Estaremos enfrentando durante todo o dia do domingo a grande final que não desfrutamos na Copa do Mundo, em junho. O país está dividido e as bandeiras em suas cores primárias estampam as janelas das casas. Carros adesivados e gritos de guerra ressoam pelas ruas da cidade. Já diria Galvão Bueno, é clima de decisão!

O resultado será divulgado na noite da partida, após a análise e disputa individual de cada jogador. Parece que lutamos apenas por uma taça, mas é um país que está em jogo. Os ânimos estão à flor da pele e as coletivas andam pegando fogo, tudo para instigar e acirrar ainda mais o último jogo dessa corrida por um campeão.

O clássico é um mito. Em 2002 o Brasil e o PT fizeram história, enquanto o PSDB passara alguns anos tentando se recuperar da goleada. Foram anos difíceis para o time azul e amarelo. O mascote tucano não trouxera muita sorte. Mas com uma revanche inadiável 2014 chega pra tremer a trave – a rede ainda não foi balançada.

Parece, vendo pela TV e caminhando pelas ruas, que o estádio está dividido meio a meio. Na arquibancada – sol (mais barata), o vermelho toma conta. Arrasta uma massa familiar que há muito não se via num estádio. Os metrôs também estão avermelhados. Parece até natal. E até que poderia ser. Enquanto isso, a sombra na Arena Brasil está completamente ocupada pela onda azul. Bonés e camisetas oficiais estampam uma metade diferenciada que enfrenta o trânsito da cidade grande em seus carros luxuosos.

Os jogadores se revezam no time. Alguns não suportam a ideia do cartão amarelo, outros são capazes de saírem de campo por vontade própria se o cartão vermelho for levantado. Os técnicos estão ansiosos. Vez ou outra se esbarram nas coletivas e as afrontas e acusações nunca cessam: é momento não só de lançar novos reforços, mas também de mostrar que os seus são melhores que os do adversário.

Tiveram piedade de nós, quando na Copa do Mundo sediada no território nacional, fomos eliminados antes mesmo de vermos a alegria estampada em cada rosto brasileiro. Pensaram nessa decepção conhecida como 7×1 e trouxeram a copa de volta: dessa vez estamos em uma final e o pior é que vamos para os pênaltis. Não há muito que fazer. O jogo já foi concluído, a bola parada em meio campo e a torcida agora silencia. Aguarda pelo momento final, pela alegria do coração pulsante e pelo sabor final da comemoração.

O impedimento foi marcado cansativamente. O atacante não conseguia ficar atrás da linha de defesa do adversário no momento do lançamento: a necessidade de vencer a corrida presidencial era tamanha. Quanto maior a porcentagem, melhor. Embora 3000 torcedores não seja nada diante do contingente que existe no país, a força moral que esses poucos lhes dão é indispensável para a autoestima do candidato.

Com isso, o juiz apita o final da prorrogação e os jogadores entregam-se à sorte. No momento, esperar é palavra de ordem. O melhor é sentar no gramado e aguardar a vez de chutar a gol. Parece que tudo dará errado, mas até o momento final da contagem de gols tudo pode acontecer.

Hoje, após as 8 horas da noite, o Brasil conhecerá o campeão dessa Copa que, realmente, não é do mundo, mas que balança o país inteiro e se entrega como num evento mundial. Hoje, enfim, a corrida presidencial vai chegando aos seus últimos minutos. Os pênaltis estão empatados. Quem fizer o próximo parece que já pode colocar a faixa verde e amarela. Ou Galvão grita “é TETRAAAA” ou “a invencibilidade chega ao fim” serão as últimas palavras do domingo de Brasileirão.