Chineses constroem biblioteca na beira de uma praia deserta

Nas areias brancas de uma isolada praia na cidade de Qinhuangdao, leste da China, agora tem uma biblioteca pública. O projeto, do estúdio chinês Vector Architects, é uma quebra de paradigma. Bem estranho para nós que estamos acostumados com praias cheias de quiosques de bebidas, lanches e aluguéis de cadeiras.

De concreto e vidro, a biblioteca privilegia a visão interna toda para a paisagem marítima. De quebra, utiliza toda a luz natural como forma de iluminar os ambientes.

Parece realmente interessante sentar por ali ao som das ondas e escolher um companheiro literário junto à calmaria do ambiente. Como forma de criar um espaço relaxante, silencioso e isolado, carros também não chegam até o prédio. Como a biblioteca está na beira da praia, apenas o acesso a pé é permitido.

A biblioteca tem salas de leitura, estudos e meditação, prateleiras com obras de estilos variados e um bar. O local, além de um centro de tranquilidade, se tornou também uma atração turística local. Confira como ficou o projeto na galeria abaixo:

 

Preconceito, Categorização e Estereótipos

A capacidade de respeitar diferenças socioculturais é um desafio ardiloso para a maioria das pessoas, que quase sempre preferem ceder às facilidades de seus preconceitos para fundamentar críticas, ideias e aconselhamentos.

O preconceito é um atalho de pensamento que nos permite assimilar informações mais rapidamente, contudo, de forma menos eficaz.

Todos nós somos preconceituosos; uns mais, outros menos. Mas, para as poucas pessoas que enxergam valor na diversidade, preconceito é apenas uma questão de escolha.

Preconceito de raça (racismo), nacionalidade, sexo, religião ou classe social: todos os tipos de discriminação se referem a visões preliminares (restritas) de pessoas, baseadas unicamente em suas filiações de grupo. Ou seja: preconceitos desconsideram o valor da subjetividade e individualidade das pessoas.

O filósofo alemão Nietzsche dizia que os seres humanos, discriminantes, fazem julgamentos precipitados por natureza:

“O homem é, antes de tudo, um animal que julga.”

Asiáticos são trabalhadores e estudiosos, técnicos de computação são nerds e introvertidos, pobres são ignorantes e subservientes, jovens cristãos são inocentes e virgens, headbangers são violentos e sádicos, americanos são individualistas e patriotas, alemães são frios e autoritários. Exemplos práticos de preconceito não faltam.

O problema é que, a cada vez que tentamos definir uma realidade, somos impedidos de fazê-lo por nossa perspectiva limitada e incapacidade de apreender todo o conhecimento relacionado a determinado assunto.

Não podemos ter acesso a uma verdade objetiva, pois o próprio conceito de verdade é subjetivo. No entanto, nós sempre desejaremos obter respostas para as nossas perguntas e, pela necessidade insaciável de respondê-las, muitas vezes acabamos recorrendo aos nossos pré-conceitos, o que nos limita ainda mais.

Infelizmente, preconceito não é algo que podemos ignorar, mas, felizmente, podemos evitá-lo o máximo que pudermos, dependendo do esforço empregado.

Preconceito é uma característica moral, mas também arbitrária. O lado bom disso é que sempre temos a oportunidade de não agirmos como tolos ou mesquinhos.

Categorização e estereótipos

Estereótipos são atribuições de características pessoais com base em comportamentos comumente praticados em um determinado grupo social.

Essa categorização prévia é um estigma que facilita na criação de uma imagem ou perfil pessoal, mas também leva à formação de crenças equivocadas (o que é mais provável de acontecer).

A tendência de categorizar (classificar as pessoas em categorias) é um fator natural da cognição humana. De fato, ter a habilidade de estimar é um diferencial importante.

Criamos conceitos ou estereótipos a fim de dar sentido às inúmeras complexidades que encontramos no ambiente e, caso não criássemos esses conceitos, a vida seria pleno caos.

Colocamos pessoas e coisas em categorias para distingui-las em grupos coexistentes, facilitando assim sua identificação (igual produtos reconhecidos por sua embalagem).

Muitas pesquisas no campo da Sociologia comprovam que, quando se trata de categorizar informações sobre as pessoas, elas tendem a minimizar as diferenças dentre os grupos, e exagerar as diferenças entre os grupos. É claro, cada um defende sua tribo.

