Existem músicos que lhe puxam pelo pé sem aviso prévio. Caras que você sabe que só podem ir para o som em datas especiais. Instrumentais-acontecimentos que fogem da rotina, tomam conta de seu espírito e o elevam, não só pelo caráter estimulante das ideias e do compasso sonoro, mas também pela mensagem.

Janis Joplin (1)

A valorização do tempo por Janis Joplin nos mostra a sabedoria de muito mais do que 27 anos, seja live in New Castle com o Grateful Dead, trip que para a cantora era longa e alucinógena em excesso, em rede nacional para uma Hippie Estocolmo em 69′ ou chamando a festa para seu Blues ardente numa performance  digna de quem vivia a música em sua totalidade.

Seu corpo Hippie vibrava com cada nota e maltratava o ouvinte com demonstrações quase celestiais de sentimento. Mostrava um poder para eletrificação em massa, que pegava a essência de tudo de melhor que um dia habitou nosso mundo como uma nova filosofia.

Janis Joplin (2)

Janis é um exemplo de groove que teve vida curta, mas capta o néctar mais puro e concentrado de cada estilo que mesclava na jukebox mais pesada de Blues, Psicodelia, Gospel, Funk e Rock ‘N’ Roll. Sua voz não precisa de grandes momentos, ela é um eterno fluxo de clássicos, uma alma que se não tivesse passado por nossa história tiraria a paixão de tudo que conhecemos.

Tanto na Califórnia, quanto em Monterey, dividindo o mar vermelho da tríade da vida setentista em Woodstock e passando a mensagem em seu meio explosivo, a texana sempre tocou para anular o Status Quo e celebrar a força das comunidades alternativas passando pela Toronto de sexo, drogas e Rock ‘N’ Roll.

Janis Joplin (4)

É uma luz que irradia música em sua plenitude, uma coqueluche de toda as perdições e excessos de alguém que sentia demais, não só pelo tato com a música, mas sim pelo sofrimento e as alegrias momentâneas. Ela vivia com a humildade de gigantes que não querem ser nada, apenas ousam inspirar você a fazer alguma coisa.

Eu estava na rua ouvindo os retoques de Crumb no clássico ”Cheap Thrills”, voltei para a platina cósmica de Blues perolado com ”Pearl” e ainda fiz a volta para a morna estreia com os pot smokers do Big Brother & The Holding Company.

Janis Joplin (3)

Se você estiver no metrô, apreciando distorções da realidade, em casa, fora dela ou em todos os lugares, você sempre está com Joplin. Apenas escolha a hora, o dia e o local, o resto ela faz, vale o rolê de Mercedez psicodélica. Isso não é uma resenha, trata-se apenas de um relato sobre o que pode acontecer, uma possibilidade dentro desse turbilhão que será esmiuçado até o fim dos meus tempos.

Ao som da musa tudo é um show ao vivo, ganha tons mais fortes e a cada audição revela uma artista que chorava e dava risada com a mesma facilidade. Janis Lyn Joplin, you definetely got the Kozmic Blues.