Journey Into Mystery #622

LENSMAN47: Demais. Que filtro é esse?

LOKIOFASGARD: Não tem filtro.

LENSMAN47: FAKE ÓBVIO! PARE DE MENTIR!!!

LOKIOFASGARD: Não estou mentindo!

– Por que as pessoas sempre acham que eu estou mentindo?

Journey Into Mystery #622 (2011), de Kieron Gillen e Doug Braithwaite

Talvez pelo fato de Loki ser o deus asgardiano da trapaça e da mentira…?

Em sua “comédia em trinta partes (ou tragédia em trinta e uma)”, o escritor Kieron Gillen conta a história de um jovem Loki, ressuscitado como um garoto aparentemente inocente  após causar o – e depois sacrificar-se para dar um fim ao – cerco de Asgard. Mas, por mais que tenha um coração bom e só queira ajudar, ele ainda é o deus da trapaça e ninguém confia nele. No fim das contas, a fase de Gillen no comando de Journey Into Mystery, é, basicamente, a história de um garoto solitário e incompreendido esforçando-se para manipular os eventos de modo que eles tenham os melhores resultados possíveis. Mesmo que seus meios não sejam os mais convencionais ou heróicos, o fim que ele busca é o bem comum, o que leva o jovem Loki a uma espécie de jornada de redenção de um passado que não é nem mesmo exatamente dele, mas de seu antigo “eu”.

Talvez o mais incrível desse trabalho de Gillen seja que o escritor, mesmo sem abrir mão de situar sua história em um universo com uma carga de continuidade e características já bem estabelecidas, mesmo com muitas referências e interações com outros membros desse universo (inclusive no arco inicial), conseguiu criar uma narrativa única que funciona bem por si só e pode ser apreciada tanto por leitores usuais das aventuras da Marvel quanto por um leitor casual. Isso é fato raro nos quadrinhos mainstream de super-heróis hoje em dia, bem como é rara a qualidade com que a HQ foi desenvolvida.

Alguns dos trunfos do autor em Journey Into Mystery são o humor inteligente, a paródia, a sátira, o metatexto sempre presente, a trama intricada que vai fazendo cada vez mais sentido a cada nova reviravolta e, principalmente, a carga emocional e o carisma que Gillen e os artistas ao longo do run conseguiram conferir aos personagens. E, por isso mesmo, os momentos trágicos da série (como o final da saga), embora não sejam tantos, são poderosos, tocantes como raramente se vê nos quadrinhos – ou mesmo em qualquer outra mídia.

A excelente fase de Kieron Gillen nos roteiros de Journey Into Mystery foi da edição 622 à 645 incluindo crossovers com as HQs New Mutants Mighty Thor. A saga de Loki continua sendo contada pelo autor na revista Young Avengers, que chegou à sua sétima edição nesta semana. A sequência que ilustra esta postagem foi escolhida a partir de uma pergunta respondida pelo próprio Gillen no Twitter.

fragmentos9 – Fragmentos de genialidade (ou infâmia) da nona arte. Um quadrinho (ou sequência) de cada vez. Seleção arbitrária por nosso comitê (de uma só pessoa). Para mais, visite o tumblelog.

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