Psicodália 2016: Baurete #4 – Os Skrotes

Skrotes Florianópolis
Foto: Rodolfo Almeida

A música instrumental é uma das vertentes que menos possui mídia. Pare e reflita, quantas matérias sobre bandas instrumentais você leu no último mês? Sim, foi o que pensei, poucas. A vida na estrada parece ser mais injusta com os combos que escolhem falar sem o auxílio de verbos, mas o underground segue pulsando (e muito), mesmo sem vocal!

Com um campo instrumental bastante povoado hoje em dia, bandas como Bombay Groovy e Tigre Dente de Sabre são belos exemplos para mostrar como o estilo ainda se mantém. Só que a questão não é só se manter, o ponto é aproveitar esse burburinho, produzir e ganhar a atenção da mídia novamente, coisa que os grupos citados fazem e muito bem.

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Só que aí é que está o ponto, como fazer isso? Creio que não existe um manual, mas ajuda se a música em questão conseguir inovar o ouvinte e acertar sua cabeça como uma tijolada: para resumir, coloque Os Skrotes no play e prepare-se para ficar impressionado.

A música é uma fórmula que foi construída e ficou intacta por muito tempo. A cada grande descoberta acontecia uma desconstrução, talvez a palavra chave para entender como esse trio trabalha. Sem limitar estilos, tempos e timbragens, Os Skrotes são um dos melhores sons instrumentais que você pode sacar no momento e, o melhor de tudo, eles estão confirmados na próxima edição do Psicodália!

Psicodália 2016

Nas teclas, bateria e baixo, o combo de Floripa promete conquistar seus ouvidos de maneira alucinante.

Aperte o play e prepare-se para perder a conta. São dezenas de estilos apresentados, uma unidade impressionante e um vigor criativo que com certeza fará sua cabeça durante o festival. O som dos Skrotes é tão sinuoso quanto um passeio na lomba de uma cobra, minha jóia!

Mississippi Delta Blues Festival 2015 em fotos

Foto: Gui Benck

Você já foi alguma vez ao Mississippi Delta Blues Festival, em Caxias? Se você foi, as fotos abaixo vão te causar ótimos flashbacks. E se você não foi, mas tem no mínimo um % de simpatia pelo blues, vai sentir um pouco de vontade de ter estado lá.

O Mississippi Delta Blues é um festival que acontece anualmente no largo da estação férrea de Caxias do Sul, e é muito massa. Esse ano foi a oitava edição do evento, que teve mais de 90 artistas – brasileiros e estrangeiros – se apresentando em sete palcos diferentes. Sem dúvida, um dos maiores festivais do gênero da América Latina.

Os 3 dias de música (26, 27 e 28 de novembro) reuniram cerca de 10 mil pessoas e foram acompanhados de atrações paralelas como workshops de musicalização, tirolesa, espaço de arte, bazar, gastronomia caprichada, cervejas especiais e outras coisas.

E nos palcos do MDBF, o mais legal é que o som é incrível em todos eles, mesmo que você não seja tão apegado ao blues e não faça ideia de quem sejam aqueles caras que estão esfarelando os instrumentos. E se você conhece, melhor ainda, porque ao vivo sempre é muito mais foda.

É difícil elencar quem chamou mais o tinhoso pra dançar em um festival como esse, mas citando alguns dos protagonistas temos: Mr. Sipp, Chris Cain, Rip Lee Pryor, Super Chikan, Bob Stroger, Zora Young, Terry ‘Harmonica’ Bean, Whitney Shay, Jefferson Gonçalves, South American Kings of the Blues, Sherman Lee Dillon. A lista é grande e você pode ver ela completa no lineup oficial.

Se você não conhece algum desses nomes, tem minha recomendação.

Abaixo, um pouco do que foi o festival pelas lentes do fotógrafo Gui Benck, que no ano passado já tinha feito essa outra baita galeria lá em Caxias.

O ano d’Elza, a mulher do fim do mundo

A voz do milênio eleita pela BBC de Londres é brasileira e vai cantar até o fim do mundo. É isso que Elza Soares, carioca do Brasil (afinal, dizer que ela é brasileira do Rio seria muito limitador), canta em seu mais recente álbum de estúdio, o primeiro apenas com canções inéditas em mais de seis décadas de carreira.

