A palavra psicopata para alguns assusta. Na maioria das vezes é empregada para identificar maníacos, homicidas e serial killers.
Talvez você não saiba, mas as chances de você conhecer um psicopata são altas. E as hipóteses de apenas cruzar com um na rua então é quase certeira.
A ciência estima que a proporção de psicopatas no mundo é três a quatro a cada cem pessoas. Mas não se assuste, a maior parte deles não são assassinos.
O livro Mentes Perigosas: O psicopata mora ao lado, escrito pela médica psiquiatra Ana Beatriz Silva, estimula duas ações imediatas durante a leitura.
A primeira é pensar em todas as pessoas que estão próximas da gente e analisar se elas se encaixariam no perfil de um psicopata. A segunda é analisar a si mesmo.
Remorso, culpa, empatia, solidariedade, honestidade, compaixão. Se você já sentiu algum desses sentimentos, você está livre. Se não, é bom reconhecer sua condição.
A autora explica com uma linguagem simples como é o comportamento de um psicopata e ainda exemplifica contando casos de psicopatia, alguns mais leves e outros gravíssimos. O assassinato de Daniella Perez e o caso Suzane von Richthofen estão lá.
O escorpião aproximou-se do sapo que estava à beira do rio. Como não sabia nadar, pediu uma carona para chegar à outra margem. Desconfiado, o sapo respondeu: “Ora, escorpião, só se eu fosse tolo demais! Você é traiçoeiro, vai me picar, soltar o seu veneno e eu vou morrer.” Mesmo assim o escorpião insistiu, com o argumento lógico de que se picasse o sapo ambos morreriam. Com promessas de que poderia ficar tranquilo, o sapo cedeu, acomodou o escorpião em suas costas e começou a nadar. Ao fim da travessia, o escorpião cravou o seu ferrão mortal no sapo e saltou ileso em terra firme. Atingido pelo veneno e já começando a afundar, o sapo desesperado quis saber o porquê de tamanha crueldade. E o escorpião respondeu friamente: – Porque essa é a minha natureza! (É com essa fábula que a autora inicia os trabalhos)
Mentes Perigosas é um livro fácil de sublinhar. Tem frases impactantes e de fácil absorção. O meu foi todo riscado e os 24 trechos que serão reproduzidos abaixo deve ser, sei lá, um oitavo do que sublinhei. Olha só:
1.
O que a sociedade desconhece é que os psicopatas, em sua grande maioria, não são assassinos e vivem como se fossem pessoas comuns. Eles podem arruinar empresas e famílias, provocar intrigas, destruir sonhos, mas não matam. E, exatamente por isso, permanecem por muito tempo ou até uma vida inteira sem serem descobertos ou diagnosticados. Por serem charmosos, eloquentes, “inteligentes”, envolventes e sedutores, não costumam levantar a menor suspeita de quem realmente são. Podemos encontrá-los disfarçados de religiosos, bons políticos, bons amantes, bons amigos. Visam apenas o benefício próprio, almejam o poder e o status, engordam ilicitamente suas contas bancárias, são mentirosos contumazes, parasitas, chefes tiranos, pedófilos, líderes natos da maldade.
2.
Seus atos criminosos não provêm de mentes adoecidas, mas sim de um raciocínio frio e calculista combinado com uma total incapacidade de tratar as outras pessoas como seres humanos pensantes e com sentimentos. Os psicopatas em geral são indivíduos frios, calculistas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam apenas o próprio benefício. Eles são incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se colocar no lugar do outro. São desprovidos de culpa ou remorso e, muitas vezes, revelam-se agressivos e violentos. Em maior ou menor nível de gravidade e com formas diferentes de manifestarem os seus atos transgressores, os psicopatas são verdadeiros “predadores sociais”, em cujas veias e artérias corre um sangue gélido.
3.
Temos que ter em mente que as pessoas que não são merecedoras de nossa confiança não usam roupas especiais, não possuem um sinal na testa que as identifiquem, tampouco apresentam algum perfil físico específico. Elas são muito parecidas conosco e podem nos enganar por uma longa existência.
4.
