Mad Max A Estrada da Fúria 2015

Se você é como eu e se enrolou para assistir Mad Max: Estrada da Fúria, deixo uma dica: pare de ser trouxa e assista logo.

A franquia Mad Max se consolidou nos anos 80 como um ícone pós-apocalíptico e, de quebra, com Mel Gibson no pelotão de frente. Três décadas depois e o filme é outro. Não tem o ator galã de Hollywood, mas pouco importa, temos efeitos especiais. Muitos efeitos especiais. E ação. Muita ação.

“Mad Max: Estrada da Fúria” tem um início eletrizante, de prender a respiração. O filme de George Miller dispensa toda a lengalenga de contextualização história e parte logo pra briga. Por isso, a primeira hora do filme é dedicada a perseguições, explosões, mortes, tiro, porrada e bomba.

E a segunda? Bem, a segunda também. Exceto que há uma pequena pausa nessa hiperatividade toda . Pequena mesmo. São dez minutos para que a gente respire um pouco antes de começar tudo de novo. Literalmente: ação do início ao fim.

Mas não pense que o filme é uma obra apenas estética sem conteúdo. Esteticamente é, de fato, fora de série. Os efeitos especiais são lindos; a fotografia capta todo o calor do dia, com aquele contraste de dar sede entre o azul do céu e a areia do deserto, exceto à noite, quando o clima gelado abre espaço para tons de azul; a trilha sonora se mantém em perfeita sintonia entre as cenas, basta prestar atenção quando os percussionistas e o guitarrista do exército (sim, eles tem um guitarrista que acompanha a guerra e que toca muito!) aparecem e o som vem junto; e a maquiagem é bizarramente impecável.

Mad Max Estrada da Fúria Cena (1)
Uma cena normal de Mad Max: Estrada da Fúria
Mad Max Estrada da Fúria Cena (5)
E a fotografia noturna é demais também!

Ah, estava falando sobre o conteúdo. Apesar de tudo, há conteúdo sim. Não, você não irá encontrar diálogos instigantes, o conteúdo está todo na ação e no background do filme que é explicado indiretamente. Se você julga ações mais importantes do que palavras, irá sacar rapidamente o teor do filme.

O contexto é o seguinte: é sobre um mundo pós-apocalíptico em que uma civilização doentia é liderada por Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne). Um mundo em que as pessoas matam por combustível e por água. Immortan Joe tem o domínio sobre uma civilização por ser o dono de milhões de litros d’água que, eventualmente, ele libera para a população como forma de mantê-la escravizada.

É totalmente sem noção porque (não é spoiler, é uma das primeiras cenas do filme) quando isso acontece, ele abre uns dutos que estão cheios de água do alto de uma pedreira, e aí a água cai em cima da população sedenta e decrépita e aí eles brigam pela água e quase todo mundo, no fim das contas, não consegue juntar água na bacia. Por fim, Immortan Joe diz para a população não se viciar em água (!), pois ela pode tomar o controle sobre as pessoas fazer com que elas sofram com sua ausência (!!).

Immortan Joe Mad Max A Estrada da Fúria 2015
Immortan Joe prometendo dias melhores para seus súditos
Mad Max Estrada da Fúria 2015 Cena (2)
A melhor maneira (só que não) de distribuir água para a população

O imperador dono do mundo também tem controle sobre a natalidade e o leite materno. Possui várias esposas e as trata como objetos, preciosos objetos capazes de gerar herdeiros para ele. Aí que entra Furiosa (Charlize Theron), uma heroína que tenta levar as mulheres de Immortan Joe a um lugar mais seguro, dando início às perseguições.

Pode ser que agora tenha alguns spoilers, mas como o filme é sobre ação, pouco importa isso na verdade. Enfim, durante a primeira parte da fuga, Furiosa e as mulheres se encontram com outro fugitivo, Max (Tom Hardy). Apesar de terem objetivos distintos, são obrigados a se unirem para escapar do exército ensandecido de Immortan Joe. Cada soldado acredita que, ao morrer em guerra, se tornará imortal. Um deles, porém, falha, e vira a casaca. Nux (Nicholas Hoult), com medo de ser punido pelo fracasso, se une ao novo grupo.

Mad Max A Estrada da Fúria 2015
Nux dirigindo chapado de fé cega
Mad Max Estrada da Fúria 2015 Cena (4)
Max e Furiosa, depois que ficam de boas

Mad Max: Estrada da Fúria mostra as mulheres como os seres mais importantes do universo, mesmo estando em desvantagem no começo. Praticamente intocáveis, o exército da cidadela tem todo o cuidado para não atingi-las durante a guerra, pois é de seu interesse capturá-las vivas. Acontece que, com ajuda masculina é verdade, as mulheres triunfam sobre a tirania dos homens. É o Pussy Riot dando uma surra no Estado Islâmico, com algumas pequenas diferenças ideológicas. E o melhor filme de ação do ano de 2015, no mínimo. Sensacional!