O disco começa da maneira perfeita: apenas sua voz cantando sobre o seu coração, o coração de cada mulher, de cada brasileiro. Misturando samba e rock, Elza pede licença ao Rio de Janeiro para trabalhar em um álbum com um jeito todo paulistano. Afinal, todos os compositores e músicos com quem a diva mais popular desenvolveu essa nova obra são de São Paulo.

“A mulher do fim do mundo”, nome do novo disco, era aguardado com ansiedade pelo público e pela crítica, não apenas brasileira, mas também mundial. O álbum recebeu boas análises em diversos sites e revistas pela Europa, local por onde Elza já está acostumada a passar, seja para fazer sua turnê, seja para morar – a diva se estabeleceu na Itália ao lado de Garrincha, sendo recebida por Chico Buarque e Marieta Severo na época da ditadura.

a mulher do fim do mundo capa

Renascimento

Pode-se dizer que a cantora teve uma trajetória muito similar a dos discos de vinil. Tendo seu auge no passado, eles passaram um tempo longe das vitrines, mas hoje assumem sua supremacia com presença nas lojas e com a fabricação de novos toca-discos, graças à sua qualidade – que ninguém abre mão quando o assunto é música.

A história de Elza Soares tem diversas passagens tristes. Viúva aos 18 anos de idade, ela perdeu três filhos – o mais recente foi há apenas alguns meses – conheceu a fome e o sucesso, depois viveu um período obscuro em sua carreira, mas voltou com tudo com a ajuda de artistas que sempre a admiraram, como Caetano Veloso. “Dura na queda”, faixa composta por Chico Buarque e gravada por Elza para o disco “Do cóccix até o pescoço”, é uma boa síntese de sua vida. Até o momento são mais de 30 álbuns lançados, alguns dos quais ela diz jamais ter recebido nenhum dinheiro com a venda.

Mas é em seu mais recente álbum que ela expõe sua história e assume seu lema. Sua vida é o agora, como ela diz no documentário biográfico “My name is now”, de Elizabete Martins Campos. O que passou está no passado. Elza vive o agora, mas sua memória é forte e trata tudo com música – sua voz é forte o bastante para falar de todos os problemas e soluções que a humanidade busca.

Existem muitos motivos para que Elza aproveite o agora; além de um álbum recém-lançado, da divulgação do seu documentário, do encerramento da turnê cantando Lupicínio Rodrigues (pai de seu primeiro sucesso, “Se acaso você chegasse”) e da pausa do show “A voz e a máquina”, em que ela reinventava clássicos da MPB com música eletrônica, ela estreou uma nova turnê para divulgação de seu disco e foi convidada para cantar os clássicos de Amy Winehouse ao lado do pai da cantora britânica. 2015 é o ano dela, é o ano d’Elza.

elza soares a mulher do fim do mundo

Reconhecimento

Apesar de já ter chegado tão longe em sua carreira, ainda existem áreas que Elza deseja conquistar – e essa é uma de suas principais motivações. Indicada ao Prêmio Quem de melhor cantora de 2015, ao lado de outras veteranas como Maria Bethânia e Gal Costa, além de iniciantes como Anitta e Ana Cañas, Elza Soares carrega em sua história a terrível injustiça de jamais ter sido reconhecida com um prêmio de música brasileira. Quem sabe a “Rainha da Experimentação” ganhe pela primeira esta honra neste ano tão emblemático para sua carreira…

No entanto, mesmo sem prêmios nacionais, Elza Soares continua e, ao que tudo indica, continuará sendo aplaudida por multidões, seja em cima do seu tradicional salto 15 ou sentada, como está fazendo em seus últimos shows após colocar alguns pinos na sua coluna em diversas cirurgias. Porém, a sua ansiedade para ficar bem logo e voltar a sambar e tremer o corpo e a voz é grande.

Afinal, como ela mesma afirma em seu novo álbum, ela continuará cantando enquanto for possível. Seu instrumento é a alma e a voz, ultrapassando qualquer rótulo de gênero musical que tentam impor a ela ou até mesmo por sua idade, que ela transformou em apenas mais um número. Transformando o presente no principal motivo de viver, Elza Soares é eterna, mesmo porque um futuro sem sua voz é um cenário triste demais para os amantes da boa música.

Elza Soares

Conheça 6 autodidatas que fizeram diferença na história literária brasileira

Quando ouvimos falar de escritores brasileiros, logo associamo-los a seres que viveram/vivem em um contexto cercado por livros, estudos (os melhores), alto grau universitário, talvez, um tipo de aluno-modelo durante época escolar, vários textos escritos e publicados, e, o mais importante, dotado por algum dom que os faziam/fazem seres diferentes de qualquer outro. Contudo, as coisas não são bem assim, ou seja, alguns dos atributos acima podem estar presentes, mas não que isso seja fator essencial e que estejam em todos.

Assim, durante muito tempo, acreditou-se que os renomados escritores, ao produzir sua obra, eram agraciados por um poder divino, daí escreviam e as publicavam, alguns até se diziam que durante a produção não ocorrera nenhum erro de escrita, ou nenhuma correção em algum trecho da narrativa, ou até mesmo de toda obra – muitos estudos já comprovaram que tudo o que já foi publicado em questão de literatura, nas principais obras, tiveram muito suor por trás de cada linha. Entretanto, por estes e outros mistérios, uma das coisas que acho interessante nos clássicos autores brasileiros é que muitos pertenciam à “tribo” do autodidatismo.

Aqui, em nosso país, a literatura está recheada de bons escritores que se autofizeram mestres, alguns até chegando à universidade, no entanto, desistindo logo em seguida, outros, por falta de oportunidade nunca colocaram os pés em uma instituição de nível superior como estudante. Deste modo, eis alguns autodidatas que tiveram sucesso no meio literário, como escritor, romancista ou poeta, os quais também podem servir a você, leitor, como inspiração para dar os primeiros passos nos escritos literários, por mais que não tenha um título de “superior”.

Apresento-lhes alguns dos renomados escritores que não se intimidaram ao mostrar sua arte:

Machado de Assis

Machado de Assis

“A vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal”.

Machado de Assis. Dispensa apresentações. Resumidamente, o que há para falar dele e que nos interessa é que foi um dos maiores escritores brasileiros, um dos fundadores e também o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Sequer fez curso superior. Entretanto, conseguiu ser romancista, contista, teatrólogo, poeta e crítico literário, além de ter inaugurado o realismo brasileiro.

Humberto de Campos

Humberto de Campos

“A natureza é sábia e justa. O vento sacode as árvores, move os galhos, para que todas as folhas tenham o seu momento de ver o sol”.

Maranhense. Sua origem humilde não lhe rendeu estudos superiores. No entanto, conseguiu se destacar, chegando à Academia Brasileira de Letras e ocupando a cadeira de número 20. Com a publicação de “Poeira” aos 24 anos começa a ganhar notável reconhecimento até a publicação de “Memórias”, este o concretizando no meio literário brasileiro.

Cruz e Sousa

Cruz e Sousa

“A terra é sempre a tua negra algema. Prende-te nela a extrema desventura.”

Sofreu por causa da cor da pele. Perdeu um importante cargo, em Laguna, SC, pelo mesmo motivo. Seus estudos se deram, em época escolar, no período entre 1871 a 1875. Teve como primeiro livro Tropos e Fantasias. No Rio de Janeiro colaborou no Jornal Folha Popular. Teve como obras máximas: “Missal” e “Broquéis”. Casou-se. Dos quatro filhos todos morreram prematuramente. Enlouqueceu. Faleceu pela tuberculose.

Olavo Bilac

Olavo Bilac

“O Amor é uma árvore ampla e rica, de frutos de ouro, e de embriaguez; infelizmente frutifica apenas uma vez.”

Pertenceu ao período literário conhecido por Parnasianismo. Membro fundador da Academia Brasileira de Letras, jornalista, poeta (criador do hino à bandeira), contista, cronista. Foi eleito, em 1907, como príncipe dos poetas. Durante época estudantil sempre fora aluno brilhante. Conseguiu chegar às faculdades de Medicina e de Direito, entretanto, não concluíra nenhuma, preferindo mergulhar nos textos literários.

Coelho Neto

Coelho Neto

“A vida é a variedade. Assim como o paladar pede sabores diversos, assim a alma exige novas impressões.”

Amador Santelmo, Anselmo Ribas, Ariel, Blanco Canabarro, Caliban, Charles Rouget, Democ, Fur-Fur, Manés, N. Puck ou Tartarin. Esses são alguns dos principais pseudônimos do maranhense Henrique Maximiano Coelho Neto. O qual foi cronista, folclorista, romancista, crítico e teatrólogo. Fundador da cadeira de número 2 na academia brasileira de letras. Participante de movimentos abolicionistas e republicanos na grande São Paulo.