As pessoas são propensas a avaliar mais negativamente uma pessoa de um grupo ao qual não pertencem, por questão de favoritismo. Como afirmou o cientista alemão Albert Einstein:

“Poucas pessoas são capazes de expressar opiniões que diferem dos preconceitos de seu ambiente social.”

O princípio do favoritismo é notável em qualquer grupo, sem exceção, pois toda pessoa sente uma obrigação moral de cumprir papéis sociais, de ser útil à sociedade, ter um lugar entre aqueles com as quais interesses são trocados.

Estereótipos facilitam o processo de tomada de decisões mas, de forma paradoxal, nos tornam mais imprecisos, cegos e estúpidos.

5 formas de evitar o preconceito

Levando em consideração um mundo diversificado e multicultural, é de fundamental importância para as pessoas compreender as formas de reduzir o preconceito em todas as suas facetas.

Bob Marley sempre dizia:

“O preconceito é uma cadeia de onde nunca chegaremos a lugar nenhum.”

Para aqueles que estão dispostos a sair de suas próprias prisões mentais, aqui estão cinco boas formas de evitar o preconceito:

1. Não torne o preconceito algo pessoal

Quando alguém diz algo ofensivo ou intrusivo, a mais comum (e pior) coisa a fazer é reagir defensivamente. Uma resposta defensiva dá poder às palavras da outra pessoa, fazendo ela presumir que há alguma verdade nelas.

Em meio à acusações ou atribuições negativas, a autodefesa é uma reação quase inevitável. Porém, quanto mais defensivamente reagimos, mais confiante a outra pessoa se torna. Preconceitos, como ofensas, só surtem efeito quando há resistência.

Mesmo que uma manifestação preconceituosa nos pareça um tanto pessoal, ela só será capacitada se reagirmos de forma contrária ou hostil.

2. Invista em relacionamentos intergrupais

Em condições favoráveis, o convívio regular com pessoas de vários grupos pode atenuar a motivação preconceituosa em cada um desses grupos.

Experiências positivas com pessoas de grupos diferentes enfraquecem a influência do preconceito, pois essas vivências promovem maior aproximação e intimidade com outras pessoas, amenizando a necessidade de elas recorrerem a informações estigmatizadas ou estereótipos.

3. Exercite a humildade

Ser humilde não é ser menos que alguém, é saber que não somos mais do que ninguém. Muito do preconceito vem do orgulho, que, não bem canalizado, se transforma em arrogância, inimiga da humildade e sócia do preconceito.

Para uns, humildade é uma incompatibilidade de caráter. Para outros, é um valor enobrecedor que ajuda a combater o preconceito.

4. Conte suas histórias

Contar histórias é a melhor forma de exercer empatia e gerar respostas emocionais nas pessoas. Uma vez que elas se envolvem e participam de suas experiências, tendem a positivar suas opiniões e julgamentos.

Por trás de cada rosto existe uma história e, sem antes conhecê-la, qualquer pré-conceito é infundado.

5. Viaje

Viajar amplia nossas maneiras de pensar, o que contribui para a libertação da dependência de estereótipos. Viajar faz com que aprimoremos habilidades como complacência, resiliência e criatividade.

Pessoas que buscam ser mais compreensivas e flexíveis conseguem mais facilmente exonerar seus modelos mentais ultrapassados. Sendo assim, padrões de pensamento são sempre atualizados, e os estigmas, enfraquecidos.

George R.R. Martin comentou sobre o efeito borboleta em Game Of Thrones

TEM SPOILER, MEU! SE LIGA!

Parece que alguns fãs de Game Of Thrones estão chiando com a adaptação da série da HBO.

O que não falta na internet hoje é reclamação sobre como os fatos originais estão mudando, principalmente no sexto capítulo da quinta temporada, em que uma cena de violência sexual – que não acontece originalmente nos livros – foi ao ar.

Essa não é a primeira vez que os fãs mais fechados da literatura se revoltam com a dramatização, mas o fato é que já havia sido anunciado que coisas diferentes dos livros iriam acontecer na televisão, incluindo mortes de personagens.

O próprio George R.R. Martin escreveu em seu blog que recebeu incontáveis mensagens pedindo satisfação ou que ele fizesse alguma coisa. Então, o escritor respondeu a todos.

Traduzi três trechos. O original pode ser lido aqui.

