O Pix, que revolucionou o mercado financeiro brasileiro, agora conquista os argentinos. O sistema de pagamento instantâneo já se tornou um dos meios preferidos para turistas que visitam o Brasil e movimentou mais de US$ 150 milhões entre janeiro e fevereiro deste ano. Quem surfa essa onda é a Belo, uma fintech argentina que viu sua operação disparar ao facilitar transações com o Pix.
Esse volume supera os US$ 115 milhões movimentados ao longo de todo o ano de 2024, mostrando como a solução caiu no gosto dos vizinhos sul-americanos.
Como o Pix conquistou os argentinos?
Os argentinos sempre tiveram uma forte presença turística no Brasil, frequentando principalmente o litoral de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Nordeste. Mas, até pouco tempo atrás, realizar pagamentos no país era um desafio para quem não queria depender do câmbio tradicional e das altas taxas de conversão.
A Belo percebeu esse movimento e aproveitou a oportunidade. Com sua tecnologia baseada em stablecoins, a startup criou um sistema onde os usuários depositam pesos argentinos e convertem automaticamente em reais para pagamentos via Pix.
O resultado?
- Turistas argentinos pagam via QR Code ou número de telefone como qualquer brasileiro.
- Mais praticidade e economia na conversão cambial.
- Adoção rápida e impulsionada por influenciadores digitais.
Segundo Manuel Beaudroit, CEO da Belo, o sucesso foi imediato:
“Cresceu muito rápido, principalmente impulsionado por influenciadores de viagem e de lifestyle, que viram essa como a forma mais conveniente de pagar no Brasil.”, disse em entrevista à Bloomberg Línea.
A disputa pelo mercado de pagamentos cross-border
O mercado de pagamentos internacionais já chama atenção de gigantes como o Mercado Pago, que também lançou uma solução para brasileiros pagarem via Pix na Argentina por meio de QR Code.
Com a recente valorização do peso argentino, devido às mudanças econômicas do governo Javier Milei, a tendência é que mais turistas argentinos continuem a optar pelo Brasil como destino – e soluções como as da Belo se consolidem.
Mas a fintech argentina não quer ficar limitada ao turismo. Ela busca se tornar uma plataforma completa para latino-americanos que ganham em dólar ou euro e precisam de soluções financeiras locais.
A estratégia da Belo para crescer na América Latina
A startup está expandindo suas operações para o Brasil e o México, mercados estratégicos para ampliar seu portfólio de serviços.
Quais são os próximos passos?
- Entrada no Brasil, com escritório em São Paulo.
- Lançamento de um produto voltado a criptomoedas e pagamentos cross-border.
- Expansão para serviços como recarga de celulares, gift cards e câmbio de criptomoedas.
Hoje, a Belo já opera com rentabilidade, registrando margens brutas acima de 70% e crescendo sem depender de novos aportes. Mas, para acelerar a expansão, a fintech avalia captar novos investimentos, somando-se aos US$ 4,2 milhões já levantados com fundos como CRV, The Venture City e Latitude.
O Pix segue rompendo fronteiras, provando que um sistema de pagamento rápido, seguro e acessível pode impactar além do Brasil. Com mais empresas investindo em soluções cross-border, a tendência é que cada vez mais latino-americanos utilizem o Pix para além do turismo.
Será que veremos um futuro onde o Pix se torne uma referência global em pagamentos instantâneos?