The Art Of McCartney

Estava ouvindo Appreciate do Paul McCartney hoje cedo. Nas últimas semanas tenho consumido muito sons feitos pelo ex-Beatle, e o motivo é que em 2014 ele passará pelo Brasil mais uma vez, e este que vos escreve não poderia perder mais uma oportunidade de ver um dos maiores baixistas da história em ação.

Com essa overdose de Paul ainda em andamento, resolvi dar uma repassada na carreira solo do britânico, porém resolvi fazê-lo de trás para frente, começando em 2013 com “New“, a versão modernete do Steve Jobs da música futurista. E foi ai que “Appreciate” ficou no repeat. Foram horas ouvindo Paul, imaginando como será seu show e lembrando de diversos momentos onde sua música fez a trilha de várias etapas de minha vida.

E agora que “The Art Of McCartney – The Songs Of Paul McCartney Sung By The World’s Greatest Artists” se tornou público (antes mesmo de seu lançamento no dia 18 deste mês) é que não vejo nenhuma previsão de fim para esta recaída para com uma das drogas mais perigosas que existem, a música de qualidade. Música esta que aqui consegue cumprir a tarefa de enobrecer a obra de um (já) gigante maestro, e ainda o faz com requintes de participações especiais, resultando em uma bela homenagem feita por quem entende do assunto.

No total temos 34 faixas, e se você estiver um pouco mais ousado economicamente ainda pode arrematar quarenta e dois takes, caso queira a versão deluxe. Porém, o que até mesmo os mais humildes terão acesso é, para dizer o mínimo, um dos grandes tributos que a música prestou em tempos recentes. E o melhor de tudo, os músicos envolvidos fizeram o projeto sair do papel enquanto Paul vive, e trabalhos como este apenas ressaltam a importância de preservar um legado, e de se fazer isso enquanto o homenageado ainda está entre nós.

São mais de duas horas de som, e uma coisa que vale a pena destacar é que esse disco não se trata apenas de Paul McCartney, trata-se também de um grande sítio arqueológico para você fã de música de uma maneira geral. Impressiona pelos covers que, além de mostrarem artistas bem ecléticos, destacam vozes que pareciam estar esquecidas e deixam fãs estupefatos com performances que nunca foram imaginadas antes, e “Bluebird“, com Corinne Bailey Rae, talvez tenha sido uma delas.

Dr John com “Let ’Em In“, Allen Toussaint com “Lady Madonna”, Alice Cooper ao som de “Eleanor Rigby” e B.B. King com “On the Way” e o soul de Smokey Robinson com “Soul Bad” são meus principais destaques, isso fora “Come and Get It” que convoca os mestres do dub, Sly and Robbie.

the art of mccartney - alice cooper

No fim das contas creio que essa resenha é mais uma daquelas que pode correr o risco “de chover no molhado”, até porque no final a conclusão deverá ser a mesma para todos os resenhistas: Paul “MacCa” é um gênio e é visto desta forma tanto por seus fãs como por seus semelhantes, seus amigos músicos. Ver esta constelação reunida foi melhor do que olhar para um céu estrelado.

Foi ótimo ter mais uma “desculpa” para se perder nos Beatles, Wings e no Paul solamente, grande trabalho, óh faraônico Paul, fazendo jus à pontualidade de sua terra natal para as celebrações dos 50 anos da Beatlemania!