Lima Barreto

Lima Barreto

“Falta-lhes crítica, não só a mais comum, mas também a necessária do grau de certeza da experiência e dos instrumentos em que as refazem.”

Humilde. Mulato. Sofrido. Mal consegue concluir o curso secundário se não fosse à ajuda do seu tutelo Visconde de Ouro Preto. Lima Barreto foi um dos maiores críticos sociais de sua época. Denunciou a corrupção da elite brasileira, o preconceito racial e social. Tendo sofrido todos eles, os quais resultaram em alguns anos numa clínica psiquiátrica por causa da depressão. Publicou sua obra máxima o “Triste Fim de Policarpo Quaresma” (1915) que conta a história de um major nacionalista.

Psicodália 2016: Baurete #3 – O Terno

A música Pop simplificou os ouvidos das pessoas. Cuidado com esse parágrafo, existem ótimos exemplos de música Pop, mas hoje o lado radiofônico da coisa massificou a música de uma maneira muito ruim. Os instrumentos começaram a perder espaço, a música eletrônica ganhou mais voz ativa do que o necessário e, com isso, alguns sons passam batido por nossos ouvidos.

A criatividade instrumental se perdeu. A lírica própria, ferramenta que diferencia os sons entre si também, e a mesmice tomou conta do cenário, mas ainda bem que existem bandas como O Terno e festivais como o Psicodália. O line up da edição de 2016 ainda está sendo montado, mas não tem como segurar a emoção com o trio confirmado nessa celebração Hippie.

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O Terno já é uma realidade. A banda está longe de estar começando. É claro que os caras são jovens e que a discografia é curta, mas creio que seja desnecessário pontuar a qualidade dessa união.

O trio destila um Rock bastante criativo, calcado em nuances e harmonias que tentam desconstruir a mesmice, elemento que durante a próxima edição do festival promete sumir e brindar todos os presentes com várias vertentes sonoras. Eis aqui uma boa trilha para um baurete!

Por que assistir Jessica Jones?

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Marvel – Jessica Jones é a segunda empreitada do canal de streaming mais acessado do mundo. Após o sucesso de Demolidor, o canal agora exibe Jessica Jones para dar continuidade ao universo compartilhado pela Marvel nos cinemas, além de fazer ponte com o primeiro herói de Hell´s Kitchen.

Vivida pela ótima Krysten Ritter, a ex-heroína Jessica Jones precisa lidar com os traumas de um passado doloroso. Como é de costume do canal dar liberdade sem um controle extensivo de classificação etária, a série contém conteúdo sexual e violência ao extremo, mas o mais importante, e algo característico e também que envereda por um caminho real das séries oriundas da Casa das Ideias, é a desconstrução de assuntos sérios; estupro, violência contra a mulher de forma geral e o papel das mesmas na sociedade, terminam por sem tratados de formas excepcionais pelos roteiristas. De fato, até o término do sétimo episódio, Jessica Jones é sem sombra de dúvida a melhor série do ano.

jessica jones netflix

Urgente e com uma trama pulsante, atuações são um show à parte. O vilão, Killgrave (mais conhecido como Homem Púrpura nos quadrinhos), ganha vida brilhantemente pelas mãos e feições do escocês David Tennant, que já viveu o icônico Doctor Who.

Sem apelos desnecessários, Kilgrave não é um vilão qualquer. Nada de dominar o mundo. Ele quer Jessica. Como mulher, principalmente. Por si só, o argumento embutido já daria pano para os mais variados debates acerca do ignorante pensamento de muitos homens em imaginar ser dono de uma mulher. Mas esse é o tipo de reflexão individual que cada espectador sentirá ao assistir o programa.

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Mesmo com assuntos cruciais, Jessica Jones ainda é sobre um personagem oriundo dos quadrinhos, e nesta vertente nerd, é preciso ação e tramas interessantes sobre o bem contra o mal a fim de cativar o público, seja ele conhecedor ou não da origem da história contada. Infelizmente é nessa tentativa de agradar que a série se perde a partir na segunda metade da temporada.

