O Atentando de Boston e a “Fábrica de Terror” do FBI

tamerlan tsarnaev
Tamerlan Tsarnaev

Por Trevor Aaronson, do Florida Center for Investigative Reporting
via Agência Pública

Será que os ataques de Boston poderiam ter sido impedidos? Logo depois dos ataques, essa pergunta ganhou destaque com as notícias de que o FBI estava seguindo o rastro do suposto terrorista Tamerlan Tsarnaev mais de dois anos atrás. Mas a pergunta é ainda mais enfatizada por outra operação que o FBI realizou na área de Boston durante o mesmo período – focada em um assunto diferente, e de importância duvidosa.

Em janeiro de 2011, quando o FBI examinou a ficha do suposto terrorista da Maratona de Boston e o descartou como ameaça, agentes do escritório de Boston foram atrás de outro suspeito de terrorismo. Ao mesmo tempo que decidiu parar de rastrear Tsarnaev – cuja viagem de seis meses para a Rússia, feita na época, é agora de primordial interesse dos investigadores – o FBI conduziu uma intrincada operação policial contra um jovem muçulmano que tinha um plano fantasioso de atacar o Capitólio dos Estados Unidos com um avião de controle remoto.

O contraste entre os dois casos ocorridos em Boston no início de 2011 levanta questões sobre a efetividade da estratégia antiterrorista do FBI.

Desde os ataques de 11 de setembro, em 2001, a prioridade do FBI tem sido prevenir um próximo ato terrorista. O órgão gasta US$ 3,3 bilhões com antiterrorismo todos os anos, a maior porção de seu orçamento anual de US$ 8,2 bilhões. (Isso representa US$ 650 milhões a mais do que o FBI gasta investigando o crime organizado, sua segunda maior prioridade de financiamento). Um elemento chave da estratégia do FBI tem sido fazer operações contra supostos terroristas – em muitos casos percorrendo longos caminhos para capacitar perpetradores improváveis, como demonstrado em reportagem de 2011 na revista MotherJones, e no livro A Fábrica do Terror.

O FBI tem atuado sobre esses suspeitos usando informantes e vigilância online, como análise da presença e do histórico do suspeito na internet, como atividades em fóruns extremistas, interesse em vídeos militantes jihadistas e outras coisas que indiquem simpatia por organizações terroristas.

Foi desta maneira que o FBI perseguiu vigorosamente Rezwan Ferdaus, formado pela Universidade de Northeastern, nascido em Massachusetts, que morava com os pais no subúrbio de Boston.

Ferdaus chamou a atenção do FBI por meio de um informante que fingiu ser agente da Al Qaeda – um homem que recebeu US$ 50 mil do FBI por seus esforços, enquanto escondia seu vício em heroína dos agentes.

De acordo com registros da justiça, Ferdaus segredou ao informante que queria destruir a cúpula de ouro do Capitólio dos EUA utilizando um avião de controle remoto recheado com granadas. Se esse plano já era improvável, a possibilidade de que Ferdaus pudesse tentar colocá-lo em prática também era: ele não tinha armas, e mesmo que soubesse onde comprar explosivos, Ferdaus estava falido.

Rezwan Ferdaus
Rezwan Ferdaus

Mas, através do seu informante pago, o FBI encorajou Ferdaus a seguir com sua ideia de atacar o Capitólio dos Estados Unidos.

A agência destinou recursos significativos para a operação, dando a Ferdaus US$ 4 mil para comprar um avião de controle remoto F-86 Sabre e fornecendo “explosivos” para ele – 25 quilos de C-4 falso e três granadas inertes.

Em maio de 2011, Ferdaus viajou para Washington, para analisar locais a partir de onde poderia lançar sua arma – tudo isso enquanto estava sendo secretamente filmado por agentes do FBI. Finalmente, em 28 de setembro de 2011, após uma operação policial de nove meses, agentes do FBI prenderam Ferdaus, acusando-o de, entre outras coisas, de tentar destruir um prédio federal e fornecer material de apoio para terroristas.

Ferdaus se declarou culpado e foi sentenciado a 17 anos de prisão, ainda que nenhuma prova indicasse que ele poderia ter construído e lançado uma arma sem o dinheiro e o material dado pelo FBI.

Desde os ataques de 11 de setembro, o FBI prendeu mais de 175 supostos terroristas usando operações como a de Boston, em que Ferdaus foi preso. Nessas operações caras e elaboradas, os alvos são geralmente homens às margens das comunidades muçulmanas. Muitos estão economicamente desesperados e alguns são doentes mentais, e são facilmente manipulados por informantes pagos e agentes secretos.

