O filme “Não empurra que é pior”, que tem nome baseado na letra da música do grupo Trilha Sonora do Gueto “Num impurra ké pió”, pede financiamento para ajudar a confeccionar figurinos, alugar e comprar objetos de cena, produzir cenários, pagar locação de filmagem e alimentação/transporte da equipe e de todo o equipamento. E também está inclusa a taxa de 12% cobrada pelo kickante, plataforma que faz a conexão dos investidores com os financiados.

Na hora de ajudar, algumas opções são oferecidas de recompensas, como o nome incluído na lista de agradecimentos, boné, camisas, link para assistir o filme antes da estréia, cartaz do filme, DVD do filme, livro da história do Cascão e alguns outros.

No site está também disponível uma breve sinopse do filme:

“A partir do ponto de vista de Cascão – Djalma Oliveira Rios – Cantor do grupo de RAP “Trilha Sonora do Gueto”, a história de duas famílias de diferentes classes, envoltas pela violência social, é contada.

De um lado, no Capão Redondo do fim da década de 1980, a família do senhor Maninho e Dona Edna perde por engano seu filho mais novo, Cazuza. Ele é assassinado pelos “pés de pato”, figuras conhecidas nas comunidades que dominavam junto com polícias militares a segurança dos comércios e decidiam quem tinha o direito de viver.

Por outro lado, a família de Oswaldo e Flávia, políticos residentes em Alphaville, bairro de classe alta de São Paulo, que desviam verba pública destinada à saúde, e acabam por acolher o filho mais velho da empregada doméstica Edna em sua casa.

Em meio a esse ambiente encoberto pela corrupção e criminalidade, encontramos Edemir, o filho sobrevivente de Sr Maninho e Edna. Este acaba sendo o fio condutor das duas histórias.

Protegido por sua mãe, fica até o início da sua vida adulta na casa do casal abastardo, mas ao se apaixonar por Juliana, filha do casal, acaba voltando para comunidade em busca de vingança e atrás dos assassinos de seu irmão”.

https://www.youtube.com/watch?v=rxDYzj4zlm4

Sobre o Cascão

Nascido em 1972, Djalma Oliveira Rios, filho de retirantes, morador do bairro do Capão Redondo.  Preso oito vezes na atual Fundação Casa e antiga Febem, fugiu sete. Ao completar dezoito anos foi condenado a treze anos de reclusão, vivendo diversas situações dentro de dezenas de casas de detenção que o fizeram mudar seu caminho.

Foi exilado, mas nunca se aprisionou. Pensava e reagia a todos os desafios que se apresentavam em sua vida, sendo ‘ligeiro’ sempre para conseguir sobreviver.

Dentre as situações contadas que o levou ao desespero em seu tempo em exílio, uma é extremamente interessante. Contando que via o dom nos amigos: ‘um era mecânico, outro era médico’ e ele por não achar que tinha talento algum, se autodenominava de palhaço e contava piadas.

Palhaço é a máscara que usou quando praticava seus crimes, quando roubava bancos. Mas principalmente, devido a essa mesma alusão de criminoso, o seu DJ, o DJ Soneka, também usa a mesma máscara. E mais do que um palhaço, o grupo naquele momento do show, consegue fazer o público ir além e não parar somente pra refletir nas pancadas que sofre, mas ter motivos para levantar. E mais alto do que as risadas que o palhaço conquista, arrancar do povo pobre o grito do sofrimento, para libertar o povo de todo sentimento ruim que o alcance.

No ano de 1990, viveu o que é perder um parente próximo. Grafiteiro, o irmão foi encontrado junto a dois amigos, todos com diversos ferimentos, assassinados brutalmente. Justificando a morte, policiais da ROTA disseram que trocaram tiros com as vítimas.

Cascão

Para uma pessoa que vive dentro de uma favela, é difícil acreditar em troca de tiro na hora em que se encontra um delito cometido por um policial. É impossível encontrar alguém que não tenha passado por uma revista ‘truculenta’: com arma na cara, sendo derrubado no chão e tendo a certeza de que essa revista fosse no escuro, não teria como sair vivo da mesma.

A repressão sempre foi algo muito clara e presente nas periferias, ser taxado de marginal por viver as marginais – fora do centro – é algo que vira cotidiano na vida de um favelado.

E dos diversos braços que o governo deveria mandar para a favela – como educação, lazer e segurança – o único escolhido foi esta repressão. Assim, a revolta fica latente para qualquer um que nasceu com o mínimo de espírito de luta contra a própria degradação.

As letras do Cascão e seu grupo, o Trilha Sonora do Gueto – nas diversas formações que o grupo já teve – tem como objetivo denunciar algumas mazelas que o governo produz e incentivar os movimentos de revolta em busca não só da paz, mas de a melhoria de vida do pobre.

Cascão se formou em Direito e Teologia, conquistou e conquista – não sozinho e não apenas para si – diversas melhorias. Mesmo tendo sofrido todas as injúrias que somente um jovem que viveu no Capão Redondo nos anos oitenta viveu, conseguiu conquistar uma vida melhor e seu próprio espaço. Mais que apenas batida para balançar a cabeça, o cantor demonstra que sempre há tempo, que as mazelas podem fortalecer o homem, tanto nas letras do TSG quanto nas do seu grupo Gospel Sem Nome Nem Placa.

Para ajudar:

http://www.kickante.com.br/campanhas/nao-empurra-que-e-pior-financie-nosso-filme

DVD do grupo Trilha Sonora do Gueto:

Testemunho do Cascão, onde fala de alguns desafios que superou em sua vida:

O título deixa claro que o repórter não entendeu muito bem o que disse o Cascão, mas nessa entrevista ele explica algumas coisas, dentre elas o significado de “Pé de pato”: