Toda vez que os Kings of Leon anunciam uma nova música, clipe ou álbum, dois tipos de pessoas se manifestam ou internamente ou redesocialmente.
Negativamente estão os órfãos da primeira e extinta fase da banda, que imortalizou Molly’s Chambers, The Bucket e outras. No lado mais otimista estão os novos fãs, que são sem dúvida muito mais numerosos que os antigos, e algumas pessoas que entendem esta transição e sabem diferenciar as coisas.
É bem difícil uma banda manter a mesma sonoridade durante toda a carreira (não para AC/DC e ZZ Top, eu sei), principalmente quando tudo começa muito cedo. Para exemplificar reflita consigo mesmo. Você ouve as mesmas músicas que costumava ouvir quando tinha 17 anos?
Por que falo isso? A título de exemplo, Jared Followill, o baixista e membro mais novo da banda, tinha apenas 17 anos quando gravou Young and Youth Manhood, o primogênito álbum dos Kings of Leon. Dez anos mais tarde é notável que seu estilo musical mudou (tudo começou ainda em 2007, com Because of the Times), assim como de todos os outros integrantes. Isso está notável nos timbres e nos efeitos que a banda passou a utilizar, completamente diferente do rock’n’roll cru que marcou o seu nascimento. São outros tempos. Diferentes tempos.
Mechanical Bull
Três anos após Come Around Sundown, os Kings of Leon voltam com Mechanical Bull, o sexto álbum da banda. O lançamento oficial do disco será em 20 de setembro pela RCA, mas você pode ouvir na íntegra – incluindo as faixas-bônus – no Eu Escuto.
O primeiro single de Mechanical Bull, Supersoaker foi lançado ainda em julho. O segundo, Wait For Me, foi divulgado em agosto. Estas duas músicas mostravam uma cara bastante conhecida dos Kings Of Leon. A primeira se encaixaria perfeitamente no álbum anterior. Já Wait For Me carrega algumas raízes dos primórdios da banda. O baixista Jared Followill fez uma declaração importante à NME sobre a vibe do novo álbum:
Eu pensei que faríamos um álbum bastante maduro, mas estou impressionado em o quão jovem ele soa. É uma mistura de Youth and Young Manhood e Because of the Times.
O álbum foi gravado no estúdio da banda em Nashville, Tennessee. A produção é do mesmo Angelo Petraglia, que produziu todos os discos dos Kings Of Leon até então. Caleb e Matthew Followill já haviam dito à NME que sentiram bastante a pressão em fazer um álbum após o lucrativo Come Around Sundown (2010). No entanto, as sessões de gravações resultaram em sobras de estúdio que a banda garante ser meio caminho andando para um disco posterior.
Mesmo com uma sonoridade característica, exceto por algumas partes pontuais do álbum, não é uma audição cansativa. Alguns timbres e dedilhados podem soar repetitivos a ouvidos que não são tão fãs do estilo, mas o álbum tem seu valor. É uma interessante mistura entre elementos novos e antigos da banda.
O disco, que começa com o single Supersoaker, segue com as palminhas da radiofônica Rock City, uma espécie de glampunk em Don’t Matter, a balada Beautiful War, com um baixo afundado em ganho na introdução e a enérgica Temple. O lado B do álbum começa com o outro single Wait For Me, uma música que se encaixaria facilmente em Because of the Times. Na sequência, Family Tree mostra uma face dançante da banda, com um riff de guitarra chupado de Crawl, porém sem distorção. Segue com Comeback Story, com um tradicional bumbo pulsante, similar a Back Down South, e um dedilhado muito característico da primeira fase da banda. A faixa seguinte, Tonight, tem um pouco de Only By The Night em si. E Coming Back Again, dá uma reanimada no álbum antes da derradeira On The Chin. Assim como em todos os seis álbuns, os Kings Of Leon encerram o trabalho com uma balada. Ainda haverá uma versão deluxe com duas faixas bônus: Work On Me e Last Mile Home.
Como dito anteriormente, é tudo com muito efeito. Tudo tem delay, chorus, reverb ou outro pedal. Praticamente inexiste uma guitarra crua, de rock puro – uma exceção pode ser Don’t Matter. E é por isso que os Kings of Leon não são mais uma banda de rock tradicional. Já faz um tempo que tudo mudou. Os novos discos apenas confirmam a onda em que a banda está – e que não demonstra planos de sair. Ao que parece, estão sempre buscando uma sonoridade mais pop e oitentista, ainda que algumas faixas voltem um pouco às suas raízes, algo louvável.
Uma banda que começou em uma safra junto a Strokes, Libertines e Arctic Monkeys, hoje se encontra ao lado de Coldplay, The Killers e U2. Os Kings Of Leon continuam bastante comerciais, mas parecem saber o que estão fazendo. Caso contrário a banda já teria se dissipado ou feito algum álbum parecido com Angles ou Comedown Machine.
Lista das faixas:
1. Supersoaker
2. Rock City
3. Don’t Matter
4. Beautiful War
5. Temple
6. Wait For Me
7. Family Tree
8. Comeback Story
9. Tonight
10. Coming Back Again
11. On The Chin
12. Work On Me
13. Last Mile Home
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