Imagine uma grande cidade como Rio de Janeiro ou São Paulo, por exemplo, onde milhares de pessoas se esbarram o tempo todo. A cada cem pessoas que transitam para lá e para cá, três ou quatro delas estão praticando atos condenáveis, em graus variáveis de gravidade, ou estão indo em direção à próxima vítima. Imagine também o estádio do Maracanã lotado numa decisão de um campeonato de futebol, onde 80 mil pessoas podem ser acomodadas: ali podem estar concentrados cerca de 3 mil psicopatas.
5.
Muito mais que apelar para o nosso sentimento de medo, os psicopatas, de forma extremamente perversa, apelam para a nossa capacidade de sermos solidários. Eles se utilizam de nossos sentimentos mais nobres para nos dominar e controlar. Os psicopatas se alimentam e se tornam poderosos quando conseguem nos despertar piedade. Esse tipo de alimento para essas criaturas tem efeito extraordinário de poder tal qual o espinafre para o personagem de Popeye dos desenhos infantis.

6.
Quando sentimos pena, estamos vulneráveis emocionalmente, e é essa a maior arma que os psicopatas podem usar contra nós!
7.
Os psicopatas possuem uma visão narcisista e supervalorizada de seus valores e importância. Eles se vêem como o centro do universo e tudo deve girar em torno deles. Pensam e se descrevem como pessoas superiores aos outros, e essa superioridade é tão grande que lhes dá o direito de viverem de acordo com suas próprias regras. Para os psicopatas, matar, roubar, estuprar, fraudar etc. não é nada grave. Embora eles saibam que estão violando os direitos básicos dos outros, por escolha, reconhecem somente as suas próprias regras e leis. Além disso, são extremamente hábeis em culpar as outras pessoas por seus atos, eximindo-se de qualquer responsabilidade. Para eles, a culpa sempre é dos outros.
8.
Empatia é a capacidade de considerar e respeitar os sentimentos alheios. É a habilidade de se colocar no lugar do outro, ou seja, vivenciar o que a outra pessoa sentiria caso estivéssemos na situação e circunstância experimentadas por ela. Somente pela definição do que é empatia, já fica claro que esse não é um sentimento capaz de ser experimentado por um psicopata.
9.
Mentir, trapacear e manipular são talentos inatos dos psicopatas. Com uma imaginação fértil e focada sempre em si próprios, os psicopatas também apresentam uma surpreendente indiferença à possibilidade de serem descobertos em suas farsas. Se forem flagrados mentindo, raramente ficam envergonhados, constrangidos ou perplexos; apenas mudam de assunto ou tentam refazer a história inventada para que ela pareça mais verossímil.
10.
É importante frisar que eles sempre sabem qual a consequência das suas atitudes transgressoras, no entanto, não dão a mínima importância para isso.

11.
Os psicopatas são intolerantes ao tédio ou a situações rotineiras. Eles buscam situações que possam mantê-los em um estado permanente de alta excitação.
12.
Segundo Robert Hare, o número de psicopatas burocratas ou de “colarinho branco” é significativo em cargos de lideranças e chefias.
13.
Os psicopatas não vão ao trabalho, vão à caça. Como observamos na primeira parte do capítulo, no mundo corporativo a ação dos psicopatas pode ser comparada a de animais ferozes na busca implacável do poder e do domínio sobre o maior número de pessoas possível, assim como os grandes predadores fazem na demarcação dos seus territórios.
14.
A política propicia o exercício do poder de forma quase ilimitada. Poucos cargos permitem um exercício tão propício para atuação dos psicopatas.
15.
Nesse contexto, podemos encontrar policiais que dirigem redes de prostituição, juízes que cometem os mesmos delitos que os réus – mas no julgamento os condenam com argumentações jurídicas impecáveis, banqueiros que disseminam falsos boatos econômicos na economia. Também estão alguns líderes de seitas religiosas, que abusam sexualmente de seus discípulos, ou ainda políticos e homens de Estado que só utilizam o poder em proveito próprio.

16.
