Em Dublin tudo é uma maravilha durante o dia e em parte da noite. Não tem atmosfera mais propícia a beber muita cerveja do que numa cidade com tantos pubs autênticos irlandeses, com música tradicional ao vivo e muita Guinness.
Na Irlanda se bebe cedo, os pubs abrem já de manhã, mas fecham perto da uma da madrugada. Existem algumas discotecas, já diferentes do estilo irlandês que funcionam até mais tarde, mas nada depois das três e meia. Da mesma forma, nenhum bar ou mercado vendia cerveja neste horário, era absolutamente proibido. Mas quem acredita, acredita.
Passamos por um destes triciclos que carregam turistas por Dublin. A grosso modo, aquilo é uma carruagem com uma pessoa no lugar do cavalo. Bizarro, mas legal. Para quem anda, não para quem puxa. Enfim, o cara disse que nos levaria a um lugar aberto por dez euros, mas nós só tínhamos dinheiro para comprar – pouca – cerveja. Ele baixou o preço para oito, mas pagamos cinco e subimos no carrinho. O cara foi pedalando numa saúde impressionante pelas rua da cidade. É preciso muito físico para uma profissão como essa. Quando ele chegou ao local o bar já estava fechando, mas continuou pedalando até um próximo que, segundo ele, certamente estava aberto, mas não estava, e com isso perdemos um pint de cerveja.
Mas quem acredita, acredita. Ouvimos falar que existiam algumas lojas off-license que eram abertas durante a madrugada e vendiam bebidas. No caminho uns taxistas diziam saber onde ficavam e ofereceram dez euros pela viagem. Sem chance, mesmo assim perguntamos se eles sabiam onde ficavam as lojas e eles até nos explicaram, era um pouco longe, mas vamos caminhar, turista de verdade explora a cidade a pé e sem mapa.
Em frente ao prédio dos correios tinha mais um grupo de taxistas que nos disseram que não havia nada para aqueles lados e que sim, tinham mentido para nós, fizeram até piada. Mas quem poderia estar mentindo seriam estes últimos – pensei – e como não tínhamos nada a perder continuamos até chegar em um hotel onde encontramos um gerente muito gente fina. Durante uns dez minutos ele ficou conversando com a gente. E mesmo depois de ter explicado um jeito de comprar bebida depois daquele horário ele ficou falando sobre a Irlanda e que era fã do Ayrton Senna e outras coisas.
Segundo James, o gerente, teríamos que ir a um restaurante indiano próximo ao Temple Bar e perguntar se ainda estavam servindo comida para levar. Depois de perguntar se era possível levar junto quatro ou oito cervejas, ou uma garrafa de vinho, especificamente estas opções. E, por últimos, perguntar se pode levar só as bebidas, sem o prato. Funcionou e quatro longnecks de Cobra, a fuckin’ 3,80 euros cada, foram compradas. Tudo isto pela necessidade de tomar a saideira.
Enquanto bebíamos, uma festa after estava rolando em uma casa de dois pisos bem à nossa frente, mas ninguém atendia a campainha. Uma hora até chegou um irlandês doido demais, que tirou o casaco e ficou só de regata em um frio de seis graus. Tocamos pedra na janela e ninguém escutou, não deu para entrar. Mas o objetivo foi cumprido e o jeito foi dado, como tinha de ser. Viva à terra da cerveja, do whisky e das ruivas.
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