Malick Sidibé é um renomado fotógrafo, reconhecido principalmente por suas fotografias em preto e branco retratando a cultura de Mali, na África. Nascido em Bamaco, capital e maior cidade do país, ele desde criança trabalhou cuidando de animais e da terra, plantando, colhendo e arando.

Foi durante o seu primeiro ano na escola que ele começou a se interessar por arte, investindo no sonho até chegar no ensino médio já desenhando profissionalmente para alguns eventos oficiais. Isso fez com que o prefeito oferecesse ao jovem uma bolsa para a Universidade, onde ele se tornou fotógrafo e aprendeu as técnicas que utiliza até hoje.

Com essa biografia não é de se espantar que Malick Sidibé se tornasse um exemplo de superação e buscasse em sua arte uma maneira de retratar sua realidade.

Sua terra natal sem cores

Sidibé percebeu que tinha enfim a oportunidade de retratar o que outras pessoas de sua terra natal enfrentam diariamente. Há cinco décadas ele tem feito uma narração visual da vida em Mali, desde um singelo estúdio – onde começou a exercer sua profissão e continua a trabalhar ainda hoje, até as ruas, mostrando a efervescência da descolonização.

Encontrar e registrar a identidade de seu povo é o seu principal objetivo, sem deixar de imprimir sua própria marca nas imagens. E neste equilíbrio, Sidibé também conseguiu se tornar uma espécie híbrida entre o fotógrafo de retrato e o fotógrafo da realidade. Em seu estúdio, localizado no bairro mais antigo de Bamaco e onde ele deixa todos os seus equipamentos fotográficos necessários para trazer vida ao seu trabalho, ele capturou o espírito de juventude, seja dos moradores ou do próprio país, que encontrava enfim sua liberdade.

Estilo incontestável

A forma da obra de Malick Sidibé é a própria forma de Mali. Quando o país deixou de ser colônia, a nação malinesa aproveitou para mostrar seus costumes, suas crenças e sua própria personalidade. Foi nesse cenário que o fotógrafo resolveu basear sua arte.

Alguns malineses o chamam de cronista visual da geração de jovens urbanos que afloraram na capital do país. Ele fotografava durante o dia e a noite, para revelar os filmes durante a madrugada e, no dia seguinte, afixar as folhas na parte externa do estúdio. Sidibé estava mostrando aos malineses quem fazia parte daquele país, dando um motivo para se sentirem como pertencentes daquele lugar.

Sobre o preto e branco, o fotógrafo defende que isso deixa tudo mais concreto. A cor, que aproxima da realidade, são fotos menos verdadeiras, sem a beleza do universo conceitual, segundo ele. Por isso, sua obra colorida, que retrata principalmente as paisagens rurais, quase nunca são lembradas, pois destoam do principal assunto para ele: o indivíduo capturado com todas as suas nuances.