A Rússia se tornou mais do que o país da vodka, agora é o país onde o protesto é ilegal. Músicos que protestam em canções são agora encarcerados. Em síntese, uma manifestação artística dissidente aos ideais políticos do presidente Vladimir Putin é um crime. Rapidamente a descarada tentativa de censura trafegou pelos mais variados lugares da internet e tornou-se uma causa mundial. Manifestantes que prezam pela liberdade de expressão de todo o mundo estão indo à frente da embaixada russa de seus países para protestaram contra a decisão autoritária, retrógrada e ignorante do país.
Em um mundo informatizado, a tentativa de censura é o caminho mais curto para a rejeição a um governo por um povo que clama por democracia. O governo russo acredita que ao impedir o Pussy Riot de se manifestar, mantendo as integrantes presas, irá assustar seus dissidentes para que os mesmos não ajam contra o seu ideal de governo. É uma descarada tentativa de limitar o senso crítico de um país, impedindo-os de refletir, colocando-se acima do poder em uma confortável posição de dono da verdade, capaz de definir o que será veiculado e o que não será permitido.
Ao contrário dos pensamentos retrógrados de Putin e da Igreja Ortodoxa, o mundo agora apoia Pussy Riot mais do que nunca. Talvez se a manifestação fosse ignorada, as ativistas não ficassem tão famosas. No máximo haveria destaque no próprio país. Com a repercussão e a decisão intolerante do sistema judiciário russo, que negou que testemunhas a favor das rés dessem seus depoimentos, as embaixadas russas do mundo todo começaram a lotar de manifestantes. E o que Putin temia está acontecendo. Pussy Riot agora possuem seguidores ao redor do globo, e já são tratadas como heroínas enjauladas em um país antidemocrático.
A associação russa de advogados já tinha publicado uma carta aberta assinada por 25 advogados declarando que a performance do Pussy Riot na catedral não constituía crime. Porém, não adiantou. Três integrantes do grupo foram sentenciadas a 2 anos de prisão. O crime? “Hooliganismo” e ódio religioso.
Contextualizando
As ativistas feministas intituladas Pussy Riot subiram ao altar da catedral de Cristo Salvador de Moscou em fevereiro deste ano e, com balaclavas, interpretaram uma música identificada como Punk Prayer, uma reza punk. A música denuncia pejorativamente as relações do governo com a Igreja Ortodoxa. Como Putin não enxerga separação entre o Estado e a Igreja Ortodoxa, o processo foi claramente beneficiado aos “ofendidos”, por meio de ninguém menos que o patriarca Kirill, chefe da Igreja Ortodoxa Russa. A Igreja ainda não entendeu, mas as ativistas continuam ressaltando: A música é de caráter político, não religioso.
Refrão da “reza”:
Santa Maria, Virgem
Destitua Putin, destitua Putin
Santa Maria, Virgem
Seja uma feminista, seja uma feminista
Veja o vídeo:
Parabéns ao governo russo, que está sendo estereotipado como defensor da censura e antidemocrático. Graças à intransigência do sistema judicial, o reconhecimento das ativistas do Pussy Riot tornou-se internacional. O jornal britânico The Guardian editou um vídeo com imagens da condenatória performance e dos protestos do movimento Free Pussy Riot e publicou na internet dia 17 de agosto, ajudando a divulgar o novo single da banda, chamado Putin Lights Up the Fires. O refrão diz:
O país está indo para as ruas com ousadia
O país está indo dizer adeus ao regime
O país é uma cunha de feminista
E Putin vai deixar o rebanho
Vídeo:
Além de Madonna (foto abaixo), ofereceram apoio ao Pussy Riot: Paul McCartney, Red Hot Chili Peppers, Patti Smith, Sting e certamente muitos outros. A boa notícia? Bono Vox não está envolvido (ao menos nessa o rei do ativismo não quis aparecer). Acompanhe tudo de perto em http://freepussyriot.org/.
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