Trevor Aaronson é co-diretor do Centro de Reportagem Investigativa da Flórida e autor de A Fábrica do Terror: dentro da guerra fabricada do FBI contra o terrorismo ((The Terror Factory: Inside the FBI’s Manufactured War on Terrorism).

Baseado em reportagem publicada pelo Florida Center for Investigative ReportingLeia aqui a reportagem original, em inglês.

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Dinheiro

dinheiro

La Plata que me mata, dê o seu e seja feliz , quem nunca viu uma frase relacionada ao dinheiro? Há duvidei, frase tudo bem, mas pegar na mão, tu já pegou ? A vida gira em torno da grana? Creio que muita coisa sim, mas tem algo incrível nessa vida, que não tem a ver com o capital, a  amizade, quanta coisa já fiz sem pensar no retorno financeiro, como é gratificante estar perto dos amigos, ao morrer e puderes contar na mão cinco grandes amigos você teve uma grande participação no mundo.

Voltando ao assunto não sei se a terra gira , ou a grana que gira o mundo, mas por isso que as pessoas tiram uma soneca , senão “tá loko”, é uma correria só; aluguel, água, luz, supermercado, escova de dente, creme dental, há de vez em quando um pouco de entretenimento, eu ainda compro um bom cd , mas tem amigo meu que curte o bom e velho  vinil.

Falando em dinheiro como vai esse papel pra pagar o custo da existência meu brother , que loucura, mas o  mundo tem que girar, grana pra tudo que é lado, já pro bolso tem que acordar cedo.

Como tem coisa que o povo vende nesse mundo, carro, casa, roupas, relógio, mas nos briques por aí tem até cavaleiro do zodíaco nunca tirado da caixa por 80 pila, quase comprei , então meu abdômen me lembrou do almoço.

E o maluco que só pensa em se dar bem ? Tem um monte desses por aí, o jeito é pregar a indiferença, me lembro de um das magníficas letras do Racionais: “só quer um terreno só seu , um lugar, sem luxo, andar descalço, nadar no riacho, sem fome, pegando as fruta no cacho, mas em São Paulo Deus é uma nota de cem“, massa demais.

Vi uma hoje na rede social de um grande amigo com sua postagem “ Do jeito que vai, as guerras nunca terminarão, porque a paz não é lucrativa”.

Nunca achei amizade à venda , porque grande amigo é aquele labasco que te aguenta na ruim, na pior e é claro na glória. Santé.

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Trilha de Game Of Thrones À Capella

O canal youtubeano de entretenimento, The Warp Zone, produziu uma versão à capella da trilha sonora de abertura de Game Of Thrones.

Os cinco integrantes do canal recriaram a trilha utilizando apenas as cordas vocais – e eventuais técnicas de beat box. Sensacional. Confira acima.

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Estatuto do Nascituro: a mulher que se foda

por Clara Averbuck

Clara-Averbuck

Hoje (05/06/3013) o Estatuto do Nascituro foi aprovado na Comissão de Finanças.

Ainda falta ser aprovado na Comissão de Justiça a no Plenário. Mas não duvido nada que seja. Nunca ouviu falar do Estatuto do Nascituro? Basicamente é o seguinte: um ÓVULO FECUNDADO vai ter os mesmos direitos que eu, que a sua mãe, que a sua irmã e que a minha filha e todas as outras mulheres do Brasil. Se, digamos, minha filha de nove anos fosse estuprada e engravidasse, não teria direito a fazer um aborto; teria de manter o filho do agressor. Se caso não tivesse recursos para sustentar a criança (!!!), o Estado se responsabilizaria com a apelidada BOLSA ESTUPRO até os 18 anos do filho – isso caso o estuprador não fosse identificado e RESPONSABILIZADO. Aborto de anencéfalo? Esquece. Risco de vida pra mãe? Foda-se a mãe. Trauma? Foda-se a mãe.

O aborto ilegal já causa 22% das mortes maternas. Com essa monstruosidade aprovada, é provável que esse número dobre, triplique. Criminalizar o aborto não é solução.

Se a mãe correr risco de vida e precisar de um tratamento que coloque em perigo a vida do feto, ela será proibida de se tratar. Afinal, a vida de um amontoado de células que ainda não nasceu, não tem personalidade, não tem consciência, é evidentemente mais importante do que a de uma mulher formada.

Vejamos alguns dos artigos dessa aberração:

Art.1º Esta lei dispõe sobre a proteção integral ao nascituro.

O embrião, você quer dizer. O amontoado de células.

Art. 2º Nascituro é o ser humano concebido, mas ainda não nascido.

Pff.

Parágrafo único. O conceito de nascituro inclui os seres humanos concebidos “in vitro”, os produzidos através de clonagem ou por outro meio científica e eticamente aceito.

Quer dizer, ATÉ UM CLONE é mais importante do que a vida da mãe.

Art. 4º É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar ao nascituro, com absoluta prioridade, a expectativa do direito à vida, à saúde, à alimentação, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar, além de colocá-lo a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

SENHORES, NÃO SEI SE VOCÊ SABEM, MAS ELE AINDA NÃO NASCEU.

Art. 9º É vedado ao Estado e aos particulares discriminar o nascituro, privando-o da expectativa de algum direito, em razão do sexo, da idade, da etnia, da origem, da deficiência física ou mental ou da probalidade de sobrevida.

E a mãe que se foda.

Art. 10º O nascituro deficiente terá à sua disposição todos os meios terapêuticos e profiláticos existentes para prevenir, reparar ou minimizar sua deficiências, haja ou não expectativa de sobrevida extra-uterina.

E a mãe que se foda, depois de ter passado uma gestação inteira sabendo que o filho não sobreviveria.

Art. 13 O nascituro concebido em um ato de violência sexual não sofrerá qualquer discriminação ou restrição de direitos, assegurandolhe, ainda, os seguintes:

I – direito prioritário à assistência pré-natal, com acompanhamento psicológico da gestante;

II – direito a pensão alimentícia equivalente a 1 (um) salário mínimo, até que complete dezoito anos;

III – direito prioritário à adoção, caso a mãe não queira assumir a criança após o nascimento.

Parágrafo único. Se for identificado o genitor, será ele o responsável pela pensão alimentícia a que se refere o inciso II deste artigo; se não for identificado, ou se for insolvente, a obrigação recairá sobre o Estado.

Quer dizer: se uma menina for estuprada pelo próprio pai e engravidar, ela vai ter que carregar o filho/irmão, parir, criar e ainda ter que lidar com o pai de ambos, ou colocar o filho para adoção, como se os orfanatos fossem lugares bacanérrimos, como se o processo de adoção fosse algo fácil, como se isso tudo tivesse alguma conexão com a realidade. Se uma mulher for estuprada por desconhecido, até parece que vão caçar o cara para que ele dê pensão. Não sei o que é pior, o Estado oferecer a pensão ou sugerirem que o ESTUPRADOR pague pensão. Ele deveria estar preso, não deveria? Se encontrado, o estuprador não seria preso, mas obrigado a sustentar um filho? Vão querer visita obrigatória também? É completamente fora da realidade. Completamente. É de uma falta de empatia que eu nunca vi nessa vida. Obrigar uma mulher a carregar o fruto de uma violência é acabar com a vida dela. Ou seja, mais uma vez: FODA-SE A MÃE.

É basicamente isso que diz o Estatuto do Nascituro: foda-se a mãe, foda-se a mulher que sofreu violência, foda-se a vida delas. O que importa é a vida que foi gerada.

E isso é baseado em que, mesmo?

Crenças. Crenças de que DEUS mandou essa vida. Gente, olha só, eu sou atéia, eu não tenho DEUS ALGUM. Se você tem um deus e ele não quer que você aborte, apenas NÃO ABORTE. Mas tire as suas idéias, as suas crenças e essa violência toda do corpo das outras mulheres. Das mulheres. De todas as mulheres.

O Estado não pode mandar em nossos corpos.

Aqui tem um post da Lola a respeito.

Aqui tem essa MONSTRUOSIDADE na íntegra

Aqui tem o substituitivo dela

Não podemos aceitar. Não podemos nos calar. Não podemos deixar que os fundamentalistas religiosos tomem assim esse país.

O

ESTADO

DEVE

SER

LAICO.

Se não lutarmos por isso, se não fizermos barulho, retrocederemos mais e mais e mais até, sei lá, não podermos usar energia elétrica ou remédios.

Conto com vocês pra fazer um escarcéu.

ADENDO:

Me foi informado que o Estatuto do Nascituro bate de frente com o artigo 128 do Código Penal, que permite o aborto em caso de estupro ou de risco de vida da mãe. Então, ou os nascituros são como a gente e o artigo 128 não vale nada – não duvido que metam a mão no código penal: o projeto original, inclusive, faria isso -, ou a equiparação de pessoas nascidas com o nascituro não faz sentido. De qualquer forma, o Estatuto está linkado para quem quiser ler ali em cima. E sim, eu sou a favor da descriminalização do aborto até a 12a semana, como sugere o Conselho Federal de Medicina, sou a favor do uso de células-tronco, sou a favor da autonomia total do corpo da mulher. O Estado não tem que se meter em nossos úteros.

ADENDO II:

Esse texto trata sobre a versão original do Estatuto do Nascituro, de 2007. Eu não inventei nada do que está escrito. Porém a que está tramitando teve algumas alterações importantes, mantendo o artigo 128 do código penal, mas ainda absurda. Um embrião congelado fora do útero ter os mesmos direitos do que um ser humano nascido, encorajar uma vítima de violência a manter o filho e ainda chamar o agressor de “pai”, essa idéia de que adoção é algo plausível e fácil, isso tudo continua sendo completamente fora da realidade, sem mencionar a ausência da autonomia da mulher sobre seu próprio corpo. Não vou mudar o post porque o Estatuto é cheio de brechas e é nessa primeira versão que querem chegar: a criminalização do aborto em TODOS os casos. Os links continuam lá em cima, da primeira versão do Estatuto, de 2007, e do substituitivo, de 2010. Sugiro também o texto do Sakamoto e da Nádia Lapa.)

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Clara Averbuck é escritora. Acesse: http://claraaverbuck.com.br.

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“Você verá por que 1984 não será como 1984”

comercial Mac

Em 24 de janeiro, a Apple Computer irá apresentar o Macintosh. E você verá por que 1984 não será como 1984.

Durante o intervalo do Superbowl, em janeiro de 1984, foi apresentado um dos anúncios mais celebrados da história da publicidade. Criado pela agência de publicidade Chiat\Day – hoje TBWA\Chiat\Day – o spot utiliza sabiamente a pertinência do romance distópico “1984”, de George Orwell. Foi a ideia perfeita para ser usada na apresentação do Mac.

A agência contratou o diretor britânico Ridley Scott, que havia recém acabado de filmar Blade Runner. Em um estúdio de Londres, Scott ilustrou um futuro orwelliano. Utilizou um elenco de skin-heads britânicos que ouviam passivamente a um discurso do Grande Irmão em uma gigantesca televisão, um nítido exemplo de submissão de massas.

De repente, aparece no comercial uma mulher atlética, vestindo uma camiseta do Macintosh e correndo da polícia do Grande Irmão. A mulher para em frente à televisão e a arrebenta com uma marreta.

A mensagem era clara: o Mac iria libertar os oprimidos usuários de computador da hegemonia da IBM (Leander Kahney, em “A cabeça de Steve Jobs”)

O anúncio foi um sucesso e retransmitido em toda parte. A Apple estima que 43 milhões de pessoas viram o comercial nos noticiários e programas de TV. E isso que ainda não havia youtube na época!

Transformou o Superbowl de um jogo de futebol americano em Superevento publicitário do ano, abrindo uma era da publicidade como notícia (Bradley Johnson, em “10 years after 1984”)

Pelo menos 35 prêmios foram recebidos pela agência Chiat\Day, incluindo o Grand Prix, em Cannes. Foi o princípio de uma nova era da publicidade, em que valoriza-se mais o estilo de vida em vez das funcionalidades do produto. Seria simples e protocolar se a agência produzisse um comercial que mostrasse as funções que o Mac podia desempenhar. Mas a agência ousou, criou um minifilme e um estilo de vida por trás de uma marca, algo que perdura até hoje. Assista abaixo:

A Chiat\Day, grande parceira da Apple, em especial de Steve Jobs, deixou de trabalhar com a companhia pouco tempo após Jobs deixar a empresa, em 1985. Em seu retorno, 12 anos mais tarde, Jobs trouxe a agência de volta para trabalhar com a Apple. Nesta época a Chiat\Day já estava há dois anos unida com a TBWA. A então Chiat\Day\TBWA criou uma nova campanha para recolocar em foco a Apple.

A campanha “Pense Diferente” ficou em vigor até 2002 e foi mais um grande sucesso. A produção foi, aparentemente, mais simples que a anterior, mas igualmente criativa e com uma forte mensagem. A agência utilizou fotografias de notáveis personalidades como Hitchcock, Gandhi, Bob Dylan, Marthin Luter King Jr., John Lennon, Einstein e Thomas Edison. Enfim, pessoas que de alguma forma mudaram o mundo, pessoas que “pensavam diferente”.