Existe uma enorme quantidade de personagens secundários irrelevantes para trama como um todo. Seus objetivos de trazerem carisma para uma protagonista desconhecida do grande público mais atrapalham que ajudam. Subtramas acabam sendo inseridas levianamente. Cenas constrangedoras no sentido de em nada agregarem para o escopo da série tomam muito tempo de tela. É aí que você nota a falta de mais pessoas familiarizadas com o conteúdo mostrado. Porque veja bem, o espectador não necessariamente precisa ser fã de quadrinhos para assistir ao programa, mas os envolvidos precisam ser fãs dos personagens para, junto da sua bagagem técnica e de experiências vividas, saberem dosar os eventos narrados.

jessica jones netflix

Em Jessica Jones, a showrunner é Melissa Rosenberg. Para quem desconhece o nome, Rosenberg trabalhou nas primeiras temporadas de Dexter, pelo canal Showtime, mas ao mesmo tempo, também fora uma das pessoas responsáveis por todos os roteiros da Saga Crepúsculo nos cinemas. Não se trata de um discurso de gêneros, mas de qualidade audiovisual.

De toda forma, a Netflix caminha novamente para o sucesso e reafirma a sua posição dominante no mercado online. Em diferentes níveis, a série é essencial e atual, para não dizer de suma importância mediante tantas discussões sobre o que é ser humano. Mesmo com alguns solavancos, Jessica Jones precisa ser assistida. Não por homens e mulheres, mas por seres que, coletivamente, desejam respeito mútuo e oportunidades iguais para fazerem o certo.

https://www.youtube.com/watch?v=w9ATGrij5qI

Psicodália 2016: Baurete #2 – Naná Vasconcelos

A mídia brasileira carrega um peso nas costas. Perdão, creio que o problema esteja alojada na cabeça, não nas costas, mas enfim. O ponto problemático está no cérebro, mais especificamente no fragmento corpóreo que abriga as nossas memórias.

Você já percebeu como a mídia esquece dos nossos mestres? Quantas matérias recentes sobre o Hermeto Pascoal você viu? Airto Moreira? Naná Vasconcelos? Sei como é, em vários momentos parece que as revistas ou sites ”especializados” querem apenas visitas, o fundamento se perdeu e com isso, as areias do tempo tentam apagar nossas memórias.

Só que nem assim os grandes mitos somem. Parece que nesses momento o providência divina resolve reparar anos de injustiça e coloca os mestres em evidência e, caso o senhor duvide, ainda existe esperança: foi bastante gratificante saber que o mestre Naná Vasconcelos está no line up de mais uma edição do Psicodália!

Sim meus amigos, um dos maiores percussionistas de todos os tempos, requisitadíssimo gênio, que entre jams com Itamar Assumpção e Airto Moreira, inda teve tempo de gravar com os maiores mestres do Jazz, como Ron Carter e Pat Metheny, por exemplo, estará no Psicodália.

Todo esse colosso sonoro será ouvido e apreciado num dos festivais que mais apoia o ideal livre da música desse mito. Prepare os ouvidos ouvindo o clássico ”Saudades” e veja com quantas batidas rompemos a barreira da música mais difícil de ser feita: o silêncio!

https://youtu.be/Xl7ONKSm0mI

007 Contra Spectre é um dos filmes mais preguiçosos do ano

007 Contra Spectre

O mais recente filme do espião James Bond chega aos cinemas sob os rumores de Daniel Craig continuar ou não protagonizado a franquia, mas independente da substituição do astro, uma coisa fica muito clara ao final de 007 Contra Spectre: é o filme mais preguiçoso do ano.

Preguiçoso, pois, o título que remete o recheio do bolo para os fãs da franquia ao longo dos anos, na verdade, caracteriza-se por uma colcha de retalhos muito maltrapilha. Não era questão de esperar doses de dramaticidade e autenticidade como visto no antecessor Skyfall, mas justamente por isso, se era para brindar aos fãs e homenagear o personagem de formas sublimes, que ao menos fosse feito com mais zelo e também respeito por quem conhece apenas a saga vivida por Craig.

Novamente dirigido por Sam Mendes, 007 Contra Spectre começa empolgante, com um belo plano-sequência (um dos muitos utilizados no filme) na Cidade do México em pleno Dia dos Mortos. Após uma cena de ação frenética, entra os créditos com a canção pouco convincente do cantor Sam Smith.

