“Não gosto de misturar política com religião, acho isso impróprio”, foi o que disse a candidata a presidente Luciana Genro, logo no primeiro debate, transmitido pela Band. Desde então não se fala em outra coisa: a religião parece uma constante nos debates e nas propostas políticas, chegando mesmo a se firmar como um divisor de águas.
Marina Silva, após receber críticas incisivas do pastor Silas Malafaia, voltou atrás no seu posicionamento em relação aos apelos da comunidade LGBT para atender, obviamente, os interesses daquele. Dilma, com uma dose voraz de oportunismo, declarou apoio à criminalização da homofobia. Em resumo: a religião está colonizando a política e isso está criando um verdadeiro cabo de guerra.
Quem vencerá essa batalha? O Brasil, de modo geral, só tende a perder. Os candidatos ou são contraditórios ou defendem propostas totalmente incompatíveis com a sociedade moderna ou não tem a mínima chance de vencer essa corrida democrática. Está cada vez mais difícil apoiar, racionalmente, um dos candidatos.
Política e religião andam juntas desde sempre, isso é fato. E é absolutamente normal que a política discorra sobra a religião, que defenda a sua livre manifestação etc. O oposto não é verdadeiro: a religião não está apta a gerenciar a política e impor situações sociais. A colonização da política pela religião é um absurdo que, ao que tudo indica, vai causar problemas no futuro.
Nesse contexto, importante também considerar a força popular, repensar o uso das manifestações — já que o processo eleitoral, dito democrático, não está cumprindo a sua função primordial, que é a garantia de um Estado justo, atento às reivindicações fundadas em boas razões (e não qualquer reivindicação). É preciso repensar a política.