Junto a todos estes iconoclastas, incluiu um pensamento para vender a ideia de que todas as pessoas que usam os produtos da Apple são diferenciadas, rebeldes, diferentes e loucas. A campanha foi veiculada em revistas, outdoors e na televisão.

Steve Jobs recusou a sugestão da agência de incluir a si próprio na campanha. O convite não foi por acaso, certamente sua personalidade e visão se enquadram com as outras figuras da campanha. Até mesmo os usuários de Android, o sistema operacional “rival” do iOs, devem reconhecer que Jobs foi um homem à frente do tempo. Ele não criou diretamente nenhuma das duas campanhas, mas mostrou ter feito a escolha certa quando delegou esta tarefa à Chiat\Day\TBWA.

Isto é para os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. As peças redondas nos buracos quadrados. Os que vêem as coisas de forma diferente. Eles não gostam de regras. E eles não têm nenhum respeito pelo status quo. Você pode citá-los, discordá-los, glorificá-los ou difamá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Eles empurram a raça humana para frente. Enquanto alguns os vêem como loucos, nós vemos gênios. Porque as pessoas que são loucas o suficiente para achar que podem mudar o mundo, são as que de fato, mudam.

http://youtu.be/FKt2Cd1Is-I

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SOM: Vampire Weekend: Diane Young

Uma santa ceia hipster. É mais ou menos assim que se pode resumir como é o último clipe de Vampire Weekend. Diane Young é a quarta faixa do terceiro álbum da banda, Modern Vampires of The City, lançado em maio deste ano.

O clipe, dirigido por Primo Kahn, tem a participação dos “apóstolos” Chromeo, Santigold e Hamilton Leithauser, do Walkmen, entre outras personalidades da cena indie. Resta agora tentar adivinhar quem é a pessoa por trás da balaclava. Assista:

Um Século Oito ou Oitenta

Sem senso comum só resta a bipolaridade

O século 21 é controverso, extremista e com pessoas mais preocupadas em procurar “frases para Facebook” do que livros. Hoje mesmo acessei a ferramenta Google Trends para pesquisar palavras-chaves atuais e me deparo com essa. É impressionante o número de pessoas que buscam no Google frases bonitinhas para serem postadas no Facebook. Enfim, deixa isso para lá, o assunto é outro.

A prova da controvérsia social em que estamos passando pode ser resumida em duas matérias que foram tornadas públicas ontem (05/06/13), e que mostra como a sociedade está polarizada, extremista, oito ou oitenta.

Feministas x Magnéticas

Os títulos eram os seguintes: “Cavalheiro ou canalha?” e “Mulheres aprendem a ‘desmunhecar’ em curso para ‘atrair partidão’”. As mulheres estão polarizadas, dividas em extremos. Por um lado, o movimento feminista continua lutando por direitos iguais, e isso inclui o direito de o homem não ter o direito de pagar a conta, abrir a porta do carro ou outra atitude que faz parte do clássico e ancestral “cavalheirismo”, algo que sim, ainda existe, mas que a cada dia que passa morre mais um pouco. Por outro lado, mulheres fazem curso (sim, um curso) para “resgatar a feminilidade”. A criadora do curso ensina as mulheres a terem atitudes como exigir que o homem pague a conta e jamais fazer sexo no primeiro encontro. O curso, que custa mil reais é para tornar uma mulher “magnética”.

Parece não haver consenso entre os dois estilos de vida. As ativistas feministas não aceitam mas sim, a mulher é diferente do homem, a mulher é sim mais bela e não há nada de errado em valorizar essa beleza (Feministas norte-americanas criticaram Barack Obama só porque o presidente disse que Kamala Harris era a mais bela procuradora-geral que o país já teve. Elas gostariam de saber se o presidente falaria o mesmo para um homem). A mulher também é mais sensível emocional e fisicamente, porém, como toda regra, existem exceções. Não sou louco de me achar mais forte que Brienne de Tarth, nem mais corajoso que Anita Garibaldi e nem mais sedento por poder que Cleópatra. Se padrões existem, exceções também.

Cleópatra pegou Júlio Cesar e Marco Antônio. Por pouco também não pegou o Otávio.
Cleópatra pegou Júlio César e Marco Antônio. Por pouco também não pegou Otaviano.

As magnéticas, por sua vez, não aceitam dividir a conta com o homem e esperam que ele seja o principal responsável pelo sustento da casa. Mas, por que não o contrário? Alguém esqueceu que quem governa este país é uma mulher? E quem está à frente da Alemanha, a principal economia da União Europeia, também é uma mulher?

