei. If you want to be loved, baby, you’ve got to love me, too. Oh yeah, ‘cause I ain’t for no one-sided love affair. Não há mulher na década de 1950 que não se encantaria com esses versos no ritmo dançante imposto por Elvis. Não há. A música é de Bill Campbell.
5. I Love You Because
Após dois rockabillys fervorosos, Elvis volta com uma balada. Composta em 1954 por Leon Payne, ganhou essa versão romântica, melosa e apaixonada de Elvis. No matter what the world may say about me, I know your love will always see me through. I love you for the way you never doubt me.But most of all I love you ‘cause you’re you.
6. Just Because
Elvis era bipolar, isso está escrito na vasta bibliografia sobre o Rei. O que tem a ver com o primeiro disco é que essa música seguinte torna o álbum também bipolar. Just Because, composta em 1929 por Joe Shelton, Sidney Robin e Bob Shelton é um rockabilly livre. Além do ritmo, da voz e da letra que em palavras contemporâneas toca o foda-se, a faixa contém uma maravilhosa linha de guitarra de Scotty Moore, guitarrista que vale a pena ser lembrado.
7. Tutti Frutti
Awop-bop-a-loo-mop alop-bam-boom. Uma das onomatopéias mais famosas do rock. A música gravada originalmente por outra grande estrela, Little Richard, é sem sombra nenhuma de dúvida, uma música que mudou a história do rock. Elvis fez uma versão mais rápida e menos “gritada”, caracterizando sua voz grave em vez dos sônicos agudos de Little Richard. Eu diria que as duas versões se completam.

8. Trying To Get You
Voltamos a uma balada. I’ve been traveling over mountains. Even through the valleys, too. I’ve been traveling night and day. I’ve been running all the way. Baby, trying to get to you. É uma clássica canção de uma alma apaixonada fatalmente separada do amor pela distância, composta por Rose Marie McCoy e Margie Singleton.
9. I’m Gonna Sit Right Down (And Cry Over You)
A nona canção é um pré-lamento. Composta por Howard Biggs e Joe Thomas, Elvis faz um ritmo dançante sobre uma letra triste, uma ameaça de alguém que irá espernear e chorar se perder a pessoa que ama. Simplicidade nos versos e na música. I’m gonna love you more and more every day. I’m gonna love you more and more in every way. And if you say good-bye. If you ever even try. I’m gonna sit right down and cry over you.
10. I’ll Never Let You Go (Little Darlin’)
O auge da melancolia no disco de estréia do Rei está nessa faixa. Perto do fim, uma mudança rítmica transforma a música de melancólica a alguma coisa parecida com uma confiança empolgante (não sei de onde veio isso). I’ll never let you go, little darlin’. I’m so sorry ‘cause I made you cry. I’ll never let you go, ‘cause I love you. So please don’t ever say good-bye. Os versos são de Jimmy Wakely.

11. Blue Moon
Quem não conhece Blue Moon? Blue moon, you saw me standing alone. Without a dream in my heart. Without a love of my own. Lembrou? A bela balada amplamente regravada até os dias atuais e em distintas versões. A tradicional canção foi escrita em 1943 por Richard Rodgers e Lorenz Hart. No ano passado foi a vez do Beady Eye regravar com a radiofônica voz de Liam Gallagher. Mas deixaremos o Beady Eye para uma próxima vez, Blue Moon de Elvis é soturna e bem baixinha, destacando a voz de Elvis acima do instrumental.
12. Money Honey
Para terminar aparece de vez no disco a alma blueseira de Elvis. Money Honey, escrita por Jesse Stone é um blues certeiro, tradicional e sem mistério. É para terminar o disco com o ânimo alto apesar de a música terminar subitamente, quase que de forma preguiçosa. She said I’d like to know what you want with me. I said money, honey.