1. Quantos filhos teve Scarlett O’Hara? Três, no livro. Um, no filme. Nenhum, em vida real: ela era um personagem de ficção, nunca existiu. O seriado é o seriado, os livros são os livros; duas formas diferentes de contar a mesma história.

2. Têm havido diferenças entre os livros e a série desde o primeiro episódio da primeira temporada. E, desde então, eu venho falado sobre o efeito borboleta. Pequenas mudanças que se tornam maiores mudanças que se tornam enormes mudanças. 

3. Quanto maior vai se tornando a série, maiores as borboletas se tornam. E agora nós atingimos um ponto em que o bater de asas da borboleta está causando tempestades, como a que aconteceu em meu email.

Parece que George R.R. Martin deu a letra e está aprovando os episódios que a HBO está produzindo. O dono de tudo está concordando, o que deixa você, fã, fiel leitor e estudioso de Westeros, sem saída a não ser se ajoelhar a ele.

Para quem leu os livros e está acompanhando a série, fica a vantagem de saber uma versão alternativa de um universo que, de tão grandioso, qualquer pequena mudança pode gerar esses tornados.

Para quem só está assistindo na televisão, fica a curiosidade despertada em saber o que acontece também nos livros. Que são longos e podem assustar quem não está acostumado com uma leitura diária, mas que são envolventes o suficiente para você perder o medo de começar. Recomendo!

O verdadeiro retrato de Shakespeare?

É sempre complicado comprovar a veracidade de imagens que representam personalidades históricas. Antes da fotografia, os retratos feitos por ilustradores da época é que resultariam na imagem eterna de determinada pessoa. A responsabilidade nos traços é imensa.

Com o dramaturgo mais famoso da história não é diferente. Mas, parece que agora, o verdadeiro rosto de William Shakespeare foi finalmente revelado. E com provas contundentes.

Quem fez a descoberta foi o historiador Mark Griffiths. O rosto de Shakespeare, segundo o Griffiths, está representado na capa de um livro de botânica de 1598 (The Herball or Generall Historie of Plantes, do horticultor John Gerard). A capa está abaixo.

o verdadeiro retrato de shakespeare livro

Este é o primeiro e único retrato de Shakespeare feito quando o escritor ainda estava vivo. De acordo com o historiador, que estudou a imagem durante cinco anos, há indícios sobre a veracidade de sua tese codificados no desenho que representa o escritor. No detalhe, sob o desenho, há um brasão. De acordo com os estudos de Griffiths:

retrato de shakespeare detalhe código

1. O “4E” significa quartere em latim o que, numa tradução literal, poderia dizer “agitar” (em inglês, to Shake)
2. Uma lança, que em inglês significa “spear”.
3. Um “W” que representa William
4. “OR” é uma expressão heráldica que significa ouro e também representa o brasão de família de Shakespeare.

Toda a história sobre a descoberta – incluindo outros pontos do código, além dos quatro acima – está dissecada e publicada em uma edição especial da revista Country Life. Mark Hedges, editor da publicação, afirma que essa é a descoberta literária do século. Abaixo a capa da edição especial:

o verdadeiro retrato de shakespeare capa country life

A tese, no entanto, não convenceu a todos. Michael Dobson, diretor do Shakespeare Institute da  Universidade de Birmingham, não enxergou o que o historiador diz ter encontrado. Em uma entrevista ao Guardian, resumiu: “É um homem de toga, segurando uma espiga de milho em uma mão e uma fritillaria na outra”.

Há um mistério muito grande sobre a vida e obra de William Shakespeare. O poeta, escritor e dramaturgo viveu na Inglaterra entre 1564 e 1616. Sua fisionomia vem sendo pesquisada e explorada há mais de quatrocentos anos. Todos os retratos abaixo já foram de Shakespeare, por exemplo. Você arriscaria apostar em quem está certo?

Shakespeare-retratos

Metá Metá EP 2015

Enquanto aguardamos pelo terceiro disco de estúdio do Metá Metá, uma das bandas mais especiais, brilhantes e diferenciadas que a cena brasileira nos brindou em tempos recentes, o trio segue embalado e vai rumo a terceira tour européia. Mas para provar que os músicos envolvidos também se solidarizam com a espera dos fãs, a banda disponibilizou um aperitivo para o terceiro disco com um EP gravado na véspera do embarque para mais uma visita aos pólos desenvolvidos.