Tabus

Tabus estão prestes a ser derrubados, mas ainda há resistência. A união homoafetiva é defendida pela população LGBT e simpatizantes. Ao mesmo tempo é rebatida por boa parte da população religiosa e conservadora. Quem é a favor defende que o amor não tem sexo, amor é simplesmente amor. Correto. Quem é contra tem como principal prerrogativa a de que família é entre homem e mulher, pois só assim é que há a possibilidade de reprodução. Correto, mas em partes. Realmente, dois homens ou duas mulheres não podem reproduzir naturalmente. Mas, com sete bilhões de habitantes no planeta me parece que a raça humana esteja “um pouco longe” da extinção. O que poderá extinguir o homem são as bombas nucleares, essas que são desenvolvidas com estratosféricos financiamentos por potências bélicas, e não um casamento gay. Completando: até onde sei nenhum casal é obrigado a reproduzir. Sou heterossexual, possuo namorada e não pretendo deixar herdeiros. Serei proibido de casar um dia?

A maconha é outro grande tabu e que, inexplicavelmente, é um assunto que encontra ainda resistência por boa parcela da população brasileira. E boa parcela dessa boa parcela também não possui informação suficiente para saber o que é certo ou errado (conheço pessoas que acham que uma pessoa pode ter uma overdose de maconha, por exemplo). Manifestantes favoráveis à legalização defendem que é um considerável passo para acabar com o narcotráfico. Correto, mas em partes, já que a maconha não é a única droga (ainda) ilícita no país. Conservadores relutam, pois enxergam na maconha, uma planta natural, a porta de entrada para as outras drogas. Correto, mas em partes, já que a tese não leva em consideração o álcool e o tabaco – estes sim de fácil acesso e frequente uso –  por serem drogas lícitas.

Maconha: Planta ou droga?
Maconha: Planta ou droga?

A democracia está se tornando uma grande farsa. Afinal, lutar por um direito é fácil. Difícil é encontrar um bom senso para respeitar o direito do outro. A sociedade só é democrática quando está em consenso e não em conflito de interesses individuais.

Um adágio apócrifo, atemporal e condizente com este exercício de pensamento é “respeite para ser respeitado”. Em outras palavras, se você quer ter o direito de agir e pensar de acordo com sua ideologia, dê este mesmo direito a quem discorda de você.

Seu direito só não pode ferir o outro. Só. E ele só é ferido, quando duas pessoas do mesmo sexo se beijam, se quem assiste está com ciúmes. Ele só é ferido, se alguém estiver fumando maconha, se quem assiste está na fissura para fumar, mas não pode. Ele só é ferido, se uma mulher enxerga um homem abrindo a porta do carro para a namorada, se ela gostaria de estar em seu lugar. Ele só é ferido, se outra mulher enxerga um casal dividindo a conta, se ela gostaria de ser tratada de igual para igual.

Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las. (Voltaire)

Voltaire, filósofo francês, defensor da liberdade civil, religiosa e comercial
Voltaire, filósofo francês, defensor das liberdades civis, religiosas e comerciais

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Trailer: Prisoners

Na trama, depois que sua filha de seis anos de idade e uma amiga dela são sequestradas, Keller Dove (Hugh Jackman), um carpinteiro de Boston enfrenta o departamento de polícia e o jovem detetive encarregado do caso. Sentindo-se abandonado pela lei, o pai captura o homem que ele acredita ser responsável e começa a torturá-lo em uma desesperada tentativa de descobrir o que houve com as meninas.

Confira acima o trailer do suspense “Prisoners” (ainda sem tradução no Brasil). Dirigido pelo canadense Denis Villeneuve (Polytechnique, Incêndios), o filme entra em cartaz nos cinemas brasileiros em setembro.

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BE: Um Beady Eye mais psicodélico

Capa de BE

Um bom álbum não é aquele que se gosta de primeira. Uma boa música sim, mas o conjunto da obra não. Não é via de regra, mas tem sido assim em 80% dos casos. Um bom álbum demora um pouco mais para ser assimilado e compreendido. Essa audição extra e cuidadosa é essencial para que seja percebida a diferença entre um álbum sólido e um álbum enjoativo.

De antemão, apresento uma exceção. Different Gear, Still Speeding, lançado em 2011 pelo Beady Eye foi um álbum que gostei de primeira e até hoje escuto, sem ter enjoado de uma música sequer. Certamente faz parte dos 20% dos casos em exceção explicado no primeiro parágrafo.

