Emojis: progresso ou retrocesso?

Parte I: Progresso

Nunca foi tão fácil se comunicar com outras pessoas como está sendo agora, nesse exato momento. E em pouco tempo, certamente a comunicação ainda será mais fácil. Aposto com vocês. Como? Não sei, mas o avanço a passos de millennium falcon das comunicações sugere isso.

Em uma aula que tive de uma matéria que agora me fugiu da memória, durante a faculdade de jornalismo, discutimos que poderia ser questão de pouco tempo para que um idioma universal surgisse. Não o inglês, uma linguagem além das palavras, além da matemática, que pudesse comunicar quem só sabe falar mandarim com quem só sabe falar russo, por exemplo.

Quatro anos depois, acontece isso. A explosão dos emojis. O idioma dos ícones se faz presente no whatsapp, facebook, instagram e até nesse texto.

É uma febre que está se tornando mais do que passageira. Já faz parte da cultura da nossa geração. É um idioma que já foi utilizado para contar parte da história de Game of Thrones e também o roteiro de O Grande Lebowski, como você pode ver abaixo (se você conseguir entender, parabéns, você realmente decorou todas as cenas. se não, você pode trapacear e ler as explicações nesse artigo do medium).

o grande lebowski em emojis
Dude…WTF!?

Parte II: Retrocesso

É uma facilidade. Inegavelmente é. Só que está longe de ser a linguagem universal que viajamos que um dia irá existir. Emojis são limitados a uma linguagem visual. Na hora de falar, só as palavras – e os gestos – podem cumprir essa tarefa de comunicação. Além do mais, há estudiosos das línguas que enxergam os emojis como um retrocesso.

Em uma crônica publicada na Zero Hora, o escritor Fabricio Carpinejar largou a real em um texto descontraidamente reflexivo.

“É uma sensação de descarte e superficialidade. Aquele que insere um macaquinho ou um gatinho dá a ideia de distração, de ocupação, de envolvimento simultâneo em diversas janelas. […] É fofinho usar uma carinha ou outra, mas não sempre e indiscriminadamente. Torna-se decepcionante como receber um ok depois de escrever vários parágrafos para alguém”.

Há essa crítica não só no Brasil, mas no mundo. É o caso do linguista britânico Vyv Evans, que acredita que a linguagem dos emojis está nos levando de volta à idades das trevas.

Em entrevista ao Guardian, o linguista compara os emojis a hieróglifos, linguagem criada pelos egípcios em (dizem) 3.000 a.C e que é, provavelmente, o sistema de escrita mais antigo da humanidade. Uma linguagem importantíssima para a história, mas que está sujeita a diversas interpretações, assim como os emojis.

Traduz aí pra gente!
Traduz aí pra gente!

Atire o primeiro comentário se você nunca teve um post, um texto, um tweet ou uma mensagem mal interpretada por alguém. Se em palavras isso já acontece, imagine com sinais. Uma imagem é muito mais passível de interpretações do que um texto. É regra.

O uso dos emojis é tão comum que já foi anunciado que 38 novos ícones serão incorporados ao teclado tradicional pela Unicode, a companhia que criou tudo isso, incluindo um emoji de bacon e um de selfie!

A receita é usar moderadamente. Há ocasiões e ocasiões. Não há nada de errado quando, por exemplo, você escreve uma mensagem para uma pessoa dizendo que a ama e essa pessoa responde com um coração. Mas, se você escrever uma mensagem de 50 linhas declarando seu amor e receber só um ícone de volta, pode ser que ela tenha ficado sem palavras ou que ela não soube como agir ou que ela tenha ficado na dúvida e não quis ser deselegante.

Enfim, como vimos antes, os ícones nos deixam várias interpretações e há momentos em que o melhor é não arriscar. Até a Unicode admitiu que alguns usuários estão utilizando os emojis de forma equivocada. O saldo que fica é que na real os emojis não são nem um progresso, nem um retrocesso, mas um complemento à linguagem. Como tudo na vida, se usado de forma errada, pode dar…

… mas se usado como deve ser pode ser divertido pra caralho. Viu só? Algumas expressões os emojis (ainda) não traduzem 🙁