Se existe uma “personalidade criminosa”, esta se realiza por completo no psicopata. Ninguém está tão habilitado a desobedecer às leis, enganar ou ser violento como ele.
17.
A principal região envolvida nos processos racionais é o lobo pré-frontal (região da testa): uma parte dele (córtex dorsolateral pré-frontal) está associada a ações cotidianas do tipo utilitárias, como decorar um número de um telefone ou objetos. A outra parte (córtex medial pré-frontal) recebe maior influência do sistema límbico, definindo de forma significativa as ações tomadas nos campos pessoais e sociais. A interconexão entre a emoção (sistema límbico) e a razão (lobos pré-frontais) é que determina as decisões e os comportamentos socialmente adequados.
18.
Se considerarmos que a amígdala é o nosso “coração cerebral”, entenderemos que os psicopatas são seres sem “coração mental”. Seus cérebros são gelados e, assim, incapazes de sentir emoções positivas como o amor, a amizade, a alegria, a generosidade, a solidariedade… Essas criaturas possuem grave “miopia emocional” e, ao não sentirem emoções positivas, suas amígdalas deixam de transmitir, de forma correta, as informações para que o lobo frontal possa desencadear ações ou comportamentos adequados. Chegam menos informações do sistema afetivo/límbico para o centro executivo do cérebro (lobo frontal), o qual, sem dados emocionais, prepara um comportamento lógico, racional, mas desprovido de afeto.
19.
Se partirmos da premissa de que a alteração primária dos psicopatas é uma amígdala hipofuncionante, poderemos considerar as seguintes situações:
• Psicopatas pensam muito e sentem pouco. Suas ações são racionais e a razão tende sempre a escolher, de forma objetiva, o que leva à sobrevivência e ao prazer. De forma primitiva a razão usa a “lei da vantagem” sempre. Essa forma de pensar privilegia o indivíduo e nunca o outro ou o social.
• Como espécie, os homens evoluíram muito mais por sua capacidade de cooperação social do que por seus atributos individuais. Assim, podemos perceber que os psicopatas são seres cujas tomadas de decisão privilegiam sempre os interesses individuais e/ou oligárquicos mesquinhos e nunca o social e/ou o coletivo de conteúdo solidário.
• Sem conteúdo emocional em seus pensamentos e em suas ações, os psicopatas são incapazes de considerar os sentimentos do outro em suas relações e de se arrependerem por seus atos imorais ou antiéticos. Dessa forma, eles são incapazes de aprender através da experiência e por isso são intratáveis sob o ponto de vista da ressocialização.
20.
Crianças ou adolescentes que são francos candidatos à psicopatia possuem um padrão repetitivo e persistente que pode ser sintetizado pelas características comportamentais descritas a seguir:
• Mentiras frequentes (às vezes o tempo todo);
• Crueldade com animais, coleguinhas, irmãos etc;
• Condutas desafiadoras às figuras de autoridade (pais, professores etc);
• Impulsividade e irresponsabilidade;
• Baixíssima tolerância à frustração, com acessos de irritabilidade ou fúria quando são contrariados;
• Tendência a culpar os outros por erros cometidos por si mesmos;
• Preocupação excessiva com seus próprios interesses;
• Insensibilidade ou frieza emocional;
• Ausência de culpa ou remorso;
• Falta de empatia ou preocupação pelos sentimentos alheios;
• Falta de constrangimento ou vergonha quando pegos mentindo ou em flagrante;
• Dificuldades em manter amizades;
• Permanência fora de casa até tarde da noite, mesmo com a proibição dos pais. Muitas vezes podem fugir e levar dias sem aparecer em casa;
• Faltas constantes sem justificativas na escola ou no trabalho (quando mais velhos);
• Violação às regras sociais que se constituem em atos de vandalismo como destruição de propriedades alheias ou danos ao património público;
• Participação em fraudes (falsificação de documentos), roubos ou assaltos;
• Sexualidade exacerbada, muitas vezes levando outras crianças ao sexo forçado;
• Introdução precoce no mundo das drogas ou do álcool;
• Nos casos mais graves, podem cometer homicídio.