Metá Metá TurnÊ Europeia (1)

Temos aqui cerca de 10 minutos de um som que para variar é formidável. O trio é de uma criatividade soberba e o EP espanta pela alta qualidade instrumental uma vez mais. O primeiro tema, ”Atotô”, criação de Kiko Dinucci, foi gravado originalmente por ele e Juçara no ano de 2007 para o disco ”Padê”.

A banda aproveitou para registrar esses temas, pois muitos deles entraram na rota de set list para shows só que nunca tinha sido devidamente gravados. E ”Atotô” entra com o time no topo de seu jogo. O baixo vem cavalgando, o sax ronrona e a voz da senhorita Marçal segue absolutamente cristalina, sempre em meio a mudanças de tempo, peso e melodia, surpreendendo o ouvinte pelo equilíbrio de força e sutileza em meio a mais uma dose de lírica poética.

”Me Perco Nesse Tempo” foi o som que mais surpreendeu. Trata-se de uma jam registrada pelo grupo brasileiro ”As Mercenárias”, evidenciado uma nova faceta no grupo do workaholic Thiago França e deixando claro como o som do grupo não possui nenhuma amarra dentro de questões estéticas, até com Punk os caras mostram feeling.

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E a maneira que o sax trabalha nesse som particularmente é bela. É praticamente um metal que emula pedais em puro frenesi free Jazz, sempre elementar dentro de uma imersão de ruídos, bateria bem na linha Ramones da força e linhas vocais raivosas com a parceiro de Kiko e Juçara.

Finalizando o tira teima com ”Cadê as Armas”, Metá Metá na essência com o samba de Douglas Germano e a revolução da MPB silenciosa, sem frescura, com experimentação sonora e nenhum pingo de frescura vanguardista, rumando para o novo e mostrando que o futuro é lindo e acústico.

Se em 10 minutos o nível é assim, com um Full de mais de meia hora os ouvintes vão precisar sentar! Coisa linda, sonzeira fina, baixem aqui e escutem logo abaixo enquanto aguardam a finalização do download!

‘Chatô, O Rei do Brasil’: antes 20 anos tarde do que nunca?

‘Chatô, O Rei do Brasil’ já é um marco no cinema nacional ainda antes de ser lançado. Não muito pela obra em si, mas por tudo o que a envolve.

O filme começou a ser produzido há 20 anos e tardou tanto não por ser uma produção que exige esse tempo, como Boyhood, por exemplo. A demora foi por erro de cálculo mesmo. Em miúdos é um filme sobre uma época passada, gravado em uma época passada e lançado no futuro com delay. Emblemático!

Começou em 1995, quando o então astro da Globo Guilherme Fontes recebeu 8,6 milhões de reais de leis de incentivo à cultura para começar a produzir a cinebiografia do magnata das comunicações Assis Chateaubriand. O longa seria baseado no livro homônimo, lançado pelo escritor Fernando Morais um ano antes. No elenco, astros globais como Marco Ricca, Paulo Betti, Andréa Beltrão, Leandra Leal, Letícia Sabatella, Gabriel Braga Nunes e Eliane Giardini. Na direção, tentou convencer Francis Ford Coppola a assumir, dizendo que Chatô seria o Cidadão Kane brasileiro. Não conseguiu e acabou ficando ele mesmo com a direção.

Só que o projeto foi andando devagar, quase parando, e suspeitas foram levantadas. O cineasta foi acusado de desvio de dinheiro público e condenado a pagar indenizações. Em novembro de 2014, por exemplo, o Tribunal de Contas da União determinou que Guilherme Fontes devolvesse à Ancine um valor que, corrigido para os dias de hoje, gira em torno de R$ 71 milhões, além de duas multas no valor de R$ 2,5 milhões cada.

A acusação é refutada (óbvio que é) pelo cineasta e por seu advogado. Em uma entrevista recente à revista Status, Guilherme Fontes diz que as cenas foram filmadas em 1999, 2002 e 2004, e que não havia finalizado o filme pois faltava uma verba para a trilha sonora e computação gráfica. Diz também que foi incriminado por fiscais bandidos do governo e que os tubarões do cinema nacional o prejudicaram por ser um novato à frente de um grande projeto.

Enfim, toda essa enrolação de vinte anos para fazer o filme e as batalhas judiciais é o que faz com que ele seja um marco para o cinema brasileiro. Agora, sobre o filme em si, é preciso duvidar. O primeiro trailer do filme foi divulgado por Fernando Morais e, segundo o escritor, ele não está finalizado. Uma ironia da ironia?

