Parece com Dr. Dre, mas demos um corte de Ike Turner e o mandamos galopando pelo deserto numa Stratocaster (Alex Turner sobre o novo álbum dos Arctic Monkeys)
Parece estranho, mas os Arctic Monkeys sempre tiveram um pé no hip-hop. Basta lembrar das letras rimadas do primeiro disco, principalmente em Fake Tales Of San Francisco. As extensas letras de Alex Turner sempre demonstraram esse lado nigga da banda e que está mais presente do que nunca no ainda não lançado AM.
O álbum já vazou na internet, graças ao Eu Escuto você pode ouvir na íntegra. Certo que algumas músicas já estavam disponíveis na internet, legal ou ilegalmente. R U Mine? é ainda de 2012, gravada pouco tempo depois de Suck It And See(2011). Why’d you only call me when you’re high? e Do I Wanna Know? já haviam também sido lançadas oficialmente. Mas vamos falar do disco como um todo.
Os Arctic Monkeys parecem possuir um título de PhD em fazer um álbum com sonoridade sempre distinta do anterior. Pega o rock enérgico e adolescente de Whatever People Say I Am That’s What I’m Not (2006), o experimentalismo indie rock de Favourite Worst Nightmare (2007), a obscuridade de Hambug (2009) e a melosidade e malemolência de Suck it And See (2011) e esqueça, a banda mudou, de novo. AM parece ter sido bem resumida por Alex Turner. Dr. Dre com Ike Turner galopando pelo deserto numa Stratocaster? Basta ouvir Arabella e Fireside (com participação de Bill Ryder-Jones na guitarra), entre outras, para entender o que Alex quis dizer.
Das canções “inéditas”, que ainda não tinham sido compartilhadas em blogs e redes sociais, uma grata surpresa é I Want It All, uma espécie de revival do T. Rex com Marvin Gaye, no melhor estilo Metal Guru e Sexual Healing. Marc Bolan e Marvin ficariam orgulhosos. Da mesma forma, os Stones, quando Alex canta em falsete:
Ain’t it just like you to kiss me and then hit the road leave me listening to the Stones 2000 Light Years From Home.
Apesar de belas baladas em discos anteriores, nunca a banda teve aquela balada clássica iniciada no piano. Talvez 505 se aproximaria se não fosse a aceleração e peso que a música carrega a partir de sua metade. Portanto, No. 1 Part Anthem nasceu pra preencher esta lacuna. Na sequência do álbum está uma das baladas mais bonitas da banda, Mad Sounds, que havia sido apresentada ao vivo em alguns shows. Quem gravou a bateria na faixa, altamente influenciada por Lou Reed, foi Pete Thomas, baterista do Elvis Costello.
E referências ao cinema? Tem também. Em Knee Socks a banda canta um trecho explicitamente inspirado no filme Mean Streets (1973), de Martin Scorsese, enquanto Josh Homme faz os backing vocals. A música que encerra o álbum, a balada I Wanna Be Yours foi composta a partir de um poema de mesmo nome, escrito por John Cooper Clarke.
AM será lançado oficialmente em 9 de setembro. O álbum foi gravado em Los Angeles, no Sage & Sound com os produtores James Ford e Ross Orton. É um disco um tanto quanto 70’s revival, cheio de swing. Não é nada parecido com o que os fãs da banda estão acostumados, mas também não fica atrás dos álbuns anteriores. Os Arctic Monkeys seguem surpreendendo. Que continuem assim.
Tracklisting:
1. “Do I Wanna Know?”
2. “R U Mine?”
3. “One for the Road”
4. “Arabella”
5. “I Want It All”
6. “No.1 Party Anthem”
7. “Mad Sounds”
8. “Fireside”
9. “Why’d You Only Call Me When You’re High?”
10. “Snap Out of It”
11. “Knee Socks”
12. “I Wanna Be Yours”
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