Olha só que louco. Ontem mesmo se tornou acidentalmente pública uma matéria pré-pronta de um grande portal brasileiro a respeito da morte de BB King. O texto estava praticamente finalizado, com exceção de detalhes como data, local, fonte e causa da morte, toscamente substituídos por xxxx.
Faz parte da chamada agilidade jornalística, onde segundos de diferença podem determinar quem dará o furo por primeiro. Essa estratégia não é uma novidade. Ainda que haja imprevistos e longas demoras para irem ao ar (aposto que desde a década de 1980 todos os jornais possuem já uma nota pronta sobre a morte de Keith Richards ou Ozzy, por exemplo). Isso é importante, de certa forma, para que nós fãs saibamos rapidamente o que aconteceu com nossos ídolos. Mas, me colocando nessa situação em particular, seria como escrever previamente sobre a morte de um amigo.
Doloroso seria escrever sobre algo que a gente não gostaria de vivenciar. BB King é um amigaço meu, e de todos que tocam guitarra ou que a apreciam. E eu não queria estar falando sobre esse inevitável acontecimento.
O rei do blues, diagnosticado com diabetes do tipo 2, estava frequentemente sendo internado em hospitais durante esse ano. A cada notícia de alta de BB King era um alívio para os blueseiros do planeta. O alívio agora se tornou tristeza. Eric Clapton que o diga:
BB King a dear friend and inspiration to me….
Posted by Eric Clapton on Sexta, 15 de maio de 2015
BB King dormia quando a morte o abraçou, em sua casa em Las Vegas. Tranquilo e sem sofrimento ele se foi, de acordo com as fontes mais próximas. Tranquilo é impossível não ficar quando ele faz a Lucille gritar, chorar e sussurrar. Econômico, calmo, de boas e tecnicamente impecável. BB King sabe melhor do que ninguém como menos pode ser mais.
The thrill is not gone, my king. The thrill remains thanks to you. Na Terra, BB King viveu durante 89 anos, mas na história da música viverá para sempre. Descanse em paz!