O universo artístico é algo fascinante, por vezes delirante, noutras alucinantes. Não importa o quanto de adjetivos com sufixos “ANTES” para descrever a catarse que a arte provoca no ser humano. Assim, uma das manifestações artísticas que me alucina são os seriados de TV americanos.
Muitas das séries têm um poder de fazer a pessoa viciar na trama que envolve os personagens, e a partir dali começa o entrelaçamento cujo telespectador passa a se considerar participante daquela história, pois o relacionamento encadeado entre ambos envolve dias, meses, e, por que não, anos. E quando a série chega ao fim, fica aquela sensação esquisita de que está faltando algo que o preencha. Por dias ficamos a imaginar o que um determinado personagem teria feito se ele estivesse em nosso lugar, passando por aquela circunstância, às vezes, tomando atitudes semelhantes.
Recentemente, uma das séries que seduziu a mim e a milhões de telespectadores foi Breaking Bad (A química do mal). De um ângulo mais profundo, o seriado é um drama americano que conta a história de um professor de química, Walter White (Bryan Cranston), que tem um filho adolescente, Walter Júnior (RJ Mitte), o qual sofre de uma paralisia cerebral, e a esposa gestante, Skyler (Anna Gunn).
Assim que o professor completa 50 anos de idade, ele é diagnosticado com um câncer de pulmão, vendo o tempo passar e com a descoberta da doença, Walter percebe que até aquele estágio da vida ainda não fizera nenhum proveito digno de sua capacidade intelectual. Consequentemente, sua doença é o ponta pé inicial para todo o drama que se desenrola durante as cinco temporadas. Então, sabendo do seu curto tempo de vida e querendo deixar a família num conforto financeiro, o professor, já então Heisenberg, mergulha numa vida de crimes juntamente com o ex-aluno, Jesse Pinkman (Aaron Paul), produzindo e vendendo a droga metanfetamina.
Diferente de muitas séries que produzem dezenas de temporadas apenas pelo retorno financeiro (o que faz um bom seriado virar uma porcaria), Breaking Bad só produziu cinco temporadas dignas de sucesso a cada episódio. Assim, a história se passa em Albuquerque, Novo México, sendo produzida por Vince Gilligan, este teve como retorno nada mais que o patamar de uma das melhores séries dos Estados Unidos, em todos os tempos. Consequentemente, em 2014 foi parar no livro Guinness dos Recordes como o melhor seriado já existente, segundo os críticos. Dentre seus prêmios encontram-se: dezesseis Primetime Emmy Awards, oito Satellite Awards, dois Globos de Ouro e um Prêmio Escolha Popular.
Assista ao vídeo em que mostra a evolução do personagem principal Walter White.
Após um percurso de cinco temporadas o telespectador não é o mesmo. Percebe como o psicológico humano pode se adaptar a determinada circunstância na lei pela sobrevivência, até onde um ser humano pode chegar para proteger a família e a si mesmo de tudo e de todos. O seriado também mostra o que o dinheiro pode fazer na vida de uma pessoa, lembrando Henry Ford:
“O dinheiro não modifica o homem, apenas o desmascara.”
Ou seja, Walter estava em Heisenberg ou Heisenberg estava em Walter? Sem falar que vai pela contramão do raciocínio do escritor irlandês George Shaw:
“O poder não corrompe os homens; mas os tolos, se eles adquirirem uma posição de poder, eles a corrompem.”
Entretanto, vale lembrar de que estamos falando de um professor genial de química numa situação de desespero e de ambição e em busca de poder. Então será que a genialidade também pode ser corrompida? Enfim, é uma narrativa de tirar o fôlego e que vale a pena ser vista.