Por mais que você corra, irmão
Pra sua guerra vão nem se lixar
Esse é o xis da questão
Já viu eles chorar pela cor do orixá?
E os camburão o que são?
Negreiros a retraficar
Favela ainda é senzala, jão
Bomba relógio prestes a estourar

A produção do vídeo que está no fim desse texto é cinematográfica. Tem gente até elogiando o Emicida, chamando o clipe de “produção hollywoodiana”. Faz sentido em relação aos termos técnicos. Mas só. Hollywood não teria vivência para contar essa história.

Na letra de “Boa Esperança”, Emicida reflete sobre o racismo e a desigualdade social no Brasil e, como de costume, põe os dez dedos das mãos na ferida da sociedade, e aperta com força.

Meu sangue na mão dos radical cristão. Transcendental questão, não choca opinião. Silêncio e cara no chão, conhece? Perseguição se esquece? Tanta agressão enlouquece.

A música é uma obra conjunta. Tem letra de Emicida, refrão de J Ghetto e beat de Nave. O título “Boa Esperança” é uma referência a um navio negreiro do livro “A Rainha Ginga”, do angolano José Eduardo Agualusa.

Para produzir o clipe, dirigido por Kátia Lund e João Wainer, foi escolhido um tema que tem sido bastante relevante nas discussões atuais: o trabalho doméstico e a exploração dos patrões.

Como o clipe é praticamente um curta-metragem, é justo não falar muito pra não estragar a surpresa. Mas, digamos que, condiz sobretudo quando Emicida canta que “tanta agressão enlouquece”. Só mesmo a insanidade pra causar tanta revolta, como vemos no vídeo. Insanidade e revolta que não vêm de graça. Vêm como consequência. Bomba relógio prestes a estourar, concorda?

Na madrugada do lançamento do vídeo, Emicida trocou uma ideia com os fãs pela página do Facebook. Particularmente essa resposta foi sensacional:

Emicida

Sem mais. O clipe está abaixo e pronto para ser degustado: