2Cellos: recriando o rock e o pop com violoncelos

De Michael Jackson ao AC/DC, passando pelo Sting e pelo Coldplay, experimentando um pouco do Nirvana e da Rihanna também. Artistas, épocas e gêneros diferentes – todos passando pelas cordas de dois violoncelos. Quem consegue recriar os mais famosos hinos destes músicos (entre muitos outros) é o duo musical 2Cellos, formado pelo esloveno Luka Šulić e pelo croata Stjepan Hauser.

Os dois violoncelistas se conheceram ainda na adolescência, onde estudaram juntos na Academia de Música de Zagreb; logo depois embarcaram para Viena, na Áustria. O caminho dos dois foi separado por um tempo, quando um foi estudar em uma universidade de Londres, enquanto o outro rumou a Manchester. A verdade é que ambos foram rivais, sempre competindo em concursos de música – mas preservando sempre a amizade.

O projeto 2Cellos foi colocado em pauta em 2010, quando os dois foram morar próximos um do outro, podendo, assim, discutir a respeito da criação do duo. Foi em 2011 que o vídeo de maior sucesso da dupla foi divulgado, o de Smooth Criminal, do rei MJ. No mesmo ano eles participaram de um episódio de Glee, onde fizeram o instrumental da música – com o cenário totalmente inspirado em seu vídeo original. Ao assinar, ainda em 2011, um contrato com a Sony Masterworks, seu primeiro álbum foi lançado, o 2Cellos.

O gênero musical do duo é chamado de Cello rock – uma mistura de música clássica com o rock (e também o pop) – que tem Apocalyptica e Rasputina como algumas das bandas representantes do estilo. É considerado um subgênero do heavy metal, que tem o violoncelo como o principal, e às vezes único, instrumento empregado às performances.

O In2ition é o segundo álbum da parceria, lançado em 2012. A presença de Elton John (que chegou a convidá-los para uma turnê por 30 cidades), do pianista chinês Lang Lang, de Steve Vai, da atriz Naya Rivera, entre outros, dá um quê a mais para um outro excelente álbum. Os caras já marcaram presença no Brasil, no Rio de Janeiro e em São Paulo, em 2013. O show na Arena Pula, lá na Croácia, foi sensacional – e, para mim, o melhor que eles já fizeram. Mas confesso que a apresentação na Arena Zagreb, em 2012, foi de arrepiar também.

Mississippi Delta Blues Festival 2014: Quem vai?

A música do sul dos Estados Unidos tem uma grandiosa força também no sul do Brasil. Tanto que há sete anos, rola em Caxias do Sul o Mississippi Delta Blues Festival.

O MDBF já pode – e é – considerado um dos maiores festivais do gênero da América Latina. A sétima edição será nos dias 20, 21 e 22 de novembro, no local de sempre, o Largo da Estação Férrea da cidade.

Serão três dias intensos de blues com mais de 50 artistas divididos em 6 palcos. A Estação Férrea espera um grande contingente de blueseiros (no ano passado foram 10, 5 mil!). Ainda há ingressos à venda. Para comprar é só ir em mdbf.com.br.

Em 2012, o La Parola trouxe esse relato a vocês. Nesse ano, faremos o mesmo. Só que enquanto não pegamos a estrada rumando a Caxias do Sul, destacarei alguns artistas – nacionais e internacionais – que estarão lá fazendo um blues com o mais puro feeling. São só performances ao vivo e muitas delas são versões de clássicos. O blues tem dessas, uma vez que o blueseiro é o músico que mais presta homenagens a seus ídolos.

Para conferir o line up completo, atividades paralelas e tudo mais venha cá.

Bob Stroger (Chicago, Illinois)

Bex Marshall (Londres, Reino Unido)

Blues Etílicos (Rio de Janeiro)

Lurrie Bell (Chicago, Illinois)

Guit4rs for the Blues

(Fernando Noronha, Solon Fishbone, Netto Rockfeller e Danny Vincent)

Johnny Nicholas (Austin, Texas)

http://youtu.be/LI248hA-uxw

Nei Van Soria (Porto Alegre)

http://youtu.be/itGwL27tjaI

Cluster Sisters (Londrina)

http://youtu.be/nkmg98kYv9Q

Robert Bilbo Walker (Clarksdale, Mississippi)

Electric Blues Explosion (Caxias do Sul)

Jerry Portnoy (Chicago, Illinois)

Larry McCray (Magnolia, Arkansas)

Ale Ravanello Blues Combo (Porto Alegre)

Coisas que o Budismo me ensinou – e você também deveria aprender

Para começar quebrando alguns milhões de paradigmas e invencionices, o Budismo não é só uma religião, mas também um sistema ético e filosófico, como qualquer outra doutrina, ideologia ou pensamento. E não, você não precisa virar um monge budista pra seguir os ensinamentos e ter uma vida mais plena.

Vale lembrar que o Budismo é composto por varias escolas (as antigas e as mais “modernets”), mas não irei me apegar em nenhuma delas. Usarei o conceito do Budismo Humanista, que nada mais é do que basear as ideias no exemplo de vida do Buda. Esse não é um novo tipo de Budismo, mas um incentivo para participarmos do mundo e sermos uma fonte de energia benéfica aos outros.

Dentre os ensinamentos que estudei, separei 5 conceitos, lições, pensamentos, ideologias, práticas e afins, que me ajudaram a perceber o mundo por uma nova perspectiva.

1. Atenção Plena (Samma-sati)

A atenção plena ou mindfulness é uma das práticas budistas que eu mais gosto e que mais entendo como necessária, visto a vastidão de informações e experiências que estamos sujeitos.

O mindfulness prega que devemos viver o momento presente aproveitando cada lição e experiência que ele pode nos oferecer. A pira é você estar consciente da sua respiração o que, automaticamente, lhe faz perceber que está vivo.

O velho hábito de segunda-feira chegar e já pensarmos na sexta, ou de mexermos no celular enquanto fazemos uma refeição, e um milhão de outras condutas, muitas vezes, inconscientes devem ser eliminadas, o que nos leva a viver mais intensamente cada situação.

Atenção Plena é simplesmente o estabelecimento da atenção, com plena consciência, no aqui e agora.

O texto “Lavando os pratos para lavar os pratos: consciência, presença e o milagre da vida na pia da cozinha” de Thich Nhat Hanh, ensina o conceito direitinho.

2. Respiração

A respiração é um dos fatores para alcançar a atenção plena e também parte da energia vital do nosso corpo. Quando de forma voluntária controlamos a nossa respiração, induzimo-nos a um estado de tranquilidade emocional e mental.

Sempre que o corpo estiver imóvel e a respiração controlada, a mente naturalmente se acalmará e posteriormente, depois de alguma prática — claro, esse estado de relaxamento e consciência nos ajuda na hora meditação de fato.

Como ainda não consigo fazer longos períodos de meditação, eu faço pequenas pausas diárias usando o Do nothing for 2 minutes e exercitando a respiração consciente.

3. Desapego

Essa palavra assusta algumas pessoas e já me assustou muito também. Mas, dentro desse conceito o desapego tem a função de nos deixar abertos a tudo, com intimidade e envolvimento verdadeiro com as coisas. É soltar aquilo que foi “pego” e mantido como “fixo”.

É levar uma vida de autocontrole, pureza, serviço altruísta, amor cósmico e desenvolver o hábito de exercitar o correto ponto de vista, correto pensar, correto sentir, correto agir, com correta atitude mental.

4. Ciclo da maldade

Tive umas das experiências mais plenas da minha vida nesse sentido. E a maior lição que aprendi é que nunca, jamais, devemos dar continuidade ao ciclo do mal.

Ódio respondendo ao ódio nunca acaba. Perdoar é uma das partes mais importantes do caminho para o autoconhecimento e da busca do fim do sofrimento.

No Budismo o perdão é trabalhado de forma múltipla, como através do desenvolvimento de metta (amor), de karuna (compaixão), e principalmente, do trabalho sobre a raiva.

“O perdão não é um cheque em branco que você dá a alguém que tenha feito algo errado, é sobre quebrar o ciclo de vingança”.

5. Karma

Por fim, diferente do que se acha e muito superior a maneira como aplicamos atualmente, o Karma é não substancialmente fatalismo. Ele vai além de justificar qualquer tipo de sofrimento ou injustiça que vivemos.

Na real ele opera como um feedback, diferente da máxima de que “se colhe o que se planta”, essa ideia mostra que tanto o passado, como o presente influenciam nas ações existentes e futuras.

“Quem você é?”, “De onde você veio?”, “O que você fez?” é igualmente importante ao que sua mente esta produzindo no momento presente. Se sua mente estiver sobre sofrimento e você continuar a pensar no sofrimento, esse feedback cármico continuará.

Ou seja, semeie e pense coisas boas/positivas/prosperas e o feedback cármico lhe trará melhores resultados.

É isso, namastê!

Fica, Lobão. Faz bem para a democracia.

Foto: reprodução

“Agora estamos mais fortes, mais articulados e mais numerosos. Nasce uma verdadeira oposição no Brasil e ninguém arredará pé daqui. Esse país também é nosso e ficaremos firmes e fortes para lutar por ele. Vamos em frente!”

Essas foram as primeiras palavras do Lobão acerca da sua possível viagem para fora das terras brasileiras, publicadas na sua página pessoal no Facebook. Ele quer ficar e quero que ele fique. Pois é, quero que todos os seus amigos reaças também se mantenham firmes na luta por mudanças.

O Brasil é vasto e comporta de tudo. Além disso, democracia pressupõe que todos os sujeitos envolvidos tenham iguais direitos e garantias. Somos todos vencedores.

Faz tempo que o Brasil não vê uma disputa tão acirrada na corrida presidencialista. Foram minutos de muita emoção tanto para o PSDB quanto para o PT. O povo, mais do que nunca, mostrou que tem a força necessária para deixar a balança política equilibrada. O resultado disso é que os próximos anos não serão fáceis para Dilma Rousseff, reeleita com ligeira diferença.

Por isso, vejo nas palavras do Lobão uma maturidade tremenda: não existem boas razões para abandonar o barco logo agora que os navegantes começam a avistar terra firme. Aécio Neves fez uma campanha louvável e mostrou que é um político nato, com habilidades extraordinárias. Mas, em se tratando de política, é preciso ter algo mais.

Se antes a oposição se autorrotulava como fraca, pequena e desprovida dos meios necessários para agir social e politicamente, agora reconhece o seu poder e encontra na população brasileira um apoio tremendo. A política do Brasil já não é a mesma. A nossa democracia começa a ganhar novos contornos.

O nordestino é tão brasileiro quanto você

O verão chega e praticamente metade da população se dirige às praias. Aqui no Rio de Janeiro, de um canto ao outro da cidade, você se espreme entre milhares de pessoas, mas sempre encontra um metro quadrado de areia para sentar. Eu, carioca, não curto praia, logo não passo esse sufoco — suado, exaustivo e caótico. Se você subir o dedo no mapa até o nordeste, encontrará as melhores praias brasileiras, e como a maioria das famílias pode viajar de avião hoje em dia, é para o topo do país que o sudeste e sul se dirigem. À terra dos nordestinos. Sim, aquele povo que “só sabe viver às custas do resto do país e do Bolsa Família”.

O resultado das eleições de 2014 para presidência gerou piadas, discussões, brigas entre PT x PSDB — partidários, eleitores, comentaristas do Twitter — e trouxe à tona um dos preconceitos mais vergonhosos e inaceitáveis que existe no Brasil. Não é de hoje que a intolerância ao povo do nordeste é latente na sociedade brasileira, e também não é recente vermos a discriminação por parte da população do sudeste e do sul em relação a migrantes nordestinos. Se tratando de duas regiões que se colocam no ponto mais alto do pedestal intelectual — uma delas sendo a mais importante do país —, fica incabível serem tão burras assim, e pior, insistirem na burrice ano após ano. Chega a dar um embaraço, uma vergonha alheia. Começo a suspeitar que esse pessoal pulou História do Brasil no colégio, deixando de aprender que foi lá em cima que nasceu a raiz cultural brasileira, e o mais importante, a miscigenação que tantos odeiam admitir existir aqui. Falta muita, mas muita mesmo, educação e respeito dos ditos inteligentes e de boa família.

O preconceito contra o nordestino vem daqui: linha de pobreza, posição geográfica, etnia. Sim, não é segredo que, infelizmente, o nordeste é uma região que, em sua maior parte, anda à margem da pobreza; infelizmente porque não é justo que pessoas vivam em uma realidade pesadíssima como a de lá. Esse é o primeiro ponto usado para denegrir o nordestino. Posição geográfica? É, mas esta é uma razão tão mesquinha e ilógica que não é preciso tecer comentários. E o último argumento utilizado pode ser entendido na frase “é tudo burro, pobre, favelado, e claro, tudo preto”. Daí você extrai dois preconceitos: a xenofobia e o racismo. Um remete ao outro, um é a expressão do outro. Quem sugeriu a separação do nordeste do resto do Brasil, entre outras sandices, lide com: o preto e o pobre agora estudam na mesma universidade que o playboy estuda. Cuidado, o choro é livre, mas racismo dá cadeia.

O ano de 2015 está batendo à porta e ainda tem muita gente pensando dentro de uma caixa, destilando ódio e preconceito a quem julgam ser inútil, escória, descartável. Os xingamentos que antes eram proferidos no dia a dia ao trombar com um baiano ou um pernambucano nas ruas paulistanas ou cariocas, hoje em dia encontram na internet um meio mais rápido de se espalharem. Porque é aqui que todo mundo é o dono da verdade, ou pelo menos acha que é. O “coxinha” que gasta saliva para difamar nordestinos, mas que ao final do ano, no verão, viaja para as dunas de Natal, come acarajé, se arrisca no frevo, e curte um bloco de carnaval em Salvador no ano seguinte, é o semblante da hipocrisia nojenta que se perdura há anos no Brasil, e que vai de norte a sul. Olha, não sei se é difícil entender o real significado do que virá na frase seguinte — visto que, provavelmente, o título até agora não surtiu efeito — , mas, por favor, tente mesmo assim. O nordestino é tão brasileiro quanto você.

Copa do Mundo: com outro nome, com outro campo

Estaremos enfrentando durante todo o dia do domingo a grande final que não desfrutamos na Copa do Mundo, em junho. O país está dividido e as bandeiras em suas cores primárias estampam as janelas das casas. Carros adesivados e gritos de guerra ressoam pelas ruas da cidade. Já diria Galvão Bueno, é clima de decisão!

O resultado será divulgado na noite da partida, após a análise e disputa individual de cada jogador. Parece que lutamos apenas por uma taça, mas é um país que está em jogo. Os ânimos estão à flor da pele e as coletivas andam pegando fogo, tudo para instigar e acirrar ainda mais o último jogo dessa corrida por um campeão.

O clássico é um mito. Em 2002 o Brasil e o PT fizeram história, enquanto o PSDB passara alguns anos tentando se recuperar da goleada. Foram anos difíceis para o time azul e amarelo. O mascote tucano não trouxera muita sorte. Mas com uma revanche inadiável 2014 chega pra tremer a trave – a rede ainda não foi balançada.

Parece, vendo pela TV e caminhando pelas ruas, que o estádio está dividido meio a meio. Na arquibancada – sol (mais barata), o vermelho toma conta. Arrasta uma massa familiar que há muito não se via num estádio. Os metrôs também estão avermelhados. Parece até natal. E até que poderia ser. Enquanto isso, a sombra na Arena Brasil está completamente ocupada pela onda azul. Bonés e camisetas oficiais estampam uma metade diferenciada que enfrenta o trânsito da cidade grande em seus carros luxuosos.

Os jogadores se revezam no time. Alguns não suportam a ideia do cartão amarelo, outros são capazes de saírem de campo por vontade própria se o cartão vermelho for levantado. Os técnicos estão ansiosos. Vez ou outra se esbarram nas coletivas e as afrontas e acusações nunca cessam: é momento não só de lançar novos reforços, mas também de mostrar que os seus são melhores que os do adversário.

Tiveram piedade de nós, quando na Copa do Mundo sediada no território nacional, fomos eliminados antes mesmo de vermos a alegria estampada em cada rosto brasileiro. Pensaram nessa decepção conhecida como 7×1 e trouxeram a copa de volta: dessa vez estamos em uma final e o pior é que vamos para os pênaltis. Não há muito que fazer. O jogo já foi concluído, a bola parada em meio campo e a torcida agora silencia. Aguarda pelo momento final, pela alegria do coração pulsante e pelo sabor final da comemoração.

O impedimento foi marcado cansativamente. O atacante não conseguia ficar atrás da linha de defesa do adversário no momento do lançamento: a necessidade de vencer a corrida presidencial era tamanha. Quanto maior a porcentagem, melhor. Embora 3000 torcedores não seja nada diante do contingente que existe no país, a força moral que esses poucos lhes dão é indispensável para a autoestima do candidato.

Com isso, o juiz apita o final da prorrogação e os jogadores entregam-se à sorte. No momento, esperar é palavra de ordem. O melhor é sentar no gramado e aguardar a vez de chutar a gol. Parece que tudo dará errado, mas até o momento final da contagem de gols tudo pode acontecer.

Hoje, após as 8 horas da noite, o Brasil conhecerá o campeão dessa Copa que, realmente, não é do mundo, mas que balança o país inteiro e se entrega como num evento mundial. Hoje, enfim, a corrida presidencial vai chegando aos seus últimos minutos. Os pênaltis estão empatados. Quem fizer o próximo parece que já pode colocar a faixa verde e amarela. Ou Galvão grita “é TETRAAAA” ou “a invencibilidade chega ao fim” serão as últimas palavras do domingo de Brasileirão.

Não esqueça de si mesma, sociedade

A política nacional, e também a mundial, encontra-se caótica, demagoga, dissimulada e acomodada. Mas, contrariando o que muitos acreditam, este comodismo não é atual; ele se faz presente há muito tempo, bem antes do cenário em que a política brasileira, por exemplo, se encontra.

No que se diz respeito à participação da sociedade na política, o atual cenário político brasileiro divide ainda mais quem compõe esta comunidade, e estamos falando no modo extremo. O bem social, que deveria ser pensado da sociedade e do Estado para a própria sociedade, está diretamente conectado às atitudes tomadas pelos governantes — que, independentemente de partidos, constroem há anos um aspecto negativo para o país. Esta porcentagem de administradores que está no poder é a responsável pelo abandono (quase) total da população na construção de uma política que visa os interesses da sociedade a qual estamos inseridos. Poucos grupos controlam sutilmente todos os passos que o país toma ou pensa tomar, tendo um objetivo em comum: seus interesses correspondidos a qualquer custo.

A união social em prol de um objetivo comum tem enorme peso para gerar mudanças no sistema governamental de uma nação. Na sociologia constatamos que a partir do momento em que uma pessoa se identifica como ser social, a mesma passa a ser também um indivíduo opinante, capaz de criar suas próprias ideologias, se tornando apto a entender a política e seus pormenores. Pouquíssimas foram as vezes em que a sociedade brasileira agiu como um verdadeiro patriota, a mais recente ocorreu em 2013, onde o processo de “coisificação”’ da política foi combatido por quase todo o território. Este sistema, muito imposto pela grande mídia, forma uma ideia de que é dispensável pleitear por um senso comum, totalmente conivente com a melhora das condições sociais.

A participação social na política é indispensável para a própria, mas superável para quem não luta a favor de um todo. Este raciocínio é volátil; ele deixa a coletividade no estado de mesmice que a mesma está acostumada: instável, desnivelada e acomodada. O que a sociedade não pode esquecer de maneira alguma é que, para a esmagadora maioria de seus direitos e benefícios existir nos dias de hoje, lutas passadas foram brigadas por outras sociedades.

Jan Hammer e o Ofuscante Jeff Beck

O Jeff Beck foi o guitarrista que me fez gostar de Jazz Fusion. Hoje sei que ele pode ser Rock ‘N’ Roll, partir para ou Blues… Em suma ele pode fazer o que der em sua telha criativa, mas sinto que ele é mais Fusion do que qualquer outra coisa. Dentre seus clássicos neste estilo temos a trinca básica: Blow By Blow, Wired There & Beck, sei que todos precisam ouvir esses discos em alguma fase da vida, mas o que dizer do registro live que só não pega o período There & Beck?

Jeff Beck With The Jan Hammer Group é um dos maiores discos ao vivo de todos os tempos e pouquíssimos fãs do próprio guitarrista o conhecem. O que começou como uma simples participação especial para com alguns de Jan Hammer (Mahavishnu Orchestra e tecladista de Beck no Wired) acabou virando uma tour e disco ao vivo, e que me perdoe o reverendo Hammer, ele também toca muito, mas ainda não tivemos uma banda capaz de acompanhar o fraseado de Jeff e esta fritação datada de 1977.

Line Up:

Tony ”Thunder” Smith (bateria/ vocal)
Fernando Saunders (baixo/ guitarra / vocal)
Jeff Beck (guitarra/ baixo)
Jan Hammer (teclados / piano / sintetizadores/ percussão/ vocal)
Steve Kindler (violino/ sintetizadores/ guitarra)

Track List:

1. Freeway Jam
2. Earth (Still Our Only Home)
3. She’s A Woman
4. Full Moon Boogie
5. Darkness/Earth In Search Of A Sun
6. Scatterbrain
7. Blue Wind

O disco já entra com um clássico do Sir Jeff, abrimos os trabalhos com uma das melhores e mais fritas versões de Freeway Jam. Os teclados de Jam Hammer sempre foram um dos grandes segredos nos discos Fusions do Beck e aqui, ao vivo, nota-se de forma cavalar o motivo. O começo da música já é brincadeira, a dupla imita sons de buzina na introdução da música, no meio, e intercala isso com solos ultrajantes por mais de sete minutos durante todo o take.

JeffBeckJanHammer
A energia é absurda, e para os padrões de um live lançado na década de setenta, podemos até dizer que o disco é curto, mas é um dos grandes momento já registrados dentro do mundo sonoro. Durante todos os 44 minutos e 5 segundos pelos quais esse disco frita, nossos ouvidos absorvem cada milésimo de riff, solo ou excelentes vocais, como os de Tony “Thunder” Smith em Earth (Still Our Only Home), acrescentando um Soul mais relax na quebradeira de Beck, que desculpem-me os envolvidos, reina absoluto.

Porém é necessário salientar a performance monstruosa de outro cara que fez parte disso aqui, e para tal cito o nome de Tony “Thunder” Smith. Este é o meu principal destaque tirando a monstruosidade do Britânico, além dos ótimos vocais as linhas de bateria desse cidadão são impressionantes, o vigor e o ritmo nunca se perdem, caminham juntos, e deixam a cozinha ligada no 220 durante todo o tempo necessário. Nem em momentos onde Jan Hammer acelera o fraseado o homem das baquetas se perde, muito pelo contrário, em certos momentos a dinâmica de seu beat que influencia tanto o que seu marfim diria, e servia de base para as virtuosidades do mestre Beck-Ola.

JeffBeckJanHammer-Jam

E para dizer que esse show não teve de tudo, esse live serviu também para registrar a melhor versão de She’s A Woman, onde além da dose de Reggae ser muito mais presente do que em estúdio, os caras ainda acharam uma talk-box. Mas isso é o mais “leve” que esse disco consegue soar, depois chega o abalo sísmico de Full Moon Boogie e enquanto a talk-box chega mais uma vez Jeff perde a linha em um Boogie Woogie furioso, temperado até com Steve Kindler e seu violino.

Logo depois a banda sustenta o patamar de groove com Darkness/Earth In Search Of A Sun, Beck especificamente destrincha a guitarra em Scatterbrain, e depois todos os envolvidos finalizam a session relembrando um dos takes onde o feeling do guitarrista, apesar de todo o peso e velocidade de seu Jazz, é mais celebrado: o flashback de Wired com Blue Wind. Jeff Beck & Jan Hammer, senhoras e senhores, não sei nem como em colocar em palavras a minha vontade de estar de corpo presente neste show toda vez que o escuto.

O Fantástico Mundo de Mônica

‘’Eduardo e Mônica’’, ao ouvir esses nomes o que nos vêm à cabeça?

Claro que automaticamente lembramos de uma das canções mais famosas de Renato Russo, aquela que conta a história do casal mais conhecido e amado de todos os tempos. Amados por serem um casal formado por pessoas tão diferentes e que, ainda assim, se completavam. O garoto de 16 anos, que ainda fazia cursinho e jogava futebol de botão com o avô, com a garota que já fazia medicina, falava alemão e exalava conhecimento sobre as mais diversas áreas.Falando nisso, a música “Eduardo e Mônica”, cita grandes nomes do cinema, música, poesia e da arte, cujas histórias podem não ser tão conhecidas por todos os apaixonados por essa canção. Então, que tal saber um pouco mais sobre os favoritos de Mônica?

Godard

Vamos começar por Jean-Luc Godard, um cineasta franco-suíço, vanguardista, que usava temas polêmicos em seus filmes, tratando de dilemas e perplexidades do século XX, tendo alguns de seus trabalhos proibidos no Brasil. Godard foi um dos grandes nomes no Nouvelle vague. Seu primeiro longa foi “À bout de souffle”, uma das referências do movimento Nouvelle vague e do cinema francês. Militante anarquista, Godard inovou, quebrando regras invioláveis, ao filmar com a câmera na mão.

