Setembro
1915
Londres– Com licença.
– Sim senhor? Temo que não o tenha percebido entrar. Estava esperando há muito tempo?
– Oh, muito tempo. Sim.
– Posso saber do que o senhor precisa? Temo que estejamos fechados ao público.
– Meu assunto é com você, Ian Stuart. Creio que eu tenho algo de que você precisa.
– São notícias do meu irmão, senhor? Não soubemos de nada nessas últimas três semanas e minha mãe está tão preocupada. Ela escreveu ao coronel, mas ele disse que sabe apenas que Hamish está desaparecido depois da ofensiva em Loos…
– Notícias do seu irmão. É claro. A que horas você sai do trabalho, Ian Stuart?
– Às nove, senhor.
– Estarei lhe esperando, então, no bar público da estalagem do outro lado da estrada.
– Muito bem, senhor. No Burro Sujo às nove… Senhor? Seus olhos? Você se machucou em um ataque com gás?
– Algo parecido com isso.
– Você vai descobrir tudo sobre meus olhos hoje à noite, Ian Stuart.“Algo parecido com isso.”
E o Coríntio sorriu e disse “Você vai descobrir tudo sobre meus olhos hoje à noite, Ian Stuart.”
The Sandman: Overture #1 (2013), de Neil Gaiman e J.H. Williams III
Chegou às comic shops norte-americanas (físicas e virtuais, como o comiXology) a primeira edição da série bimestral The Sandman: Overture, que marca o retorno do aclamado escritor Neil Gaiman ao universo dos Perpétuos, cujas histórias o consagraram como um dos principais autores de HQs “adultas” de todos os tempos. A série original, publicada entre 1988 e 1996, acompanha a saga de Sonho, dos Perpétuos, um grupo de irmãos que são personificações de forças e aspectos fundamentais do universo – que inclui, ainda, Morte, Destino, Destruição, Desejo, Delírio e Desespero. A nova é um prelúdio da antiga, apresentando os eventos que culminaram na captura de Sonho (ou Morfeu, Sandman, entre outros codinomes) logo no número um da HQ original. “As pessoas frequentemente me perguntavam o que havia acontecido a Morfeu para tornar possível que ele fosse capturado em The Sandman #1. E agora elas poderão descobrir. E, ao descobrirem, elas poderão saber de segredos dos Perpétuos que guardei comigo por 25 anos. Segredos de família”, disse Gaiman.
E, para ilustrar esse universo cheio de figuras e lugares fantásticos, terríveis e estranhos, ninguém melhor que o artista J.H. Williams III, conhecido (e premiado) não apenas por seu belo traço e por sua versatilidade, mas principalmente por suas composições de páginas criativas e inusitadas. É o caso da arte acima, na qual Williams coloca os painéis dentro dos dentes de um dos olhos do Coríntio – um dos pesadelos que fugiu dos domínios de Sonho e tem bocas no lugar dos olhos.
fragmentos9 – Fragmentos de genialidade (ou infâmia) da nona arte. Um quadrinho (ou sequência) de cada vez. Seleção arbitrária por nosso comitê (de uma só pessoa). Para mais, visite o tumblelog.
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