Vale ressaltar que essas características são apenas genéricas e que o diagnóstico exato só pode ser firmado por especialistas no assunto. Além do mais, o leitor deve atentar para a frequência e a intensidade com as quais essas características se manifestam.
21.
A psicopatia não tem cura, é um transtorno da personalidade e não uma fase de alterações comportamentais momentâneas. Porém, temos que ter sempre em mente que tal transtorno apresenta formas e graus diversos de se manifestar e que somente os casos mais graves apresentam barreiras de convivência intransponíveis.

22.
Da mesma forma que um indivíduo se empolga com a adulação de um manipulador, uma nação inteira pode se “hipnotizar” por lideranças políticas que se utilizam desses mesmos recursos. A história da humanidade está recheada de estadistas tiranos que, ao engrandecerem seu povo, fazem dele uma “presa coletiva” com um único objetivo: o desejo de poder.
23.
Os psicopatas não amam seus cônjuges, isso não existe! Eles os possuem como uma mercadoria ou um troféu com os quais reforçam seus desejos de manipulação, controle e poder.
24.
Paul Babiak, psicólogo americano, especializado em recursos humanos, realizou um importante estudo, através do qual demonstrou as táticas utilizadas por psicopatas no meio corporativo. Ele os denominou “cobras de temo” por suas ações cínicas, inescrupulosas e antiéticas na disputa por altos cargos, salários e poder. Segundo Babiak, os psicopatas em ambientes empresariais costumam adotar um plano tático que pode ser resumido em cinco fases:
Fase 1 – Ingresso na empresa: Esta fase corresponde basicamente à entrevista de emprego. Nessa ocasião o candidato psicopata mostra-se cativante, seguro e charmoso. Utiliza-se de todo seu arsenal sedutor com o objetivo claro de impressionar o entrevistador da forma mais positiva possível.
Fase 2 – Estudo do território (avaliação): Nessa etapa o psicopata já se encontra empregado. Procura então descobrir, da forma mais rápida possível, quem são as pessoas que possuem voz ativa na empresa. Logo em seguida trata de construir relações pessoais, de preferência íntimas, com esses funcionários influentes.
Fase 3 – Manipulação de pessoas e fatos: De forma maquiavélica (intencional), espalha falsas informações para que seja visto de forma positiva e os outros de maneira negativa perante as chefias. Semeia desconfiança entre os funcionários, jogando-os uns contra os outros. Disfarça-se de “amigo”, contando aos colegas sobre outros que o difamaram. Estabelece contato individual com as pessoas, mas evita reuniões ou situações nas quais precise se posicionar perante todo o grupo. Mantém-se “camuflado” para levar adiante a estratégia de ascensão ao poder.
Fase 4 – Confrontação: Nessa fase os psicopatas “de terno e gravata” abandonam as pessoas que havia cortejado anteriormente e que não são mais úteis à sua ascensão profissional. Num requinte de maldade, eles utilizam a humilhação como arma para manterem suas vítimas em silêncio. Dessa forma, as pessoas que mais foram exploradas são aquelas que menos se dispõem a falar sobre suas experiências.
Fase 5 – Ascensão: Tal qual um jogo de xadrez, essa é a hora do xeque-mate, é a hora do golpe fatal. Após colocar líderes e chefias uns contra os outros, o psicopata “de terno e gravata” toma o lugar do seu superior, que geralmente é demitido ou rebaixado de cargo e função. É importante lembrarmos que a ausência de consciência e de medo torna essas pessoas potencialmente ardilosas e perigosas. Para elas, infringir as normas e externar seus desejos agressivos e predatórios sem qualquer escrúpulo ou culpa são atitudes “naturais” e, por isso mesmo, isentas de qualquer autocrítica.