Jean-Luc Godard

Manuel Bandeira

Mônica também apreciava poesia, e Manuel Carneiro de Souza Bandeira, o Bandeira, foi citado na canção. Pernambucano, que além de poeta, era professor de literatura, crítico literário e de arte. Teve um de seus poemas – Os Sapos –  abrindo a Semana de Arte Moderna de 1922. Manuel Bandeira foi um dos grandes nomes do modernismo brasileiro e era membro da Academia Brasileira de Letras.

ManuelBandeira

Rimbaud

Outro grande poeta citado, foi Jean-Nicolas Arthur Rimbaud, um jovem francês considerado o precursor do surrealismo e também um pós-romântico, que escreveu suas maiores obras entre os 15 e 18 anos. Entre as principais estão, “Uma Estação no Inferno” e “Iluminações”. A vida e a poesia de Rimbaud influenciaram diversos escritores, músicos e artistas, tais como Dylan, Picasso e Jim Morrison, sendo ele descrito por Paul James, como um “jovem Shakespeare”. Rimbaud abandonou a literatura aos 20 anos e viajou intensamente por três continentes antes de falecer aos 37 anos, vítima de câncer.

Rimbaud

Van Gogh

Vincent Willem Van Gogh, que também aparece na letra, foi um pintor holandês, considerado um dos maiores nomes da pintura pós-impressionista e da pintura mundial. Van Gogh sofria de problemas psicológicos, chegando a cortar um pedaço de sua própria orelha e sendo internado algumas vezes. Seu estado psicológico sempre refletiu em suas obras, e ele chegou a usar o jardim de uma clínica como fonte de inspiração. Van Gogh se suicidou em 1890, só tendo um reconhecimento maior de suas obras, após a exibição de suas telas em Paris no ano de 1901.

vangogh

Bauhaus

A música também era uma das preferências de Mônica, e seus artistas preferidos também foram descritos. A começar por Bauhaus, uma banda inglesa que uniu características do movimento pós-punk, com estilos e conceitos neo-românticos e depressivos, que lhes rederam o título de fundadores do rock-gótico. Seu último álbum foi lançado em 2008, encerrando a atividade da banda.

bauhaus

Os Mutantes

Era óbvio que músicos brasileiros também seriam citados, e uma das bandas favoritas de Mônica eram Os Mutantes, um grupo brasileiro que surgiu durante o Tropicalismo, e é considerada uma das principais bandas do rock brasileiro. Fortemente influenciados pelos The Beatles, adotaram vários elementos musicais da banda. Na década de 90, sua importância foi reconhecida no cenário do rock nacional e internacional, sendo considerados um dos grupos mais criativos, dinâmicos, radicais e talentosos da era psicodélica e da história da música mundial.

mutantes

Caetano Veloso

Por último, mas não menos importante, temos nosso amado baiano Caetano Veloso, o líder do Tropicalismo, que renovou o cenário musical brasileiro, tendo colaborado com os primórdios da MPB. Teve muitas de suas canções censuradas e banidas durante o regime militar, e chegou a ser  preso e exilado. Com mais de 40 anos de carreira e grandes parcerias, Caetano é hoje, um dos maiores nomes da música popular brasileira, e suas canções ainda são temas de milhares de casais espalhados pelo globo.

caetano-veloso1

Depois de conhecer um pouco mais sobre os favoritos de Mônica, percebemos o quanto ela tinha para mostrar à Eduardo, e de onde surgiu tanta maluquice. Com influências como essas, era impossível não se apaixonar por ela. De tédio com um T bem grande, era certo que esse casal jamais morreria.

http://youtu.be/3LUH8ovUAF0

ASSISTA: Comercial de Halloween inspirado em O Iluminado

A rede IKEA criou, em Singapura, um comercial especial de Halloween baseado no clássico do terror “O Iluminado”, filmado por Stanley Kubrick e lançado em 1980.

O vídeo foi gravado em uma das lojas da IKEA e faz nítidas referências ao filme. A campanha é da BBH Asia Pacific e a produção da Black Sheep Live. Assista:

http://youtu.be/57t573t1nmc

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