Não se pode julgar um filme pelo trailer, mas assista abaixo, tente entender algo e tente dar uma nota razoável para as atuações, principalmente de Marco Ricca (Assis Chateaubriand) e Paulo Betti (Getúlio Vargas), interpretações dignas de novela nacional.

 

Uma das guitarras que George Harrison usou foi vendida por U$ 485 mil!

Maton Mastersound MS500, usada por George Harrison em 1963

Uma coisa todos os músicos concordam: é muito caro comprar instrumento musical no Brasil. E se você comprar fora, os impostos praticamente equilibram os preços daqui. É complicado, mas se você acha que 5 mil reais é muito para uma Fender Strato, imagine quanto não vale uma guitarra usada por George Harrison.

Na verdade, não precisa imaginar. O valor está no título mesmo. A venda aconteceu no dia 15 de maio, em um leilão sediado no Hard Rock Café de Nova York.

O modelo australiano Maton Mastersound MS500 foi usado por George Harrison em alguns shows entre julho e agosto de 1963. Não é uma das guitarras oficiais do ex-Beatle, mas George a utilizou enquanto a sua preferida da época, a linda Gretsch Country Gentleman, estava no conserto.

A guitarra foi emprestada pela própria loja de som, a Barratt’s Music Store, de Manchester, que ficou encarregada do conserto da Gretsch. Após a devolução, o músico Roy Barber, guitarrista do The Cruisers, a banda de apoio do cantor pop Dave Berry, foi até a loja e trocou a MS500 por sua Fender Stratocaster. Roy usou a guitarra durante anos, mas em 2002, quando já havia falecido, sua viúva leiloou a guitarra pela primeira vez. Treze anos mais tarde, a MS500 mudou de dono de novo e se tornou uma das guitarras mais caras da história da música.

Abaixo, duas fotos de George Harrison com a guita:

George Harrison Maton mastersound MS500 (2) George Harrison Maton mastersound MS500 (1)

Artistas consagrados utilizam crowdfunding para inovar e se aproximar dos fãs

Foto: Lorena Nicácio

Crowdfunding está se tornando uma tendência para os artistas que necessitam de grana para lançar seus projetos musicais. Ao criar uma campanha de crowdfunding, você conta com a contribuição de centenas ou até milhares de fãs que gostam do seu trabalho e querem que você lance seu CD, DVD, show, clipe ou algum outro projeto no mercado.

Crowdfunding é uma opção não só para os artistas iniciantes, que não possuem gravadora ou patrocínio, mas também para os artistas consagrados que querem gravar seu projeto original, sem a interferência de um produtor ou gravadora. Por isso, este tipo de arrecadação digital tem se tornado uma solução cada vez mais procurada.

Os cantores Leila Pinheiro e Nasi criaram campanhas na plataforma de crowdfunding Kickante para gravar seu EP e DVD, respectivamente. Os dois já são cantores consagrados, com mais de 30 anos de carreira, e optaram pelo crowdfunding, pois queriam lançar seus projetos com a contribuição de seus fãs. Os cantores queriam que os fãs fizessem parte deste momento da carreira deles. E isso é o legal do crowdfunding, ele une ainda mais o artista e seu fã, afinal, é para o fã que o artista lança seus projetos.

https://youtu.be/9jd5v81cfDI

Na Kickante, plataforma brasileira do segmento, 38% das campanhas culturais são voltadas a projetos musicais e cada vez mais artistas têm recorrido ao método para se reinventar. Notamos que os artistas têm percebido as possibilidades do crowdfunding. Inclusive, artistas de grande sucesso têm utilizado a ferramenta para inovar no lançamento de seus álbuns e para se aproximar dos fãs. Esse movimento nos mostra um novo momento nesse setor, onde nomes consagrados apostam na alternativa para chegar ao seu público que é cada vez mais conectado.

Leila Pinheiro já gravou 18 álbuns e 3 DVDs, e tem um público fidelíssimo que a acompanha e prestigia por todo esse tempo. Em 2015, a cantora comemora 35 anos de carreira e propõe uma parceria com os fãs para arrecadar R$ 100 mil para gravar seu primeiro EP (CD com 4 músicas – 3 inéditas e 1 regravação) também selecionadas para o roteiro do seu novo show, previsto para estrear em junho e sair em turnê nacional. Quem contribuir, poderá receber gratificações como ouvir em primeira mão, as faixas do EP, camiseta, ingresso para show, acesso VIP ao camarim, entre outros.

