Quando ouvimos falar de escritores brasileiros, logo associamo-los a seres que viveram/vivem em um contexto cercado por livros, estudos (os melhores), alto grau universitário, talvez, um tipo de aluno-modelo durante época escolar, vários textos escritos e publicados, e, o mais importante, dotado por algum dom que os faziam/fazem seres diferentes de qualquer outro. Contudo, as coisas não são bem assim, ou seja, alguns dos atributos acima podem estar presentes, mas não que isso seja fator essencial e que estejam em todos.

Assim, durante muito tempo, acreditou-se que os renomados escritores, ao produzir sua obra, eram agraciados por um poder divino, daí escreviam e as publicavam, alguns até se diziam que durante a produção não ocorrera nenhum erro de escrita, ou nenhuma correção em algum trecho da narrativa, ou até mesmo de toda obra – muitos estudos já comprovaram que tudo o que já foi publicado em questão de literatura, nas principais obras, tiveram muito suor por trás de cada linha. Entretanto, por estes e outros mistérios, uma das coisas que acho interessante nos clássicos autores brasileiros é que muitos pertenciam à “tribo” do autodidatismo.

Aqui, em nosso país, a literatura está recheada de bons escritores que se autofizeram mestres, alguns até chegando à universidade, no entanto, desistindo logo em seguida, outros, por falta de oportunidade nunca colocaram os pés em uma instituição de nível superior como estudante. Deste modo, eis alguns autodidatas que tiveram sucesso no meio literário, como escritor, romancista ou poeta, os quais também podem servir a você, leitor, como inspiração para dar os primeiros passos nos escritos literários, por mais que não tenha um título de “superior”.

Apresento-lhes alguns dos renomados escritores que não se intimidaram ao mostrar sua arte:

Machado de Assis

Machado de Assis

“A vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal”.

Machado de Assis. Dispensa apresentações. Resumidamente, o que há para falar dele e que nos interessa é que foi um dos maiores escritores brasileiros, um dos fundadores e também o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Sequer fez curso superior. Entretanto, conseguiu ser romancista, contista, teatrólogo, poeta e crítico literário, além de ter inaugurado o realismo brasileiro.

Humberto de Campos

Humberto de Campos

“A natureza é sábia e justa. O vento sacode as árvores, move os galhos, para que todas as folhas tenham o seu momento de ver o sol”.

Maranhense. Sua origem humilde não lhe rendeu estudos superiores. No entanto, conseguiu se destacar, chegando à Academia Brasileira de Letras e ocupando a cadeira de número 20. Com a publicação de “Poeira” aos 24 anos começa a ganhar notável reconhecimento até a publicação de “Memórias”, este o concretizando no meio literário brasileiro.

Cruz e Sousa

Cruz e Sousa

“A terra é sempre a tua negra algema. Prende-te nela a extrema desventura.”

Sofreu por causa da cor da pele. Perdeu um importante cargo, em Laguna, SC, pelo mesmo motivo. Seus estudos se deram, em época escolar, no período entre 1871 a 1875. Teve como primeiro livro Tropos e Fantasias. No Rio de Janeiro colaborou no Jornal Folha Popular. Teve como obras máximas: “Missal” e “Broquéis”. Casou-se. Dos quatro filhos todos morreram prematuramente. Enlouqueceu. Faleceu pela tuberculose.

Olavo Bilac

Olavo Bilac

“O Amor é uma árvore ampla e rica, de frutos de ouro, e de embriaguez; infelizmente frutifica apenas uma vez.”

Pertenceu ao período literário conhecido por Parnasianismo. Membro fundador da Academia Brasileira de Letras, jornalista, poeta (criador do hino à bandeira), contista, cronista. Foi eleito, em 1907, como príncipe dos poetas. Durante época estudantil sempre fora aluno brilhante. Conseguiu chegar às faculdades de Medicina e de Direito, entretanto, não concluíra nenhuma, preferindo mergulhar nos textos literários.

Coelho Neto

Coelho Neto

“A vida é a variedade. Assim como o paladar pede sabores diversos, assim a alma exige novas impressões.”

Amador Santelmo, Anselmo Ribas, Ariel, Blanco Canabarro, Caliban, Charles Rouget, Democ, Fur-Fur, Manés, N. Puck ou Tartarin. Esses são alguns dos principais pseudônimos do maranhense Henrique Maximiano Coelho Neto. O qual foi cronista, folclorista, romancista, crítico e teatrólogo. Fundador da cadeira de número 2 na academia brasileira de letras. Participante de movimentos abolicionistas e republicanos na grande São Paulo.

Lima Barreto

Lima Barreto

“Falta-lhes crítica, não só a mais comum, mas também a necessária do grau de certeza da experiência e dos instrumentos em que as refazem.”

Humilde. Mulato. Sofrido. Mal consegue concluir o curso secundário se não fosse à ajuda do seu tutelo Visconde de Ouro Preto. Lima Barreto foi um dos maiores críticos sociais de sua época. Denunciou a corrupção da elite brasileira, o preconceito racial e social. Tendo sofrido todos eles, os quais resultaram em alguns anos numa clínica psiquiátrica por causa da depressão. Publicou sua obra máxima o “Triste Fim de Policarpo Quaresma” (1915) que conta a história de um major nacionalista.