Bônus: Um dos casos de psicopatia relatados no livro:
Moreno alto, bonito e sensual
Andréa estava separada havia um ano quando conheceu Rafael numa festa. Tratava-se de um advogado comum, com roupas despojadas, jeito sedutor e com um sorriso que contagiava todo o ambiente. Seus cabelos escuros, lisos e bem tratados emolduravam o belo rosto com olhos castanhos e encantadores. Ele se aproximou de Andréa e iniciaram um papo animado como se já se conhecessem há muito tempo. Ela narrava sua última viagem aos Estados Unidos, onde se “refugiou” para esquecer os últimos acontecimentos. Rafael, por sua vez, contava com riqueza de detalhes sobre a Europa e por que o Velho Mundo o fascinava tanto. Rafael delicadamente lhe servia drinques, canapés e, vez por outra, contava piadas absolutamente engraçadas que a faziam rir como nunca. Ele era habilidoso e performático em narrar histórias divertidas e ela se via cada vez mais encantada com aquele homem tão especial, que estava a um palmo de distância. Outros encontros vieram, e sempre tão agradáveis quanto o primeiro. Andréa pensou: “Meu Deus, isso é tudo de bom! Encontrei o homem que toda mulher sonha em ter ao seu lado!” Ela estava se apaixonando novamente e deixando para trás a amargura do casamento fracassado. Com alguns meses de namoro, Andréa ainda não conhecia a casa e a família de Rafael. Sabia que ele morava com a mãe viúva, que ele alegava ser uma pessoa muito difícil, possessiva e indelicada com suas namoradas. Por isso, não queria novamente que sua felicidade fosse “ladeira abaixo” com o ciúme doentio de sua mãe. Andréa compreendeu. O tempo passou e algumas atitudes de Rafael começaram a intrigá-la: ao mesmo tempo em que era amável e sociável, ele se mostrava intolerante, impulsivo e, às vezes, preconceituoso. Um dia, ao fazerem compras juntos, agarrou um garoto pelo colarinho, simplesmente porque o menino esbarrou no seu carrinho de compras. “Por que você foi tão agressivo com ele?”, ela perguntou. “Porque não fui com a cara dele”, foi a resposta. Ao saírem do supermercado, um funcionário se ofereceu para colocar as compras no carro. Rafael o empurrou com tanta força que por pouco o rapaz não tombou indefeso no meio da calçada. Partindo com o carro, constrangida, Andréa ainda ouviu o rapaz gritar: “Você está louco? Eu só quis ajudar!” Não tocaram mais no assunto. Apesar do que aconteceu, Rafael estava calmo e dirigia com cuidado como se nada tivesse acontecido. Ligou o rádio, comprou flores pelo caminho e contou mais algumas piadas. Dessa vez ela não achou a menor graça. Andréa comentou com seus amigos sobre esses e outros episódios contraditórios, mas ninguém deu muita importância: “Ele parece ser um cara legal, deve ser apenas uma fase de estresse”, “Não fique tão preocupada, todos nós temos defeitos e vocês formam um belo casal”. Dois meses depois, Rafael quis trocar de carro e convenceu Andréa a emprestar suas economias. Estava prestes a receber seus honorários e em poucos dias devolveria o dinheiro. Ela não questionou, apenas confiou e raspou sua poupança. Ele nunca mais deu sinal de vida. Em pouco tempo, toda a verdade foi descoberta: Rafael é um impostor, um tremendo picareta! Não é advogado, nunca trabalhou e jamais colocou os pés na Europa. Apesar de sua inteligência, na fase escolar só estudava para passar aos trancos e barrancos. Seus pais adoravam cachorros, mas abriram mão desse prazer porque Rafael os maltratava e ria enquanto sua irmã mais nova chorava em defesa dos cães. Havia poucos anos seu pai morrera de um enfarte fulminante e lhes deixou uma gorda pensão. Rafael já era um homem feito e ainda apelava para o bom coração de sua mãe, que lhe assegurava uma boa mesada. Andréa não foi a primeira e certamente não será a última pessoa do mundo a ser enganada por ele. Provavelmente Rafael jamais matará alguém (isso só o tempo dirá), mas continuará vivendo de golpes “baratos”, aproveitando-se de mulheres fragilizadas e se divertindo com seus feitos. Com sua habilidade de ludibriar, seduzir e até assustar, sente-se superior a todos e os vê como tolos. Alvos fáceis. Rafael não se importa com ninguém. Rafael é um psicopata.