Em paralelo ao IRA!, Nasi retoma sua carreira solo e pretende arrecadar a quantia de R$ 50 mil até o dia 26 de maio para viabilizar a gravação de um novo DVD/CD ao vivo, onde cantará músicas inéditas, sucessos do IRA! e músicas de várias fases de sua carreira solo. Quem contribuir receberá recompensas como agradecimento nas mídias sociais, kits com DVD/CD + biografia “A Ira de Nasi” +  camiseta + agradecimento em redes sociais, e até um show acústico com o vocalista.

BB King Eterno

Olha só que louco. Ontem mesmo se tornou acidentalmente pública uma matéria pré-pronta de um grande portal brasileiro a respeito da morte de BB King. O texto estava praticamente finalizado, com exceção de detalhes como data, local, fonte e causa da morte, toscamente substituídos por xxxx.

Faz parte da chamada agilidade jornalística, onde segundos de diferença podem determinar quem dará o furo por primeiro. Essa estratégia não é uma novidade. Ainda que haja imprevistos e longas demoras para irem ao ar (aposto que desde a década de 1980 todos os jornais possuem já uma nota pronta sobre a morte de Keith Richards ou Ozzy, por exemplo). Isso é importante, de certa forma, para que nós fãs saibamos rapidamente o que aconteceu com nossos ídolos. Mas, me colocando nessa situação em particular, seria como escrever previamente sobre a morte de um amigo.

Doloroso seria escrever sobre algo que a gente não gostaria de vivenciar. BB King é um amigaço meu, e de todos que tocam guitarra ou que a apreciam. E eu não queria estar falando sobre esse inevitável acontecimento.

O rei do blues, diagnosticado com diabetes do tipo 2, estava frequentemente sendo internado em hospitais durante esse ano. A cada notícia de alta de BB King era um alívio para os blueseiros do planeta. O alívio agora se tornou tristeza. Eric Clapton que o diga:

BB King a dear friend and inspiration to me….

Posted by Eric Clapton on Sexta, 15 de maio de 2015

 

BB King dormia quando a morte o abraçou, em sua casa em Las Vegas. Tranquilo e sem sofrimento ele se foi, de acordo com as fontes mais próximas. Tranquilo é impossível não ficar quando ele faz a Lucille gritar, chorar e sussurrar. Econômico, calmo, de boas e tecnicamente impecável. BB King sabe melhor do que ninguém como menos pode ser mais.

The thrill is not gone, my king. The thrill remains thanks to you. Na Terra, BB King viveu durante 89 anos, mas na história da música viverá para sempre. Descanse em paz!

Se esconde uma etiqueta de preço por trás do ‘Cores e Valores’ ?

Em 25 anos de história os Racionais MC’s já mudaram diversas vezes o seu estilo musical. No seu último álbum lançado, “Cores e Valores”, o grupo resolveu se ‘modernizar’ e se adaptar a cena que mais se exalta no atual momento do RAP. Com uma mistura do estilo trap vindo do sul-norte americano, com um pouco de referências da black music e seguindo um estilo mais romântico em suas letras, os quatro revolucionários mudaram outra vez. E neste trabalho resolveram em forma de mixtape contar uma nova história de apenas 35 minutos, mas de muitos burburinhos.

Nas últimas músicas que completam o álbum, Mano Brown questiona diversas vezes: “Quanto vale o show?”, na música exalta a guerra do crime em 1987 que rondava as vielas do bairro do Capão Redondo, exalta um corpo negro seminu largado no lixão, que consegue fugir da escravidão de um mundo de flagelado. Saindo para frente da vitrine, vendo Pierre Cardin esfregar uma bolsa que custa mais que a sobrevivência dele, descobrindo um mundo que só quem sobreviveu no inferno consegue enxergar o quão salvador aquilo pode ser.

E a pergunta que fica é “O show tem preço?”, “O grupo se vendeu?”, “Uma das maiores referências do RAP nacional é agora produto da vitrine?”. Não tenho a mínima intenção de responder a todas estas perguntas neste texto, mas a pretensão de olhar por cima a situação e esclarecer que nem do chão, nem do céu da para analisar. Só se colocando de fora da para realmente tomar posição sobre o atual momento do grupo.

