Aproximando-se do fim do ano, é normal o surgimento das apostas para o Oscar e do grande falatório acerca dos filmes altamente elogiados e que passaram pelos principais festivais de cinema. No caso de Nocaute (Southpaw), o alvoroço repousa na transformação e atuação de Jake Gyllenhaal e nada mais. E existe razão nisso, infelizmente.
Antoine Fuqua há tempos faz um arroz com feijão nos cinemas. Ainda que o diretor saiba trabalhar os seus atores, o seu nome na direção, muitas vezes, não desperta mais muito interesse. É o diretor de Dia de Treinamento – se esquecem do ótimo Lágrimas do Sol, mas fica nisso. Alguém que ainda vive da glória do filme protagonizado por Denzel Washington. Nocaute parecia seguir o caminho do ostracismo, mas com justiça, Gyllenhaal o chamou de seu e entregou sua melhor performance até hoje. Sem dúvida, entra no páreo das melhores atuações do ano.
O roteiro de Nocaute procura emular um pouco da saga do pai, lutador e problemático, mas que busca redenção. Qualquer semelhança na trajetória do personagem com o Touro Indomável, Jake LaMotta, vivido por Robert DeNiro, não é coincidência. Assim como também não é acaso alguns planos e trejeitos de Gyllenhaal que lembram o Rocky de Stallone.
Infelizmente, a direção de Fuqua e o roteiro de Kurt Sutter não traduzem nos melhores momentos o poder da atuação do ator. Nem mesmo os bem confortáveis coadjuvantes – principalmente da jovem Oona Laurence e de um retorno convincente de Forest Whitaker, acabaram por ser suficientes para salvarem o filme de uma total frustração se comparado com o seu protagonista.
Em 2010, Eminem interpretaria o papel de Gyllenhaal. Na época, nem mesmo Fuqua estava ligado ao projeto. Não há como afirmar que Eminem teria ficado melhor no papel. O atual boxeador fictício Billy Hope fez por merecer ser o centro das atenções. Mas, Nocaute talvez tivesse conseguido uma vitória mais convincente com outro nome no cargo de diretor.