Alejandro González Iñárritu conseguiu em Birdman criar uma urgência psicológica fora de série. O diretor/roteirista mexicano há tempos figura entre os melhores do cinema, mesclando trabalhos interessantíssimos ao agarrar temas cotidianos e colocá-los sob um prisma ímpar.
O filme passeia de forma indolor ainda que seja cabível o resultado transformador e original. Os aspectos técnicos são verossímeis, e injustamente a produção não concorre na categoria de Melhor Montagem no Oscar 2015. Para muitos os planos longos e cuidadosamente editados em pontos-chave são comuns, mas se vistos mediante ao contexto na qual a história se desenrola, fica perceptível que há algo mais profundo a ser dito.
Líder de indicações ao lado de O Grande Hotel Budapeste (com nove indicações cada), talvez Birdman pouco agregue na vida das pessoas ao mostrar um ator que vive das glórias do passado e tenta se reerguer com um novo sucesso no teatro. Contudo, a entrega do renegado ator Michael Keaton torna vivaz o fantástico de forma que apenas alguns consigam vislumbrar. Não quer dizer que a produção seja “Cult” ou queria transpassar uma mensagem intelectual e subjetiva, excluindo leigos ou amantes da sétima arte. De modo algum, Birdman dialoga pausadamente em diversas cenas com situações e indagações comuns ao ser humano. A diferença é o uso da fantasia de humor negro, para por vezes, alcançar o espectador.
Com atuações competentes e doses pertinentes de questionamentos, Birdman está longe de ser um filme supervalorizado, assim como a carreira de Iñárritu, que segue fazendo aquilo que sempre fez; elevar o ordinário do homem para novas perspectivas. Gostando ou não, o reconhecimento deve ser claro sobre a tentativa do equilíbrio. Algo esporádico no cinema atual.