Entre 25 de junho e 13 de julho, estive em Winnipeg. Quando finalmente consegui pousar e chegar no Canadá, dormir e tentar me adaptar às três horas de diferença, fui conhecer a cidade com o Wendel. Se eu puder definir essa cidade em algumas palavras, seriam elas: parques, ar livre, calma, arte de rua, patriotismo, aborígenes e mercados de rua – não os que vocês estão acostumado, mas as vendinhas com frutas, tortas e comidas artesanais.
Meus dias se resumiam em dormir até meio-dia e passear a durante a tarde – que era eterna, já que o sol se punha quase 22h. Diferente do que se pensa, Canadá não é só frio. O verão é quente e úmido e o calor é infernal. E a quantidade de mosquitos? Sim, tem mosquito no Canadá. Mas Winnipeg é uma das cidades mais geladas do mundo (do-mun-do) no inverno. No ano passado, a temperatura chegou a – 50ºC e, por não existirem muitas montanhas ao redor da cidade, o vento é extremamente forte. Pra mim, todo mundo que ainda consegue respirar depois do rigoroso inverno dessa cidade, é sobrevivente.
Cheguei perto do Canadá Day, que é celebrado no dia 1º de julho. A cidade é pequena, parece de interior. Uma vilinha daquelas de filme, sabem? Onde todo mundo dos mercados que você frequenta já te cumprimentam por nome, o motorista do ônibus que você costuma pegar sempre pergunta como foi o dia e os motoristas dos night buses ainda perguntam como foi a festa.
Todo o ano, no Canadá Day, Winnipeg reúne seus habitantes para formarem uma bandeira humana perto de algum dos tantos – e belos – monumentos ou praças da cidade. O que é então esse dia do Canadá, você deve estar se perguntando. É o dia em que é celebrada a independência do país. Assim como é comum na Norte América, perto da data todas as cidades se colorem – no caso – de vermelho e branco, bandeiras do país espalhadas em todos os lugares, estúdios de tatuagem com promoção pra quem quer fazer maple leaf (cogitei, mas achei clichê) e em todas as lojas roupas e acessórios que remetem à imagem do país de alguma forma.
Pois bem. Nos inscrevemos [eu e Wendel] para fazer parte da bandeira humana. No dia 1º de julho experimentei meu primeiro frio canadense, acompanhado de uma chuva que era, estranhamente, quente: 5º C com um vento tão gelado que me fez refletir sobre como eu nunca aguentaria 5 ou 6 meses disso no inverno.
Ainda com chuva, muita gente apareceu às 8h da manhã pra receber a camiseta temática, bandeirinhas do Canadá, tatuagem removível da famosa leaf e etc. A foto foi clicada perto do prédio – ainda não inaugurado na época – do The Forks, Canadian Musem for Human Rights.
No Canadá Day também, houve uma festa gratuita até 22h pra quem tinha compartilhado o folder do evento no instagram. Resolvemos ir. Lil John ia ser atração principal e essa foi minha primeira festa canadanese. Voltei pra casa estarrecida! Estava friozinho e as meninas vestindo micro roupas e dançando em cima do palco, barris decorativos e quaisquer coisas e etc. E eu pensando: mas como essa gente fala dos brasileiros, meu Deus? E aí meu amigo me explicou que canadense é um povo que não tá nem aí pra sua opinião. E essa é a lição que eu mais demorei a aprender, mas que mais dou valor até agora. Não existe julgamento! Se você quiser andar quase pelada na rua, o corpo é seu. É claro que existe assédio, mas eu mesma não vi nenhum. Recém chegada do Brasil, meu choque com a pacificidade da população foi maior ainda.
Só experimentei Winnie no verão. É engraçado por aqui, que sempre você vê uma cidade no verão e outra no inverno. Meu turismo foi limitado, por motivos de: pobre. Mas posso indicar, com toda a certeza, dois pontos em que você pode experimentar comidas veraneias por um preço não tão alto:
VJ’s Drive Inn: Tradicional casa de hambúrguer da cidade, está lá há tanto tempo que não posso nem afirmar com certeza. Espaço pequeno que quando você entra, duvida que seja tão maravilhoso. Hamburger + fritas + refrigerante custa cerca de 12 dólares e tudo vem em porções tão gigantescas, que dá pra comprar pro almoço e guardar pra janta (o que eu fiz, na verdade). Também, do lado de fora ficam algumas mesinhas de madeira super fofas pra sentar, comer e apreciar a vista da estação de trem e o mix de casas históricas + construções modernas.
BDI: Home of The Creamist Shakes in Town: No verão, essa casa de shakes/sorveteria abre e as filas são assustadoramente quilométricas em qualquer dia. Os sorvetes são completamente diferenciados. Existem opções como a gigantesca banana split (que foi a que eu mais aderi) que custa por volta de 6 dólares. Mas também todos os sabores de shakes, abacaxi com 8 bolas de sorvete dentro e outras opções pra ajudar a aliviar o calor. Logo ao lado, fica a Bridge Drive-In, uma ponte onde as pessoas costumam passear, é cheia de stencils de desenhos e uma vista extremamente agradável.
Acompanhada da Mada e do Marcelo, participei de um evento no “backyard” da Casa Laranja, uma casa super divertida onde alguns amigos do casal vivem. O evento era sobre comidas ao redor do mundo, e eu e outras oito pessoas (não tenho certeza) tivemos a oportunidade de comer uma espécie de taco, mas vietnamita, uma espécie de sopa africana com peanut butter e arroz (não pergunta, não sei explicar), outras delicinhas que nem sei dizer o que eram, sobremesa e vinho. Um dos donos da casa, Peter, é dono de uma pequena companhia de molhos caseiros adoráveis para o verão também. Pude experimentar e queria comprar todos! A companhia chama Gourmet Inspirations. Peter é um dos personagens presentes nos mercadinhos e feiras gourmets que acontecem em diferentes locais da cidade normalmente aos finais de semana.
Outro lugar espetacular que eu amei conhecer foi a biblioteca Millenium. Na entrada, uma parede enorme com pequenos desenhos, pequenas contribuições dos frequentadores do local. E ali ainda tinha uma cafeteria com um brownie de chocolate com framboesa e cheesecake que o Wendel me fez comprar e, meu Deus, como eu queria ter um estoque disso na minha casa!
Se você, assim como eu, tiver uma tendência meio hipster pra vida, você pre-ci-sa conhecer a Osbourne Village: a rua mais hipster de Winnipeg. Na época, estava acontecendo uma feirinha de rua – tudo por culpa do Canadá Day –, a rua estava fechada e as lojas montavam pequenos estandes no meio com preços acessíveis. Todas as lojas são extremamente lindas, vendem coisas alternativas como um moletom do Chewbacca ou carteiras da Hora da Aventura. Lojas de disco de vinil, cafeterias (obviamente uma Starbucks imensa) e estúdios de tatuagem fazem parte das opções. E também, neste evento, a quantidade de food trucks era incontável. Desde de doces e sobremesas a diversidade de pipoca.
Eu sei que parece que eu não faço nada além de comer, mas eu juro que caminhei bastante e até agora contrariei as expectativas e não estou uma baleia gigantesca – chorem, inimigas. Ainda consigo sentar numa cadeira só e, por incrível que pareça, emagreci (e muito, socorro).
Essas foram algumas das minhas experiências em Winnie (carinhosamente chamada assim por que o Winnie Pooh, ou ursinho Pooh, é de lá). Agora, brace yourselfs. Montréal is coming, e aí, amigos, a coisa começa a ficar interessante. E tensa.