Em 22 de fevereiro ocorrerá a 87ª cerimônia de entrega dos prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood – mundialmente conhecido como Oscar.
No clima tradicional que acompanho ao longo dos anos, novamente deixo abaixo os meus palpites (apenas das principais categorias), apostas e suas justificativas.
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Melhor Filme
Quem leva: Boyhood
Porque os jurados da Academia gostam e apreciam como o filme é estruturado. Ainda que muitos achem que o filme é sobre o nada seguindo para lugar nenhum, Boyhood é com justiça o favorito para premiação mesmo não sendo líder de indicações.
Quem eu gostaria: Boyhood ou Birdman
Coloco Boyhood porque mesmo antes do anúncio dos indicados no mês de janeiro, já colocava o filme como potencial favorito. É um belo filme. No caso de Birdman existiu uma clara identificação e admiração pela estrutura na qual o filme foi concebido. É uma produção majestosa.
E os outros?
A Teoria de Tudo, Sniper Americano, Selma, O Jogo da Imitação, Whiplash e o líder de indicações O Grande Hotel Budapeste são ótimas produções e cada qual com destrezas muito bem empregadas, mas correm muito por fora dos critérios obscuros do Oscar. Talvez o maior azarão dentre estes seja O Jogo da Imitação e Whiplash. Não seria nenhum absurdo algum dos dois conseguir o prêmio principal da noite.
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Melhor Atriz
Quem leva: Julianne Moore
Porque sua atuação em Still Alice é sem dúvida primorosa, mas certamente sua glorificação na noite de amanhã somaria toda uma carreira de papéis marcantes e emocionantes. Pelo conjunto da obra, Moore deve prevalecer
Quem eu gostaria: Rosamund Pike
Talvez a maior zebra entre as indicadas. Não pela sua atuação magnífica em Gone Girl, mas sim por ter surgido do nada. Pike tinha filmes medianos para não dizer inexpressivos no seu currículo e de repente chocou o mundo com sua atuação no longa de David Fincher. E fora uma atuação tão honesta, deslumbrante e assustadora que não seria um absurdo se ela levasse o prêmio.
E as outras?
Marion Cotillard e Reese Whiterspoon são figurinhas carimbadas na premiação. É inegável o talento de ambas, assim como ambas já tiveram trabalhos melhores se comparadas com as outras atrizes no páreo. Ainda assim, qualquer uma das duas chegará amanhã com chances. Por último a queridinha do momento Felicity Jones, que concorre por A Teoria de Tudo. Talvez a Academia surpreenda e ela ganhe, mas coroar Jones por sua atuação segura, mas sem qualquer empatia me leva a crer na teoria que de tempos em tempos o Oscar escolhe uma jovem musa pra coroar – mesmo ela não estando na sua melhor forma artística.
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Melhor Ator
Quem leva: Eddie Redmayne
Dificilmente alguém tira o prêmio do intérprete de Stephen Hawking nos cinemas. Existe toda uma conjuntura para coroar alguém que vive uma personalidade com limitações ou doenças degenerativas. Existe uma empatia natural com isso. Todavia, isso não quer dizer que Redmayne não tenha sido sublime ou que deveria haver repulsa ou preconceito com certos tipos de história. A vida do físico aos olhos dos jurados deve ser separada do papel vivido nos cinemas, e isso é algo difícil de levar em consideração.
Quem eu gostaria: Michael Keaton
Keaton é um ator que surgiu da comédia e foi renegado tempo demais por Hollywood. Por problemas pessoais ou por ter feito o Batman de Tim Burton, pouco importa. A atuação do veterano ator em Birdman em soberba e muito honesta.
E os outros?
Tanto Bradley Cooper quanto Steve Carell tiveram atuações fortes e memoráveis nos seus respectivos Sniper Americano e Foxcatcher, mas não os vejo ainda – talvez por conta dos filmes não tão empolgantes como favoritos. Quem corre por fora é Benedict Cumberbatch. Seu Alan Turing em O Jogo da Imitação é sublime e ousado, mas os jurados gostam de uma zona de conforto, então premia Cumberbatch seria sair dessa zona. É possível.
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Melhor Diretor
Quem leva: Wes Anderson
O Grande Hotel Budapeste é de longe um dos filmes mais inovadores dos últimos anos, mas premiar Anderson seria na verdade uma forma de compensar o criativo e surrealista diretor por tantas outras obras já feitas.
Quem eu gostaria: Richard Linklater
Porque Linklater rompeu barreiras ao criar um filme a partir do nada e ter conseguido manter o espírito da produção intacto e ao mesmo tempo contínuo durante os 12 anos de filmagens, dos quais equipe e atores e reuniam apenas durante 3 meses ao ano. Vendo o produto final você não nota quebras, e sim um crescimento natural e legítimo de todos os envolvidos. Isso é muita responsabilidade para um diretor, acredite.
E os outros?
Alejandro González Iñárritu talvez seja o nome a ser batido, mas o norueguês Morten Tyldum fez um excelente trabalho em O Jogo da Imitação e tem chances. O azarão dos indicados nesta categoria é Bennett Miller, de Foxcatcher.
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Melhor Ator Coadjuvante
Quem leva: JK Simmons
Talvez o prêmio mais indiscutível deste ano. Simmons em Whiplash é simplesmente inesquecível.
Que eu gostaria: Robert Duvall
O veterano ator teve uma atuação poderosa em O Juiz pra não dizer emocionante. Seria no mínimo interessante ver sua consagração.
E os outros?
Ethan Hawke, Edward Norton e Mark Ruffalo tiveram atuações maravilhosas nos seus respectivos filmes Boyhood, Birdman e Foxcatcher, mas daí algum deles sair da noite de amanhã com a estatueta nas mãos seria uma completa surpresa.
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Melhor Atriz Coadjuvante
Quem leva: Patricia Arquette
Assim como Simmons, na categoria coadjuvante dificilmente alguém bate Arquette. Seu trabalho em Boyhood é de encher os olhos.
Quem eu gostaria: Meryl Streep
Seria inusitado ver Streep ganhando pelo fraco Caminhos da Floresta. Na verdade, indicar a atriz ano após ano é meio que tortura, mas até a própria já desistiu de pedir para ser ignorada, então pelo conjunto da obra entreguem para Streep.
E os outros?
Laura Dern, Keira Knightley e Emma Stone foram gentis e interessantes nos seus papéis, mas dificilmente alguma das três vencerá amanhã.
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Melhor Roteiro Original
Quem leva: Richard Linklater
Não há como negar a originalidade do roteiro de Linklater ao mesmo tempo que é alternativo ele atende os moldes técnicos que a Academia gosta. Ao lado de Alejandro G. Iñárritu e Cia por Birdman, certamente são os nomes a serem batidos.
Quem eu gostaria: Dan Gilroy
Roteiro original é algo complexo nos dias de hoje na indústria cinematográfica. Particularmente me interesso por boas histórias e se elas puderem vir com algum tipo de mensagem contestadora e atual para a sociedade melhor ainda. Neste ponto, o roteiro de Gilroy em O Abutre atende tudo e isso e mais um pouco. O seu trabalho foi uma grata surpresa e seria justíssima sua premiação.
E os outros?
Wes Anderson e Hugo Guinness (O Grande Hotel Budapeste) são candidatos reais a levar o prêmio, mas E. Max Frye e Dan Futterman por Foxcatcher? Improvável.
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