A capacidade de respeitar diferenças socioculturais é um desafio ardiloso para a maioria das pessoas, que quase sempre preferem ceder às facilidades de seus preconceitos para fundamentar críticas, ideias e aconselhamentos.
O preconceito é um atalho de pensamento que nos permite assimilar informações mais rapidamente, contudo, de forma menos eficaz.
Todos nós somos preconceituosos; uns mais, outros menos. Mas, para as poucas pessoas que enxergam valor na diversidade, preconceito é apenas uma questão de escolha.
Preconceito de raça (racismo), nacionalidade, sexo, religião ou classe social: todos os tipos de discriminação se referem a visões preliminares (restritas) de pessoas, baseadas unicamente em suas filiações de grupo. Ou seja: preconceitos desconsideram o valor da subjetividade e individualidade das pessoas.
O filósofo alemão Nietzsche dizia que os seres humanos, discriminantes, fazem julgamentos precipitados por natureza:
“O homem é, antes de tudo, um animal que julga.”
Asiáticos são trabalhadores e estudiosos, técnicos de computação são nerds e introvertidos, pobres são ignorantes e subservientes, jovens cristãos são inocentes e virgens, headbangers são violentos e sádicos, americanos são individualistas e patriotas, alemães são frios e autoritários. Exemplos práticos de preconceito não faltam.
O problema é que, a cada vez que tentamos definir uma realidade, somos impedidos de fazê-lo por nossa perspectiva limitada e incapacidade de apreender todo o conhecimento relacionado a determinado assunto.
Não podemos ter acesso a uma verdade objetiva, pois o próprio conceito de verdade é subjetivo. No entanto, nós sempre desejaremos obter respostas para as nossas perguntas e, pela necessidade insaciável de respondê-las, muitas vezes acabamos recorrendo aos nossos pré-conceitos, o que nos limita ainda mais.
Infelizmente, preconceito não é algo que podemos ignorar, mas, felizmente, podemos evitá-lo o máximo que pudermos, dependendo do esforço empregado.
Preconceito é uma característica moral, mas também arbitrária. O lado bom disso é que sempre temos a oportunidade de não agirmos como tolos ou mesquinhos.
Categorização e estereótipos
Estereótipos são atribuições de características pessoais com base em comportamentos comumente praticados em um determinado grupo social.
Essa categorização prévia é um estigma que facilita na criação de uma imagem ou perfil pessoal, mas também leva à formação de crenças equivocadas (o que é mais provável de acontecer).
A tendência de categorizar (classificar as pessoas em categorias) é um fator natural da cognição humana. De fato, ter a habilidade de estimar é um diferencial importante.
Criamos conceitos ou estereótipos a fim de dar sentido às inúmeras complexidades que encontramos no ambiente e, caso não criássemos esses conceitos, a vida seria pleno caos.
Colocamos pessoas e coisas em categorias para distingui-las em grupos coexistentes, facilitando assim sua identificação (igual produtos reconhecidos por sua embalagem).
Muitas pesquisas no campo da Sociologia comprovam que, quando se trata de categorizar informações sobre as pessoas, elas tendem a minimizar as diferenças dentre os grupos, e exagerar as diferenças entre os grupos. É claro, cada um defende sua tribo.
As pessoas são propensas a avaliar mais negativamente uma pessoa de um grupo ao qual não pertencem, por questão de favoritismo. Como afirmou o cientista alemão Albert Einstein:
“Poucas pessoas são capazes de expressar opiniões que diferem dos preconceitos de seu ambiente social.”
O princípio do favoritismo é notável em qualquer grupo, sem exceção, pois toda pessoa sente uma obrigação moral de cumprir papéis sociais, de ser útil à sociedade, ter um lugar entre aqueles com as quais interesses são trocados.
Estereótipos facilitam o processo de tomada de decisões mas, de forma paradoxal, nos tornam mais imprecisos, cegos e estúpidos.
5 formas de evitar o preconceito
Levando em consideração um mundo diversificado e multicultural, é de fundamental importância para as pessoas compreender as formas de reduzir o preconceito em todas as suas facetas.
Bob Marley sempre dizia:
“O preconceito é uma cadeia de onde nunca chegaremos a lugar nenhum.”
Para aqueles que estão dispostos a sair de suas próprias prisões mentais, aqui estão cinco boas formas de evitar o preconceito:
1. Não torne o preconceito algo pessoal
Quando alguém diz algo ofensivo ou intrusivo, a mais comum (e pior) coisa a fazer é reagir defensivamente. Uma resposta defensiva dá poder às palavras da outra pessoa, fazendo ela presumir que há alguma verdade nelas.
Em meio à acusações ou atribuições negativas, a autodefesa é uma reação quase inevitável. Porém, quanto mais defensivamente reagimos, mais confiante a outra pessoa se torna. Preconceitos, como ofensas, só surtem efeito quando há resistência.
Mesmo que uma manifestação preconceituosa nos pareça um tanto pessoal, ela só será capacitada se reagirmos de forma contrária ou hostil.
2. Invista em relacionamentos intergrupais
Em condições favoráveis, o convívio regular com pessoas de vários grupos pode atenuar a motivação preconceituosa em cada um desses grupos.
Experiências positivas com pessoas de grupos diferentes enfraquecem a influência do preconceito, pois essas vivências promovem maior aproximação e intimidade com outras pessoas, amenizando a necessidade de elas recorrerem a informações estigmatizadas ou estereótipos.
3. Exercite a humildade
Ser humilde não é ser menos que alguém, é saber que não somos mais do que ninguém. Muito do preconceito vem do orgulho, que, não bem canalizado, se transforma em arrogância, inimiga da humildade e sócia do preconceito.
Para uns, humildade é uma incompatibilidade de caráter. Para outros, é um valor enobrecedor que ajuda a combater o preconceito.
4. Conte suas histórias
Contar histórias é a melhor forma de exercer empatia e gerar respostas emocionais nas pessoas. Uma vez que elas se envolvem e participam de suas experiências, tendem a positivar suas opiniões e julgamentos.
Por trás de cada rosto existe uma história e, sem antes conhecê-la, qualquer pré-conceito é infundado.
5. Viaje
Viajar amplia nossas maneiras de pensar, o que contribui para a libertação da dependência de estereótipos. Viajar faz com que aprimoremos habilidades como complacência, resiliência e criatividade.
Pessoas que buscam ser mais compreensivas e flexíveis conseguem mais facilmente exonerar seus modelos mentais ultrapassados. Sendo assim, padrões de pensamento são sempre atualizados, e os estigmas, enfraquecidos.