Desde a apuração dos votos válidos para presidência da república, com a confirmação de um segundo turno entre Aécio Neves e Dilma Rousseff, a população brasileira se dividiu em três grandes polos: aqueles que votam no Aécio, aqueles que votam na Dilma e os órfãos que, até o momento, cogitam anular o voto.
Entre esses últimos estão aqueles que votaram na Marina Silva, na Luciana Genro ou no Eduardo Jorge. São esses os alvos dos dois presidenciáveis. Os próximos dias, as próximas alianças e a nova configuração política serão determinantes para o futuro do Brasil.
Os adeptos da política do PSDB que pretendem eleger Aécio Neves para o cargo máximo do Poder Executivo fazem questão de ressaltar a necessidade de mudança. Marina Silva também reforçou a questão durante a sua campanha, tanto que já começa sinalizar apoio ao partido tucano. O movimento “Fora Dilma” surge (ou se intensifica) nesse contexto.
O problema desse movimento é que ele fecha os olhos para todas as mazelas do PSDB, acreditando que qualquer mudança é melhor do que nenhuma. Isso faz sentido? Não. O governo Dilma — e o governo do PT, de modo geral — , com todas as suas dificuldades, “aos trancos e barrancos”, conseguiu instaurar uma gestão mais ou menos equilibrada, atendendo aos diversos interesses sociais.
Palavras-chave como privatização, redução da maioridade penal e meritocracia estão no discurso do PSDB. Será mesmo interessante votar em um candidato com propostas tão destoantes? Eleger Aécio Neves representará uma grande mudança, mas não necessariamente uma mudança positiva.
Eleger Luciana Genro ou Eduardo Jorge, por seu turno, seria louvável. Para citar Engenheiros do Hawaii, “se eu soubesse antes o que sei agora, iria embora antes do final”. O movimento “Fora Dilma” é uma armadilha perigosa, todo cuidado é pouco.