Oito amigos estudantes do curso de Música da ECA – USP (Universidade de São Paulo) se juntam e criam um grupo para tocar as canções populares de Marcelo Segreto. Assim nasceu, em 2008, a Filarmônica de Pasárgada, formada pelo próprio Marcelo (voz e violão) e Fernando Henna (piano), Paula Mirhan (voz), Sérgio Abdalla (eletrônica), Maria Beraldo Bastos (clarinete), Ivan Ferreira (fagote), Gabriel Altério (bateria) e Migue Antar (baixo). A Filarmônica tem dois discos lançados, o último com participação de Tom Zé, Guilherme Arantes, Tatá Aeroplano e Kassin.
Em 26 de novembro, o grupo lançou o clipe de “Fiu fiu”, quarta faixa de “Rádio Lixão”. Com a participação de Laerte e Tom Zé, a banda faz uma analogia entre a mulher e a carne, atentando ao assédio e a violência contra a mulher. “Acho válida essa preocupação do público e a polêmica. Mas é preciso tomar cuidado para não confundir obra e autor e cuidado para ver as nuances do clipe. E constatar que estamos fazendo analogia entre a mulher e as carnes justamente para criticar, de maneira agressiva, esta mesma situação opressora”, explica Marcelo Segreto.
Ao criticar, a Filarmônica não faz somente de forma agressiva. Usa o humor e o lúdico para tocar em questões polêmicas e que devem ser debatidas. “Acho o bom-humor essencial, pois é um elemento que permite uma comunicação muito forte com o público”, afirma Segreto. “Vejo nele um importante canal de comunicação e uma maneira diferente de falar de temas muitas vezes complexos e sérios. A risada pode ser muito profunda! Jorge Mautner diz em documentário O filho do Holocausto que ‘a sabedoria é risonha’. Acho legal isso!”.
Passeando por vários gêneros, a banda paulista lembra Os Mutantes da Tropicália. Mas, de acordo com Marcelo, sua maior referência ao compor era Zeca Baleiro. “O Zeca é um compositor que gosta muito de propor diversos gêneros: faz rap, baião, rock, samba, brega… Enfim, uma infinidade de gêneros”, conta. “Ele me fez tomar gosto por essa vontade de compor músicas muito diferentes.” E no meio da conversa, o bom-humor volta a aparecer. “E agora pensando, gosto muito disso, pois essa característica traz um contraste legal para o show e assim as pessoas não dormem na plateia [risos]. Brincadeira, elas continuam dormindo [risos]”, brinca.

O grupo pertence à nova geração de músicos brasileiros que, como todas as outras gerações, encontra problemas. “O maior desafio é conseguir chegar num nível realmente profissional, no qual possamos nos dedicar integralmente à atividade de compor e tocar. O desafio é conseguir fazer apenas o que você quer em música, sem trabalhos paralelos”, explica Segreto.
O último disco da Filarmônica de Pasárgada, “Rádio Lixão”, lançado pelo selo Coaxo do Sapo, de Guilherme Arantes, teve apoio do ProAC – Programa de Ação Cultural e produção de Alê Siqueira (Tribalistas, Maria Bethânia).
Para você que não conhece o trabalho do grupo, Marcelo Segreto deixa um recado. “Você deve ouvir a gente porque vamos pagar 20 reais pra cada pessoa que baixar nosso disco! [risos]”.