Acontece que agora o Beady Eye lançou a sua segunda obra. O trabalho posterior ao de estreia é a prova de fogo para qualquer músico/banda. A qualidade mantida no segundo disco é a prova de que a banda não é uma enganação. E BE passou no teste.

Confesso que foi necessária uma segunda e atenta audição para que o desapontamento não tomasse conta dos ouvidos, diferente do que aconteceu com o álbum de estreia. BE, que ainda não foi lançado, mas já vazou na internet, é muito menos rockeiro e muito mais estúdio do que o primeiro trabalho da ex-banda de Noel Gallagher.

Algo que move Liam Gallagher na carreira de músico é certamente tentar ser melhor que o irmão Noel. Isso explica o alto investimento para a gravação e produção de BE. É notório que o novo Beady Eye está mais detalhista, cuidadoso e comercial nesse segundo álbum.

A começar pelo novo produtor, Dave Sitek, que substituiu Steve Lillywhite. Enquanto o antigo produtor é da velha guarda do rock’n’roll, com Rolling Stones, Talking Heads e U2 no currículo, Dave Sitek é quase vinte anos mais jovem. Está na mesma faixa etária da banda e tem trabalhado com outros tipos de sons, é muito mais indie que rock. Além de guitarrista do TV On The Radio, produziu álbuns do Yeah Yeah Yeahs, entre outras bandas do cenário alternativo norte-americano e britânico. Mas não, não significa que BE seja indie. Não tem nada de indie em BE. O que prova que o novo produtor veio para somar e não para impor seu estilo.

Dave Sitek, produtor de BE
Dave Sitek, produtor de BE

O Beady Eye está menos enérgico que na estreia. Mais fino, mais baladeiro e com um pouco mais de categoria do que o primeiro álbum. Quem é adepto do rock’n’roll cheio de energia deve ficar mesmo com o primeiro disco. Já quem prefere relaxar e ficar viajando na música, BE é o caminho.

O Álbum

Capa de BE
Capa de BE

Cinquenta por cento de BE é composto por baladas, com imenso destaque para a qualidade vocal de Liam. Porém, para falar das músicas do álbum, começo pela começo, que já tem a melhor música de todas. Flick of the Finger é uma música épica. Foi a primeira a ser vazada na internet, há mais de um mês atrás. É quase que um hino, sem refrão e muito bem acompanhado por instrumentos de sopro e com uma resumida citação do filósofo Jean-Paul Marat, lida pelo intérprete britânico Kayvan Novak.

É um grito. Uma música de filme. Como diz meu amigo Guilherme, mais conhecido como “Guizado”, é a trilha sonora de uma cidade explodindo. Acrescento: Uma cidade explodindo enquanto uma nova ordem mundial emerge. “The future gets written today” canta Liam na última frase da música antes da citação surgir ao fundo. Poderia ser uma música para ambientar a explosão do parlamento inglês em V de Vingança ou algo do tipo.

Don’t be deceived when our revolution has been finally stamped out and they pat you eternally on the shoulder and say that there’s no inequality worth speaking of and no more reason for fighting. Because if you believe them they will be completely in charge in their marble homes and granite banks from which they rob the people of the world under the pretense of bringing them culture. Watch out, for as soon as it pleases them they’ll send you out to protect their gold in wars whose weapons, rapidly developed by servile scientists will become more and more deadly until they can with a flick of the finger tear a million of you to pieces.

http://youtu.be/0lMRJFZ11c0

Soul Love é uma estranha balada, daquelas que você espera que os acordes vão para um lado quando na verdade vão para outro. É já na segunda música que o Beady Eye mostra ter aprendido – e muito bem – a trabalhar com dissonâncias.

Na sequência, o Beady Eye traz uma empolgação rara no álbum em Face The Crowd, música escrita pelo célebre guitarrista Andy Bell. Certamente a música mais enérgica de BE, seria punk se não tivesse tanta firula.

Second Bite of The Apple também já foi apresentada. É o primeiro clipe, já divulgado oficialmente pela banda. Segundo Liam, essa é a música em que Sitek mais colocou o dedo. É um ponto alto de um álbum, até então, impecável.

A quinta faixa, Soon Come Tomorrow, é mais uma balada de BE, mais lenta que Soul Love e com um vocal muito mais destacado de Liam. Na metade da música, um empolgante solo de wah-wah quase à la Jimi Hendrix – perdoe-me a comparação – dá um up no clima.

