Acordei às 10 horas da manhã. Cansado pacas diga-se de passagem. Ontem foi um dia bem corrido, acordei cedo, estudei para uma prova de Planejamento de Marketing, mas no fim das contas nem estudei. Cheguei na faculdade e fiquei só esperando as benditas 20:00 horas no relógio, porque às 21:00 precisava estar em outro lugar, e chovia… Ah como chovia.
Acho que nunca acabei uma prova tão rápido na vida. Fiz a mesma normalmente, mas sabia que teria que ser especialmente rápido, afinal de contas, às nove horas da noite teria um encontro marcado com Paul Sir McCartney, e como não é sempre que isso acontece, jamé poderia me dar ao direito de chegar atrasado.
Dito e feito, acabei a prova em 20 minutos, saí correndo até o metrô na estação República e daí pra frente segui, (correndo) até a Barra Funda, sem antes correr novamente até a Allianz Parque, a popularmente conhecida “Arena Ananias”, o estádio do Palmeiras, palco de minha reunião com o senhor Paulo. Afinal de contas tomar um chá era preciso para esquentar a mente na garoa de sampa.
Cheguei no estádio pingando, e ao me direcionar ao portão “A” percebi que já eram nove horas. Fiquei tenso pois estava em uma das maiores filas da história, e enquanto era parte daquele emaranhado fazendo cosplay de 25 de março, pensei que Paul tomaria chá sem mim.
Sei que às 21:20 estava dentro do estádio. Plateia superior, mais especificamente sentado em um degrau de escada, tirei meu chá da garrafa térmica, e brindei quando às 21:45 vi o próprio (“MacCa”) concluindo sua xícara de Twinings e pegando seu icônico Hofner.
E daí pra frente é história. Aliás você, cidadão que esteve presente no show de 25 de novembro de 2014, tenha em mente que um show do Paul não serve só para sair nas redes sociais, serve para decidir uma vaga de emprego em uma grande empresa, rende décadas de histórias e simplesmente zera sua contagem de shows, afinal de contas quem consegue ver o Sir não precisa ver mais show nenhum na vida.
Os mais de 45.000 presentes viram a grandeza de um gênio. É bem clichê pegar um músico mais velhaco e dizer que “Ele está com fôlego de menino”. Mas vejam o exemplar da Beatlemania, são 72 anos de idade e ontem ele pulou por 2 horas e 40 minutos. Meu avô tem a mesma idade que o mestre, e só de ir no mercado na esquina de casa o outro velhaco já sente o baque.
O Palmeiras anda tão bem das pernas que o show do britânico foi uma das poucas alegrias que a torcida teve neste ano, inclusive a canção mais pedida foi Help, só que Paul resolveu mudar e abriu os trabalhos, de forma elétrica, ao som de Eight Days A Week.
Foi um show fantástico. Em vários momentos simplesmente parei de olhar para frente e fiquei admirando a reação das pessoas. Vários pais com seus filhos, outros na casa dos 70 tal qual o músico em ação… Foi uma energia absurda, e me senti especialmente feliz por fazer parte daquilo. E Paul uniu sua vasta gama de fãs dando uma bela geral por sua carreira.
Ouvimos sons de seu último disco de estúdio (New, lançado em 2013), Wings (Band On The Run) e claro, Beatles, com temas da fase psicodélica e da Beatlemania, ao som de Ob-La-Di Ob-La-Da‘, fora uma versão instrumental de Foxy Lady em tenra homenagem ao mestre Hendrix.
Paul é imparável, é absurdo como o cara gosta do que faz, foram quase três horas de show e ele ia pra guitarra, pegava o baixo, corria para o piano, fazia vocal e ainda tirava onda de ukulele, à la George Harrison. Em diversos momentos sua banda nem precisava acompanhar… É normal ver um show e em certos momentos notar que o músico principal está fazendo os vocais e outro instrumento sozinho, sem apoio, mas igual a esse cara eu nunca vi.
Ele simplesmente possui luz própria, um magnetismo que é inexplicável, e caso o senhor duvide, tente segurar um estádio lotado mandando Let It Be na viola, ou Something no ukulele. Fora que como se não bastasse o cara ainda ganha a multidão pela simpatia, citou a “mulecada”, chamou os corinthianos em território inimigo falando “Que é nóis”… Colocou 45 mil pessoas no bolso com a naturalidade de quem canta no chuveiro.
Seja yesterday, today ou até mesmo tomorrow, vai ser difícil ver um cara com esse arsenal de qualidades, fora sua genialidade, sua banda (também) quebrou tudo. O baterista era um monstro, o kit balançava tanto que era visível pelo telão. Temos que fazer uma campanha pra naturalizar o cidadão, o “menino” vem tanto que até já fala nossa língua melhor do que muito nativo! Grande show, e Paul, não se esqueça: É nóis sempre, e fique frio, se eu pegar DP na faculdade foi por uma boa causa!
Set List
Eight Days A Week
Save Us
Foxy Lady
All My Loving
Listen To What The Man Said
Let Me Roll It
Paperback Writer
My Valentine
1985
The Long And Winding Road
Maybe, I’m Amazed
I’ve Just Seen A Face
We Can Work It Out
Another Day
And I Love Her
Blackbird
Here Today
New
Queenie Eye
Lady Madonna
All Together Now
Lovely Rita
Everybody Out There
Eleanor Rigby
For The Benefit Of Mr. Kite
Something
Ob-La-Di Ob-La-Da
Band On The Run
Back In The USSR
Let It Be
Live And Let Die
Hey Jude
BIS
Day Tripper
Hi Hi Hi
I Saw Her Standing There
Yesterday
Helter SkelteRr
Golden Slumbers
Carry That Weight
The End