A agência de publicidade TBWA promoveu uma campanha antipirataria intitulada Piracy. Mirco Pagano e Moreno de Turco utilizaram CD’s para criar mosaicos de músicos já falecidos. Foram 6500 mídias e mais de 200 horas de trabalho para completar o projeto. Mais do que homenagear ídolos musicais, a prerrogativa é a de que estes músicos foram de certa forma “derrubados pela pirataria”. Ao menos isso é o que diz a campanha, que esquece completamente que estes artistas antecederam a era dos discos piratas e do compartilhamento de arquivos, além de terem sido muito bem sucedidos comercialmente.

O primeiro erro é temporal. A campanha foca na pirataria física, na aquisição de CD’s piratas e não necessariamente no compartilhamento pela internet. Em entrevista à NME, Pagano diz: “Somente CD’s originais nos permitem entender quem são e como estes artistas se tornaram ícones universais. Um porta CD cheio de CD’s piratas criaria um falso artista.” Muito bem que a pirataria é errada. Porém hoje em dia é mais fácil encontrar alguém cheio de arquivos MP3 em um pendrive do que alguém carregando porta CD’s com discos falsos.

O segundo erro da campanha é utilizar CD’s para criarem um mosaico de artistas que começaram a carreira musical ainda quando não existia tal tecnologia, na era do vinil. Os CD’s começaram a ser comecializados em 1982. Elvis Presley morreu em 1977. Jim Morrison morreu em 1971. Em outras palavras, Elvis, Morrison e outros artistas da campanha jamais lançaram um CD enquanto estiveram vivos. O que foi lançado destes artistas e está no mercado hoje são reedições em novo formato e materiais póstumos. E mesmo assim a agência crê que essa é uma forma de conscientizar as pessoas contra os “males” da pirataria. Sentido? Isso não existe.

O terceiro erro, que é casado com o segundo, é apelar para ídolos falecidos. Os artistas que sofrem com a pirataria são os que estão em atividade hoje. De todos os homenageados, nenhum perdeu dinheiro ou status por terem suas músicas pirateadas ou compartilhadas na internet. Muito pelo contrário, o que receberam do público foi notoriedade e respeito de uma nova geração.

Ao menos os mosaicos ficaram legais. Esteticamente foi uma ideia muito interessante e que seria melhor aproveitada sem as justificativas preguiçosas e rasas. Veja como, artisticamente, é genial:

Vídeo da campanha:

[vimeo vimeo.com/20884785]

 

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