“…Uma coisa difícil de explicar é a inspiração, mas talvez tenha a ver com o nome Psicodália, se ficar psicodélico, se consegue inspiração, né?”
Essa foi a primeira resposta de Arnaldo à jornalista de uma emissora de TV que pediu uma dica aos novos compositores brasileiros. Anotado?
O Mutante emana o que Raul Seixas pode descrever, “controlando a minha maluquês misturada com minha lucidez”, ele hipnotizou todas as pessoas na sala.
O que podemos esperar do show amanhã?
Eu vou fazendo isso num acordo de colorir, de acordo com o que eu sinto no astral, às vezes pode ser caipira, às vezes pode ser música espacial, eu vou ser o que eu vou ser.
E foi assim, um piano, flores, Arnaldo e o improviso, como se estivesse na sala de casa tirando um som. De fato rolou do caipira ao espacial, “fui andando num caminho, me encontrei com uma coruja, eu pisei no rabo dela me chamou de bunda suja, gurum gurum gudum…” música do folclore que o avô costumava cantar.
Sobre o seu processo criativo…
Tinha um piano na casa do meu avô, eu ficava experimentando os tons, os maiores e os menores, e aí eu percebi que o piano tinha um limite, o grave e o agudo, que nem eu né, podia querer a Brigitte Bardot, mas eu tinha um limite, então a gente consegue fazer de acordo com o coração e com a mente, estabelecer coisas que são compartilhadas por todos, o fundamental é compartilhar e com-par-trilhar…
Venho digerindo a dias as palavras de Arnaldo. Confesso que no dia da entrevista, eu estava tão eufórica que mal escutei o que ele respondia, fiquei ali apenas contemplando a divindade ao meu lado. Ainda bem que existe gravador.
Qual a diferença entre a sua arte plástica e a sua música?
É que a música é invisível, a não ser que eu coloque um explosivo plástico no quadro que explode, eu também tenho um quadro que a gente aperta e começa a dar risada uáááhahaha. (…) Eu na arte já fiz umas 4 ou 5 exposições, na música eu já gravei mais de 100, então eu vejo que é diferente meu passado, mas eu vou levando numa ótima. A arte plástica é mais antiga, desde a época da pedra lascada, música é desde Bach, uns 400 anos, então a inspiração da arte plástica é muito maior, a gente pensa em mamutes, dromedários, coisas da pré-história, em comparação com foguetes pra lua, que é atualidade, aí a gente pensa nos limites que a gente tinha anteriormente e os que a gente tem atualmente, nesse sentido é bom dizer que é uma coisa que vai caminhando, a evolução é muito importante…
Sobre novos trabalhos, Arnaldo comentou do lançamento, previsto para o segundo semestre de 2015, de um novo LP chamado Esphera com inspirações em eletricidade solar, vegetarianismo e psicodelia, “tudo que deixa a gente ligado, leva adiante…”, ainda comentou sobre as novas possibilidades de trabalho “quem esfhera sempre alcança, quem esfhera sempre cansa” relacionando ao seu amplificador valvulado e à qualidade de instrumentos que têm no seu estúdio em casa hoje, diferente do início da carreira.
Arnaldo também falou sobre suas preferências para quem busca a psicodelia: “…tem mais poder de saída, por isso eu prefiro a Gibson, o melhor guitarrista pra mim, o Jimmy Page, usa Gibson, então pra mim isso é muito importante”.
Loki não virou bolor! Lúcido, bem humorado, simpático e divertido, arrancou muitas risadas de todos e na maior gentileza o que era pra ser “exclusivas” se tornou uma grande coletiva para todos os jornalistas e fãs que estavam hospedados no hotel, tornando a conversa ainda mais rica.
Louvado seja Arnaldo! Em nome de todos eu digo a você, gratidão!
Entrevista: Juliana Acco e Catalina Delgado Prado
Fotos: Gui Benck