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Então começam os problemas da produção. O roteiro que procura amarrar Cassino Royale, Quantum of Solace e Skyfall, é digno de sono. Evidente que, povoado de referências e homenagens para dar e vender, qualquer fã enxerga motivos de admirar o filme com um belo sorriso estampado no rosto, mas os artifícios usados para estas mesmas homenagens serem inseridas, muitas vezes, não fazem o menor sentido. São completamente gratuitas, tirando todo o fio narrativo sério e realista visto nos seus antecessores.

Temos um Daniel Craig em tom de despedida, ou talvez cansado de seduzir e dar tiros. O ator pouco impressiona, assim como o diretor Sam Mendes, completamente perdido na sua direção muito abaixo da realizada na aventura que precede 007 Contra Spectre. A cena de luta entre o espião e o ator Dave Bautista, que faz o vilão cascudão e, que também homenageia a série de filmes, é uma confusão. Câmera nervosa, poucos closes e uma sensação artificial. Outras cenas seguiram o mesmo caminho.

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Mas 007 Contra Spectre também teve pontos positivos. A atriz francesa Léa Seydoux faz uma ótima Bond Girl. Christoph Waltz, no papel de vilão, também demonstra seriedade no papel. Do restante do elenco, todos bem encaixados até onde era possível. Algumas doses de saudosismo foram bacanas e legítimas.

No fim, 007 Contra Spectre é um filme de opiniões divididas. Um longa de contrastes. O futuro é incerto para a franquia nos cinemas, mas não tardará muito devidos os bons números de bilheteria, para descobrirmos quem será o novo Bond. Renovar é preciso, mas o mais importante a ser aprendido pelos executivos da indústria é: homenagens devem ser prestadas, e não levadas ao pé da letra com o objetivo de conduzir a carruagem. Seja ela real ou não.

Psicodália 2016: Baurete #1 – John Kay & Steppenwolf

O carnaval está longe. Mentira, inexperientes são as mentes que assim pensam, pois a operação para o feriado carnavalesco já está em processo e, graças aos Hippies do Psicodália, o rolê para quem detesta a comissão de bateria e aprova o culto lisérgico já está sendo arquitetado.

E para mostrar a potência dos apaixonados pela época Flower Power, a primeira atração anunciada foi o Steppenwolf, icônico grupo que para essa apresentação, será formalmente apresentado como ”John Kay e Steppenwolf”.

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Serão 5 dias de atrações, oficinas, teatro, cinema e convivência em prol da arte. Creio que esse festival seja único em nosso país e além de contar com belas line up’s, o diferencial está na experiência. Fique ligado no Facebook dos caras para saber mais sobre as atrações e já faça a mala, pois o carnaval espera você, óh filho de Hoffmann.

Separe a jaqueta e limpe sua Harley:

Psicodália 2016: Baurete #7 – Terreno Baldio

O Rock brasileiro é muito mais do que a famigerada geração Coca-Cola. O som que faz o seu vizinho chamar a polícia é muito mais profundo do que isso quando falamos sobre o cenário brasuca. Nossa escola formou grandes grupos como o sotaque axé do Ave Sangria, os fritadores progressivos d’O Terço e ainda alimentou a criatividade Hardeira para concretizar a jam do Bixo da Seda.

É, meu caro, definitivamente a nossa história é mais profunda do que parece, o único problema é encontrar o caminho pra embarcar na viagem, por que uma vez que o senhor achou a rota, o retorno é um tanto quanto incerto.

Só acho que essas trilhas mereciam mais atenção, o tempo passa só que, independente da mídia, os ouvidos ainda precisam de bons grooves, sejam eles novos ou velhos. Existe um equilíbrio que precisa ser mantido, algo que os organizadores do Psicodália compreendem como poucos.

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Sim, meus amigos, se tem um festival que sabe como tratar os ferrenhos fãs de nossa época sonora mais obscura, esse festival é o Psicodália. E enquanto o line up para a edição de 2016 toma forma, foi bastante gratificante saber que um dos grandes destaques das 100 atrações envolvidas, será o combo de Rock Progressivo.

São mais de 40 anos de história, o som estava na conserva e quem conhece sabe: só melhora a cada ano. A cada play a história do Terreno Baldio mantém a chama do Prog nacional acesa e, no Psicodália, será apreciada com a fixação de uma tocha olímpica.

Mozart Mello nas guitarras… 1976 é logo ali.

https://youtu.be/NBUpNIMf8eU

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