O vencedor da Academia e dono de papéis marcantes que permanecem na memória do cinema, Russell Crowe, resolveu arriscar-se em outros ares. Além de protagonizar Promessas de Guerra (The Water Diviner), Crowe também comandou a produção, que narra a busca de um pai por seus filhos na Turquia, desaparecidos na batalha de Dornadelos, embate travado pelos Aliados que culminou no declínio do Império Otomano em plena Primeira Guerra Mundial.
Mas o roteiro escrito por Andrew Knight e Andrew Anastassios pouco aborda as mazelas da guerra e a complexidade dos eventos ocorridos por trás da batalha e das diferenças religiosas presentes, algo que acaba por serem mencionadas através falas sucintas e muito bem empregadas dado ao contexto principal do filme: a jornada de um fazendeiro australiano pelo paradeiro dos seus três filhos. No caminho, Connor (Crowe) conhece Ayshe, interpretada pela inconfundível Olga Kurylenko, o romance está armado. Viés clássico dos dramas.
Todavia, Promessas de Guerra consegue ir além do óbvio e do clichê em pequenos diálogos e fragmentos espalhados e incumbidos por uma fotografia estonteante, sem contar a poderosa atuação de Russell Crowe, que precisou dirigir a si mesmo para ter vontade de atuar.
O ator neozelandês naturalizado australiano encontrou no auge dos seus 51 anos uma nova perspectiva, e com uma direção pontuada em sua vasta experiência com uma lista seleta dos maiores diretores da indústria cinematográfica, Crowe ainda conseguiu imprimir o seu próprio desejo e referências ao longo da produção.
Promessas de Guerra se encerra sublimemente, e mesmo na previsibilidade do roteiro escrito na borra do café, a viagem não deixa de ser doce para ser apreciada. Russell Crowe, além de poder continuar mantendo a sua “arrogância” perante a imprensa sobre o seu talento na atuação, agora também pode dizer que, no mínimo, entende mais que muitos diretores por aí sobre cinema.