Iz Rite é mais uma viajona música daquelas “bem Beatles” com um longo final e um refrão grudento saindo da voz de Liam. Impossível não grudar “Say it again” na cabeça depois de ouvir a música duas vezes. Para finalizar, quase um minuto de enrolação e psicodelia até o início de I’m Just Sayin‘, a música mais Oasis que o Beady Eye já compôs. É um remember de (What’s The Story) Morning Glory?.

A balada Don’t Brother Me não esconde que foi feita para o irmão Noel, em brincadeira com a palavra “bother” (incomodar). É a música mais longa de BE, com sete minutos e meio de duração, sendo os últimos quatro minutos só de psicodelia, ou como dizem por aí, pura viagem.

Shine a Light é uma das músicas que tem um ritmo, até então, diferente para o estilo do Beady Eye. Não sei, mas algo me diz que Chris Sharrock andou ouvindo Four Sticks do Led Zeppelin antes de entrar no estúdio para gravar a percussão de Shine a Light. Palpite só.

Na reta final do álbum está a balada simplista Ballroom Figured, com Liam Gallagher cantando no ritmo de um violão acústico. E, para finalizar, Start Anew, senão a melhor, ao menos a mais bonita balada já feita pelo Beady Eye. Quando tudo parece que vai ser só mais uma música lenta, parecida com a anterior, eis que surge um interlúdio chapadão para mostrar a diferença da música. Nos segundos finais do álbum Liam canta “come on take a chance and start anew, me and you”, acompanhado de um instrumental que já cresceu e já está acompanhando a música com autêntica beleza, transformando em uma música muito mais do que uma tradicional balada com capotraste.

“É um épico: Começa como uma canção acústica e então termina como Neil Young no estádio do Boca Junior a 35°C e com fogos de artifício.” (Andy Bell sobre Start Anew)

Precisei de três vezes para dissecar bem o novo álbum do Beady Eye. Provavelmente encontrarei algo mais nas próximas audições, afinal isso é o que acontece com um disco bom. BE consegue ser comercial e ao mesmo tempo ter um tanto de experimental e psicodélico. Diferente de Different Gear, Still Speeding, que é mais rock’n’roll e mais homogêneo. Fica a critério de vocês elegerem o melhor. Pode até ser empolgação momentânea, mas enquanto o encanto não acabar eu fico com o BE. Cheers!

Chris Sharrock, Jay Mehler, Andy Bell, Liam Gallagher e Gem Archer
Chris Sharrock, Jay Mehler, Andy Bell, Liam Gallagher e Gem Archer

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Uma surreal mente juvenil traduzida pelo photoshop

Houve um tempo em que Photoshop era programa pra “gente grande”. A quase inesgotável quantidade de funções tornava o programa complexo em um primeiro momento. Tão verdade que cursos de manipulação de imagem utilizando o Photoshop se multiplicavam como pragas, no começo do século. Em uma época em que cursos de Office já vendiam muito pouco, a maneira de continuar o negócio foi com cursos de Photoshop, entre outros programas “menos acessíveis”. Ao menos na época.

Assim como o Windows, o Office e a internet, o Photoshop é o próximo recurso a, talvez, “crescer conosco”. Uma criança hoje manipulando tablets, smartphones e navegando na internet com extrema naturalidade é tão normal quanto assistir televisão. Já é algo que cresce com a pessoa, e o Photoshop se encaminha para esse mesmo status.

Com 14 anos de idade, Zev, apelidado de Fiddle Oak, combina fotografia com belas manipulações no Photoshop, o que resulta em um trabalho surreal e decorrente do imaginário do adolescente. Zev, nascido em Natick, Massachusetts, EUA, começou a fotografar e a utilizar o revolucionário programa da Adobe com 8 anos de idade. Agora, pense aí: O que você fazia quando tinha 8 anos de idade?

Pois é. Um compositor judeu de voz anasalada imortalizou uma canção chamada “The times they are a changin’“, na década de 1960.  Desde lá, os tempos continuam mudando, como profetizou Dylan, e a tendência é que a canção prospere.

Zev divulga seu trabalho em seu Flickr. O adolescente primeiramente fotografa ele mesmo ou sua família, então parte para o photoshop. Em um dos conceitos abordados, Zev extrai as imagens como miniaturas em um mundo gigante. Algo que, para a geração que nasceu nos anos 1980, lembra o clássico “Querida, encolhi as crianças”. Realmente, o cotidiano juvenil sofre alterações consideráveis com o passar das gerações, enquanto o imaginário apenas se adapta.

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Todas as imagens: Fiddle Oak

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