Romântico foi a definição que dei pro álbum. Vamos a definição de romântico: “Que emociona como nos romances; diz-se daquilo que expressa poesia, cenas amorosas.” Poesia é iminente ao RAP, Ritmo e Poesia. Um sinônimo de romântico é ‘sentimental’, que desperta um sentimento. Chegar a todos os públicos só é possível despertando um sentimento em todos os ouvidos.

O RAP americano alcançou um patamar financeiro tamanho que dá pra se perder na quantidade de zeros que os representantes da cena obtiveram somente neste ano. E tamanho sucesso e reconhecimento são instintivamente desejados pela maioria dos que apresentam algum trabalho, seja artístico ou não. E não é questão de luxo, não é questão de cor, é questão que fartura alegra o sofredor. Não tem como fugir dessa pressão.

Fica claro nesse último trabalho dos Racionais a intenção de elevar não somente o grupo a esse patamar de incentivo norte-americano, mas o RAP nacional em geral. E mesmo que o RAP tenha evoluído muito, saindo das marginais e se elevando pela simples revolução presente na intenção de suas letras, tendo já ótima qualidade, somente com investimento e reconhecimento o RAP pode continuar subindo ainda mais depressa. Como disse Ed Rock, o RAP parou de engatinhar e hoje anda, e falta muito ainda para o mesmo começar a correr.

A intenção de dar um empurrão para o RAP levando o mesmo a todos os públicos é clara. Não só com o Racionais, mas com o Dexter e diversos outros Rappers. Tentando alcançar todo um público e desmistificar a imagem de marginal e som de baixa qualidade que hoje tem o ritmo.

Em todo mercado que trabalha com algum tipo de arte, seja ela qual for, temos o que eu chamo de ‘consumidores’ e ‘admiradores’:

‘Consumidores’ são os responsáveis por financiar a arte, tendo o capital, mas não tendo repertório na mesma, somente seguem uma onda de movimento.

‘Admiradores’ são os que acompanham a arte pela arte, apenas se preocupando com as referências que aquela arte possui e os estímulos que ela provoca.

Para que os ‘Admiradores’ tenham melhor contato com a arte que tanto admiram, é necessário que ela busque as melhores referências, adquira de forma clara todas as informações que lhe são inerentes. Até mesmo o saber empírico necessita de referências, não dá pra se observar o que não se tem contato e para se ter contato com o clássico e o refinado da música se precisa de um investimento. Mesmo que o conhecimento das ruas se faça como algo que exija criatividade em seu ápice, ter referências do fino do que já foi feito pode evoluir a construção da obra.

Foi só questão de tempo para o Brown por fim no sofrimento, mas isso não acabou com os lamentos e nem a descrição do arrebento. Mas abandonou seu naturalismo. Não quer mais só cerca branca e balança pras crianças. Quer cordão de ouro 18k, mas principalmente quer um triplex pra coroa. A melhoria de vida sempre esteve presente nas letras dos Racionais, mas enquanto era sonho estava de acordo com a identidade da obra.

Crescer o olho na obra do grupo não deve ser levado em consideração nos contras do disco. Eles enriqueceram com o trabalho deles, errado? Não. Ninguém luta a troco de nada. Se eles estão no caminho certo pra levar os que eram com eles nessa? Talvez.

Mano Brown

A referência ao Neguin Emerson, fundador da 1dasul, que faleceu em um acidente de moto, seja na capa, com o azul e laranja, seja falando sobre nas músicas, talvez seja um ponto a se levar em conta. Outro lado é o ingresso custar R$ 120 e só ser feito em casa de show com público classe A.

O show não vale isso. Mas o espetáculo que seria a abertura do cenário do RAP para novos músicos aparecerem, como o Criolo, que se escondem por trás da falta de oportunidades, seria maravilhoso. Antes de fechar o ouvido para o estilo musical por algum preconceito de uma ou outra atitude, tente abrir a mente e ouvir com outros ouvidos a boa nova de que o RAP está crescendo.

Mano Brown comentando sobre a ascenção do RAP e sobre o Racionais ter se vendido:

Clipe do Vida Loka parte 2, mostrando desde sempre a luta contra o racismo, logo no começo do vídeo:

Edi Rock dando entrevista à Globo, falando sobre a cena atual do RAP e sobre a mudança do grupo:

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